Nuggets e requeijão: veja as marcas que são campeãs de veneno nos ultraprocessados

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor encontrou agrotóxicos em 58% dos alimentos derivados de carne e do leite

Duas de três marcas de requeijão analisadas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) apresentaram resíduos de agrotóxicos. Já nas categorias de carnes analisadas, incluindo o nugget, todas apresentaram índices de agrotóxicos.

Intitulada “Tem veneno nesse pacote”, a pesquisa do Idec foi publicada no Atlas dos Agrotóxicos, da Fundação Heinrich Böll Brasil, e teve como objetivo analisar a presença das substâncias tóxicos em diversos alimentos, entre vegetais, laticínios, carnes e os ultraprocessados. 

O resultado da pesquisa mostrou que em 58% dos alimentos derivados de carne e leite analisados foram encontrados agrotóxicos. Nesse meio, estão duas marcas famosas de requeijão e empanado de frango (nugget)

As marcas do requeijão são Vigor Itambé, onde foram encontrados dois tipos de agrotóxicos. Já as marcas de nugget são Seara, que liderou o ranking de “campeões do veneno”, apresentando cinco tipos de agrotóxicos; e Perdigão, que apresentou dois.

O estudo também encontrou resíduos de agrotóxicos em outras duas categorias de carne, como o hambúrguer de carne bovina e a salsicha

Os compostos tóxicos mais encontrados foram o glifosato e seu metabólito AMPA, presentes em 9 dos 24 produtos analisados.

O Idec pontuou que o Brasil é um dos países mais importantes para o mercado de agrotóxicos, ocupando o pódio dos maiores consumidores e importadores de agrotóxicos.

“O país permite limites de resíduos em água e alimentos muito superiores aos da UE. Isto possibilita o registro cada vez maior de novos agrotóxicos, com recordes sendo batidos a cada ano, além do crescimento da importância das commodities na economia brasileira, a partir da ampliação da área plantada e da produção de culturas mais dependentes desses produtos”, afirma o relatório.

Ultraprocessados e ultraenvenados. Foto: Idec

O aumento do consumo de agrotóxicos representa um perigo para a saúde da população, em especial para grupos sensíveis, como mulheres grávidas ou crianças, que estão particularmente em risco, alerta o relatório. Os resíduos tóxicos também prejudicam a vida selvagem, o solo e a água. 

O Brasil é um exemplo de falta de regulamentação eficiente que impõe à população teores máximos de resíduos em alimentos. No mercado brasileiro são encontrados, em alguns casos, níveis de resíduos duas ou três vezes maiores do que os limites máximos da UE, e em outros, níveis centenas de vezes maiores.

O estudo ainda reforça que outro prejuízo é o crescimento de conflitos no campo envolvendo a contaminação de comunidades da agricultura familiar ou de povos tradicionais. Um relatório divulgado em outubro pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que, somente no primeiro semestre de 2023, mais 500 mil pessoas foram alvo de violência no campo em diferentes municípios brasileiros. 

Guia Alimentar para a População Brasileira

O Ministério da Saúde disponibiliza um Guia Alimentar para a População Brasileira com princípios e recomendações para uma alimentação adequada e saudável. O guia reforça que a escolha de alimentos in natura, ou seja, alimentos nada ou minimamente processados, como frutas e legumes, são a melhor opção para uma alimentação saudável. 

No entanto, a pasta pondera que os sistemas alimentares baseados na agricultura familiar e em técnicas tradicionais de cultivo e manejo do solo, que priorizam a produção sustentável e sem o uso de venenos vem perdendo força. No lugar, surgem sistemas alimentares que operam baseados em monoculturas, que têm como um de seus principais focos o fornecimento de matérias-primas para a produção dos ultraprocessados.

Além disso, esses sistemas dependem do uso de agrotóxicos, fertilizantes químicos, sementes transgênicas e antibióticos que vão para os alimentos consumidos pela população. Essas substâncias estão diretamente ligadas ao surgimento de doenças como leucemia, Alzheimer outros tipos de câncer problemas neurológicos. 

FONTE REVISTA FORUM

Lula sanciona com vetos Projeto de Lei dos Agrotóxicos

País é o maior consumidor dos produtos no mundo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou com 14 vetos o projeto de lei que trata do controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos no Brasil.

Em tramitação desde 1999, o PL estabelece regras para controle, inspeção e fiscalização desses produtos com potencial de prejudicar a saúde humana e animal, bem como o meio ambiente, mas largamente utilizados pelo setor agrícola com o intuito de proteger e aumentar suas produções.

De acordo com o Planalto, a decisão pelo veto dos dispositivos foi movida “pelo propósito de garantir a adequada integração entre as necessidades produtivas, a tutela da saúde e o equilíbrio ambiental”.

Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Entre 2019 e 2022, foram liberados 2.181 novos registros, o que corresponde a uma média de 545 por ano. Em 2023, o país aprovou 505 novos registros de pesticidas, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A expectativa era de que, com a nova legislação, o número ficasse ainda maior.

Vetos

Um dos vetos foi relacionado ao dispositivo que retirava do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atribuições relativas à fiscalização, repassando a atribuição ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo o Planalto, se aprovado o texto original, Ibama e Anvisa atuariam apenas em “mera complementação” da atuação do Mapa – que acabaria por conduzir essas questões de forma exclusiva.

Na justificativa para o veto, o Planalto argumenta que “a medida evita a transferência da reanálise toxicológica (por riscos à saúde) e ecotoxicológica (por riscos ambientais) para um único órgão, garantindo a manutenção do modelo tripartite, diretamente associado aos direitos à vida, à saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (previstos na Constituição Federal)”.

Outros vetos seguiram o mesmo caminho, uma vez que, na avaliação da Presidência da República, representavam “a extinção do atual modelo regulatório tripartite (saúde, meio ambiente e agricultura) de registro e controle de agrotóxicos, adotado no Brasil desde 1989”.

Com os vetos, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse que o próximo passo será a regulamentação e implementação da norma.

“Foram feitos 11 vetos, quase todos eles foram feitos a pedido do Ibama. Nós procuramos trabalhar para que esses produtos [agrotóxicos] possam ser comercializados, mas que a saúde da população, a qualidade do meio ambiente e as atividades agrícolas estejam asseguradas, ou seja, o respeito ao meio ambiente e à saúde humana precisam estar em primeiro lugar”, explicou em entrevista à TV Brasil.

Desinformação

O Planalto vetou também um trecho do artigo 41, sob a justificativa de que “afetaria o direito à informação dos consumidores quanto à vedação de reaproveitamento de embalagens de agrotóxicos”. Além disso, complementa, o dispositivo evitaria a associação, na embalagem, entre o produto e o seu fabricante.

“Com isso, a medida evita que haja risco maior de desinformação quanto aos danos causados por eventual reaproveitamento de embalagens de agrotóxicos, em integral observância dos princípios da precaução e da vedação ao retrocesso socioambiental”, informou o Planalto.

Foi também vetado o artigo que cria uma taxa cujo “fato gerador é a efetiva prestação de serviços de avaliação e registro de agrotóxicos”. “O dispositivo não previu a base de cálculo, requisito essencial para a validade das normas que instituem tributos. Desse modo, o veto evita a cobrança inconstitucional da taxa prevista no artigo. Por extensão, o veto evitará a destinação e constituição de fundos sobre os valores arrecadados, bem como a revogação de taxas já cobradas pela Anvisa e pelo Ibama”, justificou a Presidência.

