Manoelina: a Santa dos Coqueiros

Nos anos 1930, Coqueiros, em Minas Gerais, vivia o fenômeno religioso de Manoelina

Em Março de 1931, o jornalista Nelson Castro, do A Noite, foi enviado para a comunidade de Coqueiros, em Entre Rios de Minas- MG, para investigar o fenômeno religioso de Manoelina. Ao chegar na cabana em que vivia a camponesa, a descreveu como uma “jovem de cor parda, de fisionomia agradável”, estando ela “descalça, trajando uma espécie de hábito branco”. A família contou que no ano anterior, Manoelina teria sido acometida por uma grave doença pulmonar, tendo recebido a extrema-unção do padre da cidade. Porém, dois dias depois, “levantou-se dizendo-se sã” e, por ordem de um anjo passou a “fazer caridade”.
Após relatos das curas milagrosas realizadas pela menina, sua fama se espalhou mudando a dinâmica tranquila daquela comunidade rural, o que passou a chamar a atenção da opinião pública. O jornal Lar Catholico falou sobre a “estupidez manoelínica”. O jornalista Mattos Pinto de O Malho, destacou um “mal histérico”. No Correio da Manhã, o espírita Figner Fred, a enxerga como um médium de “espírito muito evoluído”.
Porém, da Santa dos Coqueiros, como ficou conhecida, foi retirado o direito ao milagre. O Jornal (RJ) traz, em junho de 1931, a manchete “A Santa Manoelina foi presa em Belo Horizonte”, onde foi “absolutamente proibida de receber visitas”. Sua prisão causou certo desconforto, como podemos ver em um comentário no jornal A Batalha: “É deplorável que o governo de Minas prenda Manoelina”, dizia o leitor. Após um habeas corpus, Manoelina ficou livre, mudou-se para a cidade de D. Silvério acompanhada de um sargento de polícia, diz-se que “para manter a ordem”.

Leonardo Cruz é historiador

Edição: Marcos Barbosa

FONTE BRASIL DE FATO

Entre Rios de Minas: cidade promove peregrinação ao local onde viveu Santa Manoelina dos Coqueiros e evento marca 60 anos de sua morte

No próximo sábado (14) acontece a segunda peregrinação à localidade de Retiro Velho, a 12 km de Entre Rios de Minas, na MG 270, onde nasceu e

viveu a “Santa” Manoelina dos Coqueiros (1911-1960).

No local, haverá o Terço dos Homens e a seguir reunião pública da Fraternidade Espírita Manoelina dos Coqueiros. O evento acontece às

14:30 horas. O data se refere ao dia do falecimento da “Santa” que despertou o Brasil com seus milagres.

Resgate

Há cerca de 2 anos, iniciou em Entre Rios de Minas um grande movimento de resgate da memória de Manoelina Maria de Jesus, a “Santa dos Coqueiros”.

No dia 14 de março do ano passado, data em que completava 59 anos de seu falecimento, uma estátua foi afixada na entrada da casa com uma fonte de água cristalina que banha os fiéis, como marco inicial do resgate histórico do centro de peregrinação. A imagem de Manoelina foi esculpida em pedra-sabão pelo artesão David Fuzatto, de Cel. Xavier Chaves, inspirada no desenho do artista entrerriano Daditto.

A estátua foi doação de Maurílio Oliveira. Ele concordou em transformar a antiga residência da “Santa” em local de peregrinação, sem exploração financeira, em um gesto de abnegação.

No dia 19 de março de 2019, a exemplo do que acontecia diariamente nos idos de 1930, uma multidão de fiéis (cerca de 350 pessoas), mais uma centena de veículos, se aglomeraram dentro da modesta casa e no seu entorno, para participar de uma Missa Campal, evento religioso que faz parte de um projeto que objetiva resgatar a história da “Santa de Coqueiros” como patrimônio cultural de Entre Rios, além de legitimar seu valioso trabalho assistencial de cura.

A reabertura do local para visitação pública era também desejo do proprietário Maurílio de Oliveira Resende, objetivando que “todos que

aqui vierem possam beber da água, fazer suas orações e sentirem a paz deste lugar”.

No ano passado, uma estátua- igual à do Retiro Velho- foi afixada na Praça Coronel Joaquim Resende, resultado de uma mobilização e do gesto voluntário do grupo através de doações.

Movimento

Para o idealizador do movimento, médico José Pedro Borges, a história de Manoelina dos Coqueiros faz parte da história e da cultura de Entre Rios de Minas. Diversas iniciativas fazem parte da ação do grupo, como a instalação de um memorial à Santa Manoelina, como também que a Igreja reconheça os milagres atribuídos à Manoelina, com o pedido de sua beatificação , por fim, o traslado para Entre Rios dos restos mortais, para serem guardados no Memorial em sua homenagem.

