CSN diz que barragem tem estabilidade e não acata recomendação para retirada de moradores; promotoria diz que negociações esgotaram e vai propor ação

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) vai entrar com uma ação civil pública na Justiça contra a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para determinar medidas de segurança em Congonhas. A promotoria já tinha feito uma recomendação, em 12 de março, onde pedia a retirada de aproximadamente 2,5 mil moradores, que assim desejarem, das proximidades da barragem Casa de Pedra. Porém, a mineradora não acatou as solicitações.
A Barragem Casa de Pedra está localizada praticamente dentro da cidade. A estrutura fica a 250 metros de casas e a 2,5 quilômetros do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, patrimônio cultural da humanidade.

Promotor Vinicius Alcântara Galvão que vai acionar a Justiça contra a CSN?Reprodução

A capacidade da estrutura, segundo a CSN, é de 21 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Porém, a prefeitura contesta a informação dizendo que o total chega a 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos.

A recomendação foi assinada pelo promotor Vinícius Galvão. O prazo para a mineradora assinar o documento era de dez dias, que venceu hoje, terça-feira.  “O MPMG aguardou até o último dia a manifestação da empresa. A resposta foi contrária à Recomendação, e resumiu-se, basicamente, à afirmação de que a barragem possui laudo atual de estabilidade”, destaca. O promotor ressaltou que em 2013, 2014 e 2017, a barragem mostrou vulnerabilidade.
No documento, a promotoria de Congonhas recomenda que a CSN retire os moradores dos bairros Cristo Rei e Residencial Gualter Monteiro, “que assim desejarem”, forneça aluguel no valor de R$ 1,5 mil para cada núcleo familiar, além de arcar com todas as despesas das mudanças.
A mineradora deverá ter um plano para remoção voluntária dos moradores dos dois bairros, “seja por meio da compra de imóveis em Congonhas/ou outra cidade; ou mediante a criação de bairros, com toda infraestrutura prevista em lei, e/ou mediante a indenização dos proprietários”.

A CSN não recebeu nenhum posicionamento sobre o assunto até a publicação da reportagem.

CSN anuncia que barragem será desativada; moradores manifestam na portaria da mineradora

A Prefeitura de Congonhas tem realizado inúmeras negociações com a Direção da CSN Mineração para busca de solução para a questão da Barragem Casa de Pedra. Em reunião com a empresa, foi anunciada a aquisição de equipamentos italianos para realizar a disposição de rejeitos a seco por empilhamento. Eles irão auxiliar na diminuição de material que é depositado em barragens. Segundo a mineradora, uma parte destes equipamentos já está funcionando.

A CSN anunciou processo para desativação da barragem

Uma segunda planta de disposição de rejeito a seco irá entrar em operação no segundo semestre de 2019. Ainda de acordo com a mineradora, ela está trabalhando para que este ano, 100% da produção da mina passem a ser beneficiada com esta tecnologia a seco.

Como consequência da medida, a CSN também informou ao prefeito Zelinho que encerrará a disposição de rejeitos úmidos em todas as barragens de Mina Casa de Pedra. A barragem, que está posicionada nas proximidades de bairros residenciais de Congonhas, entrará em processo de secagem. Com isto será descomissionada, o quer dizer que será esvaziada, tampadas e devolvidas à natureza em um processo de reflorestamento, O processo leva até 5 anos

Manifestação

Moradores protestaram na portaria da CSN

Dezenas de moradores dos bairros próximos à barragem da mina Casa de Pedra, estiveram esta tarde  portaria da CSN para entregar documento aprovado ontem com 3 proposta durante assembleia promovida pela Associação dos Moradores do Bairro Residencial. “Vamos entregar nossa proposta pessoalmente. São três pontos: o principal é secar a barragem, o segundo é desocupar os região diretamente afetada, onde vivem cerca de 1.500 pessoas, o terceiro ponto é discutir uma indenização para famílias que há anos convivem com os transtornos”, afirma o presidente da Associação de Moradores do Residencial, Warley Ferreira.

Para a balconista Michelle Salgado, 34, já passou da hora de uma solução definitiva. “A gente vive com medo. Qualquer barulho a gente já olha pensando que a barragem vai romper. Ultimamente temos até ouvido rumores de vazamento. A solução é secar a barragem”, destaca Michelle.

