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                    GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 29

                                                                               Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                                                    CÔNEGO LUIZ VIEIRA DA SILVA

 O historiador Eduardo Frieiro o considerava o mais

Brilhante dos oradores das Minas Gerais.

 

Imagem da Internet

Ainda falando dos acontecimentos em final do século XVIII com a Inconfidência Mineira, o ilustre focalizado é o Cônego Luiz Vieira.da Silva. Ele nasceu na Fazenda do Guido, em Queluz, tendo sido batizado no dia 20 de fevereiro de 1735, e era filho do Alferes Luiz Vieira Passos e de Josefa Maria do Espírito Santo. Faleceu em Parati, em 1809.

Graduou-se em Filosofia e Teologia em 1757, em São Paulo. Regressando a Mariana, desde antes de ser ordenado foi, naquela cidade, professor de Filosofia no Seminário por 32 anos, até ser preso em 1789 como participante do movimento libertário da Inconfidência.

Imagem da Internet

Nessa época, formou o acervo de sua enorme biblioteca, admirada não só por sua dimensão mas, também, por sua composição, abrangendo todos os ramos do conhecimento, com livros de ciências atualizados e idéias novas, como bom iluminista que era. Não era rico, mas possuía, nessa extraordinária biblioteca, considerada o maior acervo de livros no Brasil, , mais de oitocentos volumes, o que era incomun naquela época, muitos entrados clandestinamente no País pois eram obras proibidas. Quase a metade delas estava escrita em latim, cerca de noventa em francês, trinta em português, vinte e quatro em inglês e algumas em italiano e espanhol. Isto demonstra que o cônego era também poliglota.

De inteligência privilegiada e brilhante, filósofo, historiador, orador famoso, sonhou sempre com um Brasil livre, com segurança política, sem as amarras do colonialismo e do neomercantilismo, elaborando uma constituição da república brasileira segundo as idéias iluministas e influenciado pelo processo de Independência dos Estados Unidos.

Era tão excelente orador que, pela força de sua palavra,  sempre era escolhido para falar nas ocasiões solenes ou importantes. Usava de inteligente estratégia retórica, reforçando a imaginária do ouvinte com figuras e exemplos. Com isso tornou-se um líder intelectual e granjeou muita admiração e respeito dos seus contemporâneos; considerado  “o mais instruído e eloquente de todos os conjurados”. Teve, assim, o seu lugar bem demarcado na história de Minas Gerais e do Brasil Colônia.

É por muitos considerado o maior ideólogo, o mentor da Inconfidência Mineira, tendo  a primazia na organização da conspiração. Em 22 de junho de 1789, aos 54 anos de idade, foi preso, depois de julgado setenciado a degredo perpétuo na Ilha de São Tomé, na Fortaleza de São Julião da Barra, por quatro, anos e depois recolhido ao Convento de São Francisco da Cidade, onde permaneceu durante seis anos.

Muitos não sabem, por exemplo, que o inconfidente Cônego Luiz Vieira da Silva é também queluziano. Talvez a causa seja a polêmica: a qual município pertenceria a Fazenda do Guido, onde nasceu aquele que foi um dos principais articuladores do movimento da Inconfidência. Seu registro de nascimento traz Congonhas. Ele é considerado também como de Ouro Branco. Eu coloquei queluziano. Como se explica?

Na verdade, creio que se poderá considerar os três lugares, compartilhando-os amigavelmente as três cidades: REGISTRADO EM CONGONHAS, NUMA FAZENDA QUE ESTARIA EM LUGAR CONSIDERADO DE OURO BRANCO. ISTO NA ÉPOCA EM QUE ELE NASCEU… Mas vejam que interessante o que achei e que me leva a escrever E FINALMENTE QUELUZ.

Pesquisando, na Internet, sobre a genealogia Vieira, casualmente deparei-me com uma lei que me leva a escrever sobre o assunto, a qual define a localização da referida fazenda e que aqui transcrevo de acordo com a ortografia da época. Diz o Art. 9°, § 4°, da Lei 533 de 10 de outubro de 1851 da Assembleia Legislativa Mineira, aprovado pela Presidência da Província de Minas Gerais:

“Ficão pertencendo: […] ao Município de Queluz, a fazenda denominada – Guido – que  outr’ora foi de Manoel Lobo Leite Pereira, e o territorio denominado – Passagem do Ouro Branco – , que já pertence à Freguezia de Queluz.

Para terminar a apresentação do Inconfidente:

Foi dito sobre Cônego Vieira que era “a maior figura intelectual de Minas no século dezoito”, “o mais instruído e eloquente de todos os conjurados”.

Existe, no bairro Fonte Grande de nossa cidade, uma rua com seu nome: RUA CÔNEGO VIEIRA. Merecida homenagem!

 

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 28

            Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo.

 

Igreja de São Caetano/Imagem da Internet

Continuando a focalizar o período de nossa História acontecida nos final do Século XVIII,  hoje surge a figura de PADRE MANUEL RODRIGUES DA COSTA, importante participante da Inconfidência Mineira.

Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo.

A igreja que está na foto é a recentemente restaurada. A capela primitiva foi demolida e depois reedificada. Porém há um vestígio real do passado no muro que se localiza ao lado da igreja e que vem do tempo da capela primitiva:

 

Muro primitivo em São Caetano/Imagem de Acervo Pessoa

 

Embora os pais de de Padre Manuel Rodrigues da Costa residissem em Borda do Campo (Barbacena), terra de seu pai, era comum naquele tempo, quando ia ter o filho, a mãe ia ter a criança na casa de seus pais, os avós maternos. Foi o que aconteceu.