Vítima de uma anemia profunda, aos 49 anos de idade, em 14 de março de 1960, faleceu em Crucilândia (MG), Manoelina Maria de Jesus. A chamada Santa dos Coqueiros foi enterrada no cemitério paroquial de Crucilândia, na sepultura número 284″, onde os romeiros ainda a invocam e recebem muitas graças, deixando ali, como retribuição, muitas flores…

 

A história

Manoelina Maria de Jesus era moça simples, pobre, fervorosa, católica, gostava de cantar “benditos” (cantos religiosos com que são acompanhadas as procissões). Era pelos idos da década 1930, no povoado dos Coqueiros, a moça simples, pobre, fervorosa, que gostava de cantar “benditos” ganhou fama. Aos 19 anos, começou a processar “milagres” e alimentava-se apenas de vinho e água.

Naquela época, Entre Rios ficou conhecida no País inteiro, por causa de reportagens veiculadas na revista “O Cruzeiro” e no Jornal “A Noite”,

onde o repórter Davi Nasser narrava os milagres acontecidos em Entre Rios de Minas.

Consta que a “santinha” nunca recebeu dinheiro pelos milagres e que o lugarejo de Coqueiros estava sempre cheio de doentes e romeiros, já que a notícia dos prodígios que ela operava se espalhou por Minas e diversas regiões do Brasil em busca da cura dos males físicos e “da alma”.

O local tornou-se um centro de fé e curiosidade. Os poucos carros da época não davam conta de transportar os romeiros que vinham de toda parte, via Jeceaba. Chegavam cartas de todo o Brasil e até do exterior, as quais ela benzia e ateava fogo logo em seguida. Algumas pessoas afirmavam que as correspondências continham dinheiro, pois moedas de 1.000 réis e pesos eram vistas entre as cinzas dos papéis das cartas.

A historiadora de Crucilândia, Conceição Parreiras Abritta, registrou no seu livro História de Crucilândia (Belo Horizonte, Página Studio Gráfico, 1988, pp.100 e 102-103): “chegavam caminhões repletos de pessoas em sua casa, gente a pé, a cavalo, pessoas vindas de todos os lados. A família de Manoelina não tinha mais sossêgo nem para trabalhar.

Chegavam sacos repletos até às bordas de correspondência, muitas das quais traziam dinheiro”. Vestia-se de uma túnica azul comprida e um véu

branco na cabeça. Dormia em um catre de madeira, sem colchão e roupa de cama”.

Entre tantas versões, algumas apontam que, devido à sua fama, a Igreja a teria perseguido, inclusive internada como louca, transferindo-se,

juntamente com a família, para Crucilândia.

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No próximo sábado (14) acontece a segunda peregrinação à localidade de Retiro Velho, a 12 km de Entre Rios de Minas, na MG 270, onde nasceu e

viveu a “Santa” Manoelina dos Coqueiros (1911-1960).

No local, haverá o Terço dos Homens e a seguir reunião pública da Fraternidade Espírita Manoelina dos Coqueiros. O evento acontece às

14:30 horas. O data se refere ao dia do falecimento da “Santa” que despertou o Brasil com seus milagres.

Resgate

Há cerca de 2 anos, iniciou em Entre Rios de Minas um grande movimento de resgate da memória de Manoelina Maria de Jesus, a “Santa dos Coqueiros”.

No dia 14 de março do ano passado, data em que completava 59 anos de seu falecimento, uma estátua foi afixada na entrada da casa com uma fonte de água cristalina que banha os fiéis, como marco inicial do resgate histórico do centro de peregrinação. A imagem de Manoelina foi esculpida em pedra-sabão pelo artesão David Fuzatto, de Cel. Xavier Chaves, inspirada no desenho do artista entrerriano Daditto.

A estátua foi doação de Maurílio Oliveira. Ele concordou em transformar a antiga residência da “Santa” em local de peregrinação, sem exploração financeira, em um gesto de abnegação.

No dia 19 de março de 2019, a exemplo do que acontecia diariamente nos idos de 1930, uma multidão de fiéis (cerca de 350 pessoas), mais uma centena de veículos, se aglomeraram dentro da modesta casa e no seu entorno, para participar de uma Missa Campal, evento religioso que faz parte de um projeto que objetiva resgatar a história da “Santa de Coqueiros” como patrimônio cultural de Entre Rios, além de legitimar seu valioso trabalho assistencial de cura.

