Moradores cobram explicações da CSN e mineradora pretende saltar a produção de minério de ferro de 33 milhões para 100 milhões toneladas/ano

Representantes de entidades civis e do poder público do município de Congonhas (Central) criticaram a ausência de representantes da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na audiência pública realizada nesta segunda-feira (25/09/2023) pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para debater a proposta de expansão da lavra de minério de ferro na cidade. 

Da mesma forma que ocorreu em audiência realizada pela Câmara dos Vereadores de Congonhas no final de agosto deste ano com o mesmo tema, a CSN não enviou nenhum representante ao debate na ALMG.  Para justificar sua ausência, enviou um comunicado, no qual dizia que a mineradora estaria sujeita a normas e regulamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e por isso projetos e investimentos que estaria fazendo na área não poderiam ser divulgados, sob pena de descumprimento das regras de mercado.  

Congonhas possui 24 barragens de rejeitos de mineração no seu entorno, 17 ativas e sete descomissionadas. Dentre elas, está a maior barragem de rejeitos de mineração do mundo, Casa de Pedra

A CSN estaria adquirindo imóveis na área com o objetivo de expansão e viés especulativo. O objetivo seria aumentar a extração de 33 milhões de toneladas de minério de ferro para 100 milhões, mas não há informações sobre como isso seria feito. A mineradora já teria manifestado a intenção de expansão em veículos de imprensa. 

Subsecretário de Regularização Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Vitor Reis Salum Tavares causou espanto entre os presentes ao afirmar que não existiria, hoje, nenhum pedido da CSN no que diz respeito à expansão, para avaliação do controle ambiental. 

“O empreendimento está em processo atual de renovação de licença. E algumas condicionantes precisam ser cumpridas para que essa renovação aconteça. Precisamos avaliar o desempenho ambiental, se ele está sendo cumprido. E não temos nenhum processo em andamento que se destine ao licenciamento da expansão. Para a expansão acontecer de maneira regular, eles precisam apresentar o pedido relacionado à larva. Não temos controle sobre a especulação imobiliária na área ou o porquê. Mas não temos hoje nenhum pedido em andamento”, afirmou. 

Requerente para a realização da reunião, o deputado Leleco Pimentel questionou o porquê da CSN não ter mandado representantes se sequer há um processo oficial para licenciamento da expansão. “Isso é um desrespeito da CSN não só com o povo de Congonhas, mas também com a ALMG e com a Câmara dos Deputados”.

Mineradora estaria coagindo moradores a venderem imóveis

Representando o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Lucas Henrique Nicolau Paiva afirmou que cerca de 40% da cidade hoje já pertence à CSN e pediu estudos independentes sobre as barragens e informações sobre a expansão.  

“Eles se negam a dialogar conosco. Estamos falando da possibilidade de 70 metros de lama no centro, mais de 15 mil pessoas em risco de morte. Em Santa Quitéria, o processo é de coação das pessoas para a venda dos imóveis. Eles negam informação e vida digna para o povo. Queremos preservar a vida de todos, dos que moram no centro, à margem, nos quilombos, cada vida para nós tem valor”. 

Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização - debate sobre a expansão da mineração no complexo Casa de Pedra
Vigário de Congonhas, Padre Antônio Claret Fernandes criticou a abordagem agressiva de representantes da CSN aos moradores/ Foto: Elizabete Guimarães

Vereador da Câmara Municipal de Congonhas, Vanderlei Eustáquio Ferreira disse ser preocupante a ausência e indiferença da companhia e destacou o adoecimento crescente da população da cidade, com doenças relacionadas à poeira intensa. “Se a expansão ocorrer, a tendência é só piorar. Porque eles querem comprar tudo? Eles não estarem aqui já nos mostra o tamanho do nosso desafio”.

Vigário auxiliar na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Congonhas, Padre Antônio Claret Fernandes enfatizou que a expansão pode significar a extinção de uma cidade histórica de grande importância cultural e da comunidade de pessoas que ali moram. “As pessoas estão sendo divididas, enganadas, vítimas de chantagem. Se você não vende o seu imóvel, te ameaçam, dizendo que vender depois pode ser pior, que vai desvalorizar. A gente sabe que essas são ações próprias do Capital e nos mostram que nosso trabalho precisa ir mais fundo nas questões”. 

Representando a Frente Mineira de Luta dos Atingidos e Atingidas pela Mineração, Daniel da Mota Neri explicou que a chantagem à população, Prefeitura de Congonhas e Governo do Estado também é feita por meio da oferta de empregos, com a cidade estando dependente da empresa para a sua economia funcionar. 

“Essa é uma falsa vinculação, porque a maioria dos trabalhadores não são da cidade, são terceirizados, temporários e impactam nos serviços públicos. Precisamos mostrar números mais concretos para contestar essa narrativa. Essa história de que minerar faz parte da vocação do mineiro é uma bobagem, uma mentira. A diversificação da economia é possível e necessária. A Prefeitura está totalmente de joelhos frente aos interesses da mineração”.

Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização debate a proposta de expansão da lavra de minério de ferro no complexo Casa de Pedra, em Congonhas, pela CSN Mineração, vinculada à Companhia Siderúrgica Nacional —Foto: Elizabete Guimarães

A secretária de Meio Ambiente da Prefeitura de Congonhas, Ana Gabriela Dutra Carvalho pediu às entidades presentes que apresentem exames laboratoriais de impacto da poeira emitida pela CSN que tiverem feito, para que o município possa cobrar da empresa. 

“Várias ações são feitas, pela mineradora e por nós, mas ainda não são suficientes para mitigar os efeitos da mineração. Precisamos caminhar juntos e ter exames que comprovem os impactos é um ponto chave para nós, nos ajudam a conseguir cobrar da empresa. E para conseguirmos evoluir com relação à legislação”, afirmou.