Assim este inconfidente é natural  do arraial de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre dos Carijós (atual Conselheiro Lafaiete, MG), comarca do Rio das Mortes. Ele mesmo afirma isto nos Autos da Inconfidência: Sou de Carijós. Vejam o registro de batismo:

“Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo, na capela de Ibitipoca”.

Faleceu em sua fazenda em 20 de janeiro de 1844. Foi o último  inconfidente a falecer.

Filho dos portugueses capitão-mor Manuel Rodrigues da Costa e de Joana Teresa de Jesus, eram seus irmãos: João Rodrigues da Costa; Antonio Rodrigues da Costa; Domingos Rodrigues da Costa, Padre; Maria Rodrigues da Costa; Esperança Rodrigues da Costa. Avós paternos  Miguel Rodrigues da Costa e Inácia Pires.

 

Fazenda do Registro Velho/Imagem da Internet

 

Ordenou-se em Mariana e vivia com sua mãe, já viúva, na Fazenda do Registro Velho, freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo (atual Borda do Campo, MG, município de Antônio Carlos, que, na época, fazia  parte de Barbacena.

Por causa de sua participação na Inconfidência Mineira, foi condenado a degredo de dez anos em Lisboa, em dependências eclesiásticas, confiscados muitos de seus bens, dentre os quais sua rica biblioteca, móveis, utensílios domésticos e uma batina, que atualmente está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.

No exílio em  Portugal, passou quatro anos na Fortaleza de São Julião da Barra, ficando depois  recluso (1796), no Convento de São Francisco da Cidade.

 

Fortaleza de São Julião da Barra/Imagem da Internet

 

Quando voltou ao Brasil, ao Brasil, além da administração da fazenda Registro Velho, fundou uma tecelagem, fabricou vinho e óleo de oliva. De acordo com o viajante escritor Auguste de Saint-Hilaire, que o  visitou em sua fazenda,  ele fabricava tecidos com as máquinas que havia trazido de Portugal, utilizando lã de ovelha e linho.

Foi participante ativo  não só no episódio do  “Dia do Fico” como também  Independência do Brasil. Depois elegeu-se deputado por Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1823. Ocupando-se da liberdade de culto e da catequese e colonização

Quando D. Pedro  I, hospedou-se na fazenda do Registro Velho, condecorou-o com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro, nomeando-o, também,  cônego da Capela Imperial.

São suas obras quando ainda recluso no Convento de S. Francisco da Cidade, em Lisboa: 1 — “Tratado da Cultura dos Pessegueiros — Nova edição revista, corrigida e augmentada. Traduzida da língua francesa por Manoel Rodrigues da Costa, Presbitero do Hábito de São Pedro e natural de Minas Gerais. Lisboa. Na Tipografia Calcográfica e Literária do Arco do Cego. MDCCCI. Por ordem superior.”

São suas obras no Brasil: 2 — “A Sua Alteza Real o Príncipe Regente Constitucional, Defensor Perpétuo do Brasil. Pelo Padre Manuel Rodrigues da Costa, morador na Vila de Barbacena, Comarca do Rio das Mortes, Província de Minas Gerais. Rio de Janeiro, 1822. Na Oficina de Silva Porto & Cia. (Sermão).” 3 — “Memória sobre a Catequese dos Índios, composta e dirigida ao Ilmo. e Revmo. Sr. Cônego Januário da Cunha Barbosa, Primeiro Secretário do Instituto Histórico e Geográfico, pelo Sócio Honorário o Pe. Manoel Rodrigues da Costa. Em Agosto de 1840.”

 

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 27 

 

“De calvo Laim louvado

e da grã Dona Tereja

nasceu  forte Furtado

de Mendonça, afortunado

na paz, e mais na peleja”

D. João Ribeiro Gaio

 

Continuando a focalizar a Avenida Furtado e as famílias que ocuparam a antiga Fazenda das Bananeiras, começo citando os versos de D. João Ribeiro Gaio,  bispo católico português de Malaca entre 1578 e 1601.

Complementando o apresentado no artigo anterior, vou transcrever um texto do renomado genealogista Marcos José Machado Coelho, que pertence a esta genealogia e tem raízes em nossa terra.

Os descendentes dos casais Deusaldino José da Silva c.c Judith Lima de Oliveira e de José Antônio Machado c.c Maria José de Jesus, são descedentes da familia Furtado de Mendonça. Nossa familia Furtado de Mendonça se radicou na região onde hoje se encontram as cidades de Descoberto e São João Nepomuceno, no estado de Minas, em Descoberto nasceram os irmãos Domingos José da Silva “Mingote de Souza” e Maria José de Jesus “Maricota”, filhos do casal Joaquim Dias de Souza e Joaquina de Salles Xavier de Assis. Joaquina de Salles Xavier de Assis, era filha de José Joaquim do Nascimento e Francisca de Salles Xavier de Assis, neta materna de Domingos José da Silva e Anna Maria de Assunção (Furtado de Mendonça). Anna Maria de Assunção nasceu em 1804 em Itaverava-MG, era filha de Antônio Furtado de Mendonça, irmão de José Antônio de Mendonça, conhecido por Guarda-Mor Furtado, considerado um dos fundadores da cidade de São João Nepomuceno. Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijos, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” Furtado de Mendonça, natural da Ilha do Faial e de André Gonçalves […] Os Furtados de Mendonça tambem descendentes das familias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendentes de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, desembarcou na Ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha,  a forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra, o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra, […]  A familia Silveira da Ilha do Faial teve como patriarca Willem van der Haegen, nobre flamengo, que desembarcou na ilha a convite de Joss Van Hurtere em 1470, Willem teve seu nome aportuguesado para Guilherme da Silveira, sobrenome que foi passado aos descendentes […]

 

Imagem de Internet

 

Na sequência da linha genealógica da família Furtado de Mendonça desde a família do Inconfidente João Dias da Mota, chegamos ao Barão de Suassuí, em alguns lugares grafado Suaçuí.

