Por João Vicente
O ferroviário, isto é, o trabalhador das estradas de ferro, também tem o seu dia. É o 30 de abril. Por quê? Porque em 30 de abril de 1854 inaugurou-se a primeira linha ferroviária do Brasil, numa viagem que contou com a ilustre presença do imperador D.Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina.
A Estrada de Ferro Petrópolis, que tinha cerca de 14km de trilhos, ligava o Rio de Janeiro a Raiz da Serra, na direção da cidade que batizou a ferrovia. Ela foi um empreendimento do empresário Irineu Evangelista de Sousa, que por isso recebeu do governo imperial o título de Barão de Mauá.
Hoje, pode não parecer, mas as estradas de ferro e seus trabalhadores já foram muito importantes para o desenvolvimento de nosso país. A história do Brasil, em diversos sentidos, caminhou sobre os trilhos dos trens, puxada pelas locomotivas.
Ferrovia em Queluz
A estação de Conselheiro Lafaiete, hoje Museu Ferroviário, foi inaugurado em termos provisórios em 1883. Em 22 de abril de 1884, foi aberta em termos definitivos junto com a linha que unia Carandai a Queluz.Já em 1898, construiu-se o deposito de locomotivas da estação para substituir o antigo que tinha proporções acanhadas.No ano de 1934 tanto a estação e a cidade passaram a ter o mesmo nome: Conselheiro Lafaiete.Em Lafaiete começava a bitola mista na Linha do centro, que seguia até a estação de Burnier, e daí para a frente, apenas a bitola métrica continuava.Os trens da métrica de passageiros partian,entretanto, de Lafaiete e não de Bournier.Em 1909-1910, os candidatos a presidência da republica, Hermes da Fonseca e Rui Barbosa,visitaram a cidade de Queluz e vieram de trem de passageiro e que hoje é apenas passado e lembranças.
O Vera Cruz
O trem Vera Cruz trafegou pela primeira vez em 29 de março de 1950, há 71 anos atrás.Foi ele o primeiro trem de extremo luxo a atender Belo Horizonte, capital acostumada a trens de madeira e locomotivas a vapor.Puxado por uma locomotiva a Diesel. Inicialmente operado pela Central e mais tarde com a criação da RFFSA pelo presidente Juceslino Kunschek , o Vera Cruz ligava o Rio de Janeiro a Belo Horizonte e passava por Queluz, deixando de circular definitivamente em 1990.
1997 – Privatização
A onda neoliberal varreu o continente sul-americano e com a vitoria do candidato do Collor de Melo, foi criado o Plano Nacional de Desestatização através do Decreto n°473 de março de 1992, e o BNDES ficou responsável pela gestão do plano, onde o modelo de concessão da operação deu a iniciativa privada por um prazo de 30 anos o arrendamento dos ativos operacionais, acabando de vez com o transporte de passageiros e transformando nossas malhas em ferrovias de interesse do setor mineral e do agronegócio. A partir de 1997, o trem de passageiro virou saudade e lembranças.
2015 –A retomada da luta
Em parceria com a Ong Trem Bão de Minas, Sindicato dos Ferroviários de Lafaiete foi realizado uma audiência em defesa da volta do trem de passageiro no ramal do Paraopeba
Em 2015, surge um movimento intitulado “ Movimento Pró-Ferrovia” ,defendendo a volta do trem de passageiro na região do Alto Paraopeba e na região do Brumadinho. Foram realizadas reuniões encontros,seminários e audiências que traziam propostas visando a retomada do investimento na ferrovia abrindo caminho para um novo modelo compartilhando as nossas linhas férreas com trem de carga e o trem de passageiro. A luta não foi em vão e ,juntamente ,com as Ongs de defesa da ferrovia, sindicalistas e parlamentares( vereadores,prefeitos,deputados) conseguimos criar a Comissão Extrordinária Pró-Ferrovia que produziu um relatório e, em parceria com governo estadual está sendo elaborado o Plano Estrategico Ferroviário que definirá onde serão investidos os recursos da antecipação do contrato da concessão da malha ferroviária.
Leia o relatório da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovia (ALMG)