17 de abril de 2024 21:26

GLORIOSO CENTENÁRIO

Cem anos se passaram… O artista passou, mas sua obra permanece.

 

Guilherme Schumaker, um ruivo pintor e decorador de profissão, alemão de nascimento, estudou na Escola de Belas Artes de Munique e Düsseldorf, na Alemanha, e em Bolonha, na Itália. Deixou sua terra natal e veio se estabelecer no Brasil como colono. Posteriormente trouxe a família da Alemanha e fixou-se definitivamente no Brasil. Foi professor de desenho e pintura em Belo Horizonte.
A primeira obra do pintor alemão de que se tem notícia no Brasil foi sua participação na pintura dos painéis da Via-Sacra, das paredes e do teto da Matriz da cidade de São Gabriel, no Rio Grande do Sul, em 1906.
Depois veio para a Belo Horizonte, em 1910, fixando residência na colônia fundada pelo governo. O livro “SÃO JOSÉ – BH – 50 ANOS, de autoria do Pe. João Batista Boaventura Leite C.SS.R. assim conta sobre suas atividades na capital mineira:
“E quando certo dia o nosso reitor, padre Tiago, perguntou a senhor Pires se porventura não conhecia na cidade algum pintor capaz de pintar a moldura do quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, destinado a Curvelo, este o aconselhou a entrar em entendimento com o tal Schumacher.
De 1911 a 1912 realizou, em Belo Horizonte, a decoração interna da Igreja de São José, em estilo neogótico, recriando as existentes em igrejas da Europa, com profusão de criativos símbolos, cobrindo paredes, colunas e tetos. É uma decoração inusitada, pois, além dos motivos religiosos, há a pintura dos símbolos do Zodíaco, pintados em dourado sobre um fundo azul, significando a passagem do tempo e a imutabilidade divina. O Centenário da entrega de suas pinturas foi festivamente comemorado na capital mineira, tendo o SENAC realizado uma bela exposição de suas obras.
Em 1917, elaborou a Via-Sacra na capela do Colégio Arnaldo. Mais tarde, pintou, no Rio de Janeiro o “Santuário da Terra Santa”, dos padres franciscanos, em Cascadura, recebendo muitos elogios por sua beleza. Em 1918, em Pará de Minas, pintou nove belas telas com cenas da tradição católica.
Como se pode ver, um artista primoroso e profícuo, o que já justificaria homenageá-lo. Porém o mais importante é ser um artista que trouxe a beleza de sua arte para a Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Conselheiro Lafaiete, naquele tempo Queluz. E, neste ano de 2015, é o Centenário da entrega de suas belas obras, em maio de 1915, quando era vigário o redentorista Padre Américo Adolpho Taitson.
Embora três telas tenham se estragado e também se perdido no tempo a belíssima decoração do transepto, que representava Nossa Senhora Auxiliadora rodeada por seus quatorze santos auxiliares, pintura que foi erradamente atribuída, por muitos, ao Mestre Athayde, podem ser vistas e admiradas várias obras de Schumaker: Nas paredes laterais do altar-mor três dos quadros da Vida da Sagrada Família (nascimento do Menino Jesus, Menino Jesus trabalhando com São José e a morte de São José); sobre essas pinturas, quatro telas (duas de cada lado) representando os Doutores da Igreja (São Gregório Magno, São Jerônimo, Santo Ambrósio e Santo Agostinho); nas paredes laterais da nave, os quadros da Via-Sacra; nos dois altares laterais dois velários representando Cristo no Horto das Oliveiras e Nossa Senhora aos Pés da Cruz; na frente do coro, Santa Cecília de um lado e anjos cantando. Tudo é muito lindo!
Cem anos se passaram… O artista passou, mas sua obra permanece.

 

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