PMCL inicia a vacinação da 3ª dose para idosos acima de 80 anos

Em conformidade com a NOTA TÉCNICA Nº 27/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS que trata da Administração de dose de reforço de vacinas contra a Covid-19, a Prefeitura Municipal de Conselheiro Lafaiete, por meio da Secretaria Municipal de Saúde dará início no próximo dia 30/09, à aplicação da terceira dose, iniciando pelos idosos de 80 anos ou mais, que já tenham completado 06 meses (180 dias) após a última dose do esquema vacinal (segunda dose ou dose única), independente do imunizante aplicado.

A vacinação ocorrerá por meio de agendamento realizado pelas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), visando à otimização dos imunobiológicos e evitando aglomerações nas unidades de saúde.

Para os idosos de 80 anos ou mais, que já tenham completado 06 meses (180 dias) após a última dose do esquema vacinal (segunda dose ou dose única), independente do imunizante aplicado que não possuem ESF de referência, deverão entrar em contato pelo telefone 9 9227-0716 (de segunda à sexta, de 8h às 16h) para agendamento e informações.

Covid: o que alta em internação de idosos revela sobre efetividade da vacina e 3ª dose

As últimas estatísticas de casos, internações e mortes por covid-19 no Brasil trazem uma conclusão importante: as vacinas funcionam e protegem contra as formas graves da doença, mas algumas pessoas mais vulneráveis realmente precisam tomar uma terceira dose, apontam especialistas.

Um dos principais trabalhos a mostrar essa realidade é o Boletim Observatório Covid-19, publicado semanalmente pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).

No material, é possível ver claramente como a proporção de indivíduos acima de 60 anos que foram hospitalizados ou morreram por infecções respiratórias diminuiu ao longo de todo o primeiro semestre de 2021 — vale lembrar aqui que a campanha de imunização do Brasil se iniciou justamente pelos mais velhos.

Com o passar do tempo, porém, a participação relativa dessa faixa etária entre os acometidos pela pandemia voltou a subir de forma preocupante.

A reversão nas tendências exigiu adaptações no Plano Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que anunciou que ofertaria uma terceira dose da vacina a alguns grupos a partir de setembro.

“Nosso trabalho enquanto cientistas é justamente coletar os dados e orientar ajustes nas políticas conforme a gente conhece melhor os imunizantes e seus efeitos na prática”, diz a imunologista Cristina Bonorino, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

Outra mudança importante, que tem a ver com os aprendizados recentes, foi a necessidade de adotar estratégias mais inteligentes sobre o uso dos recursos disponíveis. Antes, num cenário de escassez de doses, a premissa era aplicar as vacinas que estivessem disponíveis em quem mais precisava. Hoje em dia, existe a possibilidade de indicar o uso de um imunizante ou outro para situações e públicos específicos.

Mas como chegamos até aqui? E como esses novos conhecimentos impactam a vacinação contra a covid-19 e podem ajudar a controlar a pandemia?

Como uma onda

Para entender todo esse cenário, precisamos olhar com mais atenção para os informes publicados pelo Observatório Covid-19 da FioCruz. Lá, é possível conferir que os indivíduos acima de 60 anos representavam 63% de todas as internações e 80% das mortes por Síndrome Aguda Aguda Grave (SRAG) registradas no Brasil durante a primeira semana de 2021.

E aqui vale uma ressalva: os serviços de saúde do país são obrigados a notificar ao Ministério da Saúde todos os casos de hospitalização por infecção respiratória. Essa base de dados de SRAG, portanto, permite ter uma ideia de como está a situação dessas doenças no país, embora não consiga detalhar especificamente qual o tipo de vírus (ou outro agente) que é o principal responsável por todas essas internações. Mas, durante a atual pandemia, considera-se que a maioria dos quadros infecciosos tenha mesmo a ver com o coronavírus.

Bom, mas o que aconteceu com esses números nos meses seguintes, conforme a campanha de vacinação contra a covid-19 avançava e protegia especialmente a camada mais velha da população brasileira?

Como era de se imaginar, os números despencaram: em meados de junho, os idosos passaram a representar 27% das internações e 34% das mortes por SRAG. A participação relativa deles nas estatísticas oficiais caiu pela metade.