A reabertura do local para visitação pública era também desejo do proprietário Maurílio de Oliveira Resende, objetivando que “todos que

aqui vierem possam beber da água, fazer suas orações e sentirem a paz deste lugar”.

No ano passado, uma estátua- igual à do Retiro Velho- foi afixada na Praça Coronel Joaquim Resende, resultado de uma mobilização e do gesto voluntário do grupo através de doações.

Movimento

Para o idealizador do movimento, médico José Pedro Borges, a história de Manoelina dos Coqueiros faz parte da história e da cultura de Entre Rios de Minas. Diversas iniciativas fazem parte da ação do grupo, como a instalação de um memorial à Santa Manoelina, como também que a Igreja reconheça os milagres atribuídos à Manoelina, com o pedido de sua beatificação , por fim, o traslado para Entre Rios dos restos mortais, para serem guardados no Memorial em sua homenagem.

Vítima de uma anemia profunda, aos 49 anos de idade, em 14 de março de 1960, faleceu em Crucilândia (MG), Manoelina Maria de Jesus. A chamada Santa dos Coqueiros foi enterrada no cemitério paroquial de Crucilândia, na sepultura número 284″, onde os romeiros ainda a invocam e recebem muitas graças, deixando ali, como retribuição, muitas flores…

 

A história

Manoelina Maria de Jesus era moça simples, pobre, fervorosa, católica, gostava de cantar “benditos” (cantos religiosos com que são acompanhadas as procissões). Era pelos idos da década 1930, no povoado dos Coqueiros, a moça simples, pobre, fervorosa, que gostava de cantar “benditos” ganhou fama. Aos 19 anos, começou a processar “milagres” e alimentava-se apenas de vinho e água.

Naquela época, Entre Rios ficou conhecida no País inteiro, por causa de reportagens veiculadas na revista “O Cruzeiro” e no Jornal “A Noite”,

onde o repórter Davi Nasser narrava os milagres acontecidos em Entre Rios de Minas.

Consta que a “santinha” nunca recebeu dinheiro pelos milagres e que o lugarejo de Coqueiros estava sempre cheio de doentes e romeiros, já que a notícia dos prodígios que ela operava se espalhou por Minas e diversas regiões do Brasil em busca da cura dos males físicos e “da alma”.

O local tornou-se um centro de fé e curiosidade. Os poucos carros da época não davam conta de transportar os romeiros que vinham de toda parte, via Jeceaba. Chegavam cartas de todo o Brasil e até do exterior, as quais ela benzia e ateava fogo logo em seguida. Algumas pessoas afirmavam que as correspondências continham dinheiro, pois moedas de 1.000 réis e pesos eram vistas entre as cinzas dos papéis das cartas.

A historiadora de Crucilândia, Conceição Parreiras Abritta, registrou no seu livro História de Crucilândia (Belo Horizonte, Página Studio Gráfico, 1988, pp.100 e 102-103): “chegavam caminhões repletos de pessoas em sua casa, gente a pé, a cavalo, pessoas vindas de todos os lados. A família de Manoelina não tinha mais sossêgo nem para trabalhar.

Chegavam sacos repletos até às bordas de correspondência, muitas das quais traziam dinheiro”. Vestia-se de uma túnica azul comprida e um véu

branco na cabeça. Dormia em um catre de madeira, sem colchão e roupa de cama”.

Entre tantas versões, algumas apontam que, devido à sua fama, a Igreja a teria perseguido, inclusive internada como louca, transferindo-se,

juntamente com a família, para Crucilândia.

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Missa campal revive história da Santa Manoelina dos Coqueiros

O sobrinho Antônio Jorge (E) admira quadro com foto de Manoelina na mesa do altar.

Uma missa campal na Fazenda Retiro Velho , distante 12 km de Entre Rios de Minas, na casa onde nasceu Manoelina Maria de Jesus, a “Santa de Coqueiros”, celebrada pelo padre José Geraldo, da Paróquia do Pereirinhas , da cidade vizinha de Desterro de Entre Rios, marcou a inauguração da estátua em homenagem à taumaturga, na tarde de sábado, dia 16. A imagem de Manoelina foi esculpida em pedra-sabão pelo artesão David Fuzatto, de Cel. Xavier Chaves, inspirada no desenho do artista entrerriano Daditto.