Doenças respiratórias e mentais afligem moradores de Congonhas

A presidente do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES/MG), Lourdes Aparecida Machado, falou dos diversos efeitos, na população, das atividades minerárias, indo além das doenças respiratórias. 

“Observo, também como moradora da cidade, a ansiedade, depressão, síndrome do pânico, e a sensação de insegurança geral. São evidentes os agravos à saúde mental da população como um todo. E isso vem também da falta de responsabilização das mineradoras, que não foram criminalizadas pelo ocorrido em Brumadinho e em Mariana. A mineração chega com a promessa de empregos, mas a destruição generalizada vem junto. Não sentimos confiança no ar que respiramos, na água que bebemos e nos alimentos que produzimos”. 

O deputado federal Padre João (PT-MG) lamentou a ausência da Agência Nacional de Mineração (ANM), que não se manifestou sobre a questão. Segundo ele, estudos feitos na Fiocruz em parceria com o MAB, via emenda parlamentar dele, demonstraram que pessoas em Brumadinho estão com excesso de metais no sangue.  “Queremos também amostragem de exame de sangue nos habitantes de Congonhas. É uma vergonha não existirem estudos pormenorizados que mostrem a relação entre a mineração e o adoecimento da população”, completou. 

Foto: Elizabete Guimarães

Impactos de investimentos de R$14 bi da CSN e geração de mais de 8 mil empregos são pautas de audiência

A proposta de expansão da lavra de minério de ferro no Complexo Casa de Pedra, em Congonhas (Região Central), pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), será debatida em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, na segunda-feira (25/9/23), a partir das 14 horas. Mais tarde, às 16 horas, a mesma comissão realiza outra reunião, desta vez sobre conflito fundiário na comunidade de Vargem da Lua, no município de São Gonçalo do Rio Abaixo (Região Central), também envolvendo a atividade minerária, desta vez da mineradora Vale.

Ambos os encontros serão no Auditório do andar SE da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), atendendo solicitações do deputado Leleco Pimentel (PT). Na primeira audiência serão solicitadas informações sobre o empreendimento e seus riscos, bem como as denúncias de coação da CSN para a compra de imóveis para uma possível área de expansão. “O povo de Congonhas é quem sofre com poeira e risco. São mais de mil famílias”, informa o deputado Leleco Pimentel (PT), que solicitou a audiência.

Segundo informações do gabinete do parlamentar, o encontro de segunda (25) é fruto de audiência pública realizada na Câmara Municipal de Congonhas em agosto, para a qual a CSN não enviou representantes.

“A ausência da empresa demonstra seu total desrespeito com relação aos atingidos e deixa a sociedade à espera de informações cruciais relacionadas ao projeto que vai ampliar substancialmente o impacto já gerado pela mineradora”, afirma Leleco Pimentel.

Ainda de acordo com informações do gabinete, a CSN planeja triplicar sua exploração, aumentando a capacidade de produção de minério de ferro de 33 para 110 milhões de toneladas ano. Essa expansão atingiria, principalmente, as comunidades de Joana Vieira e Santa Quitéria. Nestes territórios, há denúncias de casos de coação para a venda de terrenos e moradores temem a desvalorização de seus imóveis por conta da mineração.

A CSN teria a pretensão levar 8 mil trabalhadores para o município em seu projeto de ampliação. Outras consequências da mineração em Congonhas seriam a poluição do ar, a contaminação de nascentes e até mesmo a interrupção da distribuição de água em bairros próximos às minas.

Complexo Casa de Pedra, em Congonhas, onde a CSN planeja triplicar sua exploraçãoFoto: Sarah Torres – Arquivo ALMG

Comunidade rural também sofre com atividade minerária

Na comunidade de Vargem da Lua, em São Gonçalo do Rio Abaixo, com 80 anos de história, os moradores denunciam que a Vale teria invadido quase 40 hectares de suas terras. O caso tem repercutido na Imprensa, mas a empresa nega qualquer irregularidade e diz que suas atividades têm respaldo dos órgãos competentes.

O problema seria na divisa com a Mina de Brucutu, pertencente à mineradora, desde 2008. A disputa já teria resultado em mais de 30 processos judiciais, com vitórias da comunidade, mas ainda sem um desfecho final. Com a continuidade da atividade minerária, os moradores reclamam de abusos e o risco de comprometimento de nascentes.

Segundo informações noticiadas pela Imprensa, a Vale seria dona de 18 hectares da propriedade da Fazenda Vargem da Lua, que deu originem à comunidade.

Impactos de investimentos de R$14 bi da CSN e geração de mais de 8 mil empregos são pautas de audiência

A proposta de expansão da lavra de minério de ferro no Complexo Casa de Pedra, em Congonhas (Região Central), pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), será debatida em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, na segunda-feira (25/9/23), a partir das 14 horas. Mais tarde, às 16 horas, a mesma comissão realiza outra reunião, desta vez sobre conflito fundiário na comunidade de Vargem da Lua, no município de São Gonçalo do Rio Abaixo (Região Central), também envolvendo a atividade minerária, desta vez da mineradora Vale.

Ambos os encontros serão no Auditório do andar SE da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), atendendo solicitações do deputado Leleco Pimentel (PT). Na primeira audiência serão solicitadas informações sobre o empreendimento e seus riscos, bem como as denúncias de coação da CSN para a compra de imóveis para uma possível área de expansão. “O povo de Congonhas é quem sofre com poeira e risco. São mais de mil famílias”, informa o deputado Leleco Pimentel (PT), que solicitou a audiência.

Segundo informações do gabinete do parlamentar, o encontro de segunda (25) é fruto de audiência pública realizada na Câmara Municipal de Congonhas em agosto, para a qual a CSN não enviou representantes.

