GARIMPANDO: Cônego Santa Apolônia, um ilustre conterrâneo nosso

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

 

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 39

 

CÔNEGO SANTA APOLÔNIA, UM ILUSTRE CONTERRÂNEO NOSSO

 

É muito importante conhecermos a vida deste ilustre homem que alcançou

a alforria para Silvério Dias para aumentar a nossa autoestima cidadã de filhos desta terra que já foi CARIJÓS, QUELUZ e hoje é CONSELHEIRO LAFAIETE.

Parque Estadual do Rio Doce/Imagem da Internet

            “Do rio Doce pode se dizer que todo ele se pode chamar uma nova Índia Oriental em pedrarias e metais”. (Padre Simão de Vasconcelos (1597-1771). Notícias curiosas e necessárias das coisas do Brasil. Lisboa, 1668. Ribeirão tão rico que o ouro sai em granitos em qualquer parte, que se prova”.

 

ESTA É  A RAZÃO DA LUTA DO CÔNEGO FRANCISCO PEREIRA DE SANTA APOLÔNIA, em 1825, contra a concessão de privilégios dados a uma companhia anglo-brasileira de navegação do rio Doce. Ele foi contra os direitos de exclusividade para a exploração das supostas minas de ouro e lavras de diamantes na bacia do rio Doce. Ele escreveu:

            “E quem ousará negar, que no espaço de 20 ou 30 anos possam os ingleses extrair todos os nossos tesouros encerrados naquele abençoado terreno?”.

Por essa referência pode-se avaliar o valor intelectual e patriota de nosso conterrâneo e dizer que ele honrou a terra em que nasceu. É ESSENCIAL que a comunidade conheça o mais amplamente seus vultos ilustres do passado.

 

            Depois do período colonial, permanece a crença na existência de ouro e pedras preciosas, com alguns relatos nitidamente fantasiosos, como o do Coronel Ignácio Pereira Duarte Carneiro: “terreno é fertilíssimo, é rico em mineração […] da parte do norte sai um ribeirão tão rico que o ouro sai em granitos em qualquer parte, que se prova”

 

Santa Apolônia é citado em um site de história mineira como UM DOS NOTÁVEIS POLÍTICOS DO SÉCULO XIX. Sua trajetória pública se iniciou quando fez parte da Segunda Junta eleita em 23 de maio de 1822 para governar a Província de Minas Gerais. Em seguida participou do Governo Provincial, ficando, em certo período, como Presidente da Junta. Assumiu a presidência da Província de Minas Gerais por quatro vezes, tendo sido vice-presidente cinco vezes. Foi deputado à Assembleia Constituinte do Brasil em 1823.

 

Santa Apolônia nasceu em Carijós, no dia 8 de abril de 1743. Seus pais eram Apolinário Pereira e Luísa Maria Rosa. Estudou no Seminário de Mariana, no Rio de Janeiro e em Coimbra, onde se licenciou em Direito Canônico e se ordenou presbítero.

 

Foi bispo por alguns dias, chantre e vigário geral de Mariana, onde faleceu a 10 de julho de 1831. Outro destaque é o seu brilhantismo como orador, considerado um dos maiores oradores de Mariana na época em que viveu, o que pode ser comprovado com os relatos da missa solene em ação de graças, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, que a Câmara de Ouro Preto mandou celebrar, em 1819, pelo nascimento em Portugal da Princesa da Beira, pretendente ao trono de Portugal. Nessa tão importante solenidade, o orador foi o “Reverendo Francisco Pereira de Santa Apollonia” como é relatado numa carta enviada a Portugal.

 

ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE A VIDA POLÍTICA DO CÔNEGO

.

2.^ JUNTA – ELEITA A 23 DE MAIO DE 1822 (1;

(Posse a 24 Maio do dito anno)

  1. Manoel de Portugal e Castro — presidente

Luiz Maria da Silva Pinto .. secretario

Capitão-mór Custodio José Dias

Coronel Romualdo José Monteiro de Barros

Cônego dr. Francisco Pereira de Santa Apolônia

Luiz Pereira dos Santos

Capitão-mór Manoel Teixeira da Silva

Nota: — Pouco depois de proclamada a Independência e da acclamaçâo de Pedro 1.° como Imperador, d. Manoel de Portugal e Castro deixou a administração, retirando-se de Minas (13 de outubro de 1882) e do Brasil.

Substituiu-o na presidência da Junta o cônego dr. Santa-Apolônia.

 

GOVERNO PROVINCIAL

(período imperial)

PRESIDENTES E;VICE-PRESIDENTES

1 — Dr. José Teixeira da Fonseca Vasconcellos (depois Barão e Visconde de Caeté) — presidente

— Dr. Theotonio Alves de Oliveira Maciel — vice-presidente

— Cônego dr. Francisco Pereira de Santa-Apolônia — vice-presidente

1 — Dr. José Teixeira da Fonseca Vasconcellos. (presidente) reassume o governo

 

Governadores em Minas Gerais

Luiz Antonio Silva e Souza (cônego) …

Francisco de Santa Apolônia (Padre)(1822)

 

Vice-Presidências em Minas Gerais

Francisco Pereira de Santa Apolônia (Padre Dr.)

Cônego dr. Francisco Pereira de Santa Apolônia — vice- presidente

Garimpando: No arquivo Jair Noronha

É essencial que a comunidade conheça o mais amplamente

seus vultos ilustres do passado, o que pode

até influenciar na autoestima de uma população.

 

Estamos focalizando um período da História de Queluz. O que faz a grandeza da  História de um local ou de um período é a grandeza das personalidades que marcaram os acontecimentos de então. Louvável é que as novas gerações tenham conhecimento do valor das figuras ilustres do passado.

Não podemos passar esta época, últimos tempos do século XVIII e primeiros tempos do século XIX sem focalizarmos uma figura que a enriqueceu com sua atuação lúcida e poderosa intelectualidade: CÔNEGO SANTA APOLÒNIA.

O Cônego Santa Apolônia nasceu em Carijós e atuou também quando nossa terra tornou-se Real Villa de Queluz. Brilhou na política de Minas Gerais e foi homenageado em nossa terra quando deram seu nome a uma rua no bairro Fonte Grande. É essencial que a comunidade conheça o mais amplamente seus vultos ilustres do passado, o que pode até influenciar na autoestima de uma população.