Críticas ao projeto

Durante sua tramitação no Senado, o projeto foi alvo de críticas de diversas entidades, a ponto de ser apelidado de “PL do Veneno” pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Na época, a Fiocruz divulgou documentos que classificavam como retrocesso alguns pontos do PL. Entre eles, a ameaça à função histórica dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente sobre a regulação dos agrotóxicos, enfraquecendo o poder de decisão sobre o registro desses agentes; a permissão da exportação pelo Brasil de agrotóxicos sem registro e cujo uso é proibido em nosso país; e manutenção do conceito de risco que abre possibilidades, por exemplo, do registro de agrotóxicos que causem câncer pois pequenas doses podem gerar danos irreversíveis à saúde das pessoas.

Após o veto presidencial, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida – uma rede de organizações da sociedade que denuncia os efeitos dos agrotóxicos e do agronegócio – divulgou nota na qual classifica como “ato importante” os vetos presidenciais, mas alerta que isso é “insuficiente para resolver os inúmeros problemas causados pela nova lei”.

“Enfatizamos a necessidade de uma mobilização contínua e intensificada no retorno do recesso parlamentar, pressionando tanto o Senado quanto a Câmara dos Deputados para impedir a derrubada dos vetos pelo Congresso Nacional”, diz a nota.

A rede de organizações lembra que o novo marco regulatório de agrotóxicos enfrentou forte oposição de diversos setores da sociedade. Entre eles, o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) e o Ibama, além de Anvisa, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e, também, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Agência Brasil solicitou à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) manifestação sobre os vetos ao PL e não obteve retorno até o fechamento da matéria.

FONTE AGÊNCIA BRASIL

Quais são as cidades e estados do Brasil com mais agrotóxicos na água?

Goiás, Minas Gerais e São Paulo pontuam entre os estados com maior nível de água contaminada por substâncias que podem causar câncer; veja

A partir de dados publicados no portal Sisagua, vieram à tona informações que apontam que 28 cidades brasileiras hospedam água com altos índices de contaminação por agrotóxicos. Os testes de qualidade indicam a poluição em redes de abastecimento e em poços particulares em municípios de estados como São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais. A seguir, confira mais detalhes sobre quais são as cidades e estados com água envenenada, e quais as consequências disso para a saúde.

Quais os riscos dos agrotóxicos acumulados na água?

O portal Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) publicou, em 2022, dados que informam sobre a contaminação da água por agrotóxicos em cidades brasileiras, e os gráficos foram checados pelo site Repórter Brasil, que publicou atualizações que englobam até agosto deste ano.

Segundo o apontamento, o consumo em baixas doses da água envenenada pode causar poucos riscos à saúde dos consumidores; em contrapartida, o consumo frequente e em altas doses dessas substâncias pode levar ao desenvolvimento de cânceres, quadros graves de alergia e inflamação, distúrbios hormonais e neurológicos, e até à morte.

As próprias empresas de água de uma região são as responsáveis por aplicar os testes de qualidade da água e enviá-los ao Sisagua. No entanto, é dever da prefeitura e do estado supervisionar as situações problemáticas, e cobrar das empresas as medidas cabíveis para balancear o índice de agrotóxicos.

Isso porque, como já dito anteriormente, o baixo consumo dessas substâncias representa um baixo risco, então, desde que as empresas não ultrapassem a concentração limite de contaminação, a água pode ser legalmente comercializada, por exemplo. Uma situação parecida ocorre no setor alimentício, mas voltado para a presença de agentes estranhos nos alimentos, como pelos de ratos: desde que não ultrapassem o limite previsto, os produtos são passíveis de comercialização legal.

Quais as cidades e estados com mais agrotóxicos na água?

Segundo os dados fornecidos pelo Vigiagua, constam como as cidades e estados de alerta os seguintes nomes:

cidades e estados com água contaminada por agrotóxico

Com informações de: Repórter Brasil e Ministério da Saúde.

FFONTE OLHAR DIGITAL

Quais são as cidades e estados do Brasil com mais agrotóxicos na água?

Goiás, Minas Gerais e São Paulo pontuam entre os estados com maior nível de água contaminada por substâncias que podem causar câncer; veja

A partir de dados publicados no portal Sisagua, vieram à tona informações que apontam que 28 cidades brasileiras hospedam água com altos índices de contaminação por agrotóxicos. Os testes de qualidade indicam a poluição em redes de abastecimento e em poços particulares em municípios de estados como São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais. A seguir, confira mais detalhes sobre quais são as cidades e estados com água envenenada, e quais as consequências disso para a saúde.

Quais os riscos dos agrotóxicos acumulados na água?

O portal Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) publicou, em 2022, dados que informam sobre a contaminação da água por agrotóxicos em cidades brasileiras, e os gráficos foram checados pelo site Repórter Brasil, que publicou atualizações que englobam até agosto deste ano.

Segundo o apontamento, o consumo em baixas doses da água envenenada pode causar poucos riscos à saúde dos consumidores; em contrapartida, o consumo frequente e em altas doses dessas substâncias pode levar ao desenvolvimento de cânceres, quadros graves de alergia e inflamação, distúrbios hormonais e neurológicos, e até à morte.

As próprias empresas de água de uma região são as responsáveis por aplicar os testes de qualidade da água e enviá-los ao Sisagua. No entanto, é dever da prefeitura e do estado supervisionar as situações problemáticas, e cobrar das empresas as medidas cabíveis para balancear o índice de agrotóxicos.

Isso porque, como já dito anteriormente, o baixo consumo dessas substâncias representa um baixo risco, então, desde que as empresas não ultrapassem a concentração limite de contaminação, a água pode ser legalmente comercializada, por exemplo. Uma situação parecida ocorre no setor alimentício, mas voltado para a presença de agentes estranhos nos alimentos, como pelos de ratos: desde que não ultrapassem o limite previsto, os produtos são passíveis de comercialização legal.

Quais as cidades e estados com mais agrotóxicos na água?

Segundo os dados fornecidos pelo Vigiagua, constam como as cidades e estados de alerta os seguintes nomes:

cidades e estados com água contaminada por agrotóxico

Com informações de: Repórter Brasil e Ministério da Saúde.

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Água contaminada por agrotóxicos chega a cidades mineiras; veja lista

A água que chega a Paulistas, no Vale do Rio Doce, e Ibertioga, na Zona da Mata mineira, registrou uma alta concentração de agrotóxicos perigosos, é o que revelam testes de qualidade feitos pelo Ministério da Saúde no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) e divulgados pelo Repórter Brasil.

Além das duas cidades, que registraram maior concentração de substâncias tóxicas, os municípios de Claro dos Poções, Alfredo Vasconcelos, Divinópolis, Ibiaí, Mário Campos, Paraisópolis, Pequi, Pintópolis, Rio Piracicaba, Rubim e Várzea da Palma colocam Minas Gerais no topo da lista de estados que mais registraram poluição da água.

O alerta de contaminação também é válido para outras 15 cidades brasileiras localizadas em Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins.

O Sisagua fez, em 2022, mais de 306 mil testes em 2.445 cidades para identificar agrotóxicos na água. Os dados apontam que 55 testes em 28 municípios apontaram agrotóxicos acima dos valores máximos permitidos pelo Ministério da Saúde, o que representa 0,02% do total de amostras analisadas.

O agrotóxico que mais aparece acima do limite é o endrin, substância proibida no Brasil. Na sequência, o aldrin, que também não é permitido no país e é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

O Repórter Brasil ouviu o professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fábio Kummrow, que explica que o consumo de água com alta concentração de substâncias como as que foram mencionadas acima pode aumentar consideravelmente a chance do desenvolvimento de doenças.