“A ausência da empresa demonstra seu total desrespeito com relação aos atingidos e deixa a sociedade à espera de informações cruciais relacionadas ao projeto que vai ampliar substancialmente o impacto já gerado pela mineradora”, afirma Leleco Pimentel.

Ainda de acordo com informações do gabinete, a CSN planeja triplicar sua exploração, aumentando a capacidade de produção de minério de ferro de 33 para 110 milhões de toneladas ano. Essa expansão atingiria, principalmente, as comunidades de Joana Vieira e Santa Quitéria. Nestes territórios, há denúncias de casos de coação para a venda de terrenos e moradores temem a desvalorização de seus imóveis por conta da mineração.

A CSN teria a pretensão levar 8 mil trabalhadores para o município em seu projeto de ampliação. Outras consequências da mineração em Congonhas seriam a poluição do ar, a contaminação de nascentes e até mesmo a interrupção da distribuição de água em bairros próximos às minas.

Complexo Casa de Pedra, em Congonhas, onde a CSN planeja triplicar sua exploraçãoFoto: Sarah Torres – Arquivo ALMG

Comunidade rural também sofre com atividade minerária

Na comunidade de Vargem da Lua, em São Gonçalo do Rio Abaixo, com 80 anos de história, os moradores denunciam que a Vale teria invadido quase 40 hectares de suas terras. O caso tem repercutido na Imprensa, mas a empresa nega qualquer irregularidade e diz que suas atividades têm respaldo dos órgãos competentes.

O problema seria na divisa com a Mina de Brucutu, pertencente à mineradora, desde 2008. A disputa já teria resultado em mais de 30 processos judiciais, com vitórias da comunidade, mas ainda sem um desfecho final. Com a continuidade da atividade minerária, os moradores reclamam de abusos e o risco de comprometimento de nascentes.

Segundo informações noticiadas pela Imprensa, a Vale seria dona de 18 hectares da propriedade da Fazenda Vargem da Lua, que deu originem à comunidade.

Ausência da CSN em audiência para discutir impactos de mega investimentos de R$ 14 bi é repudiada por lideranças e deputado vai convocar mineradora

Com o salão nobre tomado por populares e lideranças, a Câmara de Congonhas (MG) promoveu na tarde de ontem (30) uma audiência pública, proposta pela Vereadora Patrícia Monteiro (PSB), para discutir os projetos de expansão da CSN e seus impactos sócio-ambientais. A mineradora já vem adquirindo áreas rurais principalmente na região da Joana Vieira, pertencente ao Distrito do Alto Maranhão, e em Santa Quitéria.  A estimativa é que os investimentos da CSN alcancem cerca de R$14 bi nos próximos anos.

A companhia prevê aumentar progressivamente a capacidade da Casa de Pedra, chegando a 39 milhões de toneladas no próximo ano, a 40 mt em 2024, 55 mt em 2026 e 68 mt em 2027.

Já a segunda etapa da expansão, a ser implantada entre 2027 e 2031, vai permitir à CSN Mineração alcançar uma capacidade de 116 milhões de toneladas a partir de 2032. A conclusão dos projetos vai permitir à empresa alcançar a quinta posição no ranking de produção de minério de ferro no mundo e assumir a liderança em teor de ferro com um portfólio de produtos premium.

A ausência

Logo no início da audiência, a vereador Patrícia leu um comunicado de justificativa de ausência da CSN na audiência. “É uma falta de respeito”, protestou. Ao longo da reunião, que durou mais de 3 horas, o posicionamento da mineradora foi duramente criticado.

O Deputado Estadual, Leleco Pimentel (PT), informou que vai apresentar requerimentos para a realização, ainda em setembro, de duas audiências, uma na Assembleia de Minas, e outra em Congonhas, nas quais a CSN será convocada a prestar esclarecimentos do projeto de expansão. “A gente sabe dos conluios entre os governos, seja municipal e estadual, em favor das mineradoras, mas ela será obrigada a esclarecer seu projeto, que seja no direito de pesquisa e lavra, a especulação imobiliária e a aquisição de terras. Vamos todos os órgãos envolvidos em todas as instâncias”, discorreu Leleco.

Críticas

O representante do Movimentos dos Atingidos Por Barragens (MAB), o ativista Padre Claret criticou a ausência da mineradora. “O povo está vivendo na poeira. Temos direito a informação”, pontou. Os vereadores repudiaram a postura da CSN. “Esta expansão nos apavora”, assinalou Robertinho (MDB).

Projetos

A Secretária Municipal de Meio Ambiente, Ana Gabriela, informou que não há processo de licenciamento ambiental da CSN em tramitação e análise na Prefeitura. Ela salientou que os produtores rurais não tem a obrigação de venda de suas terras.  “É lamentável a ausência da CSN. Até o momento não há nada de oficial de algum empreendimento da CSN junto a prefeitura, apenas boatos”, disse Antônio Mendes, Secretário Municipal de Planejamento.

Populares

Mais de 20 lideranças e populares usaram a tribuna para criticar os projetos minerários em Congonhas e cobraram transparência da CSN. “Estamos correndo risco de não ter água no futuro. Conforme estudos já aprovados a CSN está autorizada a usar 3,1 mil caixas d’água de 1 mil litros por hora. É um empreendimento jamais visto em Congonhas com impactos sem precedentes. Todos os governos serviram as mineradoras”, assinalou o ativista e liderança comunitária Sandoval de Souza.

Francisco Vitalino lembrou que em 2007, através de um decreto estadual, diversas propriedades rurais seriam desapropriadas para um projeto de expansão da CSN na região do Alto Maranhão e Santa Quitéria. À época, houve uma reação dos produtores rurais, mas o projeto não vingou. “Há mais de 15 anos vivemos sob o temor deste empreendimento que agora retorna e a comunidade está ameaçada como nosso patrimônio histórico”, comentou. “Em breve, nem Congonhas sobrará”, alertou Padre Paulo Barbosa.