 

Nosso focalizado nasceu no dia 8 de abril de 1743. Seus pais eram Apolinário Pereira e Luísa Maria Rosa. Era irmão do Padre José Maria Fajardo de Assis, que se envolveu no Movimento da Inconfidência.

 

Estudou no Seminário de Mariana, no Rio de Janeiro e em Coimbra, onde se licenciou em Direito Canônico e se ordenou presbítero. Foi bispo por alguns dias e chantre e vigário geral de Mariana, onde faleceu a 10 de julho de 1831.

 

Quando o leitor entrar na matriz de Nossa Senhora da Conceição verá, na parte maior e central da igreja, a nave, dois altares laterais com a talha em estilo rococó, num lado tendo uma pintura de Jesus no Horto das Oliveiras, no outro lado, de Nossa Senhora aos pés da Cruz. Em princípios do século XIX, o Cônego Santa Apolônia prometeu conseguir a alforria, isto é, a liberdade, ao escravo de uma viúva, o qual se chamava Silvério Dias – discípulo do famoso escultor Vieira Servas, que viveu na época de Aleijadinho e tinha também muita fama – se ele fizesse as talhas desses altares, belíssimas por sinal, e também da igrejinha antiga de São Gonçalo, atualmente restaurada, que se localiza atrás da igreja atual dessa localidade lafaietense, além de outras obras em Queluz. Temos de ser gratos a ele por esse enriquecimento de nosso patrimônio artístico.

 

Carta de liberdade do Revdm.º Chantre Dr. Francisco Pereira de Santa Apolônia, “com a condiçam de fazer o ditto Liberto em honra de Deos de Seos Santos a talha perciza nos Altares do Senhor dos Passos e da Senhora da Sulidade na Matriz de Queluz e na Capella de São Gonçallo e São Vicente da mesma freguezia para o que lhe será dada a madeira e fazer Sustento neceçarios” 21 (MARTINS, 1974, vol. 1, p.246)

Neste altar temos uma amostra da delicadeza da talha de Silvério Dias. A pintura que está no centro do altar é o Cristo no Horto das Oliveiras de Guilherme Schumacher.

 

Outro destaque é o seu brilhantismo como orador, considerado um dos maiores oradores de Mariana, o que pode ser comprovado com os relatos da missa solene em ação de graças, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, que a Câmara de Ouro Preto mandou celebrar, em 1819, pelo nascimento em Portugal da Princesa da Beira, pretendente ao trono de Portugal. Nessa tão importante solenidade, o orador foi o “Reverendo Francisco Pereira de Santa Apollonia” como é relatado na carta enviada a Portugal.

Sua residência, em Queluz, ficava no lindo solar na Praça Barão de Queluz,

onde tempos atrás funcionou o Fórum local.

 

Francisco de Paula Ferreira de Rezende, que foi juiz em Queluz em meados do século XIX, em seu livro “Minhas Recordações”, passa essa informação, pois ali residia na época em que estava aqui, dizendo da casa o seguinte:

 

“[…] uma das maiores salas tinha as paredes do alto abaixotodas cobertas de prateleiras, e todas estas prateleiras estavam inteiramente tapadas de livros, dos quais muitos eu nunca tinha visto e de alguns nem sequer eu havia jamais ouvido falar. Nem eram só os Calmets e uma imensidade de outros grandes “in-folios” sobre a teologia e a moral cristã os únicos livros que enchiam aquelas vastas prateleiras; mas entre eles muitos outros ainda ali se encontravam de um grande valor profano, dos quais me bastará citar a “Iliada” e a “Odisseia” traduzidas em francês e o que mais ainda admira a Jerusalém Libertada na sua língua original. Pois bem; esta livraria, que é de supor já tivesse sido mais ou menos depauperada, e que não obstante, ainda se mostrava assim tão rica, tinha sido a livraria de um padre, que já havia muito tempo, tinha falecido; mas que ainda alcançou os primeiros tempos da nossa independência; pois que esse padre que se chamava Francisco Pereira de Santa Apolônia, foi ainda membro do segundo governo provisório desta província; e como vice-presidente, por vezes governou até 1829.” Pag.125 – Capítulo XI.

Francisco de Paula Ferreira de Rezende

(Continuou)

Garimpando: Movimentos migratórios em nossa história em fins do século XVIII e no século XIX

Continuando o assunto:

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS EM NOSSA HISTÓRIA

EM FINS DO SÉCULO XVIII E NO SÉCULO XIX.

Uma constante nesses que emigraram é que, geralmente, fundaram povoações ou tornaram-se pessoas influentes nos lugares para onde se mudaram.

 

Falando  ainda sobre a iáspora queluziana principalmente no século XIX…

Como vimos em artigos anteriores, além dos problemas políticos, filhos de fazendeiros ricos, sem esperar com paciência as terras que lhes caberiam em herança, ou por estarem diminuindo a disponibilidade de terras em Queluz para pedir ao rei, iam em busca de outros lugares com mineração florescente ou com terras e aguadas favoráveis para fazendas de agricultura e criação.

Manoel Pereira de Azevedo Brandão era um fazendeiro de fortuna sólida, tendo adquirido a sesmaria de São Gonçalo em 1730, possuindo, assim, muitas terras. Era em sua fazenda que se teciam as colchas que eram vendidas para as princesas européias.

 

Altar da igreja construída por Manoel Pereira de Azevedo Brandão, restaurado há alguns anos. Imagem da Intern /  

Alguns de seus descendentes passaram para outras localidades; seu neto Marciano Pereira Brandão já se sabe que foi por motivos políticos, o que não se configura em relação a outros.

Outro neto, ,Jacintho Pereira Brandão nasceu em Queluz, batizado em Santo Amaro em 27 de setembro de 1756, faleceu em 30/05/1840. Casou-se com Jacintha Georgiana de Mariscotes em 1824. Residiu em Rio Espera e depois em  Rio Pomba.

José Henriques de São Francisco,  batizado em São Miguel do Urrô, a 19 de março de 1720, filho de Manoel Henrique e Maria Coelha, veio para Carijós por volta de 1735, casando-se com uma neta de Manoel Pereira Brandão,. Transportava cargas do Rio de Janeiro para Vila Rica e adquiriu uma sesmaria  nos “matos gerais”, aplicação de Sant’Anna do Morro do Chapéu (atual Santana dos Montes), onde fundou a fazenda a que deu o nome de Patrimônio, porque foi apresentada como patrimônio quando da ordenação de seu filho Jacó Henriques Pereira, presbítero secular do Hábito de São Pedro. Depois do ano de de 1800, transferiu-se para a freguesia de São Manoel do Rio Pomba, apossando-se de terras no local conhecido como Ribeiro de São João, doando um grande patrimônio à capela de Nossa Senhora das Mercês.

