Entrevista: “não há dinheiro para compensar a destruição em Mariana”, diz advogado que tenta condenar BHP na Inglaterra

CEO do escritório de advocacia falou sobre a ação – já com data marcada – que pede R$ 230 bilhões para afetados pela tragédia em Mariana, entre eles indígenas e quilombolas.

NO INÍCIO DESTE MÊS, uma comitiva com quilombolas e indígenas das etnias Krenak, Pataxó, Tupiniquim e Guarani desembarcaram na Austrália. Eles viajaram acompanhados dos advogados da Pogust Goodhead, escritório sediado na Inglaterra e especializado em litígios coletivos relacionados a causas sociais e ambientais. Lá, se reuniram com políticos e acionistas da mineradora anglo-australiana BHP para contar como estão suas vidas quase oito anos após o desastre em Mariana, em Minas Gerais – a destruição aconteceu no dia 5 de novembro de 2015 com o rompimento da barragem do Fundão, controlada pela empresa Samarco, com capital repartido entre a Vale e a anglo-australiana BHP.

Durante o encontro, os indígenas e quilombolas se lembraram do desastre que varreu do mapa o distrito de Bento Rodrigues, na cidade mineira, e destruiu a bacia do rio Doce, com 62 milhões de metros cúbicos de lama despejados dentro do rio, matando o ecossistema e espalhando um rastro de destruição até o litoral do Espírito Santo. Dezenove pessoas morreram – 18 confirmadas e uma vítima que nunca foi encontrada.

Os indígenas e quilombolas contaram também os danos que ainda persistem e as estratégias jurídicas das empresas para não indenizar as vítimas.

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“Eles [acionistas da BHP] não sabiam que as pessoas, depois de oito anos, ainda não podiam pescar, por exemplo. É que também a BHP mente para eles. A BHP diz ‘nós temos a Fundação Renova, tudo está ótimo’ blá blá blá e todas aquelas merdas”, esbravejou Thomas Goodhead, sócio-administrador e CEO global do escritório que representa os indígenas e quilombolas.

Com o objetivo de reparar as vítimas, as mineradoras criaram a Fundação Renova, em 2016. Uma das ações da entidade foi reconstruir Bento Rodrigues. Mas, no ano passado, durante coletiva de imprensa para anunciar a entrega de algumas casas, os atingidos protestaram, dizendo que não cabia nem sequer uma cama de casal nos imóveis. “A Fundação Renova falhou completamente, não pagaram nenhuma indenização justa”, relatou Goodhead.

Até hoje, as empresas e os executivos não foram condenados pelo maior crime ambiental do Brasil. O processo criminal segue emperrado na justiça, ainda em fase de coleta de depoimentos. 

Essa  morosidade motivou o escritório Pogust Goodhead a entrar na briga, em 2018, contra a BHP em seu país de origem: a Inglaterra. Juntaram mais de 200 mil pessoas atingidas pelo desastre e abriram um processo cobrando indenizações justas. A mineradora alegou que não fazia sentido responder pelo processo na corte inglesa, uma vez que já tinha sido acionada judicialmente no Brasil. E, em 2020, um juiz inglês concordou com a BHP e extinguiu o processo. O escritório recorreu e, mais uma vez, perdeu a batalha. 

A insistência foi premiada em 2022 . A justiça inglesa acatou o pedido de Goodhead e reabriu o caso. “Foi o dia mais feliz da minha vida. Eu gritei no táxi, depois saltei e fiquei dançando na rua”, relembrou. 

O processo coletivo cobra um valor de R$ 230 bilhões da BHP em indenizações, envolvendo 720 mil pessoas, 2,5 mil empresas, 46 municípios, 10 mil membros quilombolas e indígenas. A maioria desse dinheiro,66%, será repassado aos atingidos. Os municípios devem ficar com 23% do valor e as empresas com 10%. O julgamento já tem até data: está marcado para o dia 7 de outubro de 2024.

Quando foi divulgada a decisão da justiça de Inglaterra de que a Vale deveria arcar com os eventuais custos de metade do processo, a BHP afirmou que “continua trabalhando em estreita colaboração com a Samarco e a Vale para apoiar os programas de reparação e compensação implementados pela Fundação Renova sob a supervisão dos tribunais brasileiros.”

Em entrevista em inglês ao Intercept, Goodhead contou detalhes sobre as disputas judiciais, os cálculos indenizatórios e a viagem à Austrália em busca de justiça pelas vítimas do desastre. 

Leia abaixo a entrevista com o advogado.

Thomas Goodhead, CEO do escritório de advocacia na Inglaterra, acompanhou indígenas e quilombolas de Mariana durante visita à Austrália. Foto: Francisco Proner
Thomas Goodhead, CEO do escritório de advocacia na Inglaterra, acompanhou indígenas e quilombolas de Mariana durante visita à Austrália. Foto: Francisco Proner

Intercept Brasil: Como você foi parar no caso de Mariana?

Thomas Goodhead: Comecei no caso em setembro de 2017. Vim para o Brasil com um advogado daqui, que representou cerca de 6 mil pescadores que não estavam recebendo indenizações da Fundação Renova, montada pela BHP, Vale e Samarco para supostamente providenciar as compensações depois do desastre. E esse advogado tinha experiências em vários casos mundo afora contra companhias multinacionais muito grandes. Ele entrou em contato comigo e trouxe este caso. Começamos em 2018 e estamos nesta batalha há cinco anos.

Eu estava sozinho e com um grupo de advogados brasileiros que moravam em Londres. Eram uns advogados bem jovens que estudavam lá. Voamos para Belo Horizonte em julho de 2018. E eles conheciam outros advogados no Brasil e nós apenas saímos conversando com as pessoas. Fomos para Mariana, para Governador Valadares, Barra Longa e outras comunidades que foram impactadas. Falamos com prefeitos, com líderes da comunidade, falamos com pessoas em igrejas, lanchonetes. Em qualquer lugar, a gente saiu falando com as pessoas sobre isso. Eu não tinha ideia de quão grande era o caso, pensava que talvez fossem 2 mil pessoas impactadas, ou algo assim. Não tinha a menor ideia de que seriam 200 mil pessoas [que depois se tornariam 700 mil]. Mas então descobri que a Fundação Renova tinha falhado completamente, não iriam pagar nenhuma indenização justa. Tudo isso aconteceu em três ou quatro meses, num período muito, muito rápido.