Gráfico de internações por infecções respiratórias por faixa etária
Legenda da foto,No gráfico de internações por infecções respiratórias, a participação relativa dos idosos diminui com o avanço da vacinação e volta a subir mais recentemente
Gráfico de óbitos por infecções respiratórias por faixa etária
Legenda da foto,Também acontece com os óbitos por SRAG: após uma queda no primeiro semestre, os mais velhos voltaram a representar uma fatia considerável dos registros de mortes por essa causa

Porém, a partir de julho e agosto, esses índices voltaram a subir significativamente entre essa população. Em algumas semanas de setembro, 54% das hospitalizações e 74% dos óbitos ocorreram entre os mais velhos.

E há pelo menos quatro fatores que ajudam a explicar esse fenômeno.

1. Mais jovens vacinados

Como explicamos acima, a vacinação contra a covid-19 priorizou, num primeiro momento, os profissionais da saúde e os idosos.A meta era proteger aqueles que tinham mais probabilidade de infecção pelo vírus ou que corriam maior risco de sofrer com as complicações da doença, que exigem internação e intubação.

Com o passar dos meses, os mais jovens foram incluídos aos poucos na campanha, até que, nos meses de agosto e setembro, muitas cidades brasileiras já tinham aplicado ao menos a primeira dose em praticamente 100% de todos os indivíduos com mais de 18 anos.

“O avanço da vacinação com a primeira dose já permitiu que houvesse uma redução de risco dos mais jovens, que também passaram a ficar um pouco mais protegidos de hospitalizações e óbitos pela covid-19”, analisa o infectologista Julio Croda, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

Com isso, a participação relativa de cada faixa etária nos números de internações e mortes voltou a ficar “equalizada”: como a infecção pelo coronavírus é muito mais perigosa para os idosos, eles voltaram a representar novamente uma fatia grande dos acometidos.

2. Sistema imune dos mais velhos

O segundo ponto que ajuda a explicar esse aumento de hospitalizações de idosos por infecções respiratórias é o envelhecimento natural do sistema imunológico.

Conhecido entre especialistas como imunossenescência, esse processo foi descrito há tempos e tem a ver com uma menor efetividade das células de defesa com o passar das décadas.

E isso traz consequências práticas para a saúde: os idosos são mais suscetíveis às infecções, correm maior risco de desenvolver câncer e costumam responder menos aos imunizantes.

“A imunossenescência é algo natural e já prevíamos que poderia ocorrer uma maior perda de proteção das vacinas entre idosos”, aponta Croda, que também faz pesquisas pela FioCruz.

3. As variantes

O terceiro ponto tem a ver com o desenvolvimento de novas versões do coronavírus, como a Alfa, a Beta, a Gama e a Delta. Essas quatro, inclusive, são classificadas como variantes de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Elas começaram a aparecer no final de 2020, quando as primeiras vacinas contra a covid-19 já estavam na etapa final dos testes antes da aprovação pelas agências regulatórias.

Ou seja: os imunizantes foram desenhados para proteger contra as versões “mais antigas” do coronavírus. As novas linhagens, porém, trazem mutações genéticas importantes, que podem interferir na efetividade das doses.

“Nós temos dados que mostram essa queda de proteção das vacinas em relação à variante Delta, por exemplo”, diz Croda.

A boa notícia é que, embora tenha ocorrido um certo prejuízo no desempenho, os imunizantes continuam a funcionar relativamente bem e garantem uma proteção, especialmente contra as formas mais graves da covid-19.

Ilustração do coronavírus
Legenda da foto,Variante Delta causa preocupação em boa parte do mundo

4. O tipo de vacina utilizada

Nos primeiros meses de campanha, justamente o período em que os mais velhos tomaram as doses, a CoronaVac era o principal imunizante à disposição no Brasil.

Desenvolvido e fabricado pela farmacêutica chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, em São Paulo, esse produto é baseado na tecnologia do vírus inativado, que é utilizada há décadas pela ciência.

Em resumo, amostras do coronavírus passam por uma série de procedimentos em laboratório, que inativam o agente infeccioso e impedem que ele se replique no nosso organismo. Mesmo assim, aquele material pode ser reconhecido pelo sistema imune, que gera um contra-ataque caso o vírus de verdade resolva aparecer pelo pedaço.

