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Em seu 1º livro, escritor relata com humor as mazelas e as personalidades folclóricas de Lafaiete: “a obra é fora do politicamente correto”

Já é um sucesso em Lafaiete a obra do escritor estreante, Fernando Resende. Intitulada “Conselheiro Lafaiete, coisa de doido”, ela marca a incursão do lafaietense no mundo das letras e com promissor talento.

O policial penal, que trabalha no Presídio de Conselheiro Lafaiete, escreveu a obra em 6 meses de maneira repentina. “Tentei desenvolver um novo estilo literário, uma mistura de textos de humor, ilustrações e caricaturas”, avisou Fernando durante entrevista, ressaltando que o mais demorado foram os desenhos feitos com caneta nanquim.

A obra ganhou notoriedade e gosto popular, principalmente, catapultada pelas redes sociais. “A cidade inteira está buscando o livro. Não fiz lançamento, mas as pessoas tiveram contato com a obra pela internet e a parti daí ela ganhou o grande interesse e aprovação dos lafaietenses e do público em geral”, assinalou Fernando que custeou o livro com recursos próprios.

O livro

A obra de quase 100 páginas é uma anti-história de Lafaiete desde sua fundação, há mais de 300 anos, até o século XXI. Neste espaço de tempo, Fernando usa suas metáforas, ironias, sarcasmo e humor para retratar o cotidiano e mazelas de Lafaiete.
“Este livro é uma mistura de besteiras lafaeitenses e não é recomendado ler, ou, pelo menos, leia de olhos fechados”, ressalta aos leitores menos avisados sobre a obra.

Desde o contato com os bandeirantes e os índios carijós, Fernando faz uma narrativa de forma peculiar, crítica e criativa dos monumentos “tradicionais e turísticos” da cidade como o Rio Bananeiras, citado como a “união de fezes de todos os lafaietenses”, devido a poluição.

“O aeroporto Bandeirinhas, com sua grande movimentação de pouso e decolagem de urubus”, brinca Fernando.

As recorrentes enchentes fazem parte do cotidiano, assim Fernando compara com a “Veneza lafaietense”. “Basta chover que logo aparecem vídeos no zap, de carros presos na enchente ao Posto Pop; todo ano é a mesma coisa. Lembre-se, na Marechal os carros são como barcos, as motos como jet skis e os pedestres como banhistas”, diz.

Outra relíquia histórica, abordada como o “buraco do Abel”, a passagem subterrânea, em referência ao seu idealizador e construtor, o ex-prefeito Abel Resende.

O caos no trânsito, a educação, a vida noturna, a gastronomia, o carnaval e gosto musical duvidoso dos lafaitenses fazem parte do livro, em uma crítica bem ácida recheada de humor fino.

Personalidades e folclore

As ilustrações de pessoas folclóricas e personalidades que vivem à margem da história oficial é um dos atrativos do livro. “A ideia foi retratar e perpetuar pessoas que estão no imaginário coletivo, mas sequer um dia estariam lembradas e eternizadas em um livro para a posteridade. Também foi uma forma de homenagear estas pessoas”, contou.

Entre as personalidades que desfilam pelas páginas da obra estão Michael Jackson, Palhaço Malucão, Padre José Maria, Zezé Ventura, Marlon, Serginho Brigitte, Neném Mastiga, Wesley Bolsonaro e a Dj Mulher Tantão.

“O livro é para ser desfrutado e lido um olhar crítico sobre Lafaiete, sua história, seus personagens, suas mazelas, seus desafios, etc. Eu brinco com tudo isso na obra de maneira divertida”, comentou Fernando que prepara seu segundo livro, este mais filosófico.

A obra chega neste momento de pandemia quando as pessoas precisam de novos sentidos e perspectivas diante do inesperado e incerteza. “O livro foi uma forma de homenagear pessoas queridas do nosso cotidiano coletivo que transmitem uma ligação de alegria e identidade. Nisso o livro é um refresco a alma a alma dos lafaietense”.

O livro é uma boa risada a cada página, longe do politicamente correto!

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