Não foi fácil. Não há um cálculo matemático que permita a você contabilizar a perda do rio Doce, do prazer que alguém tinha no rio. É o que nós chamamos de dano moral. Mas o que fizemos foi distribuir questionários para mais de 600 mil clientes, com mais de 700 perguntas, sobre o que mudou com as perdas que sofreram, os danos psicológicos. Alguma coisa mudou na rotina deles desde então? Basicamente, quais eram seus empregos, o que faziam pela família, etc. A mesma coisa com negócios e municípios que representamos, pegamos todos esses dados e entregamos ao nosso time de cientistas de  dados, que somam mais de 20 profissionais. Juntos a analistas financeiros e com uma empresa americana de contabilidade forense, eles produziram uma enorme análise para nós. Foi daí que chegamos ao número. Devemos receber a análise completa no meio de outubro. Eles calcularam os valores de coisas como os cuidados, danos morais, quase como uma indenização punitiva pelos danos. Depois, nós desenvolvemos pesquisas de jurisprudência com a Universidade de São Paulo e com o Instituto Getúlio Vargas.

Como esse dinheiro será dividido individualmente para cada vítima?

Nós temos um comitê de clientes, cerca de 30 pessoas, que são as vozes dos nossos clientes na ação. Uma dessas pessoas é Marcelo Krenak, que representa a comunidade indígena. E se houver negociações com a BHP, Vale e Samarco, esse comitê tomaria as decisões sobre como os valores recuperados na ação podem ser divididos entre os reclamantes. Isso se houver um acordo, se for para a corte, depois da decisão do judiciário, eles avaliarão os valores individualmente.

Na câmara dos deputados, vocês apresentaram um valor médio de R$ 121 mil por vítima, certo? 

Isso. O valor médio para os povos indígenas é maior, não consigo precisar quanto. Mas há valores, no geral, acima da média, porque são individualizados.

Indígenas e quilombolas afetados pelo desastre em Mariana foram até a sede da BHP na Austrália. Foto: Francisco Proner

Parece um valor médio pequeno, se dividirmos pelos oito anos desde o desastre, dá cerca de R$ 15 mil por ano…

Não é isso o que as empresas dizem. Para eles é uma “quantia escandalosamente alta de dinheiro”, o que é ridículo e terrível, e, para ser honesto, eu concordo com você. A verdade é que não há uma quantia exata de dinheiro que irá genuinamente compensar a comunidade indígena Krenak pela destruição do seu modo de vida. Eu, pessoalmente, acho que a BHP e Vale deveriam estar pagando dezenas de bilhões de dólares de multas para o estado brasiliero, para o governo do Espírito Santo, de Minas Gerais. Mas eles não estão! Eles mal pagaram um centavo em multa. Por isso digo que é criminoso. É criminoso o que aconteceu e é criminoso como, na verdade, eles não foram responsabilizados por isso. Não houve condenações quanto aos procedimentos criminais que foram trazidos contra os diretores responsáveis. Eles sabiam do risco de rompimento da barragem. É como se ninguém nunca fosse para a cadeia por isso, o que é horrendo. Então, eu não discordo de você, mas é o melhor que pudemos fazer usando a jurisprudência, usando a análise de números. 

Entrevista: 'Não há dinheiro para compensar tragédia de Mariana'

Lembro de ter visto alguns estudos em 2015 sobre os cálculos da Samarco em relação a custos com investimentos em segurança e com possíveis indenizações, caso o desastre acontecesse. E financeiramente valia a pena correr o risco. Você acredita que uma vitória jurídica na Inglaterra pode servir como lição para eles?

Nosso processo está em um estágio em que a BHP está sendo obrigada a entregar todos os documentos internos da empresa para nós. Eu não posso discutir exatamente o que eu vi por causa dos termos de confidencialidade do processo legal. Eu vi com meus próprios olhos o que a Vale fez em Brumadinho. Eles calcularam o custo de uma vida. E a indenização que eles pagaram, de R$ 500 mil aos familiares das vítimas, não é nada. Equivale talvez a cerca de 10% do que eles realmente calculam como o valor de uma vida. É criminoso. Então se eu penso que as mineradoras ainda farão esse tipo de coisa no futuro? Sim, eu não acho que eles irão mudar. Eles nunca colocam a segurança acima dos lucros. A Samarco fez isso deliberadamente. Eles sabiam dos riscos e seguiram aumentando a altura daquela porcaria, mesmo com riscos de liquefação. O problema é que a Vale e a BHP chegam a lucros tão altos que, em última análise, apenas não se importam. Mas eu acho importante nós tentarmos extrair a maior punição financeira possível deles, porque é uma maneira de fazê-los pensar, também precisamos conversar com seus acionistas. Foi isso que fomos fazer na Austrália. Os acionistas se preocupam de verdade com os riscos reputacionais. Então acho que há riscos de que isso se repita, mas também acho que casos como esses são capazes de ajudar a combater essas repetições. O mais preocupante que ouvi [audiência pública na Câmara dos deputados, em Brasília] é que o acordo que o governo deve fazer com Vale, Samarco e BHP é fraco. E isso faz com que as mineradoras se livrem dos problemas. Foi o que eles fizeram em Brumadinho e por isso as vítimas estão bravas. Eles pegaram o dinheiro para construir estradas, deram dinheiro a municípios em Minas Gerais que ficavam a quilômetros de Brumadinho, foi uma manobra política. E acho que há um perigo de que isso se repita. 

‘Se acontecer um acordo, as indenizações podem chegar às vítimas nos próximos seis meses. Se seguirmos com o julgamento, deve levar mais uns três anos’.

Qual era o objetivo da viagem com os indígenas e quilombolas na Austrália?

Foi uma viagem extraordinária e os membros das comunidades indígenas e quilombolas puderam se encontrar com senadores australianos, deputados, ministros e com vários acionistas da BHP. Fomos até para explicar diretamente a eles, por meio de nossos clientes, como as atividades da BHP destruíram suas vidas.Nós sempre fazemos a mesma pergunta: se isso tivesse acontecido na Austrália, ainda teríamos oito anos sem justiça e sem resolução? E estamos buscando construir um contraste entre o que a BHP afirma em seu site, e sobre as doações de dinheiro que fazem para grupos australianos que apoiam os direitos das comunidades aborígenes por lá. Estamos dizendo: “olhe que hipocrisia, fingem se importar com os direitos das comunidades indígenas na Austrália, mas há 10 mil indígenas brasileiros brigando na justiça inglesa porque eles [a BHP] destruíram suas vidas.” E mais: eles se recusam a ouvi-los, encontrá-los, apenas seguem com suas atividades. Então o ponto dessa viagem foi esse. Quando levamos essas pessoas para Londres pela primeira vez foi com o mesmo objetivo: trazer a realidade do impacto da mineração aos acionistas. 