“O consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, disse.

O que diz a Copasa?

Em nota enviada ao BHAZ, a Copasa, responsável pelo abastecimento de oito das cidades mencionadas no levantamento, informou que “tem como prioridade prezar pelo compromisso de oferecer os melhores serviços aos seus clientes, com o foco não só na quantidade e na regularidade, mas também na qualidade da água distribuída à população”.

A companhia disse que realiza análises frequentes de monitoramento da qualidade de água e garante que “a água tratada e distribuída se encontra dentro dos padrões de potabilidade, não representando quaisquer riscos à saúde das populações atendidas” (leia na íntegra abaixo).

As demais cidades contam com o abastecimento fornecido pela própria prefeitura e não fazem parte da rede da Copasa.

Nota da Copasa na íntegra

A Copasa informa que tem como prioridade prezar pelo compromisso de oferecer os melhores serviços aos seus clientes, com o foco não só na quantidade e na regularidade, mas também na qualidade da água distribuída à população.

E, para isso, somado aos constantes investimentos, está o rigoroso controle de qualidade exercido pela Companhia, que vai desde as análises realizadas no ponto de captação até o constante e frequente monitoramento da qualidade da água que chega aos imóveis dos clientes.

Essas análises têm estrita obediência aos padrões de vigilância sanitária e de potabilidade estabelecidos pela legislação vigente, conforme portaria GM/MS 888/2021 do Ministério da Saúde, e são monitoradas por uma rede laboratorial estruturada, que inclui os laboratórios locais, regionais e também pelo Laboratório Central – este localizado na cidade de Belo Horizonte.

A Copasa reforça que a vigilância e o rigoroso controle da qualidade da água configuram-se como um processo valoroso para a empresa, razão pela qual salienta que a água tratada e distribuída se encontra dentro dos padrões de potabilidade, não representando quaisquer riscos à saúde das populações atendidas.

A Companhia ressalta que o monitoramento é contínuo e eventuais resultados anormais nas análises de qualidade de água dão origem a novas coletas amostrais, com a verificação do histórico geral de qualidade do sistema envolvido e, se necessário, inspeção sanitária para identificar possíveis causas e providências imediatas para a eliminação dessas causas e correção de problemas pontuais constatados.

Transparência

Assim, prezando pela transparência de sua atuação, a Copasa disponibiliza aos órgãos competentes todas as informações de controle da qualidade água, conforme prevê a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), no que diz respeito ao envio de informações de controle da qualidade da água pelos prestadores de serviço regulados pela Agência.

A Copasa também encaminha periodicamente os dados referentes ao relatório do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) para a Vigilância Sanitária dos municípios – responsáveis pelo lançamento das informações no portal Sisagua, do Ministério da Saúde, e para as secretarias municipais de saúde, como também divulga as informações relativas à qualidade da água na fatura mensal de serviços e no Relatório Anual da Qualidade da Água, disponibilizado no site www.copasa.com.br.

A empresa segue à disposição de seus clientes e pronta para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários, inclusive sobre questões relacionadas à qualidade da água.Compartilhar no FacebookTweetarEnviar

FONTE BHAZ

Água contaminada por agrotóxicos chega a cidades mineiras; veja lista

A água que chega a Paulistas, no Vale do Rio Doce, e Ibertioga, na Zona da Mata mineira, registrou uma alta concentração de agrotóxicos perigosos, é o que revelam testes de qualidade feitos pelo Ministério da Saúde no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) e divulgados pelo Repórter Brasil.

Além das duas cidades, que registraram maior concentração de substâncias tóxicas, os municípios de Claro dos Poções, Alfredo Vasconcelos, Divinópolis, Ibiaí, Mário Campos, Paraisópolis, Pequi, Pintópolis, Rio Piracicaba, Rubim e Várzea da Palma colocam Minas Gerais no topo da lista de estados que mais registraram poluição da água.

O alerta de contaminação também é válido para outras 15 cidades brasileiras localizadas em Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins.

O Sisagua fez, em 2022, mais de 306 mil testes em 2.445 cidades para identificar agrotóxicos na água. Os dados apontam que 55 testes em 28 municípios apontaram agrotóxicos acima dos valores máximos permitidos pelo Ministério da Saúde, o que representa 0,02% do total de amostras analisadas.

O agrotóxico que mais aparece acima do limite é o endrin, substância proibida no Brasil. Na sequência, o aldrin, que também não é permitido no país e é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

O Repórter Brasil ouviu o professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fábio Kummrow, que explica que o consumo de água com alta concentração de substâncias como as que foram mencionadas acima pode aumentar consideravelmente a chance do desenvolvimento de doenças.

“O consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, disse.

O que diz a Copasa?

Em nota enviada ao BHAZ, a Copasa, responsável pelo abastecimento de oito das cidades mencionadas no levantamento, informou que “tem como prioridade prezar pelo compromisso de oferecer os melhores serviços aos seus clientes, com o foco não só na quantidade e na regularidade, mas também na qualidade da água distribuída à população”.

A companhia disse que realiza análises frequentes de monitoramento da qualidade de água e garante que “a água tratada e distribuída se encontra dentro dos padrões de potabilidade, não representando quaisquer riscos à saúde das populações atendidas” (leia na íntegra abaixo).

As demais cidades contam com o abastecimento fornecido pela própria prefeitura e não fazem parte da rede da Copasa.

Nota da Copasa na íntegra

A Copasa informa que tem como prioridade prezar pelo compromisso de oferecer os melhores serviços aos seus clientes, com o foco não só na quantidade e na regularidade, mas também na qualidade da água distribuída à população.

E, para isso, somado aos constantes investimentos, está o rigoroso controle de qualidade exercido pela Companhia, que vai desde as análises realizadas no ponto de captação até o constante e frequente monitoramento da qualidade da água que chega aos imóveis dos clientes.

Essas análises têm estrita obediência aos padrões de vigilância sanitária e de potabilidade estabelecidos pela legislação vigente, conforme portaria GM/MS 888/2021 do Ministério da Saúde, e são monitoradas por uma rede laboratorial estruturada, que inclui os laboratórios locais, regionais e também pelo Laboratório Central – este localizado na cidade de Belo Horizonte.

A Copasa reforça que a vigilância e o rigoroso controle da qualidade da água configuram-se como um processo valoroso para a empresa, razão pela qual salienta que a água tratada e distribuída se encontra dentro dos padrões de potabilidade, não representando quaisquer riscos à saúde das populações atendidas.

A Companhia ressalta que o monitoramento é contínuo e eventuais resultados anormais nas análises de qualidade de água dão origem a novas coletas amostrais, com a verificação do histórico geral de qualidade do sistema envolvido e, se necessário, inspeção sanitária para identificar possíveis causas e providências imediatas para a eliminação dessas causas e correção de problemas pontuais constatados.

Transparência

Assim, prezando pela transparência de sua atuação, a Copasa disponibiliza aos órgãos competentes todas as informações de controle da qualidade água, conforme prevê a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), no que diz respeito ao envio de informações de controle da qualidade da água pelos prestadores de serviço regulados pela Agência.

A Copasa também encaminha periodicamente os dados referentes ao relatório do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) para a Vigilância Sanitária dos municípios – responsáveis pelo lançamento das informações no portal Sisagua, do Ministério da Saúde, e para as secretarias municipais de saúde, como também divulga as informações relativas à qualidade da água na fatura mensal de serviços e no Relatório Anual da Qualidade da Água, disponibilizado no site www.copasa.com.br.