No registro de terras de Queluz, realizado em meados do século XIX, consta:

24.01.1856: “Fazendas Bananeiras de Barão de Suaçuí – Ponte – Amaro Ribeiro, Sam Gonçalo e Maciel, confrontando com diversas, entre elas a de José Dias de Souza, Francisco José de Souza Penna, Francisco Teixeira de Siqueira, Antônio Tavares de Mendonça, Antônio Ferreira Albino de Almeida, Francisco Cândido Pereira da Silva Brandão, Manoel Francisco Teixeira, Francisco Antônio da Costa; com as Fazendas Bandeirinhas, Barroso e Dona Gertrudes. Assim mais, Fazenda Patrimonio da mesma freguezia que limitam com a fazenda Casa Branca, Manoel de Queiroz e Joaquim Lourenço Baêta Neves; e assim, mais um pasto no fundo do quintal de sua casa nesta Villa, 2 alqueires, confrontando com a mesma villa, Antônio Joaquim da Silva, Joaquim de Souza, Antônio Ferreira Albino de Almeida. Queluz, 24 de janeiro de 1856 – Barão de Suaçuí – Vigrº. Domiciano Teixeira Campos”.

Antônio Furtado de Mendonça, que era filho de um outro Antônio Furtado  de Mendonça e de Antônia Maria da Assunção, casou-se com Maria José Praxedes de Mello, irmã da Baronesa Antônia Jesuína de Mello.

Um dos filhos desse casal, Antônio Tavares Furtado de Mendonça, casou-se com Maria José de Jesus, tendo os seguintes filhos: Maria Antônia de Mendonça; Francisca de Paula de Medonça; Amélia Augusta de Mendonça, casada com Ignacio Bhering; Maria José Furtado, nascida em 1859 e falecida a 31 de março de 1829, casada com João Evangelista do Amaral; Antônia Honorina Furtado de Mendonça, casada com Joaquim Martins Pereira Brandão.

Maria José Furtado de Mendonça Amaral e João Evangelista do Amaral herdaram a propriedade quando o capitão Antônio Furtado de Mendonça veio a falecer. Foram criados na fazenda: Maria Etelvina, Maria Amélia, Ana, Antônio, Ercília, Olga, José, Rubens, Izabel, Maria Augusta e João, filhos do casal.

 

      .

Neste mapa de um trecho do Bairro Santa Matilde podemos ver a Avenida Santa Matilde, onde se localizava a fazenda, com ruas próximas a ela com nomes da família de que estamos falando: Rua Capitão Furtado, Avenida João Evangelista, Rua Maria Amélia, Rua Etelvina Lima, Rua Maria José, Rua Olga Bhering, Rua Rubens Amaral, Rua Maria Augusta, Rua Adelina do Amaral. Existe, também, a Rua Bananeiras.

 

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 26

 

… Lá, desde a Villa de Queluz, estava instalada a fazenda das Bananeiras, á margem da Estrada da côrte. Pertencia ao Barão de Suassui que, além desta, possuía outras propriedades. Suas terras atingiam quase todo o vale e parte  do morro do Alto dos Pinheiros… Antônio Luiz Perdigão

Imagens da Internet. Acima os brasões das famílias Tavares, Mello, Furtado e Mendonça.

O grande genealogista Allex Assis Milagre fez um excelente trabalho sobre a genealogia TAVARES DE MELLO, mas é impossível transcrevê-lo por ser muito extenso.

Neste artigo, vou colocar apenas dados, recolhidos em diversos trabalhos, que  interessam á genealogia do local que é focalizado aqui. São os antecedentes de quem morou neste bairro, que fazem parte de sua história.

Igreja do Bom Jesus do Rabo do Peixe, na Ilha de São Miguel. Imagem da Internet.

Como já foi dito no artigo anterior,  JOSÉ TAVARES DE MELLO, foi batizado na freguesia de Bom Jesus do Rabo do Peixe, Ilha de São Miguel, bispado de Angra (foto acima)., Faleceu na fazenda da “Pedra de Cataguazes”, em Santo Amaro (Queluzito), a 17/11/1791.

Casado em Portugal, com Maria da Conceição, teve um filho: Bento José Tavares.

Imagem da Internet Igreja de Queluzito

No Brasil, casou-se em segunda núpcias, em Queluzito, com Antônia Tavares Diniz, falecida em abril de 1829.

Teve, do segundo casamento, os seguintes  filhos:

  1. Antônia Tavares Diniz;
  2. Francisca Angélica de Mello, casada com Joaquim da Costa Silva;
  3. Joaquim Tavares Diniz, nascido e batizado na freguesia de Prados, casado na igreja de Santo Amaro em 25/6/1800, com Marianna Francisca da Silva;
  4. Anna Antônia da Piedade, nascida em Santo Amaro a 11/2/1775 e falecida antes de 1829, casada na ermida Nª Sª da Boa Esperança do Cortume, em Santo Amaro, em 5/8/1795, com Luis da Cunha Lobo;
  5. José Tavares de Mello, o filho, que se casou em primeiras núpcias com Thereza Josefa de Jesus e, em segundas núpcias, com   Joanna Marcelina de Magalhaens, filha de Francisco de Vaz Dias  e de Anna Joaquina Magalhaens.

