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Filme retrata o holocausto brasileiro que matou mais de 60 mil pessoas no manicômio de Barbacena

No dia 8 de novembro, fui assistir numa cabine de imprensa o documentário “Holocausto Brasileiro”. Baseado no livro de mesmo nome da jornalista mineira Daniela Arbex, de 2013 pela Geração Editorial, a história é sobre o Hospital Colônia de Barbacena que foi fundado em 12 de outubro de 1903.

Foto: Divulgação/Geração Editorial
Foto: Divulgação/Geração Editorial

Conhecido como a “Cidade dos Loucos”, foi construído originalmente para atender doentes mentais e vítimas de tuberculose, cujo tratamento era mais difícil no começo do século 20.

Fechado em 1996 e reaberto como Museu da Loucura, o local foi responsável, sozinho, pela morte sistemática de 60 mil pessoas. Para dados comparativos, estima-se que o Holocausto Nazista eliminou seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial.

Foto: Divulgação/Geração Editorial
Foto: Divulgação/Geração Editorial

O Holocausto Brasileiro matou pelo menos um centésimo deste mesmo montante.

A instituição também lucrou R$ 600 mil com tráfico de corpos, dos “indesejáveis”, e utilizava métodos de tratamento controversos na psiquiatria, como eletrochoques.

Divulgada pelo governo de Minas Gerais abertamente, a história sensibilizou a jornalista Daniela que foi apurar a história em Barbacena. Falou com pacientes sobreviventes, torturadores e diretores do hospital psiquiátrico que se transformou em uma prisão. Hoje o governo reduziu de 60 mil mortos para 20 mil.

Foto: Divulgação/Geração Editorial
Foto: Divulgação/Geração Editorial

Os depoimentos são chocantes e mostram como o Brasil no interior ainda é desconhecido para muitas pessoas. Filhos foram separados de pais e os netos das vítimas do Colônia descobrem a história de seus avós num local que acabou com suas vidas.

Torturadores não se reconhecem como torturadores, mas apontam abusos que foram cometidos dentro do hospital, além da venda de corpos.

Os abusos dentro do Colônia começaram a ganhar forma a partir de 1930, com a ditadura de Getúlio Vargas, e as mortes sistemáticas ganharam força durante os regimes militares pós-1964. Sob os governos de Médici e Ernesto Geisel, o hospital passou a ocultar mortes e os métodos de tratamento manicomial inadequado que era empregado.

Foto: Divulgação/Geração Editorial
Foto: Divulgação/Geração Editorial

Nem todos os internos possuíam problemas mentais. Opositores políticos da ditadura, negros, homossexuais, mendigos e crianças passaram a dividir a prisão com homens e mulheres que já eram abandonados nus dentro do Hospital Colônia.

Na grande imprensa, somente a revista O Cruzeiro, dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, fez registros fotográficos sobre o hospital. Um documentário chamado Em Nome da Razão e a visita do psiquiatra italiano Franco Basaglia, em 1979, começou a provocar uma onda de denúncias sobre o Colônia.

Basaglia comparou o espaço com um campo de concentração nazista.

Após a exibição do documentário, Daniela Arbex respondeu às perguntas dos jornalistas presentes numa seção dentro do Shopping Eldorado, incluindo aquele que vos escreve.

Fonte: Medium

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