A empresa segue à disposição de seus clientes e pronta para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários, inclusive sobre questões relacionadas à qualidade da água.Compartilhar no FacebookTweetarEnviar

FONTE BHAZ

Água contaminada: testes detectam agrotóxicos acima do limite em 28 cidades

O alerta máximo para contaminação da água acendeu em 28 municípios brasileiros em 2022. Em cidades de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins, testes de qualidade encontraram agrotóxicos na rede de abastecimento em níveis acima do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde.

Essa situação representa um risco à saúde, de acordo com especialistas, principalmente se a água contaminada for consumida de forma contínua.

As informações são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações publicadas pelo Ministério da Saúde no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano).

O consumo de água com altas concentrações de agrotóxicos aumenta os riscos para doenças crônicas, como câncer e distúrbios hormonais, e para problemas no sistema nervoso, nos rins e no fígado, explica Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ele afirma que o consumo esporádico dessa água configura baixo risco à saúde. Porém, “o consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, acrescenta.

As empresas de abastecimento de água são responsáveis por realizar os testes e publicar os resultados no Sisagua. Cabe aos municípios, estados e ao próprio ministério fiscalizar os casos e cobrar das empresas medidas para impedir que as substâncias ultrapassem os limites fixados.

Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos municípios e empresas responsáveis pelo abastecimento.

Agrotóxicos proibidos

De acordo com os dados do Sisagua, no ano passado foram realizados 306.521 testes consistentes em 2.445 cidades para identificar agrotóxicos na água. O número poderia ser maior, já que a maior parte dos testes realizados no país para essas substâncias apresentavam erros e foram classificados como inconsistentes pelo Ministério da Saúde.

Segundo o painel, 55 testes em 28 municípios apontaram agrotóxicos acima dos valores máximos permitidos, o que representa 0,02% de todos os exames válidos realizados. Os dados foram extraídos pela reportagem em 8 de agosto deste ano (os resultados podem ser atualizados diariamente por estados e municípios).

O agrotóxico com mais testes acima do limite foi o endrin, com dez registros em municípios de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e São Paulo. A substância, cujo uso é proibido no Brasil, pode afetar o sistema nervoso, causando tremores e convulsões, segundo estudos realizados em animais.

Na sequência aparece o aldrin, também proibido no país. Esse agrotóxico é considerado um Poluente Orgânico Persistente, pois não se degrada facilmente e se acumula em tecidos dos organismos vivos.

Com relação à saúde, o aldrin é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como seu uso é vetado no Brasil há mais de duas décadas, sua presença na água pode ser justificada por dois fatores: a entrada ilegal no país, por contrabando, ou pela presença persistente no meio ambiente. A pesquisadora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Unicamp, aposta na primeira
explicação.

“Não dá mais para falar que agrotóxicos proibidos há 20 anos ainda estão na água porque são persistentes. A gente sabe que há uma entrada clandestina”, afirma Montagner.

“Esses químicos ainda estão sendo usados nas lavouras brasileiras, mesmo com os riscos comprovados à saúde da população. Ao detectar essas substâncias, o poder público deveria aumentar a fiscalização para mitigar o uso”, diz ela.

Cidade mais afetada

De acordo com os dados publicados no Sisagua, a cidade com mais registros de água contaminada no ano passado foi Aruanã (GO). São 17 testes ao todo, incluindo para endrin e aldrin.

A 314 km de Goiânia e às margens do rio Araguaia, Aruanã fica em uma região destacada pela produção de soja, feijão, milho e arroz – culturas com elevado uso de agrotóxicos, segundo estudo da Universidade Federal de Mato Grosso.

O secretário de saúde de Aruanã, Leonel Cupertino, afirmou que não sabia da presença de agrotóxicos acima do limite na água do município e pediu esclarecimentos à Saneago, empresa de abastecimento da cidade.

Em nota, a companhia confirmou que os agrotóxicos foram identificados nos exames, porém, em concentrações dentro dos limites permitidos por lei e, portanto, sem riscos para a população.

A empresa alega que houve erro de digitação no preenchimento da planilha do Ministério da Saúde e que os dados divulgados na plataforma apresentam “equívocos”, pois estão acima dos resultados encontrados pela empresa. A Saneago informou que há “total garantia da segurança da água tratada distribuída no município”. Confira a nota completa.

Apesar da justificativa, a pesquisadora Cassiana Montagner, da Unicamp, afirma que qualquer nível de agrotóxico encontrado deveria ser motivo de atenção das autoridades, para evitar o consumo contínuo dessa água.

Imagem: Arte/UOL

Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos agrotóxicos e as doenças relacionadas a eles.

Lobby

Outro agrotóxico detectado em concentração acima do que é considerado seguro para a saúde foi a atrazina, encontrada em municípios de Goiás, Mato Grosso e São Paulo.

Esse produto é proibido na União Europeia desde 2004 e está associado à ocorrência de distúrbios endócrinos. Contudo, nos Estados Unidos e no Brasil, a substância segue na lista dos cinco agrotóxicos mais vendidos anualmente.

Uma dos municípios onde a atrazina foi encontrada na água da população
em níveis perigosos foi Marcelândia (MT), que está em franca expansão
agrícola, sobretudo na produção de soja e milho.

O município foi procurado, mas não respondeu até a publicação da reportagem.

Apesar de a Europa reconhecer os riscos da atrazina, a substância tem forte lobby da indústria para não sair dos mercados brasileiro e norte-americano.

Reportagem publicada pela Repórter Brasil e Agência Pública, em 2021, mostra que a fabricante Syngenta passou décadas questionando e perseguindo cientistas para manter a comercialização da atrazina. Procurada pela reportagem na época, a Syngenta Brasil não quis comentar os documentos divulgados.

Apesar de a atrazina aparecer com frequência em análises de água e de haver evidências que a associam ao desenvolvimento de disfunções hormonais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que a substância não está na lista de prioridades para reavaliação sobre o uso no país. Segundo o órgão, o produto foi proibido na Europa por risco ambiental, e não de saúde. A Anvisa ressaltou que análises ambientais não são da competência da agência.

Falta de transparência

Desde 2018, os testes realizados por empresas ou órgãos de abastecimento em amostras de água fornecida para a população são publicados no Sisagua. Isso só aconteceu após a Repórter Brasil revelar que 25% das cidades brasileiras tinham um coquetel com 27 agrotóxicos na rede de água entre 2014 e 2017.

A quantidade de substâncias testadas, frequência e limite máximo são definidos pelo Ministério da Saúde, que leva em consideração o risco que oferecem à saúde e a maior probabilidade de estarem na água.

No ano passado, a Repórter Brasil lançou o Mapa da água, plataforma interativa em que é possível verificar a qualidade da água de cada município entre 2018 e 2020, além de trazer explicações sobre as substâncias encontradas na água.

Após o lançamento, o Ministério publicou sua própria plataforma para trazer os dados sobre a qualidade da água. As informações estão disponíveis em sete painéis informativos do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua). Neles, é possível encontrar gráficos, mapas e tabelas com informações sobre as substâncias testadas.

Apesar de estarem disponíveis, as informações não são acessíveis ao público não especializado, pois siglas e códigos dificultam o entendimento. “O governo disponibilizou a informação, mas continua difícil de usar. Além disso, há publicidade zero, as pessoas nem sabem que esses painéis existem”, critica Kummrow, da Unifesp.

Embora trabalhe com o tema há anos, ele só tomou conhecimento da plataforma do governo após contato da reportagem.

