Com helicóptero e 70 militares, Bope destrói ao menos 10 balsas, apreende ouro e prende 15 presos em garimpo ilegal

Multas aplicadas chegam a mais de R$200 mil

Terminou na noite de ontem (13), na sede da Polícia Federal, em Belo Horizonte, a mega operação desencadeada ao longo desta terça-feira em diversas cidades da região, envolvendo a 13º Cia do Meio Ambiente, atuando em conjunto com o Bope, com o Ibama, com o comando de aviação de Minas Gerais.

Ação se concentrou nas bacias do Rio nas Bacias dos Rios Doce São Francisco e Paraopeba.  A operação termina o dia com um saldo positivo: 12 prisões e 10 balsas/dragas apreendidas e destruídas por explosivos ao solo pelo BOPE (Batalhão de Operações Especiais), além da apreensão de 258 gramas de ouro, 1 balança de precisão e um frasco de mercúrio. As multas alcançam a quantia de mais de R$200 mil em multa. A operação contou com apoio do IBAMA e envolveu mais de 70 profissionais que atuaram em diversos municípios da região.

Como o uso de explosivos as balsas foram destruídas. A ação militar, para conter danos aos meio ambiente e aos cursos d’água, concentrou-se nas cidades de Porto Firme, Belo Vale, Moeda e São João Del Rei.

Polícia ambiental prende 5 pessoas, apreende veículos e aplica multa em mais de R$380 mil por danos ambientais

Policiais do Meio Ambiente compareceram em um sítio na zona Rural de Ritápolis (MG), cidade perto de São João Del Rei constatando diversas irregularidades. Lavra a céu aberto, extração de rochas ornamentais e de revestimento, pedra oledo (gnaisse), atingindo uma área comum de aproximadamente 2.000m² , com utilização de uma escavadeira hidráulica e sSupressão de vegetação rasteira (gramíneas) de espécies nativas de formação campestre.

Ao chegar no local da extração, policiais depararam com uma máquina (escavadeira hidráulica), extraindo mineral, ao perceber a presença policial o operador trancou o veículo e evadiu do local, sendo posteriormente identificado. Em continuidade à abordagem foi constatada a presença outros dois indivíduos realizando trabalho braçal quebrando pedra, o primeiro foi identificado, já o segundo ao avistar a guarnição policial, evadiu do local, sendo depois identificado. Ainda no local, policiais do Meio Ambiente também depararam com o caminhão Mercedes Benz, saindo carregado com pedras que estavam sendo extraídas. Foram presas 5 pessoas, 3 veículos apreendidos, máquina e caminhão e dada a multa de R$ 386.871,33.

Quatro entidades de Moeda e Belo Vale ajuízam Ação Civil Pública contra a Gerdau Açominas contra danos ambientais

Mineradora, invadiu área do Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda (MONA) e zona de amortecimento de Unidades de Conservação (UC’s), em Moeda e Itabirito, MG, sem as devidas licenças ambientais, para expansão de empreendimento Mina Várzea do Lopes, serra da Moeda.

AMA-MOEDA. Mina Várzea do Lopes, Itabirito. Empreendimento da Gerdau gera impactos na BR-040 e conflitos nas Unidades de Conservação (UC’s) do Vetor Sul de BH. / DIVULGAÇÃO

Entidades ambientais de Moeda e Belo Vale: Associação Proteção do Patrimônio da Serra da Moeda (Serra Viva), Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAA-BV), Associação de Meio Ambiente (AMA MOEDA) e INSTITUTO AQUA XXI protocolaram Ação Civil Pública (ACP), em 16 de julho de 2020, na 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte, contra a Gerdau Açominas S/A e o Estado de Minas Gerais. O processo 5094834-97.2020.8.13.0024 objetiva cessar invasão da mineradora dentro do Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda (MONA), Itabirito, MG e suspensão de seu processo administrativo – 01776/2004/029/2018 (LAC) (LAC1) e (LOC), empreendimento 17227422014238 que solicita ampliação da Mina de Várzea do Lopes e desafetação (redução de área) da Unidade de Conservação.

MONA: Invasão de área desde 2017

Ação Civil Pública denuncia um histórico de irregularidades na Mina Várzea do Lopes, ao longo de anos: atuar sem devidas licenças de operação, supressão de vegetação, desmatamento, invasão e interferência em áreas de conservação. Em 2006, a Gerdau foi autuada pelo MPMG através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que suspendeu suas extrações e solicitou que recuperasse as áreas degradadas. A empresa não cumpriu com todas as determinações do TAC, e continuou com seus pedidos de alterações de limites de áreas das UC’s, em Itabirito e Moeda. A empresa vem atuando de forma irregular no MONA, desde 2017. Desrespeitou normas e regulamentos administrativos das unidades de conservação, com a conivência do Poder Público Estadual, através do Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão gestor do MONA, que  não fez cumprir o comando das infrações da empresa.