Mas há um problema nessa história: idosos costumam responder menos às vacinas de vírus inativado.

“A CoronaVac foi muito importante por ser a primeira a chegar e ajudou a diminuir o número de pessoas hospitalizadas e mortas por covid-19”, destaca o imunologista Jorge Kalil Filho, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“Quando utilizada em duas doses em indivíduos idosos ou com a imunidade comprometida, porém, ela não desencadeou uma resposta suficientemente elevada”, completa o especialista, que também faz pesquisas no Instituto do Coração (InCor), na capital paulista.

Idosa é vacinada contra a covid-19
Legenda da foto,Evidências anteriores já mostravam que idosos costumam responder menos às vacinas de vírus inativado, como a CoronaVac

Alguns trabalhos já demonstraram essa menor taxa de eficácia da CoronaVac em pessoas de idade mais avançada. Uma das evidências mais recentes nesse sentido vem de uma pesquisa conduzida pelo imunologista Manoel Barral-Netto, da FioCruz Bahia.

O cientista avaliou dados de mais de 75,9 milhões de brasileiros que tomaram a CoronaVac ou a vacina de AstraZeneca/FioCruz entre 18 de janeiro e 24 de julho de 2021.

Primeira conclusão: os dois imunizantes são efetivos e resguardam contra infecção, hospitalização e morte por covid-19, inclusive contra as variantes de preocupação que circulavam pelo país no período analisado.

Na população geral, a vacina AstraZeneca/FioCruz oferece 90% de proteção, enquanto na CoronaVac essa taxa ficou em 75%.

Quando analisamos essas porcentagens por faixa etária, porém, vemos como os idosos respondem menos às vacinas de vírus inativado: entre indivíduos de 80 a 89 anos, o produto de AstraZeneca/FioCruz trouxe uma proteção de 89,9%. Já a taxa da CoronaVac caiu para 67,2%.

E o tombo nos índices é ainda maior em quem tem mais de 90 anos: a AstraZeneca/FioCruz ficou com 65,4% de efetividade, enquanto a CoronaVac baixou para 33,6%.

CoronaVac
Legenda da foto,Nos primeiros meses de campanha de vacinação contra a covid-19, a CoronaVac foi o produto mais utilizado

“Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas”, disse Barral-Netto, à Agência FioCruz de Notícias.

“A intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores”, acrescentou.

Cristina Bonorino destaca que esse e outros trabalhos reforçaram a necessidade de dar uma atenção especial aos idosos no atual momento.

“Os dados de vida real nos mostraram claramente que, a partir dos 70 anos, há uma queda grande na proteção e precisávamos fazer algo para melhorar isso”, relata a pesquisadora, que também representa a Sociedade Brasileira de Imunologia.

Kalil concorda. “Começamos a ver que indivíduos acima de 80 anos começaram a ser hospitalizados e morrer mais e mais. Nós perdemos cerca de 2 mil indivíduos nessa faixa etária todos os meses e a tendência, infelizmente, é o aumento desse número”, estima.

Mas o que pode ser feito para frear essa subida?

Dose extra

Idoso recebe vacina no braço
Legenda da foto,Ainda que a imunidade costuma ser mais frágil e durar menos tempo entre os mais velhos, ainda não está claro quanto tempo dura a proteção contra a covid-19 entre eles

A exemplo do que foi feito em algumas partes do mundo, o Brasil decidiu ofertar uma terceira dose de vacina contra a covid-19 para idosos e indivíduos com imunidade comprometida.

O anúncio, feito no dia 25 de agosto pelo Ministério da Saúde, afirmava que esse público seria convocado para a campanha a partir da segunda quinzena de setembro, o que efetivamente está acontecendo em muitas cidades e Estados.

Esse movimento marca outra mudança importante nos esforços para dar um fim à pandemia: a adoção de uma estratégia mais inteligente no uso dos recursos disponíveis.

Você deve se lembrar que, durante os últimos meses, a frase “vacina boa é vacina no braço” se tornou praticamente um mantra e foram feitas muitas críticas aos cidadãos que queriam escolher um imunizante ou outro — eles foram apelidados até de “sommeliers de vacina”.