Mesmo com críticas, Kummrow avalia que a publicação dos painéis pelo Ministério da Saúde representa um avanço. “De alguma forma os dados se tornaram públicos, sofreram uma validação e representam uma realidade”.

Marina Gama Cubas é responsável pela análise de dados.

Errata: o conteúdo foi alterado

Diferentemente do informado no gráfico que acompanha esta reportagem, a cidade de Mococa fica em São Paulo, e não em Minas Gerais. Já Ibertioga fica em Minas Gerais, e não em São Paulo. O gráfico foi corrigido.

FONTE NOTÍCIAS UOL

Água contaminada: testes detectam agrotóxicos acima do limite em 28 cidades

O alerta máximo para contaminação da água acendeu em 28 municípios brasileiros em 2022. Em cidades de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Tocantins, testes de qualidade encontraram agrotóxicos na rede de abastecimento em níveis acima do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde.

Essa situação representa um risco à saúde, de acordo com especialistas, principalmente se a água contaminada for consumida de forma contínua.

As informações são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações publicadas pelo Ministério da Saúde no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano).

O consumo de água com altas concentrações de agrotóxicos aumenta os riscos para doenças crônicas, como câncer e distúrbios hormonais, e para problemas no sistema nervoso, nos rins e no fígado, explica Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ele afirma que o consumo esporádico dessa água configura baixo risco à saúde. Porém, “o consumo frequente por longos períodos representa sérios riscos, em razão dos efeitos tóxicos crônicos pela exposição durante meses ou anos”, acrescenta.

As empresas de abastecimento de água são responsáveis por realizar os testes e publicar os resultados no Sisagua. Cabe aos municípios, estados e ao próprio ministério fiscalizar os casos e cobrar das empresas medidas para impedir que as substâncias ultrapassem os limites fixados.

Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos municípios e empresas responsáveis pelo abastecimento.

Agrotóxicos proibidos

De acordo com os dados do Sisagua, no ano passado foram realizados 306.521 testes consistentes em 2.445 cidades para identificar agrotóxicos na água. O número poderia ser maior, já que a maior parte dos testes realizados no país para essas substâncias apresentavam erros e foram classificados como inconsistentes pelo Ministério da Saúde.

Segundo o painel, 55 testes em 28 municípios apontaram agrotóxicos acima dos valores máximos permitidos, o que representa 0,02% de todos os exames válidos realizados. Os dados foram extraídos pela reportagem em 8 de agosto deste ano (os resultados podem ser atualizados diariamente por estados e municípios).

O agrotóxico com mais testes acima do limite foi o endrin, com dez registros em municípios de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e São Paulo. A substância, cujo uso é proibido no Brasil, pode afetar o sistema nervoso, causando tremores e convulsões, segundo estudos realizados em animais.

Na sequência aparece o aldrin, também proibido no país. Esse agrotóxico é considerado um Poluente Orgânico Persistente, pois não se degrada facilmente e se acumula em tecidos dos organismos vivos.

Com relação à saúde, o aldrin é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como seu uso é vetado no Brasil há mais de duas décadas, sua presença na água pode ser justificada por dois fatores: a entrada ilegal no país, por contrabando, ou pela presença persistente no meio ambiente. A pesquisadora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Unicamp, aposta na primeira
explicação.

“Não dá mais para falar que agrotóxicos proibidos há 20 anos ainda estão na água porque são persistentes. A gente sabe que há uma entrada clandestina”, afirma Montagner.

“Esses químicos ainda estão sendo usados nas lavouras brasileiras, mesmo com os riscos comprovados à saúde da população. Ao detectar essas substâncias, o poder público deveria aumentar a fiscalização para mitigar o uso”, diz ela.

Cidade mais afetada

De acordo com os dados publicados no Sisagua, a cidade com mais registros de água contaminada no ano passado foi Aruanã (GO). São 17 testes ao todo, incluindo para endrin e aldrin.

A 314 km de Goiânia e às margens do rio Araguaia, Aruanã fica em uma região destacada pela produção de soja, feijão, milho e arroz – culturas com elevado uso de agrotóxicos, segundo estudo da Universidade Federal de Mato Grosso.

O secretário de saúde de Aruanã, Leonel Cupertino, afirmou que não sabia da presença de agrotóxicos acima do limite na água do município e pediu esclarecimentos à Saneago, empresa de abastecimento da cidade.

Em nota, a companhia confirmou que os agrotóxicos foram identificados nos exames, porém, em concentrações dentro dos limites permitidos por lei e, portanto, sem riscos para a população.

A empresa alega que houve erro de digitação no preenchimento da planilha do Ministério da Saúde e que os dados divulgados na plataforma apresentam “equívocos”, pois estão acima dos resultados encontrados pela empresa. A Saneago informou que há “total garantia da segurança da água tratada distribuída no município”. Confira a nota completa.

Apesar da justificativa, a pesquisadora Cassiana Montagner, da Unicamp, afirma que qualquer nível de agrotóxico encontrado deveria ser motivo de atenção das autoridades, para evitar o consumo contínuo dessa água.

Imagem: Arte/UOL

Baixe aqui a tabela completa com os nomes dos agrotóxicos e as doenças relacionadas a eles.

Lobby

Outro agrotóxico detectado em concentração acima do que é considerado seguro para a saúde foi a atrazina, encontrada em municípios de Goiás, Mato Grosso e São Paulo.

Esse produto é proibido na União Europeia desde 2004 e está associado à ocorrência de distúrbios endócrinos. Contudo, nos Estados Unidos e no Brasil, a substância segue na lista dos cinco agrotóxicos mais vendidos anualmente.

Uma dos municípios onde a atrazina foi encontrada na água da população
em níveis perigosos foi Marcelândia (MT), que está em franca expansão
agrícola, sobretudo na produção de soja e milho.

O município foi procurado, mas não respondeu até a publicação da reportagem.

Apesar de a Europa reconhecer os riscos da atrazina, a substância tem forte lobby da indústria para não sair dos mercados brasileiro e norte-americano.

Reportagem publicada pela Repórter Brasil e Agência Pública, em 2021, mostra que a fabricante Syngenta passou décadas questionando e perseguindo cientistas para manter a comercialização da atrazina. Procurada pela reportagem na época, a Syngenta Brasil não quis comentar os documentos divulgados.

Apesar de a atrazina aparecer com frequência em análises de água e de haver evidências que a associam ao desenvolvimento de disfunções hormonais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que a substância não está na lista de prioridades para reavaliação sobre o uso no país. Segundo o órgão, o produto foi proibido na Europa por risco ambiental, e não de saúde. A Anvisa ressaltou que análises ambientais não são da competência da agência.

Falta de transparência

Desde 2018, os testes realizados por empresas ou órgãos de abastecimento em amostras de água fornecida para a população são publicados no Sisagua. Isso só aconteceu após a Repórter Brasil revelar que 25% das cidades brasileiras tinham um coquetel com 27 agrotóxicos na rede de água entre 2014 e 2017.

A quantidade de substâncias testadas, frequência e limite máximo são definidos pelo Ministério da Saúde, que leva em consideração o risco que oferecem à saúde e a maior probabilidade de estarem na água.

No ano passado, a Repórter Brasil lançou o Mapa da água, plataforma interativa em que é possível verificar a qualidade da água de cada município entre 2018 e 2020, além de trazer explicações sobre as substâncias encontradas na água.

Após o lançamento, o Ministério publicou sua própria plataforma para trazer os dados sobre a qualidade da água. As informações estão disponíveis em sete painéis informativos do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua). Neles, é possível encontrar gráficos, mapas e tabelas com informações sobre as substâncias testadas.