Ameaças

Nossa reportagem conversou com o produtor rural, Fernando Lobo, que possuiu áreas produtivas na região de Santa Quitéria. Ele relatou que a CSN, através de advogados, vem mantendo contatos com produtores e até já adquiriu áreas perto da Plataforma. “Através de advogados, a empresa aborda os donos de terra e em tom de ameaças e intimidação pressiona os proprietários. A intenção é a compra de áreas para a expansão com o intuito de desvalorização dos terrenos. É um tremendo absurdo o que vem ocorrendo”, relatou.

Diligências

Uma comissão de deputados, juntamente com órgãos fiscalizadores, realiza amanhã (1º), diligências nas minas de Forquilha, Fábricas, ambas da Vale, e na Casa de Pedra, da CSN.

O outro lado

Em correspondência a Câmara, a CSN informou que informou a impossibilidade de comparecimento a audiência. “A CSN esclarece que deixou de usar barragens em seu processo de produção, investindo em tecnologias de processamento a seco. Assim, estão sendo realizados investimentos na modernização e na expansão da atividade de mineração, considerando o desenvolvimento econômico e social do Estado com aumento de arrecadação tributária e contratação de mão de obra na região”. Na nota, a mineradora disse apresentará detalhes dos projetos de expansão.

Ausência da CSN em audiência para discutir impactos de mega investimentos de R$ 14 bi é repudiada por lideranças e deputado vai convocar mineradora

Com o salão nobre tomado por populares e lideranças, a Câmara de Congonhas (MG) promoveu na tarde de ontem (30) uma audiência pública, proposta pela Vereadora Patrícia Monteiro (PSB), para discutir os projetos de expansão da CSN e seus impactos sócio-ambientais. A mineradora já vem adquirindo áreas rurais principalmente na região da Joana Vieira, pertencente ao Distrito do Alto Maranhão, e em Santa Quitéria.  A estimativa é que os investimentos da CSN alcancem cerca de R$14 bi nos próximos anos.

A companhia prevê aumentar progressivamente a capacidade da Casa de Pedra, chegando a 39 milhões de toneladas no próximo ano, a 40 mt em 2024, 55 mt em 2026 e 68 mt em 2027.

Já a segunda etapa da expansão, a ser implantada entre 2027 e 2031, vai permitir à CSN Mineração alcançar uma capacidade de 116 milhões de toneladas a partir de 2032. A conclusão dos projetos vai permitir à empresa alcançar a quinta posição no ranking de produção de minério de ferro no mundo e assumir a liderança em teor de ferro com um portfólio de produtos premium.

A ausência

Logo no início da audiência, a vereador Patrícia leu um comunicado de justificativa de ausência da CSN na audiência. “É uma falta de respeito”, protestou. Ao longo da reunião, que durou mais de 3 horas, o posicionamento da mineradora foi duramente criticado.

O Deputado Estadual, Leleco Pimentel (PT), informou que vai apresentar requerimentos para a realização, ainda em setembro, de duas audiências, uma na Assembleia de Minas, e outra em Congonhas, nas quais a CSN será convocada a prestar esclarecimentos do projeto de expansão. “A gente sabe dos conluios entre os governos, seja municipal e estadual, em favor das mineradoras, mas ela será obrigada a esclarecer seu projeto, que seja no direito de pesquisa e lavra, a especulação imobiliária e a aquisição de terras. Vamos todos os órgãos envolvidos em todas as instâncias”, discorreu Leleco.

Críticas

O representante do Movimentos dos Atingidos Por Barragens (MAB), o ativista Padre Claret criticou a ausência da mineradora. “O povo está vivendo na poeira. Temos direito a informação”, pontou. Os vereadores repudiaram a postura da CSN. “Esta expansão nos apavora”, assinalou Robertinho (MDB).

Projetos

A Secretária Municipal de Meio Ambiente, Ana Gabriela, informou que não há processo de licenciamento ambiental da CSN em tramitação e análise na Prefeitura. Ela salientou que os produtores rurais não tem a obrigação de venda de suas terras.  “É lamentável a ausência da CSN. Até o momento não há nada de oficial de algum empreendimento da CSN junto a prefeitura, apenas boatos”, disse Antônio Mendes, Secretário Municipal de Planejamento.

Populares

Mais de 20 lideranças e populares usaram a tribuna para criticar os projetos minerários em Congonhas e cobraram transparência da CSN. “Estamos correndo risco de não ter água no futuro. Conforme estudos já aprovados a CSN está autorizada a usar 3,1 mil caixas d’água de 1 mil litros por hora. É um empreendimento jamais visto em Congonhas com impactos sem precedentes. Todos os governos serviram as mineradoras”, assinalou o ativista e liderança comunitária Sandoval de Souza.

Francisco Vitalino lembrou que em 2007, através de um decreto estadual, diversas propriedades rurais seriam desapropriadas para um projeto de expansão da CSN na região do Alto Maranhão e Santa Quitéria. À época, houve uma reação dos produtores rurais, mas o projeto não vingou. “Há mais de 15 anos vivemos sob o temor deste empreendimento que agora retorna e a comunidade está ameaçada como nosso patrimônio histórico”, comentou. “Em breve, nem Congonhas sobrará”, alertou Padre Paulo Barbosa.

Ameaças

Nossa reportagem conversou com o produtor rural, Fernando Lobo, que possuiu áreas produtivas na região de Santa Quitéria. Ele relatou que a CSN, através de advogados, vem mantendo contatos com produtores e até já adquiriu áreas perto da Plataforma. “Através de advogados, a empresa aborda os donos de terra e em tom de ameaças e intimidação pressiona os proprietários. A intenção é a compra de áreas para a expansão com o intuito de desvalorização dos terrenos. É um tremendo absurdo o que vem ocorrendo”, relatou.