Tenente Manoel Henriques Pereira Brandão, neto, casou-se com Rosa Maria de São José, de Itaverava, em 1782. De lá foi para a freguesia de Guarapiranga. Por volta de 1791 mudou para São Manoel do Rio Pomba, em companhia de  seus irmãos José Henriques Pereira Brandão e Padre Jacó Henriques Pereira. Por ocasião de sua morte possuía 2.000 alqueires de terra herdados por seus 10 filhos. Em 1861 transferiu-se para a fazenda do Rio Pardo, no município de Leopoldina.

Domingos Henriques de Gusmão, bisneto, foi um dos fundadores da cidade de São João Nepomuceno, para onde se dirigiu em 1791, juntamente com seus irmãos José Henriques Pereira  Brandão e Jacó Henriques Pereira.

 

São João Nepomucen   

Imagem da Internet

Por ocasião de sua morte, possuía dois mil alqueires de terra, herdados por seus dez filhos. Em 1861 transferiu-se para a fazenda do Rio Pardo, no município de Leopoldina, fundando ali o arraial da Piedade, construindo a Matriz da Piedade.

José da Costa Guimarães, neto, Clérigo Secular da Ordem do Hábito de São Pedro. Foi capelão na Aplicação de Nossa Senhora do Carmo do Japão (atual Carmópolis de Minas). Obteve concessão de sesmaria de terras no Termo de Villa Rica, a 16 de maio de 1798.

Amaro da Costa Guimarães,  neto, bteve concessão de sesmaria de terras no Termo de Pitangui, a 27 de junho de 1785.

Joaquim da Costa Guimarães, neto, casou-se na ermida de Nossa Senhora da Boa Esperança da fazenda do Curtume, em 21 de novembro de 1803, com Anna Thereza de Jesus, nascida em 11 de fevereiro de 1775, filha do capitão Francisco José Ferreira de Souza e de Antônia Ritta de Jesus (Antônia Ritta de Jesus era irmão do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes). Obteve concessão de sesmaria de terras no termo de Pitangui, aem 27 de junho de 1785.

João da Costa Guimarães, neto, obteve concessão de sesmaria de terras no Termo de Pitangui, a 27 de junho de 1785.

Outros casos na família Brandão ainda poderiam ser citados.

Também se encontram muitos exemplos semelhantes nas famílias de fazendeiros prósperos como Jerônimo da Costa Guimarães, Luiz de Almeida, Theodózio Alves, Joaquim Lourenço Baeta Neves e outros.

Uma constante nesses que emigraram é que, geralmente, fundaram povoações ou tornaram-se pessoas influentes nos lugares para onde se mudaram.

Não deixa de ser uma evasão aqueles que foram seguir em outros lugares a vida religiosa, como Manuel de Santa Gertrudes, neto de Pereira Brandão, religioso da Ordem Seráfica de São Francisco, professo no Convento de Santo Antônio, na cidade do Rio de Janeiro.

(Continua)

Garimpando: Movimentos Migratórios em nossa história em fins do século XVIII e no século XIX

Continuando o assunto:

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS EM NOSSA HISTÓRIA EM FINS DO SÉCULO XVIII E NO SÉCULO XIX.

 

Queluzianos foram importantes elementos no desenvolvimento do Triângulo Mineiro.

 

Cidade de Sacramento no Imagens da Internet

Vejam o que encontrei neste  site:

https://sacramento.cam.mg.gov.br › ao-encontro-da-mem-ria-de-sacramento

Vou transcrever:

 

            Por força de uma lei provincial n°1637, instituída em 13 de setembro de 1870, foi criado o município de Sacramento, festivamente instalado em 6 de Novembro de 1871, tendo como primeiro chefe do Poder Executivo Manoel Gonçalves de Araújo. Com essa instalação foi instituída a primeira Câmara Municipal, também presidida pelo chefe do Executivo.

[…]

1887 a 1890

PRESIDENTE DA CÂMARA E AGENTE DO EXECUTIVO: BARÃO DA RIFAINA – VICENTE DE PAULA VIEIRA

* Barão da Rifaina, natural de Queluz de Minas, chegou ao Desemboque como professor. Mais tarde, em Sacramento, como comerciante, tornou-se grande proprietário de terras, além de um dos prestigiosos chefes políticos, como representante do Partido Conservador.     

            Nesta época, foi agente do Executivo, presidente da Câmara Municipal e deputado na Assembléia Legislativa da Província de Minas Gerais, onde chegou a tomar parte da Mesa Administrativa, no cargo de primeiro secretário. Graças ao seu esforço político, em dia 27 de abril de 1891, instalou-se festivamente a ‘Comarca de Sacramento.”

            Outra informação: “É notória, também, a luta do Barão pela obtenção de novos acessos rodoviários e fluviais em outra regiões, reivindicando estradas e pontes. Através dele, foram abertos inúmeros portos no rio Grande, visando ao intercâmbio comercial com outras regiões.”

DESEMBOQUE, CONSIDERADO O BERÇO DO TRIÂNGULO MINEIRO

Foto da Internet

Podemos ver, assim, um importante episódio do desenvolvimento de Minas Gerais.

            O BARÃO DA RIFAINA – VICENTE DE PAULA VIEIRA, importante figura no Triângulo Mineiro era filho de Pacífico Augusto Vieira. Pacífico doou o terreno para a construção do Grupo Escolar Pacífico Vieira, em tempos de Queluz, situado na rua Wenceslau Braz, no Bairro São Sebastião.

Para localizar os laços de parentesco em nossa cidade, vejam a genealogia do avô do Barão de Rifaina, que tem ligação com várias famílias de nossa cidade. Achei estes dados no testamento de SEVERINO JOSÉ VIEIRA, da Fazenda do Pequeri, escrito em 1862. Ele era casado com MARIA ANTÔNIA DE LIMA. Filhos do casal:

 

  1. Candida Carolina de Jesus, casada com Florentino Moreira de Souza.3.      José Augusto Vieira (genealogia da localidade dos Violeiros).
  2. Pacífico Augusto Vieira, casado com Antônia Francisca de Sales, pais do Barão de Rifaina.
  3. Maria Cândida.
  4. Laurindo Henriques Vieira.
  5. Benjamim Augusto Vieira.
  6. Antônia, casada com Antônio Ferreira Aleixo.