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E vocês cobraram alguma forma de punição ou pressão contra a BHP?

Pedimos a eles para pressionar a BHP a fazer um acordo justo. Porque até o momento eles estão contratando advogados caros para tentar se eximir da responsabilidade. Então, basicamente pedimos para dizerem à empresa “façam a coisa certa”, pressionem a empresa. Nada pode mudar o fato de que 19 pessoas morreram e que o meio ambiente foi destruído, certo? Isso já aconteceu. Mas o que eles poderiam fazer é garantir indenizações justas e comprometimento em mudar seus comportamentos no futuro. É essa a pressão que pedimos aos acionistas e políticos para fazerem na empresa, no CEO. 

Indígenas e quilombolas afetados pelo desastre em Mariana foram até a sede da BHP na Austrália. Foto: Francisco Proner

Então eles sabiam sobre o que ocorreu em Mariana?

Sim, eles sabiam, mas não entendiam tudo. Se lembram do desastre, mas não sabiam que as pessoas, depois de oito anos, ainda não podiam pescar, por exemplo. É que também a BHP mente para eles, certo? A BHP diz “nós temos a Fundação Renova, tudo está ótimo” bláblá e todas aquelas merdas. Colocaram um monte de coisas na mídia australiana – e a BHP é muito boa em fazer isso –, gastam centenas de milhões para jogar o mesmo lixo. Eu vi o site deles, as redes sociais, e era importante levar a realidade às pessoas na Austrália, não as mentiras.

Na audiência pública da Câmara dos Deputados, você também disse que eles mentiram à justiça inglesa.

Eu não usaria a palavra mentira no que eles disseram à corte inglesa. Eles distorceram a verdade. Eles não deram informações relevantes. Eu vou usar a palavra inglesa, a palavra saxônica: bullshit (em tradução: baboseira, besteira). Eles só falaram besteiras.

Como vocês conseguiram provar na justiça inglesa que eles distorceram a verdade?

O problema foi o primeiro juiz, ele não apreciou apropriadamente a matéria. Demos a ele inúmeras evidências dos prefeitos, dos membros das comunidades indígenas, de todas as vítimas. E o que a BHP disse não era verdade e tampouco era a realidade. E o juiz da primeira instância não cumpriu seu trabalho apropriadamente, não considerou as evidências, apenas acreditou em tudo que a companhia disse e fez um péssimo julgamento. Foi realmente um terrível investimento. Nós apelamos e, mais uma vez, o juiz nem ao menos leu os papéis apropriadamente. Parece um filme. O problema é que muitos juízes de elite não têm noção da realidade que as vítimas sofreram, da realidade do desastre. Então, nós usamos um procedimento legal, o que chamamos de erros da justiça [miscarriage, em inglês]. Basicamente tivemos de mostrar que eles estavam completamente errados, como quando alguém é condenado e preso injustamente. E tivemos muita sorte, porque pegamos três dos melhores juízes da Inglaterra. E em julho de 2022, eu tive o dia mais feliz da minha vida. Foi extraordinário ter a ação aceita. Eu estava no banco de trás de um táxi quando recebi o e-mail. Comecei a gritar e o taxista perguntou o que estava errado. Eu pulei do táxi e comecei a dançar na rua. Foi, de longe, o melhor dia da minha vida. 

E acredita que o próximo melhor dia deve ser com a vitória definitiva na corte?

Sim! Quer dizer, é difícil saber o futuro. Se acontecer um acordo, e queremos que seja um bom acordo para as vítimas, será quase como um sabor agridoce. Porque uma grande parte de mim quer ver a BHP condenada na corte. Ir ao julgamento dizer que eles se arriscaram deliberadamente e mataram pessoas, que a responsabilidade era deles. É uma dessas coisas de ser um advogado, você precisa balancear os interesses de seus clientes. E, em última análise, o acordo é melhor do que um litígio e julgamento. Mas uma grande parte de mim quer o julgamento, quer responsabilizar a BHP. E se eles não oferecerem um bom acordo para nossos clientes, é isso que nós vamos fazer.

Há riscos de sofrer um novo adiamento? Quando as vítimas devem receber as indenizações?

Não, não. A juíza foi muito clara ao dizer que quer que aconteça no próximo ano. A indenização depende do desenrolar da história. Se acontecer um acordo, as indenizações podem chegar às vítimas nos próximos seis meses. Se seguirmos com o julgamento, deve levar mais uns três anos. 

‘O colapso da barragem foi um crime. Acho que se descreve como assassinato, destruição do ecossistema ao longo da bacia do Rio Doce’.

Acredita que o resultado da ação na Inglaterra pode pressionar a justiça brasileira?

Definitivamente e acho que é uma boa pressão. A história de Mariana é terrível, não há nada de bom para dizer sobre o que aconteceu na sequência da tragédia. Mas houve algumas melhoras desde então. A governança do Renova, algumas das disposições relacionadas às indenizações melhoraram desde 2016. A forma como o acordo em Brumadinho foi colocado, apesar de muitas coisas ruins terem acontecido, algo foi feito. Algo aconteceu. Há processos criminais contra os diretores. De novo, houve atrasos, mas foram mais rápidos do que em Mariana. Eu espero que o caso na Inglaterra provoque mudanças positivas no Brasil. Acho que importante ressaltar o que falei na Câmara sobre os crimes. O colapso da barragem foi um crime. Acho que se descreve como assassinato, destruição do ecossistema ao longo da bacia do Rio Doce. Mas e o que aconteceu depois? Há inúmeros diferentes tipos de corrupção no Renova e pelas empresas que pagam seus impostos à fundação, usando-o, basicamente, como um esquema para limitar suas responsabilidades fiscais, a falta de auditoria e sensibilidade, a maneira como o dinheiro foi usado. Houve fraudes entre advogados individuais em relação às vítimas em termos de indenizações. Não apenas o crime do rompimento da barragem, mas depois apenas a continuação da violação de direitos das vítimas oito anos após o acontecido. Isso precisa acabar.