Diligências

Uma comissão de deputados, juntamente com órgãos fiscalizadores, realiza amanhã (1º), diligências nas minas de Forquilha, Fábricas, ambas da Vale, e na Casa de Pedra, da CSN.

O outro lado

Em correspondência a Câmara, a CSN informou que informou a impossibilidade de comparecimento a audiência. “A CSN esclarece que deixou de usar barragens em seu processo de produção, investindo em tecnologias de processamento a seco. Assim, estão sendo realizados investimentos na modernização e na expansão da atividade de mineração, considerando o desenvolvimento econômico e social do Estado com aumento de arrecadação tributária e contratação de mão de obra na região”. Na nota, a mineradora disse apresentará detalhes dos projetos de expansão.

Mega investimentos de R$ 14 bida CSN preocupa moradores e mineradora projeta triplicar produção

A Câmara Municipal de Congonhas (MG) realiza hoje, a partir das 14:00 horas, audiência pública, no Salão Nobre da Câmara Municipal com o objetivo é discutir os projetos de expansão das mineradoras instaladas no Município e seus impactos sócio-ambientais.

A iniciativa da realização da audiência partiu da Vereadora Patrícia Fernandes Monteiro, que apresentou o Requerimento nº CMC/238/2023 juntamente com o vereador Vanderlei Eustáquio Ferreira, aprovado em reunião ordinária no início de julho deste ano.

Segundo a Vereadora, que compreende a importância da mineração para Congonhas, o pedido se justifica em função de aditado processo de expansão das empresas mineradoras, em particular a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que já tem adiantadas negociações de áreas de terras, principalmente na região da Joana Vieira, pertencente ao Distrito do Alto Maranhão. “A expansão acarretaria também na estrutura do Município, em áreas da Educação, Trânsito, Meio Ambiente e Saúde, devido a migração de novas pessoas em nossa cidade”, frisou Patrícia Monteiro.

A expansão

A CSN Mineração, braço de operações minerárias da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), confirmou que vai investir R$ 13,8 bilhões no complexo de Casa de Pedra, em Congonhas (Campo das Vertentes). O capex foi anunciado ao mercado junto à atualização de outras projeções do grupo durante evento com investidores e prevê a elevação da capacidade de produção da planta entre 2023 e 2027.

GERAL032 / CSN DIVULGAÇÃo

Serão aportados, em média, R$ 2,76 bilhões por ano. O montante total é relativo à fase 1 do projeto de adição de 33 milhões de toneladas à sua capacidade atual de produção de minério de ferro e superior ao apresentado no encontro com acionistas do ano passado. Naquela época foram projetados R$ 12 bilhões para as mesmas intervenções. Procurada, a empresa não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os motivos que levaram ao reajuste do projeto em quase R$ 2 bilhões.

Essa primeira fase compreende os projetos de aumento de qualidade (CMAI 3, Rebritagem e Espirais), Expansão da Planta Central, Recuperação de Rejeitos das Barragens, Expansão do Tecar (Fase 60 Mtpa) e parte dos projetos de Itabirito, com o desenvolvimento da P4 e da P15. A companhia prevê aumentar progressivamente a capacidade da Casa de Pedra, chegando a 39 milhões de toneladas no próximo ano, a 40 mt em 2024, 55 mt em 2026 e 68 mt em 2027.

Já a segunda etapa da expansão, a ser implantada entre 2027 e 2031, vai permitir à CSN Mineração alcançar uma capacidade de 116 milhões de toneladas a partir de 2032. A conclusão dos projetos vai permitir à empresa alcançar a quinta posição no ranking de produção de minério de ferro no mundo e assumir a liderança em teor de ferro com um portfólio de produtos premium.

Siderúrgica prevê aportes de R$ 4,4 bi em 2023

Em fato relevante divulgado por ocasião do evento, a siderúrgica também projetou investimentos consolidados de R$ 4,4 bilhões para 2023. Já para o intervalo de 2024 a 2027, a expectativa é de R$ 5,5 bilhões a R$ 6,5 bilhões anualmente.

No mesmo documento, o grupo siderúrgico também comunicou que espera vender 4,670 milhões de toneladas de aço em 2023. O volume representaria alta de cerca de 4,2% ante o projetado para este ano, segundo fato relevante divulgado ao mercado.

O número estimado para 2023 compara-se aos 4,48 milhões de toneladas agora esperados para este ano. A CSN havia projetado inicialmente vendas de 5,104 milhões de toneladas em 2022, mas executivos da companhia já haviam sinalizado um número menor.

Além disso, a empresa espera um custo caixa entre US$ 19 e US$ 21 por tonelada no próximo exercício, enquanto estima produção e compras de minério de ferro de terceiros de 39 milhões a 41 milhões de toneladas no mesmo período.

Já em energia, segmento em que a CSN vem elevando seu foco com a aquisição da CEEE-G neste ano e até planos para uma oferta inicial de ações (IPO) da CSN Energia no futuro, a estimativa da companhia é de um Ebitda de R$ 23 milhões em 2022.

Por fim, a empresa também comunicou que vai elevar os preços do aço no Brasil em 10% a partir de 1º de janeiro. O aumento servirá para manter a diferença de preços entre o aço importado e o nacional em cerca de 12%.

Vale destacar que os preços do aço no mercado internacional têm subido nas últimas semanas em meio à flexibilização de medidas de isolamento social na China e perspectiva de pacotes de apoio à economia pelo maior produtor e consumidor da liga no mundo. A perspectiva de maior consumo de aço no país asiático também tem puxado para cima os preços de insumos. (Com informações da Reuters)

Mega investimentos de R$ 14 bida CSN preocupa moradores e mineradora projeta triplicar produção

A Câmara Municipal de Congonhas (MG) realiza hoje, a partir das 14:00 horas, audiência pública, no Salão Nobre da Câmara Municipal com o objetivo é discutir os projetos de expansão das mineradoras instaladas no Município e seus impactos sócio-ambientais.

