Bibliotecas da UFSJ realizam campanha a favor da dignidade menstrual

Foi diante da amplificação das discussões nacionais sobre pobreza menstrual, que as bibliotecas da UFSJ se uniram numa campanha, com o intuito de colaborar para que esse problema, enfrentado por meninas e mulheres cotidianamente, seja minimizado. 

De acordo com a idealizadora da ação, a bibliotecária no Campus Sete Lagoas, Ana Lúcia da Silva Araújo, “a ideia é podermos contribuir socialmente, diminuindo os impactos do período na vida das alunas, pois sabemos que as condições financeiras limitam o acesso aos absorventes. Além disso, mulheres passam diariamente por problemas relacionados à menstruação que podem ser emocionais ou físicos. É uma situação paralela, que reflete em toda a vida social, profissional e acadêmica, e que não é levado em consideração.”

A campanha também tem a função de colaborar com os estudantes que precisam quitar taxas devidas às bibliotecas, revertendo esses valores na compra de absorventes menstruais. “Dessa forma, propomos uma ação positiva para os estudantes e para quem será beneficiado”, conta Ana Lúcia.

Os valores foram calculados da seguinte forma: um pacote de absorvente, com oito unidades, cobre R$ 5 em taxas, ou seja, se a pessoa tem uma taxa de R$ 1 a R$ 5, deve doar um pacote para saldar o valor. Se a taxa for de R$ 6 ou R$ 7, a doação deve ser de dois pacotes.

O foco é distribuir os absorventes para as alunas da UFSJ, mas o material arrecadado também será colocado à disposição de todas que precisarem. Caso a arrecadação seja ampla, o excedente será doado a grupos comunitários.

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As bibliotecas participantes são as dos campi Sete Lagoas (CSL), Alto Paraopeba, em Branco (CAP) e Centro-Oeste Dona Lindu (CCO), em Divinópolis. A campanha vai até o dia 31 de julho.

Pobreza Menstrual no Brasil

Dados do 

Segundo dados do Relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a pobreza menstrual é um fenômeno complexo, multidimensional e transdisciplinar, caracterizado, entre outras, pela a falta de acesso a produtos adequados ao cuidado da higiene menstrual, tais como absorventes descartáveis, absorventes de tecido reutilizáveis, coletores menstruais descartáveis ou reutilizáveis, calcinhas menstruais etc. É a falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que meninas e mulheres tenham plena capacidade de cuidar da sua menstruação. 

Lançado em 2021, o Relatório do UNFPA e do Unicef traçou um panorama alarmante da realidade menstrual vivida por meninas brasileiras. Uma discussão de saúde, que surge em resposta à desigualdade e a violações de direitos das pessoas que menstruam no país.

O Relatório traz um cenário preocupante com relação aos direitos menstruais, marcado pelas históricas desigualdades de gênero, raça, região e classe social, agravadas em tempos de crise sanitária e econômica. Como o documento descreve, a pobreza menstrual se refere a inúmeros desafios de acesso a direitos e insumos de saúde. Esses desafios representam, para meninas, mulheres, homens trans e pessoas não binárias que menstruam, acesso desigual a direitos e oportunidades, o que contribui para retroalimentar ciclos transgeracionais de inequidades de gênero, raça, classe social, além de impactar negativamente a trajetória educacional e profissional.

Os dados apresentados mostram que, quando não há acesso adequado aos produtos de higiene menstrual, meninas e mulheres fazem uso de soluções improvisadas para conter o sangramento menstrual com pedaços de pano usados, roupas velhas, jornal e até miolo de pão. Outra face do problema, para além dos meios improvisados, diz respeito à situação em que meninas e mulheres não conseguem realizar de três a seis trocas diárias de absorventes, conforme a indicação de ginecologistas, permanecendo com o mesmo absorvente por muitas horas. Como consequência desse insuficiente ou inadequado manejo da menstruação, podem ocorrer diversos problemas que variam desde questões fisiológicas, como alergia e irritação da pele e mucosas, infecções urogenitais como a cistite e a candidíase, e até uma condição que pode levar à morte, conhecida como Síndrome do Choque Tóxico. 

Do ponto de vista de saúde emocional, a pobreza menstrual pode causar desconfortos, insegurança e estresse, contribuindo assim para aumentar a discriminação sofrida, a diminuição da concentração e da produtividade. 

O relatório conclui, que o fenômeno da pobreza menstrual, demonstra o quão são negligenciadas as condições mínimas para a garantia da dignidade da pessoa humana, ignorando as necessidades fisiológicas de cerca de metade da humanidade, as meninas e mulheres. A partir dessa negligência, pode surgir a urgência de remediar os problemas, evitáveis, decorrentes da falta de manejo adequado da menstruação. Problemas esses, que seriam facilmente prevenidos com os devidos investimentos em infraestrutura e acesso aos produtos menstruais.

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