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FONTE INTERCEPT

Barragem da Vale deixa situação de emergência em Minas Gerais

Classificação ocorreu após declaração de condição de estabilidade da estrutura, localizada na mina Brucutu

A barragem PEDE3, na mina Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na região Central de Minas Gerais, teve a situação de emergência encerrada nessa terça-feira (5 de agosto), divulgou a mineradora Vale, responsável pela estrutura. A medida ocorreu após a declaração de condição de estabilidade (DCE). 

Segundo a Vale, em 2023, três estruturas da empresa tiveram o nível de emergência encerrado e obtiveram as DCEs positivas; 20 ainda mantêm algum nível de emergência. “Todas as que recebiam rejeitos estão inativas e 11 estão em processo de descaracterização”, disse a mineradora. 

Segundo a Vale, as barragens “são monitoradas permanentemente e recebem ações contínuas para aprimorar a segurança”.

Estabilidade da barragem PDE3 

Segundo a Vale, para obtenção da declaração de estabilidade, a barragem passou por obras de reforço. A estrutura contém em torno de 70 mil m³ de sedimentos e foi construída pelo método de etapa única.

“As ações foram devidamente comunicadas aos órgãos competentes, conforme as diretrizes estabelecidas no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) das estruturas e na legislação vigente, incluindo a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), Defesa Civil Estadual e Municipal e a auditoria técnica que acompanha os trabalhos na estrutura”, informou a Vale. 

FONTE O TEMPO

Barragem da Vale deixa situação de emergência em Minas Gerais

Classificação ocorreu após declaração de condição de estabilidade da estrutura, localizada na mina Brucutu

A barragem PEDE3, na mina Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na região Central de Minas Gerais, teve a situação de emergência encerrada nessa terça-feira (5 de agosto), divulgou a mineradora Vale, responsável pela estrutura. A medida ocorreu após a declaração de condição de estabilidade (DCE). 

Segundo a Vale, em 2023, três estruturas da empresa tiveram o nível de emergência encerrado e obtiveram as DCEs positivas; 20 ainda mantêm algum nível de emergência. “Todas as que recebiam rejeitos estão inativas e 11 estão em processo de descaracterização”, disse a mineradora. 

Segundo a Vale, as barragens “são monitoradas permanentemente e recebem ações contínuas para aprimorar a segurança”.

Estabilidade da barragem PDE3 

Segundo a Vale, para obtenção da declaração de estabilidade, a barragem passou por obras de reforço. A estrutura contém em torno de 70 mil m³ de sedimentos e foi construída pelo método de etapa única.

“As ações foram devidamente comunicadas aos órgãos competentes, conforme as diretrizes estabelecidas no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) das estruturas e na legislação vigente, incluindo a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), Defesa Civil Estadual e Municipal e a auditoria técnica que acompanha os trabalhos na estrutura”, informou a Vale. 

FONTE O TEMPO

Brumadinho ganha mais 272 árvores em homenagem às vítimas do rompimento da barragem da Vale em 2019

Plantio foi feito em área verde próxima ao Cemitério Parque das Rosas, onde várias vítimas foram sepultadas

Brumadinho, 26 de agosto de 2023 – Na manhã deste sábado (26/08), o plantio de 272 mudas de árvores homenageou as vidas ceifadas pela tragédia-crime da mineradora Vale, ocorrida em 25 de janeiro de 2019. A ação aconteceu na área verde do bairro Salgado Filho (rua Érico Veríssimo, s/nº, em Brumadinho-MG), próxima ao Cemitério Parque das Rosas, onde várias vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão foram sepultadas.

A atividade foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Brumadinho, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, do Projeto Mil Pelo Planeta e a NotCo, sendo convidada para a homenagem a AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho).


Familiares participaram do plantio

Com 1 hectare na região urbana da cidade, o terreno foi preparado pela Brigada Carcará, que já promove ali uma ação de reflorestamento. Ao todo, foram utilizadas pelo Projeto Mil Pelo Planeta, que é do Mato Grosso do Sul, 15 espécies diferentes nativas da Mata Atlântica, entre elas, ipês, goiabeiras e pitangueiras.

Com sede em Campo Grande, o Projeto Mil Pelo Planeta saiu do seu estado natal pela primeira vez para plantar em outras partes do Brasil. A organização já espalhou mais de 28 mil árvores no Mato Grosso do Sul, Argentina e Bolívia. Além de homenagear as 272 vidas ceifadas, tratadas como Joias pelos familiares, o ato simbólico também foi uma homenagem às famílias das vítimas e busca garantir mais qualidade de ar e de vida aos moradores.

Amor e respeito
Queremos levar um pouquinho de amor para as pessoas que ainda sentem dor. Plantar árvore é um símbolo de respeito pelo Planeta. É na união que a gente se fortalece e consegue plantar cada vez mais”, disse o coordenador do Mil Pelo Planeta, Neo Ávila.

Em Brumadinho, é a segunda vez que a memória das vítimas da tragédia é homenageada com o plantio de árvores. Em outubro do ano passado, a AVABRUM e o Instituto Camila e Luiz Taliberti também se juntaram para o plantio das 272 mudas, no mesmo local onde foi atividade desde sábado. Na ocasião, os participantes também usaram mudas da Mata Atlântica, com de aroeira, pau-brasil, ipê amarelo, ipê roxo, paina e cedro.


Alexandra Andrade é da diretoria da AVABRUM

Cooperação e cidadania
“Esse plantio estimula a desenvolver atividades que afloraram o senso de cooperação e cidadania. Uma oportunidade de ter uma experiência construtiva para melhorar o mundo através da natureza. E é emocionante e gratificante saber que, mesmo após quatro anos e sete meses, os nossos entes queridos continuam recebendo homenagens, continuam sendo lembrados porque eles são muito amados”, disse Alexandra Andrade, da diretoria da AVABRUM.
 

Brumadinho ganha mais 272 árvores em homenagem às vítimas do rompimento da barragem da Vale em 2019

Plantio foi feito em área verde próxima ao Cemitério Parque das Rosas, onde várias vítimas foram sepultadas

Brumadinho, 26 de agosto de 2023 – Na manhã deste sábado (26/08), o plantio de 272 mudas de árvores homenageou as vidas ceifadas pela tragédia-crime da mineradora Vale, ocorrida em 25 de janeiro de 2019. A ação aconteceu na área verde do bairro Salgado Filho (rua Érico Veríssimo, s/nº, em Brumadinho-MG), próxima ao Cemitério Parque das Rosas, onde várias vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão foram sepultadas.