Em 1823, José Inácio Gomes Barbosa, Capitão, filho do Capitão-mor José Inácio Gomes Barbosa e Maria Joaquina de São José, casou-se com Antônia Jesuína de Melo, filha do Alferes José Tavares de Melo e Joana Marcelina de Magalhães – casamento feito na Fazenda Engenho Grande,  pelo Cônego José Maria Ferreira Pamplona.

De acordo com Antônio Luiz Perdigão:

“Lá, desde a Villa de Queluz, estava instalada a fazenda das Bananeiras, á margem da Estrada da côrte. Pertencia ao Barão de Suassui que, além desta, possuía outras propriedades. Suas terras atingiam quase todo o vale e parte do morro do alto dos pinheiros. Com a morte do Barão, a propriedade passou para o capitão Antônio Furtado de Mendonça.”

O barão e a baronesa não tinham filhos que fossem seus herdeiros.

Agora vamos ver porque a Fazenda das Bananeiras passou ás mãos do capitão Antônio Furtado de Mendonça.

De acordo com pesquisas de Allex Assis Milagre, de onde são tirados os dados que se seguirão, a baronesa Antônia Jesuína de Melo tinha uma irmã chamada Maria José Praxedes de Melo, nascida em 1808, casada na ermida da Fazenda das Pedras, em 24 de novembro de 1828, com Antônio Furtado de Mendonça, este nascido na freguesia de Itaverava e, na época morador no Pomba, filho de outro Antônio Furtado de Mendonça e de Antônia Maria da Assunção.

No próximo capítulo iniciar-se-á a história da família descendente desse casal que esteve presente nas terras da Santa Matilde.

(Continua)

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 25

 

Dei uma volta no Bairro de Santa Matilde e fiquei pensando: é uma verdadeira cidade! Um bairro muito importante. E sua história deve ser conhecida, porque também é muito interessante.

Ilha de Fayol (Reprodução/Internet)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Brasão da Família Mota
Imagem da Internet (Jornal “A Janela” de Fátima Noronha, de Brasópolis)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Já vimos a quem pertenceram os terrenos onde se ergueu o bairro Santa Matilde: uma pessoa muito importante, o Barão de Suassuí, que recebeu os títulos de Comendador da Imperial Ordem de Cristo, Cavaleiro da Imperial Ordem de Cruzeiro e da Imperial Ordem da Rosa, os quais conquistou pelo valor demonstrado em sua vida. Como vimos, era sobrinho do Inconfidente João Dias da Mota e teve esse terreno, onde o inconfidente teve sua estalagem, por herança de sua família Mota.

Mas como teria passado, depois de sua morte e da baronesa, para as mãos dos Furtado de Mendonça? O que aconteceu foi o seguinte:

O Barão de Suassuí casou-se com Antônia Jesuína de Mello, filha do Alferes José Tavares de Mello e Joana Marcelina de Magalhaens. E aí começa outra história que traz dois sobrenomes importantes para a Santa Matilde: Tavares de Melo e Furtado de Mendonça, por intermédio da baronesa porque, com o falecimento do Barão e da Baronesa, que não tiveram filhos, a herança ficou para os parentes dela.

Brasão da Família Tavares de Mello

Vamos começar com José Tavares de Mello, filho de Manoel Affonso Correia e Guiomar Cabral de Mello, batizado na freguesia de Bom Jesus do Rabo do Peixe, Ilha de São Miguel, bispado de Angra, e falecido na fazenda da ‘Pedra dos Cataguases’, em Santo Amaro, a 17/11/1791, onde era morador. Casou-se, em primeiras núpcias, em Portugal, com Maria da Conceição.

De trabalho de Allex Assis Milagre recolhi informações. Ele se casou, em segundas núpcias, no Brasil, com Antônia Tavares Diniz, falecida em abril de 1809. Entre seus filhos está José Tavares de Mello (o filho), alferes da Guarda Nacional, nascido na ‘Fazenda da Pedra”, freguesia de Queluz que, em primeiras núpcias, casou-se com Thereza Josefa de Jesus e, em segundas núpcias, com   Joanna Marcelina de Magalhaens, filha de Francisco de Vaz Dias  e de Anna Joaquina Magalhaens.

 

(continua)

 

 

 

 

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 … vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras,

por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota

era tio do Barão. 

Como vimos no artigo anterior, a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira DEVIDO À ESTALAGEM DAS BANANEIRAS. Vimos isso em artigo anterior, comprovamos que a estalagem que existia na Fazenda das Bananeiras era de João Dias da Motta.

Em documento do Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

Antes quero dar informações exatas sobre a localização da estalagem. Ela ficava localizada na Avenida Santa Matilde, em frente à Escola Estadual Luiz de Mello Vianna Sobrinho, onde hoje há construções modernas.

Localização da Avenida Santa Matilde no bairro do mesmo nome/ Imagem da Internet

 

O historiador Luiz Fernando  passou para mim depoimentos que ele conseguiu de pessoas que conheceram o local enquanto a fazenda ainda existia e ajudaram na sua localização exata. De acordo com uma dessas informações, havia umas gameleiras na frente.

A fazenda chegou até o Barão por herança. Vou fazer um pequeno esboço genealógico o qual pode, até, levar algum leitor que se interesse por genealogia a verificar-se é parente do Inconfidente.

Barão e Baronesa de Suassuhy / Imagem da Internet 

Agora começa a ligação do Barão com o Inconfidente. Embora eu possua muitos dados, apenas farei um esboço para não ocupar demasiado espaço. O que vou apresentar foi feito fundamentado em estudos minuciosos do grande historiador e genealogista Joaquim Rodrigues de Almeida, Quincas de Almeida, como o chamavam.

João Dias da Mota, casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira, não teve filhos. Seus pais eram Tomás Dias da Mota e Antônia Mariana do Sacramento.

