Jovem foi raptado no bairro Serra, amarrado e forçado a convencer a mãe a voltar com o ex-marido; ele contou o caso à diretora da escola que estuda
Um adolescente, de 17 anos, foi sequestrado e agredido pelo pai, de 35, na terça-feira (19), no bairro Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O jovem contou que o pai, recém-separado, queria que ele convencesse sua mãe, de 33, a voltar com o ex-marido. O menino chegou machucado à escola e relatou o caso à diretora, que acionou a Polícia Militar (PM).
A mãe da vítima mora em Esmeraldas, na região metropolitana, e tem medida protetiva contra o ex, por já ter sofrido violência física. Após raptar o próprio filho, o amarrar e torturar, o pai o deixou na sala de aula e disse à professora que eles haviam sofrido um acidente de carro – o que justificaria as marcas na pele do adolescente.
Durante a tarde, a PM buscou dois suspeitos do sequestro – o pai do jovem e um amigo dele, que, ao longo do dia, prestaram depoimento e acabaram confessando parcialmente o crime.
Sequestro
O jovem agredido contou aos militares que andava pela rua Pouso Alto, no bairro Serra, durante a manhã, quando foi abordado pelo pai e forçado a entrar no carro que ele dirigia. No veículo, havia um segundo homem, de 39 anos, que teria aplicado um golpe mata leão, levando o adolescente a desmaiar.
O filho acordou em um local desconhecido, amarrado com braçadeiras, e foi ordenado a convencer sua mãe a relatar o casamento com o pai. Os suspeitos estabeleceram que, se ele não conseguisse resultado até as 19h da terça-feira, a mulher seria assassinada.
Segundo a vítima, após a separação, a mãe estaria começando a se relacionar com uma outra pessoa, e o ex-marido descobriu.
Em seguida, o adolescente foi levado novamente ao veículo. O pai da vítima dirigiu até a avenida Mem de Sá, no bairro Santa Efigênia, e deixou o outro suspeito em casa. Depois, levou o filho para a escola, na região hospitalar.
Investigação
Com a denúncia, a ex-mulher do suspeito foi orientada a procurar abrigo na casa de familiares. A Polícia Militar encontrou imagens de câmeras de segurança da rua onde o menino foi sequestrado, que comprovaram que o pai dele estava acompanhado de outro homem no momento do rapto.
O veículo utilizado foi um Fiat Stilo prata, pertencente ao irmão do suspeito, também investigado pelos militares. Ao saber do que havia ocorrido com seu sobrinho, ele prestou depoimento, disse que o irmão utilizava o carro costumeiramente, e frisou que não tinha ciência da situação. Ele se dispôs a colaborar e, inclusive, a informar o paradeiro do procurado.
Confissão
Poucas horas depois, durante à tarde, o próprio suspeito compareceu à sede da companhia para tentar conversar com os policiais. Nervoso, ele contou uma versão diferente do filho, mas foi desmascarado ao ser confrontado com as imagens das câmeras de segurança da rua do sequestro.
Inicialmente, ele disse que estava sozinho e que havia pedido ao filho para buscar algumas ferramentas em Esmeraldas, já que ele não podia se aproximar da ex-mulher, devido à medida protetiva. O suspeito afirmou que o adolescente o ofendeu e que teria batido nele por raiva.
Ao ver a gravação do momento do crime, ele confessou que foi auxiliado por um amigo, que também se apresentou à polícia pouco depois e assumiu a participação no sequestro. Os dois foram presos e o caso encaminhado à Delegacia da Mulher, na capital.
FONTE O TEMPO