A atividade foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Brumadinho, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, do Projeto Mil Pelo Planeta e a NotCo, sendo convidada para a homenagem a AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho).


Familiares participaram do plantio

Com 1 hectare na região urbana da cidade, o terreno foi preparado pela Brigada Carcará, que já promove ali uma ação de reflorestamento. Ao todo, foram utilizadas pelo Projeto Mil Pelo Planeta, que é do Mato Grosso do Sul, 15 espécies diferentes nativas da Mata Atlântica, entre elas, ipês, goiabeiras e pitangueiras.

Com sede em Campo Grande, o Projeto Mil Pelo Planeta saiu do seu estado natal pela primeira vez para plantar em outras partes do Brasil. A organização já espalhou mais de 28 mil árvores no Mato Grosso do Sul, Argentina e Bolívia. Além de homenagear as 272 vidas ceifadas, tratadas como Joias pelos familiares, o ato simbólico também foi uma homenagem às famílias das vítimas e busca garantir mais qualidade de ar e de vida aos moradores.

Amor e respeito
Queremos levar um pouquinho de amor para as pessoas que ainda sentem dor. Plantar árvore é um símbolo de respeito pelo Planeta. É na união que a gente se fortalece e consegue plantar cada vez mais”, disse o coordenador do Mil Pelo Planeta, Neo Ávila.

Em Brumadinho, é a segunda vez que a memória das vítimas da tragédia é homenageada com o plantio de árvores. Em outubro do ano passado, a AVABRUM e o Instituto Camila e Luiz Taliberti também se juntaram para o plantio das 272 mudas, no mesmo local onde foi atividade desde sábado. Na ocasião, os participantes também usaram mudas da Mata Atlântica, com de aroeira, pau-brasil, ipê amarelo, ipê roxo, paina e cedro.


Alexandra Andrade é da diretoria da AVABRUM

Cooperação e cidadania
“Esse plantio estimula a desenvolver atividades que afloraram o senso de cooperação e cidadania. Uma oportunidade de ter uma experiência construtiva para melhorar o mundo através da natureza. E é emocionante e gratificante saber que, mesmo após quatro anos e sete meses, os nossos entes queridos continuam recebendo homenagens, continuam sendo lembrados porque eles são muito amados”, disse Alexandra Andrade, da diretoria da AVABRUM.
 

Vale pode se tornar ré em ação no Reino Unido por Mariana

A tragédia ocorreu em novembro de 2015, quando uma barragem da mineradora Samarco localizada em Mariana (MG) se rompeu

A mineradora Vale poderá se tornar ré no Reino Unido em processo que julga as responsabilidades pela tragédia ocorrida em Mariana (MG). A mineradora anglo-australiana BHP Billiton já é alvo desse processo. A questão foi discutida durante dois dias em uma audiência em Londres e encerrada nesta quinta-feira (13). Ainda não há data para que uma decisão seja tomada.

A tragédia ocorreu em novembro de 2015, quando uma barragem da mineradora Samarco localizada em Mariana se rompeu. No episódio, a avalanche de rejeitos escoou pela bacia do Rio Doce, impactando dezenas de municípios mineiros e capixabas. Dezenove pessoas morreram.

A Vale é uma das duas acionistas da Samarco. A outra é a BHP Billiton, que tem sede em Londres e responde ao processo que tramita desde 2018 na Justiça do Reino Unido. Ele foi movido por milhares de atingidos representados pelo escritório Pogust Goodhead. Também integram o processo municípios, empresas e instituições religiosas que alegam ter sido impactados na tragédia.

A inclusão da Vale no processo foi pedida pela BHP Billiton. A mineradora anglo-australiana alega que, em caso de condenação na Justiça do Reino Unido, a Vale também precisa ser responsabilizada no país para arcar com, no mínimo, 50% das indenizações.

O pedido da BHP Billiton foi apresentado após a Justiça do Reino Unido negar pedidos para que o processo fosse arquivado. A mineradora alegou anteriormente haver uma duplicação de julgamentos e defendeu que a reparação dos danos deveria se dar unicamente sob a supervisão dos tribunais brasileiros. De outro lado, a defesa dos atingidos sustenta que o Brasil não tem sido capaz de assegurar uma justa reparação. Em março, 500 mil novos autores aderiram ao processo. Dessa forma, agora são mais de 700 mil pessoas e entidades representadas pelo escritório Pogust Goodhead.

No Brasil, todas as ações reparatórias são administradas pela Fundação Renova, entidade criada em 2016 conforme acordo firmado entre as três mineradoras, a União e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo. Cabe a ela a gestão de mais de 40 programas. Mas, passados quase oito anos, sua atuação é alvo de diversos questionamentos judiciais por parte dos atingidos e do poder público. Há discussões envolvendo desde a demora para conclusão das obras de reconstrução dos distritos arrasados na tragédia até os valores indenizatórios.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) chegou a pedir a extinção da Fundação Renova por considerar que ela não possui a devida autonomia frente às três mineradoras. Uma tentativa de repactuação do processo reparatório, capaz de apontar para uma solução para mais de 85 mil processos sobre a tragédia, está em andamento desde o ano passado.

Alinhamento

Na audiência realizada nos últimos dois dias, a Vale defendeu que a Justiça do Reino Unido não tem jurisdição para avaliar o caso, se alinhando ao posicionamento já apresentado pela BHP Billiton. Em nota, a mineradora também sustentou que mais de R$ 30,05 bilhões dos recursos destinados à Fundação Renova foram designados para a indenização de mais de 417,5 mil pessoas. “As eventuais indenizações impostas na ação coletiva [movida no Reino Unido] deverão considerar valores já recebidos pelos mesmos autores no Brasil, por força de acordos individuais ou decisões judiciais”, acrescenta o texto divulgado pela Vale.

Do lado de fora do tribunal, uma comitiva de atingidos organizou um protesto. Estiveram presentes moradores de áreas atingidas e representantes de diferentes etnias indígenas. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) divulgou uma manifestação do seu coordenador Joceli Andreoli, que integrou a comitiva.