A iniciativa da realização da audiência partiu da Vereadora Patrícia Fernandes Monteiro, que apresentou o Requerimento nº CMC/238/2023 juntamente com o vereador Vanderlei Eustáquio Ferreira, aprovado em reunião ordinária no início de julho deste ano.

Segundo a Vereadora, que compreende a importância da mineração para Congonhas, o pedido se justifica em função de aditado processo de expansão das empresas mineradoras, em particular a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que já tem adiantadas negociações de áreas de terras, principalmente na região da Joana Vieira, pertencente ao Distrito do Alto Maranhão. “A expansão acarretaria também na estrutura do Município, em áreas da Educação, Trânsito, Meio Ambiente e Saúde, devido a migração de novas pessoas em nossa cidade”, frisou Patrícia Monteiro.

A expansão

A CSN Mineração, braço de operações minerárias da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), confirmou que vai investir R$ 13,8 bilhões no complexo de Casa de Pedra, em Congonhas (Campo das Vertentes). O capex foi anunciado ao mercado junto à atualização de outras projeções do grupo durante evento com investidores e prevê a elevação da capacidade de produção da planta entre 2023 e 2027.

GERAL032 / CSN DIVULGAÇÃo

Serão aportados, em média, R$ 2,76 bilhões por ano. O montante total é relativo à fase 1 do projeto de adição de 33 milhões de toneladas à sua capacidade atual de produção de minério de ferro e superior ao apresentado no encontro com acionistas do ano passado. Naquela época foram projetados R$ 12 bilhões para as mesmas intervenções. Procurada, a empresa não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os motivos que levaram ao reajuste do projeto em quase R$ 2 bilhões.

Essa primeira fase compreende os projetos de aumento de qualidade (CMAI 3, Rebritagem e Espirais), Expansão da Planta Central, Recuperação de Rejeitos das Barragens, Expansão do Tecar (Fase 60 Mtpa) e parte dos projetos de Itabirito, com o desenvolvimento da P4 e da P15. A companhia prevê aumentar progressivamente a capacidade da Casa de Pedra, chegando a 39 milhões de toneladas no próximo ano, a 40 mt em 2024, 55 mt em 2026 e 68 mt em 2027.

Já a segunda etapa da expansão, a ser implantada entre 2027 e 2031, vai permitir à CSN Mineração alcançar uma capacidade de 116 milhões de toneladas a partir de 2032. A conclusão dos projetos vai permitir à empresa alcançar a quinta posição no ranking de produção de minério de ferro no mundo e assumir a liderança em teor de ferro com um portfólio de produtos premium.

Siderúrgica prevê aportes de R$ 4,4 bi em 2023

Em fato relevante divulgado por ocasião do evento, a siderúrgica também projetou investimentos consolidados de R$ 4,4 bilhões para 2023. Já para o intervalo de 2024 a 2027, a expectativa é de R$ 5,5 bilhões a R$ 6,5 bilhões anualmente.

No mesmo documento, o grupo siderúrgico também comunicou que espera vender 4,670 milhões de toneladas de aço em 2023. O volume representaria alta de cerca de 4,2% ante o projetado para este ano, segundo fato relevante divulgado ao mercado.

O número estimado para 2023 compara-se aos 4,48 milhões de toneladas agora esperados para este ano. A CSN havia projetado inicialmente vendas de 5,104 milhões de toneladas em 2022, mas executivos da companhia já haviam sinalizado um número menor.

Além disso, a empresa espera um custo caixa entre US$ 19 e US$ 21 por tonelada no próximo exercício, enquanto estima produção e compras de minério de ferro de terceiros de 39 milhões a 41 milhões de toneladas no mesmo período.

Já em energia, segmento em que a CSN vem elevando seu foco com a aquisição da CEEE-G neste ano e até planos para uma oferta inicial de ações (IPO) da CSN Energia no futuro, a estimativa da companhia é de um Ebitda de R$ 23 milhões em 2022.

Por fim, a empresa também comunicou que vai elevar os preços do aço no Brasil em 10% a partir de 1º de janeiro. O aumento servirá para manter a diferença de preços entre o aço importado e o nacional em cerca de 12%.

Vale destacar que os preços do aço no mercado internacional têm subido nas últimas semanas em meio à flexibilização de medidas de isolamento social na China e perspectiva de pacotes de apoio à economia pelo maior produtor e consumidor da liga no mundo. A perspectiva de maior consumo de aço no país asiático também tem puxado para cima os preços de insumos. (Com informações da Reuters)

Vereador cobra audiência para discutir viaduto de R$46 milhões: “eu imploro por mão dupla”, desabafa Renato Pelé; MRS diz que mudança no trânsito depende da prefeitura

Orçado em R$46 milhões, o viaduto da Cachoeira, é alvo de questionamentos em torno de sua logística viária. Projetado para mão única, sentido centro a BR 040, a obra faz parte Plano de Investimentos da MRS para a renovação da concessão da empresa, aprovada em julho de 2022, porém suscita dúvidas na trafegabilidade.

Considerado como a maior obra viária de Conselheiro Lafaiete (MG), com 160 metros de extensão, incluindo desapropriações, o elevado prevê mais segurança com o total fechamento da travessia mas o novo sistema viário ao seu entorno é alvo constantes de questionamentos do Vereador Renato Pelé visando melhorias na trafegabilidade. Diante de sua contundência, o edil ganhou agora o nome de “Vereador do Viaduto”.