Apesar de estarem disponíveis, as informações não são acessíveis ao público não especializado, pois siglas e códigos dificultam o entendimento. “O governo disponibilizou a informação, mas continua difícil de usar. Além disso, há publicidade zero, as pessoas nem sabem que esses painéis existem”, critica Kummrow, da Unifesp.

Embora trabalhe com o tema há anos, ele só tomou conhecimento da plataforma do governo após contato da reportagem.

Mesmo com críticas, Kummrow avalia que a publicação dos painéis pelo Ministério da Saúde representa um avanço. “De alguma forma os dados se tornaram públicos, sofreram uma validação e representam uma realidade”.

Marina Gama Cubas é responsável pela análise de dados.

Errata: o conteúdo foi alterado

Diferentemente do informado no gráfico que acompanha esta reportagem, a cidade de Mococa fica em São Paulo, e não em Minas Gerais. Já Ibertioga fica em Minas Gerais, e não em São Paulo. O gráfico foi corrigido.

FONTE NOTÍCIAS UOL

Audiência sobre agrotóxicos pulverizáveis atualiza o debate sobre o problema de saúde pública provocado pelos venenos em uso nas lavouras

Por Padre João – Deputado Federal (PT)

Na tarde de quarta-feira (11/05) uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, requerida pelo nosso mandato, comprovou que o tema dos agrotóxicos, no caso dos pulverizáveis, mobiliza fortemente a sociedade civil. A audiência de ontem disponibilizou informações e análises que evidenciam que o debate acerca dos agrotóxicos prossegue vivo, mesmo depois da aprovação do Pacote de Veneno, expresso pelo Projeto de Lei 6299, ter sido aprovado na Câmara (segue em tramitação no Senado).

O assunto dos agrotóxicos foi levado ao debate em audiência pública motivado pela contaminação de lavouras e agricultores familiares no município de Pompéu, na região Central de Minas Gerais. A tragédia dos venenos pulverizados pelo agronegócio foi lembrada em outros casos de impacto na saúde de trabalhadores e na produção agrícola familiar como no Rio Grande do Sul e Ceará.


Wilton de Almeida, representante da Comunidade Quilombola Saco Barreiro, contou que lutam há muito tempo com os agrotóxicos pulverizáveis e o problema está cada vez mais grave. “Um médico que fazia atendimento na comunidade, Dr. Onofre, estava presente quando bateram a pulverização e passou mal. Ele perguntou como a gente estava aguentando isso…”. Wilton contou que os animais da mata como as cobras estão invadindo as casas dos moradores da comunidade, fugindo do mato e da pulverização de veneno.

Nosso mandato pôde comprovar as denúncias de Wilton em três visitas que fizemos ao quilombo, a mais recente há 15 dias. Verificamos a perda de hortaliças, especialmente folhosas, sensíveis aos venenos e a morte de peixes. Também podemos ouvir o relato de um agricultor de um assentamento de reforma agrária próximo dali que perdeu toda a lavoura de melancia por causa da pulverização de agrotóxico. No quilombo Saco do Barreiro, onde vive Wilton, a área total é de sete hectares para 17 famílias.

Jadir Oliveira, assessor ambiental da empresa Agroindustrial de Pompeu, Agropeu, esteve presente na audiência e disse que iria falar da importância da empresa para o município de Pompéu. “A Agropeu tem raízes locais, de 1981, tem 40 anos, concentra geração de empregos e tributos no município, possui atividades ambientais e outorgas regularizadas”, defendeu. Prosseguiu dizendo que a empresa apoia a Apae, a Santa Casa, o asilo, a PM e instituições religiosas de Pompéu. “É a maior empregadora da região, com mil empregos diretos”, detalhou o técnico da empresa, destacando que o negócio usa as melhores práticas de manejo do solo e busca parcerias com as comunidades próximas. Disse que empresa não faz aplicação aérea de agrotóxicos e que está aberta ao diálogo com as comunidades locais. Jadir Oliveira não respondeu às denúncias de contaminação por pulverização de agrotóxicos no Quilombo Saco do Barreiro feitas pelo agricultor Wilton que o antecedeu na fala na audiência.

Ana Paula Carvalho de Medeiros, procuradora federal, Coordenadora Adjunta do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos de Agrotóxicos, confirmou os problemas com os pulverizáveis que chegam ao Ministério Público. “Não é de hoje que a pulverização aérea de agrotóxicos vem causando significativos danos à saúde, ao meio ambiente e econômicos também”, disse referindo-se às contaminações em Chapada do Apodi, no Ceará e em Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, no assentamento Santa Rita de Cássia, que impôs grandes perdas aos pequenos produtores agroecológicos do assentamento, além, segundo ela, das perdas relacionadas à mortandade de abelhas e desaparecimento de colmeias. Ela lembrou que decisão judicial – movida por várias entidades – suspende novas pulverizações de veneno na fazenda vizinha ao assentamento gaúcho até que sejam estabelecidas normas específicas para controle da atividade.

A procuradora continuou. “Segundo a Embrapa, a deriva (escape de veneno pulverizado nas plantações), no caso das pulverizações aéreas, chega a 19% do volume de agrotóxico pulverizado, isso se observados os cuidados com equipamentos e adequações ambientais”, frisou, dizendo que há comprovações de que a deriva pode chegar a até 32 km da área onde foi aplicado o agrotóxico. Ela repassou a informação do Ibama, de que 20% dos agrotóxicos são aplicados por avião no Brasil. Há dois anos foram vendidas 685 mil toneladas de ingredientes ativos de agrotóxicos químicos e bioquímicos sendo que mais de 20 mil toneladas desse total foram levadas a outras áreas por meio da pulverização aérea.

Conforme Ana Paula, a pulverização de veneno nas fazendas é autorizada por diversos órgãos governamentais. “Mas faltam equipes, equipes são reduzidas e equipamentos para fiscalização, planos de voos, relatórios operacionais em papel, além de que não existe sistema de monitoramento informatizado. Isso contribui para situações irregulares e danos à população”, avaliou. Segunda ela, para manter a pulverização permitida por lei, é indispensável fiscalização eficiente e sistema de monitoramento.

Ainda segundo a procuradora, estudo da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), de 2017: indica que a adoção do sistema proposto, de rastreamento eletrônico de aeronaves agrícolas, pode possibilitar uso racional e queda substancial dos custos de fiscalização, aumento da produtividade das equipes de fiscalização, o aumento da segurança das operações de fiscalização e uma diminuição da concorrência desleal beneficiando os operadores regulares da atividade. A Diretoria da Anac não encampou a proposta que foi encaminhada e está em pauta no Ministério da Agricultura e Agropecuária (MAPA).

Já Myriam Coelho, Conselheira Nacional de Saúde, Coordenadora da Comissão Intersetorial Alimentação e Nutrição, comemorou que a discussão sobre os agrotóxicos pulverizáveis esteja sendo feita na audiência pública, após aprovação do Pacote do Veneno (PL 6299) na Câmara dos Deputados. Segundo Míriam, o tema dos agrotóxicos esteve presente nos três eixos de discussão da 16ª Conferência Nacional de Saúde cujos relatórios expressam a reflexão sobre saúde dos 5.568 municípios brasileiros e criticou: “ a produção agrícola do agronegócio repercute pouco na alimentação e saúde dos brasileiros já que 70% da nossa alimentação vêm da agricultura familiar”. A conselheira ponderou que os venenos dos agrotóxicos mais prejudicam do que contribuem com a saúde da população.