Segundo relato dos advogados que movem a Ação Civil Pública, Rosangela Neuenschwander Maciel, Nilma Coelho e Fernando Souza Assumpção, há indícios de que a Gerdau implantou uma Pilha de Estéril (PDE), em zona de amortecimento das Reservas Biológicas Campos Rupestre de Moeda – Norte e Sul, tombadas por decretos municipais, em 2008. Não houve autorização do CODEMA Moeda, órgão gestor dessas UC’s. As Reservas englobam bens de valor natural, arquitetônico, histórico, arqueológico, e apresentam ricas paisagens com nascentes, cachoeiras. Há diversidade de fauna e flora com espécies ameaçadas de extinção.

“População de Moeda deve decidir sobre mineração”

AMA-MOEDA. Reservas Biológicas Campos Rupestre de Moeda – Norte e Sul estão ameaçadas em suas zonas de amortecimento, pelo empreendimento da Gerdau. / DIVULGAÇÃO

O prefeito de Moeda Leonardo Augusto Moura Braga (PHS) diz não concordar com invasão. “Eu já solicitei que fosse verificada a atuação da mineração por parte da Gerdau nas proximidades desse município. A informação que tenho é que a mineração está ocorrendo em território de Itabirito. A Gerdau realizou audiências públicas e audiências com representantes de certas localidades nesse município, que foram paralisadas em função da COVID-19. Até o momento a Gerdau não possui autorização para minerar em Moeda. Nossa posição é de conhecimento de todos: é que sua população é quem deve decidir sobre o assunto da mineração”, afirmou o prefeito.

“O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela Gerdau Açominas S/A deixa claro que se trata de um novo empreendimento, que implica invasão e / ou impacto em suas zonas de amortecimento e UC’s: Monumento Natural da Serra da Moeda, Monumento Natural Municipal Mãe D’água, Reservas Biológicas Campos Rupestres do Município de Moeda (Norte e Sul) e Conjunto Paisagístico da serra da Moeda tombado pelo município de Moeda,” relata a Ação Civil.

Gerdau: “Recolhimento de impostos e manutenção de empregos”

No EIA, a mineradora justifica que seu projeto busca a viabilidade técnica, econômica e sócio ambiental do empreendimento, para a continuidade de exploração do minério de ferro até 2020, através da ampliação da cava da Mina Várzea do Lopes. “No aspecto social, haverá recolhimento de impostos e manutenção de empregos,” declara.

O município de Moeda é o único da região do Quadrilátero Ferrífero, que não se permite minerar na serra da Moeda. Em toda a extensão de seu território, a serra é protegida por tombamento, desde 2004. “Nosso Município recebe os efeitos de várias atividades minerarias realizadas por outros, há muitos anos, sem receber a devida compensação, o que pretendo mudar,” denunciou o prefeito de Moeda. A prefeitura de Itabirito não foi contatada para posicionar-se nessa matéria.

A Ação Civil Pública esclarece e conclui, entre outros aspectos, que a Gerdau ao solicitar nova licença para alteração do limite de sua cava, com apresentação do EIA, o fez apenas para dar legitimidade a ato já ocorrido. Os técnicos do IEF concluíram que houve ampliação da cava do empreendimento da Gerdau dentro do MONA Serra da Moeda, em uma área de 4.050,87m², com interferência nas áreas de Campo Rupestre Ferruginoso.

As obrigações do Estado de Minas Gerais estão listadas nos acordos firmados com o Ministério Público (Ação Civil Pública e Inquérito), sobretudo, o de controle, fiscalização e monitoramento da área. É de se concluir pelos fatos, que a abertura do processo com pedido de desafetação, bem como o não cumprimento do estipulado no Auto de Infração, que o Estado de Minas Gerais, por meio de seus órgãos competentes, vem agindo de forma negligente e em desacordo com o pactuado com o Ministério Público.

“Assim, é necessária a concessão da medida liminar, inaudita altera parts, sem necessidade de justificação prévia para que a empresa paralise imediatamente, qualquer atividade existente dentro da área invadida do Monumento Natural da Serra da Moeda, em definitivo.”

Tarcísio Martins, Jornalista e ambientalista

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