Vou transcrever um documento para, depois, fazer os comentários e mostrar como acontece a ligação entre o João Dias da Mota, Inconfidente, com o Barão de Suassuhí.

“Em 1792, o vigário de Queluz, Padre Fortunato Gomes Carneiro, deu certidão dizendo que: No livro 3º de casamentos da Matriz encontra-se o registro do casamento, em 1777, na fazenda do Engenho, na capela particular da fazenda, o reverendo doutor Francisco Pereira de Santa Apolônia casou a Martinho Pacheco Lima, filho legítimo da Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Castro, natural da Ilha Terceira, da freguesia de S. Antônio, do bispado de Angra; com Joaquina Rosa de Jesus, filha legítima de Tomás Dias da Mota, defunto e de Antônia Maria do Sacramento 1848. Faleceu deixando os filhos: José Tomaz de Lima; Antônia Francisca de Paula, casada com Joaquim José Vieira; Maria Inácia Rodrigues; Ana Quirubina dos Anjos; Martinho Pacheco de Lima; Leocádia Felisberta de S. José, Fazenda da Rocinha.

Esse Martinho Pacheco de Lima (1) filho me Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Crasto (em alguns lugares Castro), neto pelo lado paterno de Antônio Pacheco Machado e de Anna Ferreira, neto pelo lado paterno de Manoel Correia Gomes e de Ursula de Crasto.”

Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota era tio do Barão.

A ligação de parentesco do Inconfidente João Dias da Mota com o Barão de Suassuí, explica do motivo de o Barão ser citado com dono da Fazenda das Bananeiras no registro de fazendas de Queluz em meados do século XIX, de acordo o Índice das Terras de Queluz, que está no Arquivo Mineiro, e que também pode ser encontrado no Museu Antônio Perdigão.

Tomás Dias da Mota casou-se com Antônia Maria do Sacramento, filha de Martinho Pacheco de Lima (nascido no Porto Judeu, Ilha Terceira, Açores e Joaquina Rosa de Jesus). Moravam na Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na Freguesia de Carijós (nossa Conselheiro Lafaiete). Eram os pais do Inconfidente João Dias da Mota. O historiador Joaquim Rodrigues de Almeida descobriu, em suas pesquisas, que a Fazenda do Engenho Novo era a mesma Fazenda das Bananeiras, assim também o Barão de Suassuí deve ter nascido onde tinha sido a Estalagem das Bananeiras. Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio-avô do Barão.

Uma das irmãs de João, Maria Joaquina de Lima, moradora na Fazenda da Rocinha, em São Caetano da Paraopeba, era viúva, sem filhos, quando se casou com o Comendador e Capitão Mor José Ignácio Gomes Barbosa (pai do Barão de Suassuí), nascido no Rio de Janeiro, filho de Ignácio Gomes Barbosa e Maria do Rosário de Jesus. O Comendador e Maria Joaquina de Lima tiveram um filho, o Barão de Suassuí.

Aqui fica explicado o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio do Barão. O Inconfidente não teve filhos (se os teve por acaso, a família de alguma maneira ocultou o fato, senão as terras dele seriam confiscadas pela Coroa).

Assim, na divisão de heranças, do espólio onde estava inserida  a Fazenda das Bananeiras, teria ficado para seus pais e depois para o Barão. Está explicada a ligação acontecida através dos tempos.

Em 1823, o CAPITÃO JOSÉ IGNÁCIO GOMES BARBOSA, como vimos filho do capitão-mor José IgnÁcio Gomes Barbosa, casou-se com ANTÔNIA JESUINA DE MELLO, filha do alferes José Tavares de Melo e de d. Joana Marcelina de Magalhães. José Ignacio e Antônia Jesuína não tiveram filhos e, assim, a Fazenda das Bananeiras e outros bens passaram para o Capitão Antônio Furtado de Mendonça, casado com Maria José, irmã de Antônia Jesuína.

No próximo artigo vamos, então, ver o ramo da Família Furtado de Mendonça que faz parte da história da Avenida Santa Matilde, segundo informações no blog do grande genealogista Marcos José Machado Coelho, que tem várias raízes enterradas aqui em tempos de Carijós e Queluz. (blogger:maccoe.blogspot.com/2012/07/familia-furtado-de-mendonca.html.

(Continua)

 

 

 

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 23

   GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 23

 

É muito importante saber ,do modo mais amplo possível, o que

aconteceu no passado no passado em relação à Estalagem das Bananeiras, existente

onde atualmente é a Avenida Santa Matilde.

 

Ficou bem comprovado no artigo anterior que a Avenida Santa Matilde é um dos espaços importantes da história da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras, como se vê no artigo n° 3, em “Apostilas de História do Brasil/15 40   –   Fragmentos georreferenciados” …wikiurbs.info/mediawiki”:

 

Imagem da Internet

 

 “Pelo caminho, nos sítios por onde ia passando, em Varginha, perto de Queluz, na estalagem de João da Costa Rodrigues; em Bananeiras, no sítio de João Dias da Motta, vinha o alferes revoltoso fazendo a propaganda às escancaras, sem o menor disfarce ou cuidado.”

No mesmo artigo anterior há outras evidências do local e de seu dono. É muito importante que os habitantes desta avenida que está sendo focalizada saibam, de modo mais amplo possível, o que aconteceu nela no passado e que pessoas foram envolvidas nos eventos. Tiradentes, que pregava na Estalagem das Bananeiras, já é conhecido de todos. O que não parece acontecer mais detalhadamente como sobre o inconfidente estudado neste artigo, que era fazendeiro e amigo de Tiradentes.