“Nós sabemos que a Justiça brasileira tem sido falha e a Vale quer ser julgada lá, porque ela tem influência. Ela tem enrolado os atingidos há oito anos, nesse que é o maior crime socioambiental do país. Esperamos que a Vale também seja julgada aqui e que ela cumpra com a reparação integral dos atingidos e atingidas”.

O escritório Pogust Goodhead, que representa os atingidos, divulgou uma manifestação do advogado Tom Goodhead. “As duas maiores mineradoras do mundo estão em uma briga judicial para decidir quem deve ser responsabilizado por esse grande crime, quando na verdade o que deveria estar em discussão é a compensação das vítimas que sofrem há oito anos. Estão gastando tempo, energia e recursos em vez de sentarem com as vítimas e resolverem esse caso. Não encaram as consequências de suas negligências. É um espetáculo repugnante”, criticou.

Em nota, a BHP afirma que continuará a se defender na Justiça do Reino Unido e que considera o processo desnecessário por duplicar questões que estão cobertas pelo trabalho da Fundação Renova ou são objeto de discussões judiciais no Brasil. Segundo o texto, o pedido de inclusão da Vale foi uma medida processual necessária para que as responsabilidades sejam compartilhadas caso ocorra uma ordem de pagamento.

Conforme a nota, a situação não afeta as relações entre as duas mineradoras. A BHP Billiton afirma que continuará a trabalhar em estreita colaboração para apoiar as ações de reparação em andamento. “No total, mais de 200.000 autores da ação inglesa já receberam algum tipo de pagamento no Brasil”, acrescenta o texto.

Julgamento em 2024

A ação no Reino Unido chegou a ser suspensa na etapa inicial, quando ainda se discutia se o caso poderia ser analisado no país. Sem adentrar no mérito da questão, o juiz inglês Mark Turner considerou em 2020 que havia abuso, entre outras coisas, porque poderia haver sentenças inconciliáveis com julgamentos simultâneos no Brasil e no Reino Unido.

Para o juiz, não havia evidências suficientes de que a Justiça brasileira fosse incapaz de assegurar a justa reparação. No entanto, em julho de 2022, a Corte de Apelação aceitou recurso dos atingidos e determinou que o mérito do processo deveria ser analisado.

As audiências que julgarão o mérito do processo e avaliarão se a BHP Billiton tem responsabilidades pela tragédia estão inicialmente marcadas para abril de 2024. No entanto, em maio, a Justiça do Reino Unido remarcou a data e o caso será analisado apenas em outubro de 2024. O adiamento atendeu parcialmente o pedido da mineradora. A BHP Billton queria mais prazo para permitir a manifestação da Vale no processo e chegou a defender a realização das audiências apenas em 2025. Já a defesa dos atingidos se manifestou contra o adiamento. (com Agência Brasil)

FONTE JORNAL DO BRASIL

Vale pode se tornar ré em ação no Reino Unido por Mariana

A tragédia ocorreu em novembro de 2015, quando uma barragem da mineradora Samarco localizada em Mariana (MG) se rompeu

A mineradora Vale poderá se tornar ré no Reino Unido em processo que julga as responsabilidades pela tragédia ocorrida em Mariana (MG). A mineradora anglo-australiana BHP Billiton já é alvo desse processo. A questão foi discutida durante dois dias em uma audiência em Londres e encerrada nesta quinta-feira (13). Ainda não há data para que uma decisão seja tomada.

A tragédia ocorreu em novembro de 2015, quando uma barragem da mineradora Samarco localizada em Mariana se rompeu. No episódio, a avalanche de rejeitos escoou pela bacia do Rio Doce, impactando dezenas de municípios mineiros e capixabas. Dezenove pessoas morreram.

A Vale é uma das duas acionistas da Samarco. A outra é a BHP Billiton, que tem sede em Londres e responde ao processo que tramita desde 2018 na Justiça do Reino Unido. Ele foi movido por milhares de atingidos representados pelo escritório Pogust Goodhead. Também integram o processo municípios, empresas e instituições religiosas que alegam ter sido impactados na tragédia.

A inclusão da Vale no processo foi pedida pela BHP Billiton. A mineradora anglo-australiana alega que, em caso de condenação na Justiça do Reino Unido, a Vale também precisa ser responsabilizada no país para arcar com, no mínimo, 50% das indenizações.

O pedido da BHP Billiton foi apresentado após a Justiça do Reino Unido negar pedidos para que o processo fosse arquivado. A mineradora alegou anteriormente haver uma duplicação de julgamentos e defendeu que a reparação dos danos deveria se dar unicamente sob a supervisão dos tribunais brasileiros. De outro lado, a defesa dos atingidos sustenta que o Brasil não tem sido capaz de assegurar uma justa reparação. Em março, 500 mil novos autores aderiram ao processo. Dessa forma, agora são mais de 700 mil pessoas e entidades representadas pelo escritório Pogust Goodhead.

No Brasil, todas as ações reparatórias são administradas pela Fundação Renova, entidade criada em 2016 conforme acordo firmado entre as três mineradoras, a União e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo. Cabe a ela a gestão de mais de 40 programas. Mas, passados quase oito anos, sua atuação é alvo de diversos questionamentos judiciais por parte dos atingidos e do poder público. Há discussões envolvendo desde a demora para conclusão das obras de reconstrução dos distritos arrasados na tragédia até os valores indenizatórios.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) chegou a pedir a extinção da Fundação Renova por considerar que ela não possui a devida autonomia frente às três mineradoras. Uma tentativa de repactuação do processo reparatório, capaz de apontar para uma solução para mais de 85 mil processos sobre a tragédia, está em andamento desde o ano passado.

Alinhamento

Na audiência realizada nos últimos dois dias, a Vale defendeu que a Justiça do Reino Unido não tem jurisdição para avaliar o caso, se alinhando ao posicionamento já apresentado pela BHP Billiton. Em nota, a mineradora também sustentou que mais de R$ 30,05 bilhões dos recursos destinados à Fundação Renova foram designados para a indenização de mais de 417,5 mil pessoas. “As eventuais indenizações impostas na ação coletiva [movida no Reino Unido] deverão considerar valores já recebidos pelos mesmos autores no Brasil, por força de acordos individuais ou decisões judiciais”, acrescenta o texto divulgado pela Vale.