Um representante da empresa apareceu e sugeriu que uma comissão fosse formada com seis pessoas para entrar na sede. Os moradores se recusaram e exigiram que os representantes assinassem protocolo de recebimento da proposta diante de todos os presentes, do lado de fora.

Agora a pouco, recebeu o documento com as propostas dos moradores e adiantou a eles que a barragem será seco e confirmou que será descomissionada.

 

 

 

Congonhas: tragédia eleva tensão e reacende a discussão sobre barragem; “não haverá tolerância em relação à segurança”, salienta secretário; barragem é inspecionada

O resultado de uma nova auditoria na barragem Casa de Pedra, em Congonhas,

solicitada pelo Ministério Público, deverá ser divulgado em breve

Enquanto o Brasil e mundo se debruçam sobre as causas da tragédia em Brumadinho,  na “Cidade dos Profetas” reacendeu a discussão sobre a barragem Casa de Pedra, da CSN. Nas redes sociais multiplicam áudios, fotos críticas, análises, reflexões em meio ao alarmismo como também a seriedade e urgência que desperta em termos de segurança e estabilidade.  “Precisamos exercer pressão e mobilização pelo o que representa o potencial de risco.”

Ângulo de visão da Basílica e da Romaria pouco conhecido.Imagem feita na estrada Congonhas/Jeceaba ( caminho de Plataforma – Esmeril- Coelhos. Ponto – antes do primeiro cruzamento com a ferrovia/Sandoval Souza

Esta foi a afirmação do ambientalista Sandoval Souza Pinto ao falar sobre as discussões que desde sexta feira, após o rompimento da barragem Córrego do Feijão, da Vale, inflamaram o assunto sobre as barragens, em especial da CSN.

O assunto voltou a ordem e pauta dos mais de 50 mil moradores. Tensão e apreensão povoam o imaginário popular como também deixam em alerta as autoridades quando o medo traz a tona a insegurança sobre segurança da barragem que se situa na área central da cidade.

Os movimentos sociais, políticos, lideranças religiosas e sociedade civil se mobilizam para discutir a segurança da barragem e o risco de rompimento que poderia provocar uma tragédia sem precedentes, em proporções bem maiores que Fundão e Brumadinho.

A mobilização já toma a cidade em níveis e contornos que agregam os moradores que vão exigir mais segurança sobre a estabilidade da barragem.

O que assusta os congonhenses é que a barragem da CSN está a 15 km de Belo Vale e é a maior da América Latina em área urbana com 50 milhões de m³. Ela fica na parte alta da cidade. Monitoramento atual não indica possibilidade de rompimento, mas os laudos não geram confiança a população e  incertezas assustam os habitantes.

Foto indicando entre os pontos de referência como a barragem Casa de Pedra, Igreja de São José e o centro de Congonhas

Ao certo, a discussão sobre a segurança na barragem tomou um sentimento de comoção e medo em uma proporção em que a atividade mineradora está a mira crescente dos movimentos sociais que procuram por maior fiscalização e controle como também conter a expansão na região pelos impactos gerados.

Ano passado, laudo da Central de Apoio Técnico (Ceat) e do Núcleo de Crimes Ambientais (Nucrim) do Ministério Público declararam a estabilidade da Casa de Pedra. A estrutura é uma das mais perigosas do estado, pois se ergue sobre três bairros com cerca de 4,8 mil pessoas que estão no raio de uma ameaça em caso de rompimento.

Apesar de garantias, a comunidade congonhense vive sob a tensão recorrente da barragem. Como dormir com um fantasma deste?

“Tolerância zero às barragens”, diz secretário de meio ambiente

A barragem da CSN, em Congonhas, tem capacidade para receber volume 4 vezes maior de rejeitos do que a barragem Córrego Feijão. A cobrança de moradores e políticos por garantias das mineradoras sobre a segurança das barragens tomou conta das conversas nas praças da cidade e se espalhou pelas redes sociais e grupos de mensagens. Segundo dados, há pelo menos 30 barragens no Município pertencentes a CS, Vale e Gerdau.