Uellen Lisoski Collato, da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA admitiu que é um desafio muito grande para o Ministério da Agricultura obter sucesso na fiscalização da aviação agrícola. Segundo a servidora, 90% dos produtos oriundos da agricultura brasileira estariam dentro da conformidade: “estamos cientes de que precisamos aprimorar. A legislação da aviação agrícola está sendo revista e procuramos agilizar as denúncias”, disse. Uellen disse que só estava sabendo das denúncias sobre as pulverizações em Pompéu agora e que por isso não teria como se pronunciar sobre elas. Nosso mandato informou à servidora do MAPA que vai formalizar a denúncia ao Ministério uma vez que tínhamos presenciado os problemas com a pulverização no Quilombo Saco do Barreiro e em assentamento próximo dali.

Marcela Ferreira Rocha, da Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), explicou que o órgão trabalha com fiscalização uso e comércio de agrotóxico e que ela fora servidora do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). “Em Minas, são 54 prestadores de serviço de aplicação aérea. Fiscalizamos se produto (agrotóxico pulverizável) é autorizado, se tem receituário agronômico e a comercialização. Ela disse que o Estado se pauta pela legislação federal sobre o assunto e também disse que não chegou denúncia das contaminações em Pompéu e admitiu quadro reduzido de pessoal para fiscalização.

O Coordenador Técnico de Agroecologia da Emater, Fernando Tinoco, observou que é possível ter produtividade e redução de custos sem usar veneno nas lavouras. “Temos produção extensiva da cana no Triângulo com produtividade muito superior à produção de cana sem veneno. Números bastante interessantes tanto na produtividade quanto aos custos com o uso de pó de rocha e micro-organismos associados a compostos orgânicos”, disse, reiterando que as práticas limpas de veneno exigem estudo e capacitação e que as tecnologias em teste existem há menos de cinco anos.
Gabriel Colle, Sindag, Sindicato das Empresas de Aviação Agrícola, reforçou a necessidade de capacitação dos pilotos para o trabalho de pulverização agrícola. “Trabalhar na aviação agrícola exige altíssimo nível de capacitação. Só quando chega a 370 horas de voo, o piloto pode fazer o curso de aviação agrícola. E cada aeronave tem que ter um técnico agrícola junto. Há gestão de segurança que precisa ser feita”, indicou, citando que atualmente existem 2434 aeronaves agrícolas no país.

Luis Cláudio Meirelles, pesquisador, representante da Fundação Osvaldo Cruz e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva e membro do Fórum Nacional de Combate aos Impactos de Agrotóxicos e Transgênicos mencionou que “é muito oportuno discutir o tema nessa Comissão dada à violação que se apresenta. Assistimos o uso crescente dos agrotóxicos e de substâncias perigosas; volume de agrotóxicos em território nacional, 67% dele, é constituído de substâncias cancerígenas ou disruptoras endócrinas”. “Essa contaminação é invisível, se dá a longo prazo; não existe dose segura para substâncias que causam efeitos crônicos à saúde humana”, frisou.

Luis Cláudio denunciou que o país está avançando em terreno perigoso para a saúde humana no agronegócio: “estamos usando 40% dos produtos autorizados recentemente, sem avaliação técnica e científica devidas, proibidas na União Europeia. Estamos aumentando exposição da população. Houve aceleração de 5 vezes no registro destes produtos, sendo que, de 85% a 90%, têm perfil indesejado para a saúde pública.

“Estamos assistindo a uma erosão na estratégia de reavaliação de agrotóxicos, monitoramento de resíduos e fiscalização de agrotóxicos. Para quem trabalha na área científica está difícil obter esses dados, existe lentidão tremenda para garantir resultados na saúde pública”. Ele contestou a informação do MAPA de que os produtos da agricultura estão em conformidade. “60% dos alimentos estão com resíduos de agrotóxico, sendo 30% na faixa da irregularidade. O que mudou foi o método para aferir a presença desses agrotóxicos (no Ministério da Agricultura). O pesquisador da Fiocruz concluiu que o uso dos agrotóxicos é grave problema de saúde pública que a sociedade brasileira precisa enfrentar.

Renato Roseno, deputado cearense e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de seu Estado, citou a criação da Lei Zé Maria do Tomé, em homenagem a agricultor que lutou contra o uso dos agrotóxicos e foi assassinado por empresários do agronegócio. A norma bane o uso de pulverização de agrotóxicos no Ceará e gerou contestação no STF, mas segue em vigor. Roseno conclui que “o pacote tecnológico do agronegócio, baseado no uso intensivo de agrotóxicos para a fruticultura de exportação em todo o país se repete no Ceará, no Rio Grande do Norte” Segundo ele, a história se repete com os venenos pulverizados em Pompéu, em Minas Gerais ou no assentamento de reforma agrária em Santa Rita, no Rio Grande do Sul.

50 bebês são intoxicados por agrotóxicos por ano no Brasil, aponta pesquisadora da USP

Entre os adultos, média é de 15 contaminações, adianta a especialista Larissa Bombardi, que organiza nova edição de atlas dos agrotóxicos, previsto para ser publicado este ano. Fabricantes dizem que aprovações dos químicos são orientadas “por metodologias consolidadas internacionalmente”.

As intoxicações por agrotóxicos atingem, em média, 50 bebês de 0 a 1 ano por ano Brasil. Entre os adultos, a média é de 15 contaminações, adianta a especialista em agrotóxicos Larissa Bombardi, que organiza uma nova edição do atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, com previsão de ser publicado ainda este ano.

(Correção: O g1 errou ao informar que a média de intoxicações por agrotóxicos era 50 bebês e 15 adultos por dia. O correto é que 50 bebês e 15 adultos são intoxicados por ano, no Brasil. A informação foi corrigida às 12h43 desta quinta-feira).

Os dados foram consolidados por ela a partir de registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

“Agravos de notificação são doenças que precisam ser reportadas pelos estados de forma obrigatória, como doenças infecciosas, Aids”, explica Larissa. “No Brasil, as notificações por intoxicação por agrotóxicos são obrigatórias desde 2011”, destaca.

Ela, que é professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), publicou o primeiro relatório no Brasil em 2017, com dados de 2007 a 2014. Na União Europeia, o documento foi lançado há três anos e chegou a gerar um boicote de uma rede de supermercados escandinava a produtos brasileiros.

Após esse episódio, a professora teve o seu trabalho atacado publicamente por entidades e figuras públicas do agronegócio, além de ter recebido ameaças indiretas à sua integridade física, o que a fez deixar o Brasil no ano passado, com seus dois filhos pequenos, rumo à Bélgica, onde conquistou uma bolsa de pesquisa.

Larissa, que continua morando fora do país, trabalha, agora, em uma nova edição do atlas, que trará um panorama das intoxicações entre 2010 e 2019. Na nova pesquisa, ela identificou um aumento dos casos.

“Os números me chocaram, pois só aumentaram. Pela média, são 15 pessoas intoxicadas por ano. No antigo levantamento, eram 10. Entre os bebês de 0 a 1 ano, a média de intoxicações passou de 43 para 50 (ao ano). Essa alta tem se mantido para todos os recortes que tenho feito”, afirma Larissa.

Ao g1, a CropLife Brasil, entidade que representa as fabricantes de defensivos agrícolas, afirmou que o critério para a liberação de agrotóxicos no Brasil é “baseado em ciência” e “orientado por metodologias consolidadas internacionalmente” (veja nota completa no final da reportagem) .