Isso tinha a ver com a falta de doses e o pouco conhecimento sobre os melhores resultados de cada produto de acordo com algumas características gerais da população.

Mais recentemente, com o avanço da ciência e a maior disponibilidade de doses em território nacional, essa seleção otimizada da vacina mais recomendada para públicos específicos começou a fazer mais sentido.

Para as gestantes, por exemplo, o imunizante da AstraZeneca foi contra-indicado pelo maior risco de alguns eventos adversos. Essas mulheres passaram a receber, então, doses de Pfizer.

Isso acontece agora com os idosos. “O Programa Nacional de Imunizações e seu conselho consultivo, composto por 20 médicos e cientistas com grande experiência na área, chegaram à conclusão que seria melhor dar a vacina da Pfizer para indivíduos com mais de 70 anos”, explica Kalil.

E essa decisão está baseada nas evidências, apontam os especialistas. “Nós temos estudos que mostram que uma terceira dose de Pfizer aumenta em 20 a 40 vezes a presença de anticorpos neutralizantes, em comparação aos níveis dessas substâncias após a segunda dose. Já com a CoronaVac, essa elevação chega, no máximo, a 10 vezes”, compara Croda.

E aqui vale reforçar mais uma vez: CoronaVac e AstraZeneca/FioCruz são imunizantes efetivos, seguros e funcionam super bem nos mais jovens, como apontam os cientistas. Portanto, eles continuam a ser indicados e todos que tomaram a primeira dose precisam voltar ao posto na data indicada para assegurar um bom nível de proteção.

“As vacinas inativadas são muito boas para pessoas mais jovens e nem tão boas assim para os idosos. Para os mais velhos, elas foram importantes antes, no início da campanha, mas agora estamos num outro momento”, conclui Kalil.

Para quem já passou dos 70 anos, portanto, a atual situação da campanha brasileira permite escolher a vacina da Pfizer como terceira dose para garantir uma resposta ainda melhor.

Cominarty
Legenda da foto,O Ministério da Saúde orienta que idosos e indivíduos com a imunidade comprometida recebam preferencialmente a terceira dose da vacina da Pfizer

Do ponto de vista individual, a recomendação é ficar atento ao calendário de vacinação de sua cidade e ir ao posto para atualizar a proteção com uma terceira dose, caso você faça parte do público-alvo nas datas anunciadas.

Bonorino vai além e acredita que o ideal seria já programar não apenas uma, mas duas doses extras de vacina aos mais velhos. “Eu defendo que os idosos recebam duas doses da Pfizer. O que precisamos fazer é revacinar essa população”, reforça.

E além de ofertar os imunizantes, a imunologista aponta a necessidade de o poder público educar a população sobre as outras formas de prevenção da covid-19, como o distanciamento físico, o uso de máscaras e a escolha de ambientes arejados e com boa circulação de ar.

“As pessoas acham que após a imunização estão liberadas para fazer qualquer coisa. Não é bem assim”, diz. “Precisamos vacinar, vacinar e vacinar. Junto com isso, é necessário seguir com todos os outros cuidados para que a pandemia não se prolongue por mais um ano”, finaliza.

FONTE BBC NEWS

‘Terceira dose só depois que avançarmos na segunda’, afirma ministro sobre vacina

Nesta segunda-feira (23), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga disse que a terceira dose da vacina contra a Covid-19 vai avançar no país somente depois de o Brasil consolidar a aplicação da segunda dose da imunização contra a doença. 

“Terceira dose só depois que avançarmos na segunda”, destacou. Além disso, a resposta do ministro da Saúde foi dada após ele ser questionado sobre a possibilidade de um reforço na vacinação contra a Covid-19. De acordo com ele “a OMS [Organização Mundial da Saúde], hoje, ditou uma posição no sentido de que não se avançasse na terceira dose enquanto a segunda dose não fosse aplicada na maior parte na população global”.

Ele também esclareceu que, embora o Brasil tenha alcançado um número elevado de pessoas vacinadas com a primeira dose, mais de 8,5 milhões de brasileiros deixaram de voltar ao posto para receber a segunda. Aproximadamente, 55 milhões de brasileiros completaram o esquema vacinal com as duas doses ou dose única do imunizante.