Do lado de fora do tribunal, uma comitiva de atingidos organizou um protesto. Estiveram presentes moradores de áreas atingidas e representantes de diferentes etnias indígenas. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) divulgou uma manifestação do seu coordenador Joceli Andreoli, que integrou a comitiva.

“Nós sabemos que a Justiça brasileira tem sido falha e a Vale quer ser julgada lá, porque ela tem influência. Ela tem enrolado os atingidos há oito anos, nesse que é o maior crime socioambiental do país. Esperamos que a Vale também seja julgada aqui e que ela cumpra com a reparação integral dos atingidos e atingidas”.

O escritório Pogust Goodhead, que representa os atingidos, divulgou uma manifestação do advogado Tom Goodhead. “As duas maiores mineradoras do mundo estão em uma briga judicial para decidir quem deve ser responsabilizado por esse grande crime, quando na verdade o que deveria estar em discussão é a compensação das vítimas que sofrem há oito anos. Estão gastando tempo, energia e recursos em vez de sentarem com as vítimas e resolverem esse caso. Não encaram as consequências de suas negligências. É um espetáculo repugnante”, criticou.

Em nota, a BHP afirma que continuará a se defender na Justiça do Reino Unido e que considera o processo desnecessário por duplicar questões que estão cobertas pelo trabalho da Fundação Renova ou são objeto de discussões judiciais no Brasil. Segundo o texto, o pedido de inclusão da Vale foi uma medida processual necessária para que as responsabilidades sejam compartilhadas caso ocorra uma ordem de pagamento.

Conforme a nota, a situação não afeta as relações entre as duas mineradoras. A BHP Billiton afirma que continuará a trabalhar em estreita colaboração para apoiar as ações de reparação em andamento. “No total, mais de 200.000 autores da ação inglesa já receberam algum tipo de pagamento no Brasil”, acrescenta o texto.

Julgamento em 2024

A ação no Reino Unido chegou a ser suspensa na etapa inicial, quando ainda se discutia se o caso poderia ser analisado no país. Sem adentrar no mérito da questão, o juiz inglês Mark Turner considerou em 2020 que havia abuso, entre outras coisas, porque poderia haver sentenças inconciliáveis com julgamentos simultâneos no Brasil e no Reino Unido.

Para o juiz, não havia evidências suficientes de que a Justiça brasileira fosse incapaz de assegurar a justa reparação. No entanto, em julho de 2022, a Corte de Apelação aceitou recurso dos atingidos e determinou que o mérito do processo deveria ser analisado.

As audiências que julgarão o mérito do processo e avaliarão se a BHP Billiton tem responsabilidades pela tragédia estão inicialmente marcadas para abril de 2024. No entanto, em maio, a Justiça do Reino Unido remarcou a data e o caso será analisado apenas em outubro de 2024. O adiamento atendeu parcialmente o pedido da mineradora. A BHP Billton queria mais prazo para permitir a manifestação da Vale no processo e chegou a defender a realização das audiências apenas em 2025. Já a defesa dos atingidos se manifestou contra o adiamento. (com Agência Brasil)

FONTE JORNAL DO BRASIL

Sirene de barragem em Santa Bárbara (MG) é acionada pela quinta vez e moradores relatam pavor

Estrutura da AngloGold Ashanti tem trinca de 300 metros

Roseni Aparecida Ambrosio tinha acabado de acordar quando escutou, na manhã desta terça-feira (11), a sirene da barragem CDS II, que fica em Santa Bárbara, município da região Central de Minas Gerais, soar. É a quinta vez que a estrutura é acionada acidentalmente, causando pavor nos moradores do município.

Desde o mês de maio deste ano, quando foi encontrada uma trinca de mais de 300 metros de comprimento e aproximadamente dois centímetros de largura, a barragem está em situação de emergência e os atingidos estão em alerta.

“São episódios que causam transtornos e traumas. Quando uma barragem com uma trinca de 300 metros tem a sirene disparada acidentalmente, as pessoas param de confiar. Pode acontecer algo sinistro e elas perderem suas vidas por falta de credibilidade da sirene”, lamenta Roseni. 

Ela relata, ao Brasil de Fato MG, que sua família já convive diariamente com os impactos da negligência da mineradora AngloGold  Ashanti.

“Eu e minha família já estamos abalados psicologicamente e nem podemos mais ouvir nenhum barulho relacionado à barragem. Além das trincas e da sirene, nossa casa já foi invadida por uma lama tóxica, que a mineradora nunca foi responsabilizada. A gente se sente totalmente desprovido e desamparado”, conta a atingida.

Em outubro do ano passado, a estrutura, que abriga um volume de rejeitos semelhante ao da barragem da Vale que rompeu em 2019, em Brumadinho, foi classificada como nível 1 de alerta, após o surgimento de uma trinca com 12 centímetros de largura e 60 metros de comprimento.

Outra moradora de Santa Bárbara, Mercia Regina da Silva Xavier, relata que a situação é assustadora. Ela conta que o local onde fica a casa em que mora com os filhos é um “beco sem saída”.

“Eu tenho dois filhos gêmeos e eles estudam na parte da manhã. Quando a sirene disparou eu pensei ‘o que eu vou fazer agora? Eu corro para a escola para ficar com os meninos? ou para o ponto de encontro para onde a empresa diz que é preciso ir’”, relata Mercia.

“Eu moro em uma rua mais baixa. Quando chove, ficamos sem saída de um lado da rua. No outro lado, tem um barranco. E, se a gente corre, é sentido à lama. Nós não vivemos nem dormimos mais. Eu estou sendo medicada para dormir e, mesmo assim, não tenho sossego”, complementa.

As duas moradoras reclamam da falta de diálogo, assistência e clareza da AngloGold Ashanti. No ano passado, a mineradora lucrou mais de R$ 660 milhões com a barragem no município e, mesmo assim, os membros das comunidades não foram indenizados.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a AngloGold Ashanti reforçou que a barragem CDS II segue segura e estável. Afirmou ainda que, na segunda-feira (10), a empresa realizou um teste de rotina no sistema de comunicação de emergência e que, nesta terça (11), o “som musical” foi emitido por poucos segundos e que não houve emissão de sirene ou de mensagem de voz, e que a Defesa Civil Municipal foi comunicada do ocorrido. 

Matéria atualizada às 19:11, da terça-feira (11), para incorporação da resposta da mineradora. 