Vou usar dados colhidos no site Genealogia Brasileira, do grande genealogista brasileiro Lênio Luiz Richa (lenioricha@yahoo.com.br).

Ouro Preto

 

Cacheu – África /Imagens da Internet

JOÃO DIAS DA MOTA, dono da ESTALAGEM DAS BANANEIRAS, que era localizada onde é hoje a Avenida Santa Matilde,  nasceu em Ouro Preto em 1743 e faleceu em Cabo Verde/África em 1793. Filho de Tomás Dias da Mota e de Antônia Mariana do Sacramento, Capitão do regimento de Cavalaria Auxiliar de SJ de El-Rei, no lugar denominado Glória. Em 1789, com 46 anos, era casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira e residia em sua Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na freguesia de Carijós.

“Foi denunciado por Basílio de Brito Malheiro do Lago, por estar entre os ouvintes das palestras na Estalagem da Varginha, no final de 1788.” (A.5.519 e “A Inconfidência Mineira”, de Márcio Jardim, fls. 195).

João Dias da Mota, no dia 24 de junho de 1792 foi embarcado para Lisboa, na fragata Golfinho, por condenação devido ao envolvimento com a Inconfidência Mineira.

Morreu em 1793 de uma epidemia que atingiu a vila de Cacheu, nove meses depois de ali ter chegado.

Imagem do Panteão / Imagem da Internet

Em 21 de abril de 2011, seus restos mortais foram repatriados da África para o Brasil em 1932, juntamente com os de José de Resende Costa e Domingos Vidal Barbosa, mas só em 21 de abril de 2011 foram colocados no Panteão do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, ao lado dos outros 13 inconfidentes que já repousavam lá desde quando o Panteão foi criado pelo Presidente Getúlio Dorneles Vargas.

Não terem sido colocados seus despojos lá na mesma época que os restos dos outros Inconfidentes deveu-se ao fato de haver dúvida nas identificações. Só há alguns anos, os estudos da Unicamp comprovaram que as ossadas eram mesmo dos três inconfidentes degredados e assim procedeu-se à sua incorporação ao Panteão. Rui Mourão, diretor do Museu da Inconfidência, falando sobre a colocação dos despojos desses três Inconfidentes no Panteão da Inconfidência, declarou:

“Tudo o que pudermos acrescentar à história da Inconfidência Mineira é importante, até porque esses personagens (José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias da Mota) deram contribuição efetiva ao movimento”.

Assim a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras.

 

No Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

                                                                                  (Continua)

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 22

                        GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 22

 

Importantes notícias da região da Santa Matilde no passado vêm da história da Inconfidência Mineira.

Destaca-se bastante, e com merecida ênfase, quando o assunto é INCONFIDÊNCIA, na ESTALAGEM DA VARGINHA e na PASSAGEM DOS DESPOJOS DO INCONFIDENTE COM A RENOVAÇÃO DA SALMOURA DE SUA CABEÇA NUM RANCHO NA RUA DIREITA.

Tiradentes/ magem da Interne

 

Mas é necessário, também, estudar a importância da ESTALAGEM DAS BANANEIRAS, que se localizava no bairro SANTA MATILDE. Fala-se muito pouco sobre o local e sobre seu dono, o INCONFIDENTE JOÃO DIAS DA MOTTA.

Importantes notícias da região da Santa Matilde no passado vêm da história da Inconfidência Mineira:

[…] em Bananeiras, no sítio de João Dias da Motta, vinha o alferes revoltoso fazendo a propaganda às escâncaras, sem o menor disfarce ou cuidado.”

Vou transcrever alguma coisa que aparece no Google.  Exagero com as transcrições, mas tenho, com isto, o objetivo de documentar o mais amplamente possível a participação da região da Santa Matilde na Inconfidência Mineira com as conversas na Estalagem das Bananeiras, onde Tiradentes sempre pregava, entusiasmado e corajosamente, as suas idéias.

No livro História da Conjuração Mineira, página 51 – MultiAjuda V (não sei porque na fonte consultada não consta o autor), selecionei:

“No sítio das Bananeiras descansou o Tiradentes à sombra das árvores deitado negligentemente em uma esteira. Aí o foi encontrar o capitão João Dias da Mota, levado pela sua má estrela; e como se o malfazejo gênio tomara a figura do alferes, as suas palavras eram de perdição para aqueles que as ouviam! Declarou-lhe o alferes positivamente que vinha para o Rio de Janeiro tratar do levante por causa da derrama. Perguntou-lhe o capitão enquanto montaria a capitação. Respondeu o alferes que em cem arrobas para a Fazenda Real, cabendo oito oitavas a cada pessoa por ano. Voltou-lhe o capitão que não havia remédio senão pagar-se, e o Tiradentes erguendo-se furioso, calçou as botas, e declarou que não se pagaria por que tinham os mineiros por si pessoas muito grandes para se levantar e proclamar a república. Vendo-o o capitão tão inflamado, com os olhos injetados de sangue, e as faces afogueadas, procurou acalmá-lo, ponderando que o estabelecimento da república não seria mau, mas que nem se meteria nisso, nem queria falar ou saber de semelhante projeto.”

 Vejam  que relato bonito trazendo tão viva a memória do herói. Eu, que gosto de imaginar, vejo direitinho a cena, como se estivesse lá. Já li muita coisa sobre Tiradentes, mas como esse pequeno trecho… Senti estar presente naquele lugar, vendo Tiradentes em corpo, alma e temperamento…

 Nas   “Apostilas de História do Brasil/15 40   –   Fragmentos georreferenciados” …wikiurbs.info/mediawiki” também encontramos:

“Pelo caminho, nos sítios por onde ia passando, em Varginha, perto de Queluz, na estalagem de João da Costa Rodrigues; em Bananeiras, no sítio de João Dias da Motta, vinha o alferes revoltoso fazendo a propaganda às escâncaras, sem o menor disfarce ou cuidado.”