Fonte: Agência Brasil

“Dose de reforço”: Anvisa e Pfizer discutem necessidade de terceira dose

Os representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da farmacêutica Pfizer se reuniram para discutir o uso da terceira dose da vacina contra a Covid-19, a chamada “dose de reforço”.

O encontro foi solicitado pela Agência para ter mais informações acerca das pesquisas realizadas pela empresa sobre a aplicação da terceira dose e efeitos na imunidade dos pacientes dessa medida. Além disso, a Anvisa busca subsídios para avaliar se a dose de reforço é necessária e em que situações e com quais parâmetros ela seria aplicada.

Com isso, no informe sobre a reunião, a Anvisa não detalhou se a Pfizer disponibilizou alguma informação sobre suas pesquisas a cerca da quantidade de doses. Ontem, a Direção Colegiada da Anvisa indicou uma orientação para que a dose de reforço seja incorporada no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em caráter experimental para quem tomou CoronaVac. A medida vale para idosos com mais de 80 anos e pessoas com imunidade comprometida.

FONTE OLHAR DIGITAL

‘Terceira dose contra Covid nos idosos é para ontem’, diz médico da Fiocruz

Embora o avanço da vacinação contra Covid no país traga sinais de esperança, a ainda baixa cobertura vacinal (com duas doses) e a circulação da variante delta do coronavírus, mais contagiosa, chamam a atenção de especialistas, que já veem sinais preocupantes na taxa de ocupação de UTIs e na faixa etária dos hospitalizados.

Para Julio Croda, 43, infectologista e pesquisador da Fiocruz, o aumento das internações de pessoas acima de 80 anos torna imperativo aplicar uma dose de reforço nessa população, a primeira que foi vacinada no país, junto com os profissionais de saúde.

Na última quinta (19), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a aplicação de uma terceira dose da vacina só vai ocorrer depois que toda a população adulta tiver recebido as duas doses da vacina.

A fala do ministro, no entanto, vai de encontro ao que vem sendo feito em diversos países.

Croda defende que a dose de reforço para os idosos seja dada ao mesmo tempo em que a vacinação nas demais faixas etárias ainda está em curso.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, ele também falou sobre como garantir a segunda dose aos mais de 7 milhões de brasileiros que não completaram seu esquema vacinal e a virada de jogo causada pela variante delta.

Pergunta – O Ministério da Saúde deveria priorizar hoje a aplicação de segunda dose nos adultos ou começar a aplicar uma terceira dose nos idosos e imunossuprimidos?

Julio Croda – O Brasil como um todo possui um ritmo de vacinação bastante desigual; há estados que já avançaram muito do ponto de vista de aplicação da primeira dose [D1], e a grande maioria dos estados já aplicou a segunda dose pelo menos nos idosos acima de 60 anos. Mas o ideal seria garantir a segunda dose de todas as pessoas acima de 50 anos antes de começar a avançar nos mais jovens, antes da antecipação da segunda dose nos mais jovens. É importante entender por que 7 milhões de pessoas ainda não foram tomar a segunda dose, principalmente os idosos, e buscar essas pessoas antes de avançar nos adolescentes, por exemplo

P. – Apesar de termos no Brasil uma cobertura vacinal para idosos acima de 65 anos alta, de 91%, como fazer para que essas pessoas busquem a segunda dose?

JC – Em termos de cobertura, 91% é muito bom, mas o ideal é chegar acima de 95%, principalmente nesse grupo. Nesse sentido, o que deve ser feito é a nível municipal, junto às equipes de atenção primária, buscar as pessoas que receberam D1, mas não a D2 [segunda dose], ir de casa em casa atrás desses indivíduos para aplicar a segunda dose.

P. – Um estudo coordenado pelo senhor apontou menor efetividade da Coronavac em pessoas mais velhas, com a proteção contra Covid variando de 28% a 62%. O fato de a grande parte dos idosos com mais de 65 anos no Brasil ter recebido duas doses da Coronavac ainda no começo do ano preocupa?