Audiência

Na sessão noturna da Câmara de Lafaiete nesta terça-feira (15), Renato cobrou a definição da data de realização de uma audiência pública, já aprovada pelo Legislativo. “Diante de tantas reclamações peço ao cerimonial que marque a data desta reunião. Até vou acatar a sugestão do colega Erivelton e fazer um abaixo assinado eletrônico. Nunca vi uma cidade que para ir ao bairro tem de passar pelo centro. Só mesmo Lafaiete. Estou implorando que este viaduto seja de mão dupla”, protestou na Tribuna. “O que nós sofremos hoje com a obra é engarrafamento, barulho e poeira. Onde está o estudo de impacto que até agora nós cobramos?”, questionou Renato.

Queima de pneu

O Vereador Sandro José (PRTB) cobrou cancelas pelas travessias. “O acidente na Cachoeira foi um alerta. Foi um aviso. Existe sim solução para o viaduto e nós apresentamos sugestões. A gente vai brigar e até, se for preciso, queimar um pneu como forma de protesto na sua inauguração”, insinuou. Na manhã de segunda-feira (17), um carro de funerária tentou atravessar a passagem de nível e atingiu uma composição férrea no Bairro Cachoeira. Duas pessoas ficaram feridas.

Mão dupla depende da Prefeitura”, declaram MRS

Após questionamentos, o Vereador Renato Pelé recebeu uma carta da MRS com diversas informações acerca da logística em torno do novo viaduto. Segundo a correspondência, o elevado terá 8,60 metros de largura. “Quanto ao questionamento, acerca da suportabilidade do fluxo de tráfego em caso de instauração de circulação em mão dupla, denotamos que o estudo de tráfego realizado para o projeto inicialmente foi de mão única, porém, não impeditivos para que utilizando-se de um novo estudo a ser realizado pela Prefeitura Municipal, o trânsito em mão dupla seja instaurado no local”, diz o documento da MRS.

Já quanto ao tráfego de carretas e caminhões no viaduto, ele se relaciona ao dimensionamento municipal de trânsito, sendo responsabilidade do Município. “Em diálogo prévio foi informado de que haverá esta permissão, com a estrutura e traçado sendo preparados para tal”, diz o comunicado.

Vereador cobra audiência para discutir viaduto de R$46 milhões: “eu imploro por mão dupla”, desabafa Renato Pelé; MRS diz que mudança no trânsito depende da prefeitura

Orçado em R$46 milhões, o viaduto da Cachoeira, é alvo de questionamentos em torno de sua logística viária. Projetado para mão única, sentido centro a BR 040, a obra faz parte Plano de Investimentos da MRS para a renovação da concessão da empresa, aprovada em julho de 2022, porém suscita dúvidas na trafegabilidade.

Considerado como a maior obra viária de Conselheiro Lafaiete (MG), com 160 metros de extensão, incluindo desapropriações, o elevado prevê mais segurança com o total fechamento da travessia mas o novo sistema viário ao seu entorno é alvo constantes de questionamentos do Vereador Renato Pelé visando melhorias na trafegabilidade. Diante de sua contundência, o edil ganhou agora o nome de “Vereador do Viaduto”.

Audiência

Na sessão noturna da Câmara de Lafaiete nesta terça-feira (15), Renato cobrou a definição da data de realização de uma audiência pública, já aprovada pelo Legislativo. “Diante de tantas reclamações peço ao cerimonial que marque a data desta reunião. Até vou acatar a sugestão do colega Erivelton e fazer um abaixo assinado eletrônico. Nunca vi uma cidade que para ir ao bairro tem de passar pelo centro. Só mesmo Lafaiete. Estou implorando que este viaduto seja de mão dupla”, protestou na Tribuna. “O que nós sofremos hoje com a obra é engarrafamento, barulho e poeira. Onde está o estudo de impacto que até agora nós cobramos?”, questionou Renato.

Queima de pneu

O Vereador Sandro José (PRTB) cobrou cancelas pelas travessias. “O acidente na Cachoeira foi um alerta. Foi um aviso. Existe sim solução para o viaduto e nós apresentamos sugestões. A gente vai brigar e até, se for preciso, queimar um pneu como forma de protesto na sua inauguração”, insinuou. Na manhã de segunda-feira (17), um carro de funerária tentou atravessar a passagem de nível e atingiu uma composição férrea no Bairro Cachoeira. Duas pessoas ficaram feridas.

Mão dupla depende da Prefeitura”, declaram MRS

Após questionamentos, o Vereador Renato Pelé recebeu uma carta da MRS com diversas informações acerca da logística em torno do novo viaduto. Segundo a correspondência, o elevado terá 8,60 metros de largura. “Quanto ao questionamento, acerca da suportabilidade do fluxo de tráfego em caso de instauração de circulação em mão dupla, denotamos que o estudo de tráfego realizado para o projeto inicialmente foi de mão única, porém, não impeditivos para que utilizando-se de um novo estudo a ser realizado pela Prefeitura Municipal, o trânsito em mão dupla seja instaurado no local”, diz o documento da MRS.

Já quanto ao tráfego de carretas e caminhões no viaduto, ele se relaciona ao dimensionamento municipal de trânsito, sendo responsabilidade do Município. “Em diálogo prévio foi informado de que haverá esta permissão, com a estrutura e traçado sendo preparados para tal”, diz o comunicado.

Morte de eletricista no início do mês foi lembrada e precarização das condições de trabalho na Cemig é criticada em audiência

Precarização geral das condições de trabalho, negligência no treinamento de trabalhadores, terceirização de operações sem critérios, aumento dos acidentes com subnotificação dos casos, redução de bases de operação, de postos e na qualidade geral do atendimento à população, intransigência nas negociações com as entidades sindicais e, acima disso tudo, uma suposta estratégia de sucateamento pela atual gestão visando viabilizar politicamente a privatização.