Autos da Devassa /Imagem da Internet

 

 Nos “Autos de Devassa da Inconfidência Mineira” no Capítulo XI, está o seguinte:

Testemunha 13°

João Dias da Mota, Capitão do Regimento de Cavalaria Auxiliar da Vila de São José, no Rio das Mortes, natural desta Vila Rica do Ouro Preto, Bispado de Mariana, morador no Engenho do Campo, que vive de roça, de idade de quarenta e seis anos, testemunha a quem ele dito Ministro deferiu o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles, em que pôs sua mão direita, subcargo do qual lhe encarregou dissesse a verdade do que soubesse e lhe fosse perguntado, o que assim prometeu fazer como lhe era encarregado. E perguntado ele, testemunha, pelo conteúdo no Auto desta Devassa que todo lhe foi lido, disse que vindo em certa ocasião da sua fazenda para São Bartolomeu, em dias de março do corrente ano, encontrara nas Bananeiras, caminho do Rio de Janeiro, ao Alferes do Regimento Pago desta Capital, Joaquim José da Silva, por alcunha o Tiradentes; e sucedendo descansar, por causa do muito calor, no mesmo rancho em que o dito Alferes, este lhe disse: ‘Pois Vossa Mercê não sabe ainda o que vai de novidade?’ E respondendo-lhe ele, testemunha, que não, continuou aquele: ‘que já se tinha deitado a derrama e que cabia a pagar oito oitavas de ouro por cabeça’. Ao que lhe respondeu ele, testemunha: ‘E que remédio senão pagar? Quem tiver dinheiro, muito bem. E quem não o tiver, pagará com os bens ou fazendas que possuir’. A esta resposta, replicou o dito Alferes: — ‘Qual pagar! Vossa Mercê não sabe o que vai? Pois está para haver um levante tanto nesta Capitania, como nas do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Pará, Mato Grosso etc. E já temos a nosso favor França e Inglaterra, que há de mandar naus”. O que ouvindo ele, testemunha, absorto do que escutava, lhe perguntou: ‘Pois quem tem Vossa Mercê para esse levante?’ Ao que lhe respondeu o mesmo Alferes: ‘Temos pessoa muito grande!’ E instando ele, testemunha, por que lhe declarasse quem era, não foi possível tirar-lhe mais do que: — ‘que era uma pessoa muito grande, e que a seu tempo o saberia’. E refletindo-lhe no perigo que corria em tratar de semelhante matéria, e que não falasse em tal, lhe respondeu mais o dito Alferes: — ‘Pois que tem? Que tem? Prenderem-me? Pois se me prenderem, alguém me soltará’. Que tinha achado muito pusilânimes os filhos de Minas; e que estavam a atuar quatro Ministros, sem os quais se podia passar. E com estas razões se despediram, e ele, testemunha, seguiu seu caminho.”

Caminho Novo /Imagem da Internet

A ESTALAGEM DAS BANANEIRAS ficava no Caminho Novo, que era uma estrada construída por ordem do Rei. e por conta de seu tesouro era chamada de Estrada Real. Havia, no século XVII, muitos caminhos que levavam às Minas. O contrabando de ouro era muito e, por isso, a Coroa Portuguesa mandou construir trilhas por ela autorizadas para escoamento do precioso metal. Uma delas era o caminho que ligava Minas ao porto de Paraty.

O Caminho Novo só foi concluído em 1707.

O Arraial do Campo Alegre dos Carijós vibrou com sua chegada, porque isso iria facilitar muito as trocas de mercadorias: os produtos das roças indo para o Rio de Janeiro, de lá, vindo de Portugal, as preciosas garrafas de vinho do Porto, as postas de bacalhau, as especiarias vindas das Índias, tudo de bom que os navios traziam.

E onde o Caminho Novo, vindo por Amaro Ribeiro, chegou? Na região da Avenida Santa Matilde, onde ficava a Estalagem das Bananeiras, subindo por ela o morro e chegando ao alto do planalto, onde o arraial se expandia.

(Continua)

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 21

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 21

 

O sal que a salgou

também salgou auroras e crepúsculos

salgou a Liberdade

Avelina

A Rua Direita, atualmente denominada Rua Comendador Baeta Neves, traz muitas cicatrizes relacionadas à Inconfidência Mineira em sua memória. Nela passaram os despojos de Tiradentes que pernoitaram em um arranchamento ali existênte , onde foi salgada a sua cabeça antes de seguirem a viagem para Vila Rica.

Foto de Carla Moreira dos Santos

 

Foto da Rua Direita (atual Comendador Baeta Neves) com a placa em um poste localizado na frente do local em que, em 1792, havia um arranchamento onde a cabeça foi salgada e pernoitou. Salmoura é uma solução de água saturada de sal. ABAIXO A FOTO SEPARADA DA PLACA DIZENDO QUE AQUI SE RENOVOU A SALMORA DA CABEÇA DE TIRADENTES

Foto de Valéria Higino da Silva

Em nossa cidade foram colocadas em postes duas pernas de Tiradentes, uma delas na Varginha do Lourenço, perto da divisa com Ouro Branco, à margem da Estrada Real. Nessa estalagem Tiradentes pernoitava e fazia reuniões secretas, contando com a simpatia do dono da hospedaria.

Estalagem da Varginha Imagem de acervo pessoal

Na estalagem se fecha com chave de ouro o percurso do Caminho Novo em  terras de Conselheiro Lafaiete.