JC – A questão da idade é para ontem, porque já estamos vendo um aumento de hospitalizações em alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, com a chegada da delta, principalmente nessa faixa etária. Se há agora a circulação de uma variante mais transmissível e já se observa o impacto nessa faixa etária, com as vacinas com uma efetividade menor, esse é um indicativo da necessidade de implementação de reforço o mais cedo possível.

O que não temos ainda são dados em relação ao aumento de pessoas imunossuprimidas hospitalizadas, então talvez os estados que já avançaram na vacinação nos adultos acima de 18 anos, já aplicaram D1 em todos acima de 18 anos, poderiam sim iniciar um esquema de reforço nos mais velhos, começando com as pessoas que completaram seu esquema vacinal há mais de seis meses, sem nenhum impacto na campanha de vacinação dos jovens e adolescentes.

P. – No caso dos imunossuprimidos, o governo norte-americano aprovou a aplicação de uma terceira dose não como um reforço, mas sim como esquema normal de vacinação.

JC – É importante diferenciar isso: uma 3ª dose de esquema vacinal que seria para os imunossuprimidos, e uma dose de reforço para toda a população, começando pelos mais velhos, seis meses após a aplicação da segunda dose. Como no Brasil a campanha de vacinação iniciou em janeiro, já temos algumas pessoas, principalmente aquelas acima de 90, 80 anos, que já passaram seis meses desde a segunda dose, e poderia começar por aí.

O mecanismo biológico é o mesmo, há uma diminuição na resposta imunológica em relação ao esquema vacinal habitual tanto nos imunossuprimidos quanto nos idosos. A queda é tanto nos anticorpos neutralizantes [capazes de bloquear a entrada do vírus nas células] quanto de efetividade, mostrando essa diminuição na proteção. Não significa necessariamente uma proteção mais baixa para formas graves, mas esse é um indicativo que faz pensar que, ao longo do tempo, com essa queda de efetividade, seja necessária uma dose de reforço.

P. – Qual seria a principal dificuldade de começar a aplicação de 3ª dose sem antes concluir a 2ª na população adulta?

JC – O impacto no PNI seria mínimo, porque são apenas 4 milhões de pessoas acima de 80 anos e imunossuprimidos, com um número ainda menor de profissionais da saúde acima de 60 anos. A dificuldade do ponto de vista prático, no caso dos imunossuprimidos, é a determinação do Ministério da Saúde de quem são essas pessoas, quais são as condições que entrariam na classificação de imunossuprimido.

P. – Os chamados casos de escapes vacinais parecem ser mais recorrentes em pessoas mais velhas, não havendo assim tantos casos em indivíduos mais jovens e, quando há, eles são em geral mais leves?

JC – Com certeza. Existe um levantamento que mostra claramente que em indivíduos com duas doses da vacina que foram parar no hospital e eventualmente morreram, 96% são pessoas acima de 60 anos.

P. – ​E em relação à vacinação de adolescentes, é muito cedo ainda para pensar na imunização desse grupo?

JC – A vacinação de adolescentes tem como foco principal diminuir a transmissão e o risco de infecção para os técnicos, para os professores, para os funcionários das escolas ficarem seguros na volta presencial. É importante entender que o contexto de alguns estados, como RJ e SP, é de aceleração da delta, com aumento de hospitalizações e óbitos em um público que não é de crianças e adolescentes, e mesmo assim temos uma série de estados que começaram a vacinação nesse grupo e não avaliam o reforço nos idosos.

Entender o contexto do país como um todo, que a gente pode avançar na imunização dos adolescentes ao mesmo tempo que não podemos deixar de lado a terceira dose nos idosos, é fundamental, e cabe a cada gestor otimizar as doses que recebe e avaliar qual a melhor estratégia. O que não tem sentido é privilegiar os adolescentes, porque na prática estamos vendo o aumento de hospitalizações nas pessoas acima de 60 anos.

P. – Com a vacinação das faixas etárias mais velhas próxima de ser completada, ou pelo menos em grande parte completa para aqueles acima de 60 anos, a tendência é que a doença fique cada vez mais jovem?

