“Foi uma covardia o que fizeram comigo.” Assim expressou o soldador Wesley Bruno, de 34 anos ao classificar uma abordagem pela qual passou pela Polícia Militar no início da madrugada de segunda-feira (24). Ele procurou nossa reportagem para fazer um desabafo tomado pela revolta. A vítima e mais colegas estavam na Avenida Mariza de Souza Mendes, na área central de Ouro Branco, ouvindo música em um carro.
Segundo ele, quando a PM chegou o som já estava desligado e os amigos conversavam despretenciosamente. Wesley conta que os militares já chegaram o agredindo com socos e forma virulenta. A vítima relatou que foi jogado ao chão e sofreu diversos chutes em diversas partes do corpo. Ele conta que eram mais de 6 policiais e várias viaturas envolvidos na ocorrência.
Wesley contido e colocado em um camburão da PM, encaminhado a Delegacia de Lafaiete onde foi liberado posteriormente. Dias após os incidentes, ele passou por exames na FOB e já está acionando a Justiça no caso para reparação de supostos danos morais e físicos. “Fiquei com sequelas e dores por todo o corpo e hematomas no rosto. Sou uma pessoa do bem e não precisa de todo este aparato na abordagem. Sofri muita agressão. Foi covardia e agressão”, sintetizou.
PM fala sobre o caso
Nossa reportagem procurou a Assessoria de Comunicação do 31º Batalhão de Polícia, em Lafaiete (MG), para comentar o caso. “A respeito de um vídeo veiculado em mídias sociais mostrando uma ação policial ocorrida na cidade de Ouro Branco, a Polícia Militar esclarece que o fato ocorreu no início do dia 24 de abril, por volta de 00:57, na Avenida Mariza de Souza Mendes, em que um homem de 34 anos foi preso pelos crimes de resistência, desacato e ameaça. A ação se iniciou após acionamento da Polícia Militar, através de várias ligações para o 190, de que teria um veículo com som muito alto no local. Ao realizar contato com o proprietário do automóvel para orientá-lo a não ligar o som novamente, o autor veio de encontro aos policiais iniciando uma série de xingamentos e desacatando os militares.
Após determinação de que o autor se postasse em posição de busca pessoal, de forma agressiva, com uma lata de cerveja nas mãos, ele foi em direção aos policiais militares questionando o motivo da abordagem, não acatando à ordem legal recebida. Diante desta resistência ativa por parte do autor, houve necessidade de uso escalonado de força não letal, com emprego de técnicas de forçamento de articulação e contenção (emprego de algemas), visando a preservação da integridade física dos militares, do próprio autor e de terceiros que estavam nas proximidades.
O autor foi contido e, após o devido atendimento médico, ainda proferindo ameaças aos miliares, ele recebeu voz de prisão em flagrante pelos crimes de resistência, desacato e ameaça, com a devida lavratura de um Auto de Resistência. Em virtude da resistência empregada, pelo autor, um dos militares sofreu uma lesão na mão direita e um segundo teve seu relógio danificado.
O uso escalonado da força no âmbito policial é legalmente previsto e tem por objetivo controlar uma situação que ameaça a ordem pública, o cumprimento da lei, a integridade ou a vida das pessoas, devendo ser proporcional e compatível com as ameaça apresentada pela ação do infrator.
Reafirmamos nosso compromisso de trabalhar pela sociedade mineira sempre respaldados por preceitos e valores que proporcionem a manutenção da Ordem Pública, a Paz Social e do Estado Democrático de Direito em nosso Estado de Minas Gerais”.