Mortes por agrotóxicos

A contaminação por agrotóxicos também provoca mortes. No Brasil, são dois óbitos a cada dois dias e cerca de 20% das vítimas são crianças e adolescentes de até 19 anos, aponta um outro documento de Larissa, lançado na última semana, pela rede de ambientalistas Friends of the Earth Europe, organização que reúne ONGs e pesquisadores.

O relatório, que é assinado em parceria com a especialista holandesa em comércio Audrey Changoe, também usa a base de dados do Sinan, do Ministério da Saúde.

Europa é maior fabricante

Para Larissa, um dos pontos centrais deste debate, atualmente – e que, para ela, está por trás do aumento das intoxicações – é a aliança entre grandes empresas europeias que fabricam e exportam os agrotóxicos para o Brasil e o agronegócio nacional.

“Empresas europeias, como a Bayer/Monsanto e a Basf, que estão liderando os fabricantes europeus de agrotóxicos, têm promovido o acordo comercial UE-Mercosul através de grupos de lobby. Esse lobby tem buscado aumentar o acesso ao mercado para alguns de seus agrotóxicos mais danosos ao unir forças com associações brasileiras do agronegócio”, afirma o relatório da Friends of the Earth.

O documento da rede ambientalista aponta que, nos últimos três anos, Bayer e Basf juntas, tiveram 45 novos agrotóxicos aprovados no Brasil, sendo que 19 deles contêm substâncias proibidas na União Europeia.

Uma delas é o Fipronil, que é neurotóxico e está associado à morte de abelhas. Tem ainda o Dinotefuran, que também impacta abelhas; o Imazethapyr, que causa problemas respiratórios em humanos e é tóxico para plantas aquáticas e o Clorfenapir, que é altamente prejudicial para aves e abelhas.

‘Lobby do agronegócio’

Segundo o documento, uma estratégia de lobby usada pelas empresas de agrotóxico da União Europeia é “financiar vozes de terceiros para promover seus interesses comerciais”.

“Do lado brasileiro, o laboratório de ideias Instituto Pensar Agro promove mais uso de agrotóxicos e minimiza o papel do agronegócio no desmatamento. O Instituto Pensar Agro trabalha em parceria com tomadores de decisão do influente bloco do agronegócio no Congresso brasileiro”, destaca o relatório.

O g1 entrou em contato com o Instituto Pensar Agro, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

As pesquisadoras citam um levantamento feito pela rede “De Olho nos Ruralistas” que apontou que, entre 2019 e 2021, mais de 200 reuniões foram feitas entre o Instituto Pensar Agro e membros do governo Jair Bolsonaro.

“Fazendo isso, eles têm apoiado uma agenda legislativa que procura minar direitos indígenas, remover proteções ambientais e legitimar o desmatamento. Através dos poderosos grupos de lobby do agronegócio do Brasil – como o CropLife Brasil, fundado pela Bayer – as empresas europeias de agrotóxicos apoiam esforços que enfraquecem medidas de proteção ambiental”, acrescenta.

Uma dessas medidas, segundo o relatório da rede ambientalista, seria o apoio à aprovação do projeto de lei dos agrotóxicos (PL 6299/02), que muda as regras de liberação desses produtos. O texto, que tramita no Congresso, é chamado por ambientalistas de “PL do Veneno”.

O g1 procurou a Bayer, a Basf e Syngenta, que afirmaram reforçar o posicionamento da CropLife Brasil, organização que representa todo o setor. Em nota, a entidade disse que, em sua avaliação:

“[…] a modernização da legislação vigente, por exemplo, é condição para a garantia de um futuro sustentável. Nesse cenário, a aprovação do PL 6299/02 permitirá o acesso mais rápido a tecnologias mais modernas, seguras e eficazes, que, em geral, têm sido disponibilizadas aos produtores agrícolas de países desenvolvidos de cinco a oito anos antes do que aos nossos agricultores, o que reduz a competitividade do agronegócio brasileiro”.

Quem discorda do projeto, ressalta, por exemplo, que a legislação proposta dá menor poder ao Ibama e à Anvisa no processo de autorização de novos registros – as duas entidades avaliam o risco ambiental e aos humanos, respectivamente, do uso dos agrotóxicos.

Já quem concorda, afirma que o projeto moderniza a legislação, ao agilizar os registros e seguir padrões internacionais de aprovações.

Nota completa da CropLife

“Em resposta ao relatório “Comércio tóxico – A ofensiva do lobby dos agrotóxicos da União Europeia no Brasil”, publicado em 28 de abril de 2022 pelas entidades Friends of the Earth e Seattle to Business Network, a CropLife Brasil vem a público esclarecer algumas afirmações trazidas pelo conteúdo e que não correspondem à realidade dos fatos.

A CropLife Brasil é uma associação que reúne especialistas e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em quatro áreas essenciais para a produção agrícola sustentável: germoplasma (mudas e sementes), biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos. Criada em 2019, a organização é resultado da união de entidades que antes representavam cada um destes setores individualmente (Andef, CIB, ABCBio, AgroBio e Braspov).

Defendemos soluções integradas para a agricultura brasileira em parceria com diferentes segmentos da sociedade, incluindo mais de 50 empresas, públicas e privadas, brasileiras e estrangeiras, entidades da sociedade civil e academia científica.

Trabalhamos ainda pela promoção da inovação em tecnologias de proteção e melhoramento de plantas, que trazem impactos positivos nas dimensões ambientais, sociais e econômicas da produção agrícola. A associação fomenta ainda a educação para o uso correto das tecnologias no campo e permitindo que produtores possam usufruir de seus benefícios de forma segura. Todas as práticas são alicerçadas em anos de pesquisa e pela experiência de agricultores no mundo todo. Dessa maneira, sustentabilidade é uma realidade com a qual nos comprometemos, não apenas um discurso.

Adicionalmente, a CropLife Brasil tem como missão dialogar com a opinião pública sobre tendências para a agricultura brasileira. Em nossa avaliação, a modernização da legislação vigente, por exemplo, é condição para a garantia de um futuro sustentável. Nesse cenário, a aprovação do PL 6299/02 permitirá o acesso mais rápido a tecnologias mais modernas, seguras e eficazes, que, em geral, têm sido disponibilizadas aos produtores agrícolas de países desenvolvidos de cinco a oito anos antes do que aos nossos agricultores, o que reduz a competitividade do agronegócio brasileiro.

A associação está comprometida em apoiar os agricultores no enfrentamento dos desafios decorrentes das mudanças climáticas e busca soluções que aumentam a resiliência e a produtividade no campo. Dessa maneira, respaldamos a construção de marcos regulatórios que, ao mesmo tempo, dialogam com a contemporaneidade e têm potencial de melhorar a capacidade de resposta da agricultura no longo prazo. O aumento da oferta e da diversidade de fornecedores e origens para os insumos de defesa vegetal é uma maneira de favorecer o abastecimento de alimentos para uma população crescente.

Por fim, ao contrário do que o relatório diz, somos firmes em nosso apoio às regulamentações que favoreçam o avanço da inovação agrícola. Consideramos que o critério decisivo para a avaliação e aprovação de moléculas, princípios ativos ou quaisquer outras soluções agrícolas seja baseado em ciência, orientado por metodologias consolidadas internacionalmente e parâmetros de segurança para consumo de alimentos determinados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Codex Alimentarius. Entendemos que tecnologia e inovação são ferramentas essenciais para a produção de alimentos seguros e saudáveis de maneira sustentável.”

FONTE G1

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