Outra informação na Internet sobre o movimento migratório queluziano:

  1. Apresentação do site « MADRINHA DA SERRA – JOAQUINA CUSTÓDIA DA

Monteiro de Araújo, Júlio da Silveira, Rodrigues da Costa, entre outras. genealogia paulistana e Biblioteca da Família · Freguesia de Carijós, Vila de Queluz (Conselheiro LafaieteMG), foco de muitas famílias nossas: Moreira de Meireles, Alves Guimarães, Rodrigues da Costa, Vaz de Lima, Souza e Silveira
madrinhadaserra.wordpress.com/about/ –

VOU TRANSCREVER ALGUNS TRECHOS:

“Três famílias importantes e muito unidas que se destacaram onde estiveram. Saíram da Região de Conselheiro Lafaiete-MG e fizeram a Marcha para o Oeste e a Fuga da Mineração:

Os ALVES DE GUIMARÃES, os RODRIGUES DA COSTA, e, os SOUZA TEIXEIRA, vindos de Conselheiro Lafaiete-MG e proximidades, (Itaverava-MG, Freguesia de Itatiaia Oro Branco-MG), que passaram por Piumhi-MG e a Região de Franca-SP. Em Piumhi-MG nasceram duas de nossas antepassadas.”

                   

                 Imagem da Internet

            ESTOU ABUSANDO DE TRANSCRIÇÕES, MAS É PROPOSITAL, PARA QUE FIQUE BEM DOCUMENTADA AIMPORTÂNCIA DO POVO DE CARIJÓS E  QUELUZ NO DESENVOLVIMENTO DE OUTRAS REGIÕES, PRINCIPALMENTE EM MINAS GERAIS.

Transcrição de outra informação importante na mesma fonte das outras

            “Coronel José Vieira de Resende e Silva, (1829/1881) nascido em Lagoa Dourada, município de Queluz, Filho do major Joaquim Vieira da Silva Pinto, com quem se transferiu para Cataguases, em 1842.”

Imagens da Internet: Coronel José Vieira de Rezende e Silva e sua esposa Feliciana de Rezende e Silva

            VEJAM A DATA DA SAÍDA DE QUELUZ: 1842 – O QUE OS INDICA COMO ERAIS, MIGRANDO DEVIDO ÀS DIFICULDADES COLOCADAS

“Em 1856 estudou humanidades no colégio de Congonhas do Campo, pertencente ao Caraça na época. Casou-se com Feliciana, filha do coronel José Dutra Nicácio.       .

            Fundou e construiu a Fazenda do Rochedo. Nesta edificação o coronel Vieira revelou toda a sua cultura e todo o seu espírito de homem moderno. Tinha a convicção de que estava construindo um palácio não só para a residência da família, mas para receber e hospedar todo a elite política, empresarial e social.

                         

CATAGUASES

Imagem da Internet

Continuando a transcrição, agora especificamente sobre a Fazenda do Rochedo:

                                 

I

Imagem da Internet

            “Compreende dois longos e amplos pavimentos. Somente o primeiro pavimento dá a idéia de uma fazenda ou de uma casa rural. Portada de pedra lavrada, com verga em curva. Pórtico lateral eclético, com pilares cúbicos, decorados com volutas barrocas, portão de ferro em art nouveau. No segundo pavimento, seis janelas de vergas retas, de duas bandeiras, com vidraças de guilhotina e com caixilhos de vidro importado. Beiral coberto com madeira pintada, no lugar dos encachorrados coloniais. A água da chuva é recolhida por calhas de folha de flandres importada. No interior, amplos salões de estar e de banquete decorado com motivos pictóricos e mobiliário art nouveau importados da Bélgica. É atribuída ao Coronel Vieira a iniciativa de elevação do Curato de Meia Pataca à condição de município. O romântico nome de Cataguases foi dado por ele, em homenagem a um riacho do mesmo nome, próximo da casa onde nascera em Lagoa Dourada.”

(Continua)

 

 

 

 

 

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 35

                        GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

 

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS EM NOSSA HISTÓRIA

EM FINS DO SÉCULO XVIII E NO SÉCULO XIX

 

Foram várias aas famílias de nossa terra que, na época final do Arraial de  Carijós e início da Real Villa de Queluz tomaram o caminho do sertão e ajudaram a povoar um vasto território de Minas, atingindo também São Paulo e Goiás.

 

 

A imagem acima é, de Luis Caetano de Miranda, uma Carta Geográfica da Capitania de Minas Gerais em 1804. Reprodução de Carlos Cunha Corrêa.

 

Neste mapa a passagem do Piraquara está próxima à Fazenda Santa Fé, do Capitão Amaro da Costa Guimarães (assinalado no mapa), o primeiro fazendeiro da região de Dores do Indaiá.

 

 

Fazenda Santa Fé/Imagem da Internet

 

 

E ONDE NASCEU O CAPITÃO AMARO DA COSTA GUIMARÃES, PRIMEIRO FAZENDEIRO DE DORES DE INDAIÁ?

 

EM SANTO AMARO, ATUAL QUELUZITO,  em 19 de jan de 1745, filho de Jerônimo da Costa Guimarães e Damiana Roza da Costa Guimarães,  neto de Manoel de Azevedo Pereira Brãndão, do nosso povoado de São Gonçalo do Brandão. Devido à decadência do ouro, os irmãos COSTA GUIMARÃES, que eram mineradores em Itaverava, tomaram o rumo do sertão.

        Vejam que extenso caminho foi percorrido naquele tempo histórico, levando o nosso valor humano para se unir ao valor de uma nova terra:

DE ITAVERA

E DE SÃO GONÇALO DO BRANDÃO

A PITANGUI

Imagens da Internet

Amaro deixou seus pais no arraial de Carijós e foi para Pitangui, chamando, em seguida, seus irmãos que, mais tarde, requereram sesmarias no termo de Pitangui, numa área que corresponde às terras dos municípios de Dores do Indaiá, Estrela do Indaiá e Serra da Saudade, dedicando-se à criação de gado. Foram pioneiros e grandes desbravadores da região. Amaro, de acordo com um documento, “tinha avultada criação de gado vacum e cavalar, sendo o primeiro povoador daquele sertão.”

O tempo foi passando e novos problemas surgiram que provocaram a saída de pessoas do arraial de Carijós, de modo especial a decadência do Ciclo do Ouro. Foi aí que aconteceu a Derrama.

