Com produção da Secretaria Municipal de Cultura de Entre Rios de Minas, foi lançado esta semana, durante o Mutirão Cultural, o documentário sobre Manoelina Maria de Jesus, mais conhecida como Santa Manoelina dos Coqueiros (1911-1960).
O curta, de pouco mais de 20 minutos, tem imagens históricas de peregrinações a residência da santa cabocla milagreira, no lugarejo de Retiro Velho, zona rural de Entre Rios, hoje onde funciona um memorial.
O documentário contem depoimentos dos idealizadores do projeto de resgate histórico e religioso da Santa que faleceu em Crucilândia após ser expulsa e perseguida. Ainda revela dois relatos de pessoas que receberam milagres atribuídos a Santa.
Ao final, o curta apresenta um depoimento de Padre Ildeu, da Paróquia de Nossa Senhora da Brotas, em Entre Rios, no qual ele adiantou que a Arquidiocese de Belo Horizonte abriu o processo de beatificação da Santa Monoelina. “Salve a Virgem Manoelina dos Coqueiros”, comemorou o religioso.
O curta encerra com ao Hino a Santa Monoelina, de autoria do artista Daditto. “Ela é uma das figuras mais expressivas e importantes de Entre Rios de Minas e da região”, ressaltou o médico José Pedro Borges, um dos idealizadores do movimento.
A história
Em junho de 2017, iniciou o movimento de resgate da Santa Monoelina dos Coqueiros a fim de preservar sua história, seus milagres e sua trajetória de fé e devoção.
No dia 24 de junho do mesmo ano, ocorreu a 1ª peregrinação a localidade de Retiro Velho, distante 12km de Entre Rios onde nasceu e viveu a “Santa” Manoelina dos Coqueiros (1911-1960).
No local, ocorreu a reza o Terço dos Homens e a seguir reunião pública da Fraternidade Espírita Manoelina dos Coqueiros.
No dia 14 de março de 2017, data em que completava 59 anos de seu falecimento, uma estátua foi afixada na entrada da casa com uma fonte de água cristalina que banha os fiéis, como marco inicial do resgate histórico do centro de peregrinação. A imagem de Manoelina foi esculpida em pedra-sabão pelo artesão David Fuzatto, de Cel. Xavier Chaves, inspirada no desenho do artista entrerriano Daditto.
A estátua foi doação de Maurílio Oliveira. Ele concordou em transformar a antiga residência da “Santa” em local de peregrinação, sem exploração financeira, em um gesto de abnegação.
Em 2018, foi aberto o memorial para visitação pública era também desejo do proprietário Maurílio de Oliveira Resende, objetivando que “todos que aqui vierem possam beber da água, fazer suas orações e sentirem a paz deste lugar”.
No mesmo ano, uma estátua- igual à do Retiro Velho- foi afixada na Praça Coronel Joaquim Resende, resultado de uma mobilização e do gesto voluntário do grupo através de doações.
A história
Manoelina Maria de Jesus era moça simples, pobre, fervorosa, católica, gostava de cantar “benditos” (cantos religiosos com que são acompanhadas as procissões). Era pelos idos da década 1930, no povoado dos Coqueiros, a moça simples, pobre, fervorosa, que gostava de cantar “benditos” ganhou fama. Aos 19 anos, começou a processar “milagres” e alimentava-se apenas de vinho e água.
Naquela época, Entre Rios ficou conhecida no País inteiro, por causa de reportagens veiculadas na revista “O Cruzeiro” e no Jornal “A Noite”, onde o repórter Davi Nasser narrava os milagres acontecidos em Entre Rios de Minas.
Consta que a “santinha” nunca recebeu dinheiro pelos milagres e que o lugarejo de Coqueiros estava sempre cheio de doentes e romeiros, já que a notícia dos prodígios que ela operava se espalhou por Minas e diversas regiões do Brasil em busca da cura dos males físicos e “da alma”.
O local tornou-se um centro de fé e curiosidade. Os poucos carros da época não davam conta de transportar os romeiros que vinham de toda parte, via Jeceaba. Chegavam cartas de todo o Brasil e até do exterior, as quais ela benzia e ateava fogo logo em seguida. Algumas pessoas afirmavam que as correspondências continham dinheiro, pois moedas de 1.000 réis e pesos eram vistas entre as cinzas dos papéis das cartas.
A historiadora de Crucilândia, Conceição Parreiras Abritta, registrou no seu livro História de Crucilândia (Belo Horizonte, Página Studio Gráfico, 1988, pp.100 e 102-103): “chegavam caminhões repletos de pessoas em sua casa, gente a pé, a cavalo, pessoas vindas de todos os lados. A família de Manoelina não tinha mais sossêgo nem para trabalhar.
Chegavam sacos repletos até às bordas de correspondência, muitas das quais traziam dinheiro”. Vestia-se de uma túnica azul comprida e um véu branco na cabeça. Dormia em um catre de madeira, sem colchão e roupa de cama”.
Entre tantas versões, algumas apontam que, devido à sua fama, a Igreja a teria perseguido, inclusive internada como louca, transferindo-se, juntamente com a família, para Crucilândia.
Vítima de uma anemia profunda, aos 49 anos de idade, em 14 de março de 1960, faleceu em Crucilândia (MG), Manoelina Maria de Jesus. A chamada Santa dos Coqueiros foi enterrada no cemitério paroquial de Crucilândia, na sepultura número 284″, onde os romeiros ainda a invocam e recebem muitas graças, deixando ali, como retribuição, muitas flores.
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