Edição: Elis Almeida

FONTE BRASIL DE FATOS MG

Sirene de barragem em Santa Bárbara (MG) é acionada pela quinta vez e moradores relatam pavor

Estrutura da AngloGold Ashanti tem trinca de 300 metros

Roseni Aparecida Ambrosio tinha acabado de acordar quando escutou, na manhã desta terça-feira (11), a sirene da barragem CDS II, que fica em Santa Bárbara, município da região Central de Minas Gerais, soar. É a quinta vez que a estrutura é acionada acidentalmente, causando pavor nos moradores do município.

Desde o mês de maio deste ano, quando foi encontrada uma trinca de mais de 300 metros de comprimento e aproximadamente dois centímetros de largura, a barragem está em situação de emergência e os atingidos estão em alerta.

“São episódios que causam transtornos e traumas. Quando uma barragem com uma trinca de 300 metros tem a sirene disparada acidentalmente, as pessoas param de confiar. Pode acontecer algo sinistro e elas perderem suas vidas por falta de credibilidade da sirene”, lamenta Roseni. 

Ela relata, ao Brasil de Fato MG, que sua família já convive diariamente com os impactos da negligência da mineradora AngloGold  Ashanti.

“Eu e minha família já estamos abalados psicologicamente e nem podemos mais ouvir nenhum barulho relacionado à barragem. Além das trincas e da sirene, nossa casa já foi invadida por uma lama tóxica, que a mineradora nunca foi responsabilizada. A gente se sente totalmente desprovido e desamparado”, conta a atingida.

Em outubro do ano passado, a estrutura, que abriga um volume de rejeitos semelhante ao da barragem da Vale que rompeu em 2019, em Brumadinho, foi classificada como nível 1 de alerta, após o surgimento de uma trinca com 12 centímetros de largura e 60 metros de comprimento.

Outra moradora de Santa Bárbara, Mercia Regina da Silva Xavier, relata que a situação é assustadora. Ela conta que o local onde fica a casa em que mora com os filhos é um “beco sem saída”.

“Eu tenho dois filhos gêmeos e eles estudam na parte da manhã. Quando a sirene disparou eu pensei ‘o que eu vou fazer agora? Eu corro para a escola para ficar com os meninos? ou para o ponto de encontro para onde a empresa diz que é preciso ir’”, relata Mercia.

“Eu moro em uma rua mais baixa. Quando chove, ficamos sem saída de um lado da rua. No outro lado, tem um barranco. E, se a gente corre, é sentido à lama. Nós não vivemos nem dormimos mais. Eu estou sendo medicada para dormir e, mesmo assim, não tenho sossego”, complementa.

As duas moradoras reclamam da falta de diálogo, assistência e clareza da AngloGold Ashanti. No ano passado, a mineradora lucrou mais de R$ 660 milhões com a barragem no município e, mesmo assim, os membros das comunidades não foram indenizados.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a AngloGold Ashanti reforçou que a barragem CDS II segue segura e estável. Afirmou ainda que, na segunda-feira (10), a empresa realizou um teste de rotina no sistema de comunicação de emergência e que, nesta terça (11), o “som musical” foi emitido por poucos segundos e que não houve emissão de sirene ou de mensagem de voz, e que a Defesa Civil Municipal foi comunicada do ocorrido. 

Matéria atualizada às 19:11, da terça-feira (11), para incorporação da resposta da mineradora. 

Edição: Elis Almeida

FONTE BRASIL DE FATOS MG

Ouro Preto: Gerdau pagará R$ 2,5 milhões por acionar indevidamente sirene de barragem em Miguel Burnier

Além disso, uma multa diária foi estabelecida para evitar erros futuros.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Ouro Preto, divulgou um acordo que foi assinado com a Gerdau Açominas que prevê, por parte da mineradora, a obrigação de compensação por ter ligado irregularmente a sirene da barragem dos Alemães, localizada em Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto (Região Central de Minas).

O dia do acontecimento foi 30 de setembro de 2022 e a sirene tocou por aproximadamente dois minutos e 30 segundos.

Gerdau irá pagar R$ 2,5 milhões por acionar indevidamente sirene de barragem em Miguel Burnier, Ouro Preto
Seis quilômetros de distância entre a barragem e o distrito – Foto: Reprodução Google Street View

O acordo assinado entre as partes

O documento determina que a mineradora pague R$ 2,5 milhões para projetos socioambientais em favor das populações que rodeiam a região da barragem e que adote todas as medidas necessárias para evitar que esse tipo de situação ocorra novamente. Além disso, o acordo também visa a implantação de novas medidas de segurança.

Outro ponto destacado no documento é de que a Gerdau deve contratar uma equipe independente e com profissionais qualificados para elaborar relatórios técnicos e também desenvolver um Plano de Ação em caso de ligamento indevido de sirenes. 

Além dos dois compromissos que a mineradora terá que cumprir, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) declara que a Gerdau é obrigada “a manter a população regularmente informada, com campanhas educativas para a convivência com o risco, em linguagem simples e compreensível, inclusive informando sobre o sistema de segurança da barragem”. 

O acordo também afirma que qualquer atividade ou intervenção nos sistemas de alerta e sirene que porventura possa causar o acionamento indevido deve ser prontamente avisada à população e também à Defesa Civil com antecedência de, no mínimo, cinco dias.

Caso a Gerdau descumpra com qualquer um dos termos e normas estabelecidas, a empresa pagará uma multa diária no valor de R$ 5.000 que será destinado ao Fundo Especial do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Além disso, caso ocorra qualquer infração proposta no acordo, a empresa será notificada judicialmente ou extrajudicialmente.

O que diz a empresa

Em nota, a Gerdau informou:

A Gerdau reforça seu compromisso com a segurança e com as comunidades próximas à operação. Não houve nenhuma alteração nos níveis de segurança da barragem dos Alemães. A estrutura, que tem Declaração de Condição de Estabilidade (DCE), é monitorada continuamente. A operação da Gerdau é realizada 100% a seco.

Em setembro de 2022 ocorreu um acionamento inesperado das sirenes de emergência da barragem dos Alemães, em Ouro Preto. O alerta emitido na ocasião não foi para evacuação da área, mas sim uma música clássica que é usada em testes periódicos.

Como medida de compensação devido ao acionamento, foi assinado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com destinação de R$ 2,5 milhões em contrapartida socioambiental para projetos que são de gestão do MPMG. A empresa vai cumprir todas as obrigações assumidas.

FONTE RADAR GERAL

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