 

Imagem da Internet

 

A  grande exploração do ouro fez com que o precioso metal começasse  a diminuir nas minas, porém a Coroa não diminuía as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama que consistia no seguinte: cada região de exploração de ouro tinha de pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole.

Se não conseguissem pagar,  soldados da coroa retiravam das casas os pertences até completar o valor que seus moradores deviam.

Imagem da Internet

 

Uma das soluções era procurar outras terras. Mas veio o Movimento da Inconfidência Mineira. E uma outra causa da migração foi o fracasso do  movimento, que teve presença muito forte em Queluz, ficando uma situação perigosa para os parentes dos conjurados, com hostilidades, discriminações, perseguições  e sequestro de bens.

De acordo com Carrato, depois da Inconfidência Mineira  houve uma verdadeira diáspora em Minas, espalhando-se um grande número de pessoas das regiões auríferas, em migrações internas, para os extremos da Capitania (CARRATO, J.F., 1968; 218).

Isso aconteceu de maneira muito forte em Conselheiro Lafaiete, após a prisão dos inconfidentes, porque Tiradentes tinha familiares residentes no local, o mesmo acontecendo com Pe. Manoel Rodrigues da Costa, que se declarou nascido em Carijós nos Autos da Devassa. Assim levas de parentes dos envolvidos com o movimento foram embora para outros locais.

(Continua)

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 34

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 34

 

Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano.

Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para

o povoamento da Província de Minas Gerais.

 

LIBERAIS EM QUELUZ NA ÉPOCA DO MOVIMENTO DE 1842

 

Antônio Raphael Martins de Freitas

Antônio Vieira da Silva

Antônio Rodrigues Pereira

Antônio Costa Carvalho

Antônio de Ornellas Coimbra

Antônio José Bernardino

Antônio Pereira dos Santos

Antônio Joaquim da Silva

Abeilard Rodrigues Pereira

Alcides Rodrigues Pereira

Benjamin Constant Rodrigues Pereira

Benedicto Tavares Coimbra

Casemiro Carlos Pereira

Candido Thadeo Pereira Brandão

Domingos José Ferreira

Domingos Lopes a Cunha

Donato Francisco de Meirelles

Francisco da Costa Carvalho

Francisco José Neto

Francisco das Chagas de Jesus

Francisco Vieira da Silva Pinto

Francisco Rodrigues dos Santos

Francisco Pereira de Assis

Francisco da Costa Pereira

Francisco de Paula Silva

Francisco da Costa Campos

Francisco Rodrigues Pereira

Felisberto Nemésio de Pádua

Francisco Vieira da Silva

Francisco Antônio Pereira Ferraz

Faustino Juvita da Costa

Gonçalo Ferreira da Fonseca

Gaspar Lourenço Baeta

  1. Joanna Moreira da Silva Gandra

José Torquato Fernandes Leão

João Gonçalves Dutra

João Vital Bezerra

José Gonçalves Dutra

José Marcellino de Almeida

José Antônio Pinto

João Rodrigues Carneiro

José Rodrigues Pereira

João José Dutra

José de Souza Teixeira

Jacob de Ornellas Coimbra

José Narciso de Almeida Cardoso

José de Souza Teixeira

Joaquim Albino de Almeida

Lafayette Rodrigues Pereira

Manoel Francisco de Araújo Teixeira

Manoel Antônio Pereira Caixeta

Miguel Francisco Vieira

Marciano Pereira Brandão

Manoel Martins Pereira Brandão

Serafim José da Cunha

Tito Francisco de Medeiros

Washington Rodrigues Pereira

HISTÓRIA DE MINAS GERAIS

Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano. Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para o povoamento da Província de Minas Gerais. Existe uma versão muito propalada da evasão em Carijós e Queluz nos séculos XVIII e XIX dando como causa o empobrecimento da região pela diminuição do ouro. Essa situação não pode ser caracterizada somente de forma tão simplista.

Devido à Inconfidência Mineira, muitas famílias já haviam abandonado nossa terra fugindo das retaliações que vieram para os parentes dos nela envolvidos.

Em meados do século XIX, houve também grande migração populacional para outras regiões devido ao Movimento Liberal de 1842, no qual o povo de Queluz teve forte atuação. Mas o movimento acabou com a vitória dos legalistas em Santa Luzia. E Queluz foi o único lugar em que o exército legalista foi derrotado. É claro que nessa época também haveria retaliações para os envolvidos e seus familiares. No livro “Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão”, já citado, encontra-se uma versão importante dos acontecimentos feita pelo historiador José da Silva Brandão, confirmando o êxodo da família Pereira Brandão para a Serra do Salitre e onde fica claro que foi a figura ímpar de Marciano Pereira Brandão a razão principal da migração que levou a força da raça e da cultura queluziana para outros lugares.

Região da Serra do Salitre – Imagem da Internet

SEGUIRAM O QUE ACONSELHARA O DUQUE DE CAXIAS.

“Naquele mesmo dia retiraram-se para lugar seguro e organizaram a mudança para o sertão. Aconteceu que o capitão Marciano Pereira Brandão morava em Queluz; dentro de duas semanas saíram 47 carros de boi, 356 animais de tropa; 647 reses e animais de pequeno e grande porte, com um séquito de 38 famílias, compostas de 127 mulheres,158 homens; 49 crianças de 0 a 18 anos; e 59 escravos.

Viajaram abrindo caminhos, atravessando rios. À frente seguiram grupos que roçavam matos, faziam plantações e ficavam abarracados durante o tempo das chuvas, para sair e andar nos meses secos.

De Queluz até onde está hoje a Serra do Salitre foram oito anos de marcha […] – ficaram, defintivamente nas proximidades da povoação de Nossa Senhora Sant’Anna da Barra do Espírito Santo, então município da vila de Patrocínio.”

Mais outro trecho significativo do mesmo autor, que acrescenta valor ao espírito liberal dos queluzianos que, mesmo tendo que sofrer consequências em suas vidas e nas vidas de suas famílias, deram sua contribuição para a colonização e progresso da Província:

“A região Campo das Vertentes contribuiu para a colonização da Zona da Mata no século XIX. Para lá migraram as experientes e abastadas famílias Junqueira, Ribeiro e Resende. O major Joaquim Vieira da Silva Pinto, nascido em Conselheiro Lafaiete, em 1804, chegou a Cataguases em 1842 onde é hoje o distrito de Sereno e fundou ai a Fazenda da Glória.”