Esses foram alguns dos supostos problemas atribuídos à atual direção da Companhia Energética de Minas Gerais S.A. (Cemig) denunciados por sindicalistas que participaram da audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (13/7/23), pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

A maioria dos temas discutidos na audiência, inclusive, foram abordados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Cemig) conduzida na última legislatura e cujas conclusões foram lembradas pelos deputados.

A audiência pública atendeu a requerimento do presidente da Comissão do Trabalho, deputado Betão (PT), que coordenou os debates, atendendo a uma solicitação do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro/MG). Além da audiência na ALMG, o Sindieletro também promoveu paralisação e ato público dos funcionários da Cemig em defesa da empresa e de seus trabalhadores nesta quinta (13).

Relator da CPI da Cemig, Professor Cleiton (PV) criticou a ausência do Ministério Público na audiência e cobrou do órgão as medidas recomendadas no relatório final da investigação. “Por tudo que apuramos, a morte do Gabriel era uma tragédia anunciada”, disse.

Na mesma linha, Beatriz Cerqueira (PT) também lembrou as supostas irregularidades investigadas pela CPI. “Como eles ainda não conseguiram avançar na privatização começaram a operar interesses econômicos por meio da Cemig”, afirmou.

Segundo ela, a atual direção da Cemig tenta culpar os sindicatos pela própria intransigência, sugerindo a intervenção da ALMG para a retomada e mediação do diálogo entre empresa e trabalhadores por melhores condições de trabalho e remuneração mais justa.

Morte de eletricista no início do mês foi lembrada

A lista de problemas na Cemig lembrados ao longo da audiência, na avaliação de Betão e dos dirigentes do Sindieletro, podem inclusive ter contribuído para a morte do eletricista Gabriel Luciano da Silva Barbosa, de 27 anos, no último dia 4 de julho, eletrocutado quando trabalhava na Usina Hidrelétrica de Pai Joaquim, em Santa Juliana (Triângulo).

A pedido do parlamentar, os participantes da audiência fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao trabalhador morto.

O coordenador geral do Sindieletro, Emerson Andrada Leite, é funcionário da Cemig e lembrou que já desempenhou a mesma função de Gabriel. “Na década de 1990, quando entrei na Cemig, eram necessários três anos e meio de treinamento para que o trabalhador fosse considerado apto a trabalhar em postes energizados, mas ele tinha apenas dez meses de experiência”, criticou.

“E virou rotina na empresa disfarçar ou mesmo ocultar acidentes de trabalho”, criticou o sindicalista, ao explicar que a ocorrência deles pode inclusive elevar os valores que a empresa é obrigada a repassar à Previdência Social, daí as supostas tentativas de ocultamento.

Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social - debate sobre as condições de trabalho na Cemig
Os participantes da audiência fizeram um minuto de silêncio em lembrança à morte do eletricista Gabriel Barbosa/Foto: Willian Dias

O presidente da Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho, outro eletricista da Cemig, também relacionou o aumento nos acidentes de trabalho a partir do final da década de 1990 com o aumento da terceirização e das tentativas de privatização total da empresa, que atualmente é de economia mista, parte controlada pelo Estado e parte pela iniciativa privada. 

“Eu entrei na Cemig em 1988 e até 1997 só tínhamos acidentes leves. Nos anos 2000 chegamos a ter um acidente fatal a cada 45 dias, fruto da mudança na ideologia de trabalho que coloca a segurança em segundo plano. E o governo Zema voltou com isso de forma ainda mais agressiva”, destacou.

Jairo Nogueira apontou como exemplo o suposto sucateamento do centro de treinamento da empresa, a UniverCemig, mais conhecida como Escolinha da Cemig, em Sete Lagoas (Central).

“Temos relatos também de acidentes de trânsito e até de suicídios. A ocorrência de muitos acidentes leves contribuem para acidentes graves e estes para os fatais. Isso é científico. Por isso precisamos de uma investigação profunda da morte do Gabriel para, no final das contas, não se concluir que a culpa foi só dele. Temos que entender tudo o que levou a isso”.

Polícia Civil e Ministério do Trabalho investigam o caso

Além de um inquérito na Polícia Civil, o acidente também está sob apuração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Minas Gerais, conforme apontou o chefe da Seção de Saúde e Segurança, Marcos Henrique da Silva Junior. Segundo ele, as conclusões serão remetidas ao Sindieletro e aos familiares do eletricista para embasar futuras medidas judiciais.

“A Cemig tem a obrigação de seguir os procedimentos de segurança. Por mais que coloquemos auditores para verificar isso, é impossível cobrir tudo pois a empresa presta serviços no estado inteiro”, apontou ele, que relacionou o aumento da terceirização com a maior ocorrência de acidentes.

Entre outras demandas, os sindicalistas presentes também cobraram da atual direção da Cemig a retomada das negociações sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que já não foi paga aos trabalhadores no ano passado, e a reversão das mudanças no Cemig Saúde, já que o novo plano não contemplaria benefícios após a aposentadoria.

A atual direção da Cemig foi representada na reunião por um diretor, dois superintendentes e um gerente, que se revezaram para responder todos os questionamentos.

Segundo o superintendente de Gestão de Pessoas, Bruno Viana Santana, o passivo tributário de R$ 1,6 bilhão do PLR e os R$ 6,2 bilhões das chamadas obrigações pós-emprego têm comprometido a saúde financeira da empresa e motivaram as mudanças. Mas a empresa, segundo ele, sempre se mostrou aberta ao diálogo e à negociação, o que foi reforçado pelo diretor de Relações Institucionais da Cemig, João Paulo Menna.

Ainda segundo Bruno Viana, a empresa está consciente das medidas em prol da segurança no trabalho e da importância dos treinamentos, tanto que nos últimos 12 meses contratou 300 novos eletricistas, segundo ele profissionais de mercado plenamente treinados que já prestaram serviço à Cemig por meio de empreiteiras.

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