Barragem da CSN é 4 vezes maior do que do Córrego do Feijão e a maior doa América Latina em área urbana

Depois de um longo estudo, a prefeitura apresentou em novembro de 2018 o Plano Municipal de Gestão de Barragens através levantamento de todas as estruturas de barragens localizadas na cidade e recomendou uma série de medidas a serem adotadas pelas empresas. A proposta é inovadora na área de mineração é muito utilizada em países desenvolvidos e indústrias petroquímicas. “As empresa já têm conhecido do plano. Agora vamos exigir o seu cumprimento. Estamos chocados com o que ocorreu em Brumadinho e temos que os prevenir aqui em Congonhas. Não haverá tolerância em termos de segurança de barragens. Se temos as melhores empresas do mundo, temos que ter também o que de melhor acontece no mundo em termos de segurança de barragens”, assinalou o secretário.  Ele informou que o setor de fiscalização já vai agir para cobrar das mineradoras aplicação do plano. “Se necessário, vamos autuar e multar. Seremos rígidos a fiscalização. Nosso compromisso não é com as empresa mas com os cidadãos. Caso não cumpram, que se entendam com o Ministério Público”, pontuou Aarão que vai o plano à apreciação dos vereadores para que ele se torne legislação.

Na próxima terça feira, dia 29, às 19:00 horas, acontece uma reunião o Bairro Residencial, para discutir sobre a barragem da CSN. Os moradores e movimentos sociais querem interferir e cobrar da mineradora uma posição oficial.

Barragem é inspecionada, diz promotor

A CSN possuiu dez barragens do complexo Casa de Pedra em Congonhas e geram muita tensão entre os moradores. “Em 2013, tinha uma situação grave, com várias não conformidades. Mas as modificações foram feitas a pedido do Ministério Público. Em 2017, também foram necessárias medidas que, se não fossem tomadas, o risco ia crescer”, pontua o promotor de Meio Ambiente da Comarca de Congonhas, Vinícius Alcântara.

O Promotor Vinicius Alcântara Galvão/PMC

Ele não garante, no entanto, que a estrutura é segura: “No momento, foi comprovado que estava estável, mas a garantia de estabilidade tem que ser anualmente renovada”.

O resultado de uma nova auditoria na barragem Casa de Pedra, em Congonhas, solicitada pelo Ministério Público, deverá ser divulgado em breve, segundo o promotor de Meio Ambiente da Comarca de Congonhas, Vinícius Alcântara Galvão. A inspeção ocorreu no último dia 24.

Procurada por nossa reportagem para falar sobre as condições da estrutura, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) não se pronunciou.

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Com investimento bilionário, CSN fará ampliação da Casa de Pedra com 2 novas unidades industriais

A CSN Mineração tem atuado em várias frentes para tornar sua planta de Casa de Pedra, em Congonhas (MG), mais produtiva e eficiente. Os projetos vão desde a abertura de nova jazida e construção de mais duas unidades industriais, passando pela melhoria da qualidade do minério de ferro até a disposição do rejeito de forma mais segura.

Em Casa de Pedra se extrai minério de hematita, mas projeta-se trabalhar também com o itabirito a partir de depósitos mapeados, o que geraria ampliação da planta.

Em 2017, a produção (ROM – run of mine) na Casa de Pedra atingiu no total 37,3 milhões t – no sistema a seco alcançou 11 milhões t/ano e na planta central, 26,3 milhões t/ano.

A CSN Mineração havia efetuado avaliação econômica nas áreas licenciadas para a mineração em Casa de Pedra e, por conta do resultado, a empresa passou a desenvolver projetos para ampliar lavra e beneficiamento.

A expectativa da empresa em 2030 é chegar à produção de 50 milhões t/ano. A mineradora informa que está em andamento até 2019 investimentos ainda na planta central para otimização da performance de qualidade. Mas com a viabilidade geoeconômica de jazidas nas áreas licenciadas de mineração na Casa de Pedra, a empresa pretende investir em torno de R$ 1,4 bilhão numa planta industrial de beneficiamento de itabirito, que deverá operar em 2021 – hoje, ela encontra-se em fase de desenvolvimento de engenharia.

Essa unidade industrial deverá ter tecnologia de processo diferente da existente, já que o itabirito (com menor teor de ferro) será a rocha beneficiada. Porém, a incorporação de tecnologias no processo permitirá melhorar a qualidade do produto final.

O programa prevê ainda a implantação de uma segunda unidade industrial para processamento do itabirito, depois que a primeira estiver
operando.