 PARA TERMINAR POR HOJE, VOU TRANSCREVER UM TRECHO DE UMA PUBLICAÇÃO QUE HENRIQUECE O ARTIGO, DE AUTORIA DO ILUSTRE SECRETÁRIO DA CULTURA DE MINAS GERAIS ÂNGELO OSWALDO DE ARAÚJO SANTOS.

 

“Glória cataguasense, o marco plantado pelo Major Joaquim Vieira da

Silva Pinto e pelo filho, Coronel José Vieira de Rezende e Silva, se fez emblema

civilizatório. À margem da Leopoldina Railway, no auge do império do

café, e a pequena distância da cidade nascente, o Rochedo inaugurou uma era.

Renovou sempre essa referência a cada reviravolta da história. Refulgiu, desde

os primórdios, como o brilhante que faltava ao antigo Porto dos Diamantes.

Ancorado no Pomba, na aurora da independência, o porto fundado

pelo francês Guy Thomas Marlière de l’Age, bandeirante oitocentista, não

deu diamantes, mas a meia pataca que pagou para ver a poesia verde, o nascimento

do cinema brasileiro e o primeiro Niemeyer. Major Joaquim Vieira

veio da Cachoeira de Santana dos Montes, da tradição das fazendas de abastecimento

plantadas ao redor das vilas do ouro. José Vieira, o coronel, do

Bom Retiro de Lagoa Dourada, origem da família. De lá, ele trouxe o topônimo para batizar a nova cidade. Sob as bênçãos de Santa Rita, na lembrança

do ancestral Engenho Velho dos Cataguás, deu-lhe o nome do Ribeirão dos

Cataguases, paisagem inesquecível da infância. Pai e filho se tornaram a rocha

sobre a qual se levantou a polis, com sua legenda sem igual.

Casa de Afonso Henrique, que como o primeiro rei português reconquistou

a terra, do historiador e latinista Artur e do poeta verde Enrique de

Resende, a Fazenda do Rochedo não se mantém íntegra apenas nas alvenarias

e talhas, nos gradis e alfaias, no ambiente que magicamente guarda o tempo

suspenso diante do surpreso olhar do visitante. O Rochedo encontra em

José Rezende Reis o guardião do memorial do presente e do passado. Graças

a ele, o arquiteto e escritor Helio Brasil se incorporou ao desafio, e ambos

compuseram, em harmônico duo, esta obra admirável sobre o Rochedo e

Cataguases, Minas e o Brasil. O patrimônio imaterial também se resgata, por

inteiro, nestas linhas e imagens essenciais ao conhecimento de toda a saga.

Filho de Christino Teixeira Santos, cataguasense da Rua do Pomba,

e sobrinho-neto do maestro e compositor Rogério Teixeira, desde a infância

frequentei Cataguases, aprendendo a admirar-lhe o pioneirismo, as transgressões

inovadoras e a contribuição à cultura. “Les jeunes gens de Catacazes”,

tal como escreveu Blaise Cendrars, “os ases de Cataguases”, conforme

Mário e Oswald de Andrade, ontem como agora, constroem uma “história

sentimental” (Enrique de Resende), porque enredada na dimensão do espírito

e na fruição da arte, rebelde aos limites.

Ao realizar recentemente um livro, para a Cemig, sobre as fazendas mineiras,

tive a alegria de incluir na relação o Rochedo. Amplio esse prazer ao

saudar o lançamento do trabalho de Helio Brasil e José Rezende Reis. A obra

enriquece a bibliografia mineiriana e o acervo cataguasense, oferecendo ao

leitor a oportunidade única de viajar pela história e interpretar a linha evolutiva

que une a gloriosa casa grande de Vieira de Rezende à bela cidade modernista

– a Ouro Preto do século XX, que nela teve o criador do município

e presidente da primeira Câmara.

 

Ângelo Oswaldo de Araújo Santos

                                                          (Continua)

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 33

 

 “Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano

Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens

como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores

 e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca. ’”

Do livro: Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão

 

Continuamos a focalizar o MOVIMENTO LIBERAL DE 1842.

O principal vulto a ser focalizado neste evento é o estrategista MARCIANO PEREIRA BRANDÃO, assim, eis um pouco de sua história familiar, a partir do varão Manoel Pereira de Brandão ou Azevedo (meu septavô), um fazendeiro de São Gonçalo, da localidade de Queluz, casado com Jerônima do Pinho.

Igreja de São Gonçalo do Brandão, do século XVIII,construída por      Manoel de Azevedo Pereira Brandão, restaurada pela Gerdau

 

Marciano teve o nome inscrito na história de Minas Gerais pela sua brilhante atuação no Movimento Liberal de 1842, cujo cenário foram as províncias de São Paulo e Minas Gerais.

Conta o livro do CÕNEGO MARINHO, que participara do conflito, que o capitão MARCIANO BRANDÃO “aderiu cordialmente ao Movimento e que, com lealdade e zelo, serviu até o último instante”.

Em 1842, participou do MOVIMENTO LIBERAL, sobre o qual,  refugiado na fazenda do padre Gonçalo no município de Queluz. Escreveu.

Imagens da Internet

 

Estando Queluz sob o domínio dos Legalistas, e parecendo a situação impossível de reverter para um resultado positivo que premiasse os liberais, o CAPITÃO MARCIANO deu o seu parecer sobre a situação, dizendo que poderia tomar a vila de Queluz. Assim relata o Cônego Marinho:

“Propôs ele, então, que se lhe confiassem duzentos homens (talvez tenham tido dúvida sobre a eficiência do plano porque lhe confiaram apenas 150), com os quais iria, naquela mesma noite, sem que o pressentissem os Legalistas, ocupar as estradas de Ouro Preto, Congonhas e Suaçuí; que no dia seguinte (25 [de julho]) fosse uma das colunas acampar defronte a Vila, na Estrada do Rio de Janeiro, e outra na de Itaverava, as quais deviam ir sucessivamente apertando o cerco até que os Legalistas se concentrassem todos na povoação, caso em que lhes seriam tomadas as fontes e eles, obrigados pela sede, entregar-se-iam à discrição).”

 Assim foi feito. Marciano Pereira Brandão, excelente estrategista, com sua proposta, levou os liberais à vitória. Aliás, QUELUZ foi o único lugar em que as tropas Legalistas foram vencidas, para se ver a importância do fato. Ao amanhecer do dia 26 de julho (data que deve ser sempre comemorada em nossa cidade), a tropa legalista, com lenços brancos na ponta das baionetas, entregou-se.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.