Estalagem da Varginha – Pintura a óleo de Cidinha Dutra

Do Diário de D. Pedro, quando de sua visita a Minas Gerais em 1881:

“Varginha − Casa onde se reuniram os inconfidentes. Pertencia, então, a um hospedeiro de nome João da Costa. Vi a mesa e bancos corridos, de encosto, onde se assentavam. São de maçaranduba e estão colocados na varanda. Reparando que não houvessem conversado no interior da casa, disse-me o dono dela, que havia vedetas* (*vigias) para avisá-los.”

 

— Assinando José Códea, Angelo Agostini como enviado da “Revista Illustrada”, desenhou os móveis citados e escreveu: “Na casa de Manoel Alves Dutra, na Varginha, existem dois bancos e uma mesa, feitos de maçaranduba, que serviram nas conferências dos Inconfidentes, sob a direção do grande cidadão Tiradentes. Hoje, serve para comer-se boas feijoadas com cabeça de porco (tempora mutantur!)”

Li, certa vez, que meninos ficavam no caminho próximo à estalagem e, quando vinham soldados, soltavam papagaios.

Esse lugar histórico ocupa um  lugar especial nas minhas memórias de professora pois, em fins do século XX, com uma turma de alunos do 2º Grau do Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”, ali realizei uma atividade pedagógica. Sentados à sombra da Gameleira da Varginha, ainda em todo o seu esplendor, à semelhança de Tiradentes e os inconfidentes, fizemos uma reunião para falar também sobre Liberdade.

Depois, como o fizera Tiradentes, um aluno levantou-se, estendeu o braço em determinada direção, dizendo que ali construiriam uma grande indústria. Prodigiosamente, naquele lugar indicado por Tiradentes, ergue-se hoje, imponente e poderosa, a Açominas.

Pouco tempo depois, a gameleira caiu, mas o testemunho das fotos tiradas por Alexandre, que nos acompanhou com a orientadora Maria do Carmo, deixaram as cenas gravadas como lembrança de uma atividade cívica.

As ruínas da estalagem, o que resta da gameleira e o belo monumento são marcas que o lafaietense muito preza.

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 20

                     GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 20

Imagem da Internet

            AS NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE CHEGAM AGORA AO FINAL DO SÉCULO XVIII, quando aconteceu o martírio de Joaquim José da Silva Xavier.

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  EU,  TIRADENTES

Avelina Maria Noronha de Almeida

 

Mais uma vez percorro estes caminhos

já  agora sem a sofreguidão da carne

Nas trevas o matagal faísca

Na longa caminhada

foram ficando

pedaços mutilados

enrijecidos

Chego ao destino final

a Praça da Ignomínia

Do Palácio me contemplam

cheios de ódio?

de escárnio?

de glória?

E nas frestas das janelas

olhos espiam

curiosos

temerosos

– compadecidos? –

o que resta do meu corpo

A vida foi expulsa

pelo fervilhar do ódio

na força da prepotência

Soprai forte, todos os ventos

sobre minha cabeça

– não a corrompida pela morte –

mas a que paira no ar

incorruptível

soberana

O sal que a salgou

também salgou auroras e crepúsculos

salgou a Liberdade

Arrancai dela, todos os ventos

sonhos e ideais

Levai-os a cada estrada

ou caminho

a cada monte

ou colina

a cada rio

ou riacho

para ficarem à espera

da alma forte e predestinada

que atiçará a fagulha

Na morte ainda serei chama!

           CHEGAMOS, À NOSSA RECORDAÇÕES DOS TRISTES MOMENTOS DA PASSAGEM DOS RESTOS MORTAIS DE TIRADENTES.

 

Maio de 1792 – Os despojos de Tiradentes passaram pela vila, sendo renovada a salmoura de sua cabeça no patamar de um rancho na Rua Direita, atual Rua Comendador Baeta Neves, onde pernoitou. Este rancho se localizava logo acima da Farmácia Droganova, em frente à extremidade inferior do Colégio Nossa Senhora de Nazaré.

Minha mãe dizia  que uma perna teria ficado em um poste que ficava em frente à entrada da Rua Francisco Lobo. Também o historiador queluziano Vicente Racioppi um dia, da sacada da casa de D. Gabriella Mendonça, hoje Casa da Cultura, disse também que a perna esquerda de Tiradentes, ficava numa lata com querozene, em um poste que ficava em frente à atual Rua Francisco Lobo.

SOBRE A PASSAGEM DOS RESTOS MORTAIS DE TIRADENTES temos um trecho do belíssimo poema da queluziana RITA DE CÁSSIA DE ANDRADE NETTO, nascida em Itaverava, A HISTÓRIA LÍRICA DE CONSELHEIRO LAFAIETE.

 

RUA DIREITA, atual Comendador Baêta Neves

Imagem da Internet

 Este é o trecho do poema de RITA DE CÁSSIA:

“Ó Rua Direita, estremece,

Pasma de estupor.

Cerrem as casas tristemente

A pálpebra das janelas

E as enferrujadas aldravas

Silenciosas e quedas permaneçam.

O anjo da Liberdade passará

Nessa grande noite,

E todas as portas hão de ser marcadas

Com sangue do Primogênito.

 

Ó estigmatizada Rua Direita,

Deixa escorrer um rio de sal

Por entre as pedras testemunhas.

Esconde a vergonha no véu de tuas janelas:

A cabeça do Alferes repousa no sonho impossível.

Os olhos vidrados do Alferes

Voltam-se para os lados da Varginha,

Que a boca intumescida do Alferes

Parou nas sílabas proibidas

Da palavra – Liberdade.”

                                                                                         (Continua)

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