JC – Essa era uma ideia no início, mas a delta bagunçou tudo, por ser mais transmissível e com um pouco mais de escape de resposta imune. À medida que a gente avança na vacinação para grupos etários mais jovens, a tendência é que ela se concentre nos idosos, associado a uma queda natural de anticorpos que ocorre ao longo dos meses. Assim, se você juntar esses três fatores em idosos, que já têm maior risco de hospitalização e óbito, que já apresentam uma resposta imunológica menor às vacinas, e que a delta ainda complica ainda mais, isso pode levar a um aumento substancial do número de casos, e sobretudo hospitalizações. E há dados claros demonstrando isso: entre os dias 6 e 12 de junho, na 23ª semana epidemiológica, os idosos representavam 27% dos hospitalizados e agora, entre 1˚ e 14 agosto, ou seja, dois meses depois, isso equivale a 44%.

P. – E quanto aos profissionais de saúde, faz sentido uma dose de reforço nesse grupo?

JC – É importante entender que nesse momento é preciso ter mais doses de vacina para poder avançar. O pleito de dose de reforço nos profissionais de saúde é adequado, outros países já estão adotando isso, mas é preciso estratificar qual o risco, um profissional de saúde com mais de 60 anos tem risco maior do que um de 30. Pessoalmente, não vejo nenhum problema em revacinar os profissionais de saúde com mais de 60 anos após a injeção de reforço nos idosos e imunossuprimidos.

P. – Apesar do avanço da vacinação, é prudente agora pensarmos em retomada de serviços e encontros, incluindo eventos esportivos com torcida e festas de casamento?

JC – É muito cedo, porque a nossa cobertura vacinal, principalmente de esquema completo, ainda é muito baixa. Comparando com o Reino Unido, por exemplo, que tem uma cobertura mais elevada de segunda dose para a população geral, houve um aumento expressivo de novos casos naquele país, ou seja, a vacina não foi suficiente para controlar infecções. Mas não ocorreu um aumento proporcional de hospitalizações e óbitos, o que mostra que as vacinas continuam funcionando para quadros mais graves da doença.

O problema é quando a flexibilização se baseia em uma conta de pessoas com D1, o que no contexto da delta muda totalmente. É preciso uma cobertura de D2 muito maior, principalmente nos grupos mais vulneráveis, uma vez que somente isso irá garantir a proteção para as formas graves da doença.

P. – ​O sr. fazia parte do Centro de Contingência do coronavírus do governo de SP, que foi reduzido na semana passada pelo governador. Isso ocorreu em parte por pontos de vista contrários à reabertura? Faz parte do novo comitê científico mais enxuto?

JC – Eu não continuo no comitê. A decisão de dissolução foi do governador em diminuir a quantidade de pessoas que assessoravam por acreditar que a pandemia havia diminuído. Eu sou independente em tudo que falo e penso, o comitê também sempre foi independente nas suas posições, e espero que continue. Acredito que foi prematura a decisão de flexibilização total, essa foi uma discussão que tivemos no comitê, nós queríamos um outro indicador, como cobertura vacinal com duas doses mais avançada para iniciar esse tipo de flexibilização, e não apenas avanço de D1.

P. – O coronavírus vai se tornar endêmico?

JC – Sim, e a variante delta veio para demonstrar isso. Todas as vacinas disponíveis, e é importante deixar isso claro, continuam com alta proteção contra internação e óbito, mas a perda de efetividade contra as formas moderadas faz com que o vírus continue circulando e, ao continuar sua transmissão, mais mutações vão ocorrer e novas variantes podem surgir. O que deve acontecer ao longo do tempo é que, com a vacinação e com o reforço vacinal, vamos conseguir impedir evolução para forma grave, mas não a circulação do vírus.

Foi assim na epidemia de H1N1. Essa imunidade adquirida não é capaz de impedir a circulação do vírus, não consegue controlar o surgimento de novas variantes, mas controla muito bem o risco de evolução para quadro grave associado à necessidade de hospitalização. O Sars-CoV-2 é muito recente ainda na população, se adaptou há menos de dois anos aos humanos. É natural que ele se torne endêmico e eventualmente, de tempos em tempos, outras epidemias importantes associadas a novas variantes devem ocorrer.