Assim terminou o MOVIMENTO:

“[…] os revoltosos perderam a batalha e a guerra, e foram presos em Santa Luzia o vigário Joaquim Camillo de Brito, capitão Pedro Teixeira de Carvalho, padre Manoel Dias do Couto Guimarães, Francisco Ferreira Paes, coronel João Teixeira de Carvalho, Theófilo Benedito Otoni, Dr. Joaquim Antônio Fernandes de Leão, Mariano José Bernardes e centenas de outros insurretos.

 Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca.’”

 

(Continua)

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 32

 

COMO QUELUZ ENTROU NO MOVIMENTO DE 1842

 

Estamos focalizando a primeira metade do século XIX. E um episódio glorioso aconteceu em nossa História: o MOVIMENTO LIBERAL.

Pintura de Elba Seabra do Carmo, em azulejo, em parede do Banco do Brasil de Conselheiro Lafaiete

.A adesão de Queluz no Movimento Liberal foi por intermédio de um ofício enviado pela Câmara Municipal da Vila de Queluz ao Governo Interino dos insurgentes, instaurado na cidade de Barbacena, na pessoa de José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, Presidente Interino da Província de Minas Gerais, comunicando a ele que a nossa Câmara, no dia 14 de junho daquele ano, reconhecia o Governo Liberal.

Foram cinco os Membros da Câmara que assinaram o ofício, dos quais cito alguns dados e, nas pessoas deles, quero homenagear, neste momento, os políticos liberais daquela época em Queluz: Joaquim Rodrigues Pereira, Joaquim Ferreira da Silva, Gonçalo Ferreira da Fonseca, Joaquim Albino de Almeida e Felisberto Nemésio Nery de Pádua.

Joaquim Rodrigues Pereira nasceu em Queluz em 1798. Era filho do Tenente Felisberto da Costa Ferreira e de sua esposa Dona Eufrásia Maria de Jesus (da família Rodrigues Milagres) e era irmão do Barão de Pouso Alegre, tio do Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira e casado com Dona Inês Ferreira de Azevedo. Era não só vereador como também Major da Guarda Nacional em Queluz.

Joaquim Ferreira da Silva era um português que se casou com Anna Joaquina de Rezende, filha de José de Rezende Costa e Helena Maria de Jesus e morava na Fazenda da Ressaca, em Lagoa Dourada.

Gonçalo Ferreira da Fonseca era sacerdote. Natural de Prados, nasceu em 1982. Foi Padre Capelão de Olhos D’Água, Município de Prados. Herdou a Fazenda Olhos D’Água, onde, em 1842, o Cônego José Antônio Marinho se refugiou, após o fracasso do Movimento Liberal, e onde escreveu o seu célebre livro sobre esse movimento.

Joaquim Albino de Almeida, meu trisavô, era filho de criação do Guarda-mor Manuel Albino de Almeida, meu tetravô.  Nasceu em Queluz, em 29 de setembro de 1810, e casou-se com Joana Felizberta de Jesus, filha de Theodósio Alves Cyrino, meu tetravô.

Felisberto Nemésio Nery de Pádua, meu tetravô, era um rábula. Como na época havia poucos advogados formados, pessoas que, não possuindo formação acadêmica mas portadoras de grande cultura, podiam fazer um Exame de Suficiência em órgão competente do Poder Judiciário. Com a provisão expedida pelo órgão, tinham autorização para exercerem a profissão de advogados. Felisberto era famoso pela sua inteligência.

Estendo a homenagem à única mulher que figura na lista dos que fizeram compra antecipada do livro do Cônego Marinho para ajudar na sua publicação: minha tetravó Joana Moreira da Silva Gandra, filha de João Moreira da Silva Gandra e Anna Francisca de Jesus, que se casou com o médico e fazendeiro Doutor Francisco José Pereira Zebral, da Fazenda de Três Barras, próxima a Gagé.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.

Nos tempos do Império havia duas grandes agremiações: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Este último defendia ideias renovadoras e pleiteava maior autonomia das províncias, contrariamente às ideias conservadoras do outro partido.

Imagem da Internet

Os conservadores estavam dominando o Ministério com medidas centralizadoras, com as quais não concordavam os liberais. O Partido Liberal venceu as eleições em 1842, porém estas foram contestadas e o governo imperial dissolveu a Assembléia. Foi organizado um movimento armado em São Paulo e Minas Gerais.

Queluz aderiu ao movimento por intermédio de um documento assinado por vereadores da Câmara, como já foi relatado.

As tropas queluzianas eram comandadas pelo Coronel Antônio Nunes Galvão sobre o qual há um episódio emocionante.

No calor da batalha, foi chamado porque seu filho, que atirava da sacada de um casarão no princípio da rua Direita, hoje comendador Baêta Neves, havia sido mortalmente ferido. Tomou o filho nos braços, mas o jovem pediu-lhe que voltasse a seu posto na batalha. O pai entregou o filho ao médico pedindo a ele que cuidasse do filho e, enxugando as lágrimas, antes de voltar ao seu posto de comando, exclamou: “Tenho mais três filhos para sacrificá-los à causa da liberdade”.

O poeta Mário Lima colocou este emocionante fato em um belo soneto em seu livro “Medalhas e Brasões”:

QUELUZ

Mário de Lima

Velho arraial dos Carijós, tens no passado,

– jazida de valor, mina de intrepidez,

um tesouro maior, mais belo e sublimado

que as jazidas do teu precioso manganês.

Baluarte liberal, destemeroso e ousado,

em dias de quarenta e dois, mais de uma vez,

afirmaste o valor do mineiro soldado

e o denodo marcial do povo montanhês.

Do valente Galvão, em teu seio, à bravura

num lance a paternal angústia se mistura:

morre-lhe o filho em luta e ele, sem dar um ai,

entre o dever de chefe e a dor que a alma lhe rói

não vacila – comanda o fogo como herói,

furtivas enxugando as lágrimas de pai.

Imagem da Internet – Mário de Lima

 

(Continua)

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                               NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 31

            As colchas bordadas de Castelo Branco são famosas além  das fronteiras portuguesas. Elas têm características que as tornam especiais na encantadora arte de bordar.

