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“Fiquem em casa, não façam festas, churrasco, pois vivemos o apocalipse”, desabafa profissional da linha de frente no combate ao covid-19

“Eu não aguento mais, eu estou chorando mesmo, eu estou assoberbada, eu estou estressada, eu estou trabalhando muito, extremamente cansada, não aguento mais ver mortes. Nós estamos vendo morte todos os dias, é pai, é mãe, é filho, não tem idade. O covid não tem idade, se vocês querem continuar com as festas, se encontrando com a família achando que vocês são imunes, ninguém é”.

Este foi um dos trechos do desabafo dramático de uma profissional da linha de frente no enfrentamento da pandemia de covid-19 em Lafaiete. O áudio foi transmitido na Câmara e levado ao público pelo vereador Vado Silva (DC) na última quinta-feira, deixou atônicos os presentes ao recitando diante da emoção das palavras da profissional.

“E outra, se vocês não têm medo de morrer, ninguém tem, eu não tenho. O problema é a forma que vocês vão morrer, tem gente morrendo sem oxigênio. Gente, vocês não sabem o que é ver uma pessoa morrer e você não poder fazer nada. Eu fico segurando na mão da pessoa até ela morrer, porque eu não posso fazer nada.
Então família, eu peço como profissional, como filha, como irmã, prima, sobrinha, neta, realmente fiquem em casa, não se aglomerem, não façam festas, churrasco, porque nós estamos vivendo um apocalipse. Só eu como profissional da saúde sei o que eu estou vendo.
Gente, eu não consigo nem imaginar que se um familiar meu precisar de uma UTI hoje, vocês vão me ligar e eu não vou poder ajudar, porque não tem vaga, não tem. As pessoas estão morrendo sem assistência e se vocês querem continuar a viver a vida que vocês estão vivendo, vocês vão morrer e eu não vou poder fazer nada.
Eu não quero visita na casa da minha mãe e do meu pai, porque os dois são cardiopatas, são diabéticos, tem imunidade baixa e podem pegar.
Se minha mãe briga muito, ela tem total razão. A máscara se não for usada direito não tem serventia, a higiene das mãos se não for feita direito não tem serventia. Então se vocês acham que são imunes, vocês vão morrer e sem assistência. Não adianta ter plano de saúde, ter dinheiro, não adianta ter nada, todos vão morrer e eu estou extremamente cansada, porque eu recebo um paciente conversando com muito medo e em horas ele morre. Eu vejo o paciente pedir “socorro, me ajuda” e eu não posso fazer nada.
Mãe, eu estou cansada como eu nunca tive, é muito sofrimento, muita dor e o pior de tudo é eu não poder fazer nada, eu ver um paciente morrer, agonizando e eu não posso fazer nada. Eu só peço que se cuidem porque realmente a situação mão está boa”.

Boletim

Ontem (5), Lafaiete chegou a 70 mortes e somente em 6 dias foram registradas 8 mortes. A cidade vive o pior momento da avalanche do vírus e Congonhas, Lafaiete e Ouro Branco estão com as UTI’s esgotadas.

Ouça o áudio na íntegra.

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