A primeira planta de itabirito, com capacidade de produção de 10 milhões de t/ano, em fase de engenharia conceitual, tem seu ramp up programado para o segundo semestre de 2021 e atingirá seu pico de produção em 2023.

A segunda planta de itabirito terá capacidade de produção de 20 milhões de t/ano, com seu ramp up programado para o segundo semestre de 2024 e alcance de sua produção nominal em 2026. Entre 2028 e 2029, a planta central, que atualmente processa minérios com teor médio de 55% de ferro, passará por adaptações de rota de processo para também receber run of mine com teores da ordem 42% de ferro e produzir 20 milhões de t/ano. São estimados investimentos de aproximadamente R$ 2 bilhões nessas outras duas fases.

Em termos gerais, os três projetos vao incorporar operações unitárias de britagem e peneiramento para fragmentação do run of mine. O produto da britagem seguirá para a pilha pulmão, sendo retomado por meio de alimentadores para o prédio de moagem e classificação. O objetivo da moagem é liberar os minerais de ferro dos minerais deletérios (ganga) e a classificação será a responsável por adequar a granulometria para os processos de concentração mineral.

Complexo da Casa de Pedra em Congonhas

Antes do material classificado seguir para a etapa de concentração mineral, passará pelo processo de deslamagem para a retirada das partículas minerais extremamente finas (granulometria abaixo de 38 μm) por meio do overflow deste circuito; e o underflow, produto da deslamagem, será conduzido para a etapa de concentração mineral por flotação consorciada com separação magnética.

O produto desse processo é o produto final denominado de pellet feed. Este será conduzido para o sistema de adensamento por meio de espessadores e filtragem para adequação de umidade e posterior empilhamento. E, assim, estará pronto para o embarque via ferrovia.

O rejeito final da etapa de concentração será direcionado juntamente com o overflow da deslamagem para o espessamento, recuperando-se água de processo. O rejeito adensado será conduzido para a etapa de filtragem onde o material filtrado será disposto em pilhas, sem uso de barragem de rejeitos.

REJEITOS

Atualmente, a CSN Mineração colocou para funcionar na planta de Casa de Pedra concentrador magnético de alta intensidade (CMAI), que possibilita a recuperação de parte do minério de ferro presente no rejeito. Dependendo do teor de ferro contido no rejeito, pode chegar a 20% de recuperação.
Após essa etapa, o rejeito passa por um conjunto de filtros-prensa da Matec. Depois dessa operação, o rejeito em formato de tortas sai apenas com 14% de umidade – e cerca de 80% da água retirada no filtro-prensa recircula no processo. Ao invés do resíduo sólido ser lançado na barragem, ele é empilhado no pátio da pilha de rejeito a seco.
A mineradora já realiza secagem de cerca de 40% do rejeito produzido. Mas o desenvolvimento da Fase II desse projeto – em andamento – ampliará sobremaneira esse índice.
Por outro lado, as barragens existentes no complexo têm passado por mudanças. Na principal delas, a barragem de Casa de Pedra recebeu extensa recomposição topográfica no dique de sela e ombreira.
Outras barragens passam por processo de disposição de rejeito controlado – verifica-se ainda sistema de disposição alternativa de rejeito, com empilhamento drenado, baias de ressecamento etc.
Segundo a CSN Mineração, a barragem Casa de Pedra continuará sendo utilizada em situações extremas como as manutenções da planta de filtragem. As demais barragens (B4 e B5) serão descaracterizadas.
A planta central de Casa de Pedra atende a dois terços da produção da unidade. Há ainda dois processos a seco – numa planta móvel e na unidade Pires, que pertence ao complexo.

CONCENTRAÇÃO

A mudança do mercado da China, com foco na compra de minério premium, fez a CSN desenvolver projetos de melhoria do minério para exportação.
O uso do minério de ferro de qualidade pelos chineses vem de encontro à necessidade de diminuir a emissão de poluentes naquele país. O minério de menor qualidade polui mais no seu processo industrial na siderúrgica.
Assim, a mineradora tem trabalhado para implementar iniciativas visando otimizar a qualidade do minério. A ação principal tem se convergido na instalação no ano que vem de concentradores na planta central. Os investimentos em projetos de rejeitos e concentração na planta alcançam R$ 1 bilhão, segundo a CSN.

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