 

No artigo anterior, FRANCISCO DE PAULA FERREIRA REZENDE, que foi juiz municipal de órfãos do termo de Queluz, para onde veio em 1857, em seu excelente livro MINHAS RECORDAÇÕES fala sobre as Colchas feitas em São Gonçalo.  De acordo com um historiador queluziano, essas colchas de São Gonçalo eram semelhantes às famosa colchas de Castelo Branco, uma freguesia portuguesa. Achei interessante, assim, mostrar alguma coisa sobre as colchas de Castelo Branco.

Há muitas pessoas de Carujós que vieram de Castelo Branco, Viseu ou de freguesinhas vizinhas e devem ter trazido  de lá esta maravilhosa arte.

OBSERVAÇÃO: Todas as imagens deste artigo são da Internet.

 

 

Castelo Branco

Castelo Branco, de acordo com a tradição, foi fundada pelos Templários,  que teriam erigido o castelo e as muralhas entre 1214 e 1230. Os Templários eram uma ordem formada por monges cavaleiros para proteger Jerusalém depois que conquistaram a cidade, no século XII, pelas Cruzadas. Em Castelo Branco havia muita riqueza dos mercadores que lá habitaram.

Templários

As Cruzadas eram expedições que as potências cristãs europeias organizaram  para tirar a região do domínio muçulmano.

As Cruzadas

As colchas bordadas de Castelo Branco são famosas além  das fronteiras portuguesas. Elas têm características que as tornam especiais na encantadora arte de bordar.

Os bordados são feitos com fio de seda sobre linho. Diversos os pontos são usados, porém o mais característico é o “ponto largo” “ponto a frouxo”, também conhecido por ”ponto de Castelo Branco”. É mais econômico porque é um ponto mais comprido. Na imagem abaixo está um trabalho em que predomina o ponto frouxo.

É interessante que existem as colchas populares ou rústicas, que eram feitas pelas mulheres do povo, geralmente as mulheres do meio rural, de desenho mais ingênuo,  e as colchas eruditas, mais elaboradas para a classe social nobre e mais culta. Os desenhos destas últimas têm motivos trazidos do Oriente pelos portugueses durante a época dos Descobrimentos, mas também podemos encontrar muitas referências ao quotidiano, à fauna e flora locais.

Geralmente as mais populares,”tinham um destino curto, eram usadas no dia do noivado na cama dos noivos (…), eram as colchas de noivar se devem considerar por isso.” (Chaves, 1974:17). “Daqui podemos depreender que estas colchas eram uma importante peça do enxoval da noiva. As colchas de noivar são mais estreitas que as colchas eruditas, sendo também mais pobres quer na qualidade do linho, quer no seu desenho, o qual era mais ingénuo e menos elaborado. Quanto às colchas eruditas, estas foram inspiradas em colchas vindas do oriente (India e China), podendo ser classificadas como obras-primas da arte do bordado.”

Ainda sobre as colchas populares, em algumas localidades continuam a fazer parte do enxoval da noiva, apresentadas no dia do casamento, quando as casas dos noivos  são mostradas por eles aos convidados.

Para concluir, algumas fotos de belas Colchas de Castelo Branco:


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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 30

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Sobre os primeiros tempos da Real Villa de Queluz, em fins do século XVIII e primeira metade do século XIX, e princípio da segunda metade, tem sido nosso informante FRANCISCO DE PAULA FERREIRA REZENDE, em seu excelente livro MINHAS RECORDAÇÕES, sendo que o autor foi juiz municipal de órfãos do termo de Queluz, para onde veio em 1857, sendo, portanto, uma testemunha ocular daqueles tempos em nossa terra.

Imagem da Internet

 

Imagem da Internet

Vou trazer mais um pouco das memórias do ilustre escritor e, assim, conhecer melhor a nossa história.

De acordo com Ferreira Rezende, quando ele chegou aqui, encontrou um lugar com considerável criação de animais, principalmente muares, boa cultura de cana e de posição excelente quanto a mantimentos, constituindo-se num dos melhores celeiros de Ouro Preto. Quanto à cidade, porém, achou-a pobre, devido, naturalmente à decadência do ouro na região.

Interessante é a sua declaração de que a vila parecia constituir uma só família, eram quase todos os habitantes aparentados. Mas passemos a palavra para o senhor juiz:

“Apesar da riqueza que lhe faltava, era Queluz uma povoação que nada tinha de desagradável ou de enfadonha; mas era, pelo contrário, uma povoação alegre, onde as festas eram freqüentes, variadas, bonitas e todas elas muito baratas; porque todos concorriam para elas com as suas pessoas ou com aquilo que podiam dar e muito pouco era o dinheiro que realmente se gastava.”

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Vejamos uma importante atividade artística, naquele tempo, que havia nas terras de São Gonçalo do Brandão, povoado da Real Villa de Queluz.

AS COLCHAS DE SÃO GONÇALO… NA EUROPA!

Entre vários relatos interessantes, que encontramos, em sua obra, o seguintetrecho sobre nossa terra:

“Composto de campo e mato, a indústria do município em 1857 consistia: primeiro na criação de animais, sobretudo muares, cujo preço era de 50$000 mais ou menos na idade de um a dois anos; segundo, na cultura da cana em ponto maior ou menor; e terceiro, finalmente, na de mantimentos, para a qual a mata era boa e oscapões ainda melhores.

(…) Além dos tecidos de algodão para uso doméstico e que se encontravam por toda parte, havia na freguezia da vila uma fazenda ou um lugar chamado São  Gonçalo onde se faziam umas colchas ou antes cobertores de lã, alguns dos quais tinham no centro as armas imperiais, obra tão bonita e tão perfeita que apesar de ser o seu custo de 50$000, não era fácil de obtê-los; visto que, além de serem muito procurados, sobretudo para presentes, na Corte e na província, até para a Europa, segundo depois vim a saber, alguns foram, por intermédio de minha sogra, para as nossas princesas que ali residiam ou para encomendas destas.”

Há dessas colchas, com o bordado das armas imperiais, expostas na parede, no Museu Inconfidência de Ouro Preto. Achei linda a que estava exposta, quando fui lá.

A foto abaixo faz parte de uma colcha,  que  um historiador viu estendida em uma cama, em uma fazenda antiga, e a fotografou, passando-me uma cópia. Vejam os desenhos que lindos, semelhantes aos das famosas colchas da freguesia de Castelo Branco, em Portugal.

A referida colcha tem duas letras bordadas, B.P., as iniciais de seu dono, o Barão de Piratininga.

 

 

Viram como São Gonçalo do Brandão é importante na História do Século XIX

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