FONTE JULIO CRODA BHAZ

Minas deverá ter terceira dose da vacina contra o coronavírus, afirma Zema

Ministério da Saúde confirma estudo sobre a necessidade de mais uma dose do imunizante para quem tomou duas doses da CoronaVac

Minas Gerais deverá concluir até o final de setembro a vacinação em massa da população acima de 18 anos contra a COVID-19. Mas o plano de imunização contra o coronavírus não será encerrado com as aplicações das duas doses da vacina. Boa parte da população deverá receber também a terceira dose do imunizante.

A afirmação foi feito na tarde desta terça-feira (03/08) pelo governador Romeu Zema (Novo), em visita a Montes Claros, onde ele participou de uma reunião com prefeitos. Zema disse que, além da terceira dose, crianças e adolescentes deverão ser contemplados numa nova etapa de vacinação, que ele chamou de “fase 2 do Plano Nacional de Vacinação”.

terceira dose está nos planos do Ministério da Saúde,  que anunciou que a questão será objeto de um estudo a ser realizado em parceria com a Universidade de Oxford (Inglaterra).

Procurado pela reportagem do Estado de Minas, na noite desta terça-feira, o Ministério da Saúde informou que “vai iniciar um estudo inédito para avaliar a necessidade de uma terceira dose de vacinas para COVID-19 para quem tomou a vacina CoronaVac.

“A pesquisa, que será realizada em parceria com a Universidade de Oxford e deve começar em duas semanas, vai verificar a intercambialidade da CoronaVac com outros imunizantes disponível para a população brasileira”, informou o Ministério, por meio de nota.

Embora tenha dito que a terceira dose da vacina contra a COVID-19 deverá atender uma “boa parte da população”, em entrevista à imprensa em Montes Claros,  governador acabou não especificando quem realmente vai ter mais uma aplicação do imunizante, além das duas doses programadas no atual Plano Nacional de Imunização adotado pelo Ministério da Saúde. Também não deu explicações sobre o motivo da aplicação da terceira dose.

Romeu Zema somente adiantou que o secretário de Estado de Saúde, Fábio Fábio Baccheretti, tem tratado do assunto em discussões com o Ministério da Saúde. Segundo ele, “em breve deveremos ter informações sobre essa fase 2 (terceira dose) do Plano Nacional de Imunização”.

Até então, houve uma discussão sobre a possível aplicação da terceira dose do imunizante contra o coronavírus, especialmente para os idosos que receberam a vacina CoronaVac – nesse caso, foram levantados questionamentos sobre e efácia da vacina em pessoas acima de 60 anos após a aplicação da segunda dose.

O governador destacou a “queda acentuada” dos números de casos e de mortes provocadas pela COVID-19 no estado e no país nos últimos 60 dias.

“E com a agilização da vacinação – quero lembrar que essa agilização acontece em Minas e também no Brasil –, nós teremos, segundo as estimativas, condição de concluir o processo de vacinação dos mineiros acima de 18 anos até o final de setembro”, afirmou Zema.

“Isso é uma ótima noticia porque o que o mineiro mais quer é vacina no braço. E isso tem sido prioridade no nosso governo. Não vamos voltar a gerar empregos na qualidade que precisamos, com a intensidade que as pessoas precisam, se não não tivermos a pandemia dentro de um controle”, observou.

Na sequência, o governador falou sobre a previsão da aplicação da terceira dose da vacinação contra a COVID-19.

“Com toda certeza, (com) esse final da vacinação em setembro das pessoas acima de 18 anos deverá ser uma etapa do plano de imunização. Tudo indica que uma terceira dose deverá ser aplicada em boa parte da população e adolescentes e crianças também deverão ser o seu lugar (na campanha de imunização) a partir de setembro”, destacou o chefe do Executivo mineiro.

Números da vacinação em Minas

 De acordo com o “vacinômetro” da Secretaria de Estado de Saúde, até o início desta terça-feira, foram vacinadas em Minas Gerais 10,19 milhoes de pessoas com a primeira dose, enquanto 3,76 milhões receberam a segunda dose do imunizante. Outras 434.651 pessoas receberam a dose única do imunizante da Janssen. O Estado já recebeu 18,13 milhões de doses de vacinas e distribuiu 16,72 milhões de doses para os municípios.

FONTE ESTADO DE MINAS

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