A exemplo do que acontecia diariamente nos idos de 1930, uma multidão de fiéis (cerca de 350 pessoas), mais uma centena de veículos, se aglomeraram dentro da modesta casa e no seu entorno, para participar do evento que faz parte de um projeto, que, de acordo com  seu idealizador, o médico José Pedro Borges, objetiva resgatar a história da “Santa de Coqueiros” como patrimônio cultural de Entre Rios de Minas, além de legitimar seu valioso trabalho assistencial de cura. “É um resgate histórico e, ao mesmo tempo, uma reparação junto aos familiares”, ponderou Borges,acrescentando que, pela primeira vez, Manoelina Maria de Jesus, católica fervorosa, recebe missa em sua homenagem”.

A estátua de Manoelina ladeada pelo artista Dadilton (E), o proprietário Maurilio (E) e o idealizador do projeto de resgate, José Pedro, pegando água.

Ao pedir “uma salva de palmas pelas virtudes e santidade de Manoelina”, Pe. José Geraldo explicou “que nós, católicos, não estamos divinizando nem aclamando ninguém como deus ou deusa. Mas os santos são exemplos para nós de vida, de fraternidade, de santidade. Se eles puderam ser santos, nós também podemos. Então, é um incentivo para nossa santificação pessoal. Além disso, intercedem a Deus por nós, cuidam de nós através das orações. Por isso, é importante a invocação dos Santos e Santas”. Na mesa improvisada como altar, embaixo de uma goiabeira, entre flores, castiçais e crucifixo, o retrato de Manoelina. Mais ao lado, a estátua em sua homenagem enfeitada com flores deixadas há mais tempo pelos devotos e em perfeito estado.

A reabertura do local para visitação pública é desejo do proprietário Maurilio de Oliveira Resende, que pretende construir uma passagem tipo “vai e vem” para permitir o acesso das pessoas  “que queiram desfrutar da paz deste lugar, fazer suas orações e beber água pura da fonte”. O projeto de resgate histórico da “Santa de Coqueiros” foi elogiado pelo prefeito José Walter Resende Aguiar ao agradecer a participação de todos “neste momento de fé, bênção e intercessão”.

Manoelina é homenageada quase 60 anos depois de sua morte e devotos testemunham o milagre da vida

O afilhado Neli Maciel, de Cracilândia, durante testemunho, lembrou que brincava de carrinho aos pés da madrinha, que usava uma capa azul e benzia pedrinhas para fazer chá

Entre as centenas de visitantes provenientes de Entre Rios, Crucilândia, Piedade dos Gerais, Conselheiro Lafaiete, Desterro de Entre Rios, Belo Horizonte, Igarapé, que prestigiaram o evento, estavam parentes de Manoelina Maria de Jesus. O sobrinho, Antonio José Jorge, 61 anos, de Igarapé, afirmou que estava “emocionado de ver o trabalho, o empenho, o amor  que estão demonstrando pela minha tia”. Também Américo Garibaldi de Oliveira, 86 anos, de São Sebastião do Gil – Desterro, lembrou que nos idos de 1958, quando ia a cavalo buscar a irmã, passou em Crucilândia para pedir uma bênção à Manoelina.

-Senti muita humildade nela. Fico satisfeito de ver esta homenagem e o movimento de resgate histórico, porque ela saiu daqui de uma forma menos agradável, argumentou Oliveira. Para a sobrinha de 2º grau, Neusa Aparecida Campos, 47 anos, “é uma boa ideia resgatar a história dela, porque principalmente as crianças não a conhecem”.

A sorridente Estéfani, atropelada por uma moto aos 8 anos, sobreviveu pela intercessão de “Santa Manoelina”.

Já  os devotos, que alcançaram graças, não a esquecem. Darci Resende Maia, moradora no Colônia, zona rural de Entre Rios, relembra quando a filha  Estéfani Resende Maia, aos 8 anos, foi atropelada na estrada por uma moto e ficou ‘desenganada` no hospital em Belo Horizonte. “ Rezei para Santa Manoelina e pedi que ela intercedesse pela minha filha”. Estéfani, hoje com18 anos, estava na fila para assinar o caderno de presença ao evento e  também é devota de Manoelina.

Maria Gonçalves Ferreira, 86 anos, recebendo a comunhão, retribui bêmçãos alcançadas enfeitando túmulo de Manoelina ao Cemitério Paroquial de Cracilândia.

Sorrindo, mostrou a cicatriz que tem na perna – única lembrança do grave acidente que quase lhe tirou a vida.

Natural do Gil ,em Desterro, Elza de Assis Fonseca,72 anos, presente ao evento, afirmou que foi curada “por intercessão de Santa Manoelina”.  Em agosto do ano passado , apresentou um problema renal grave, urinava sangue e precisaria operar para retirar o rim. Conta que rezou e pediu que Manoelina intercedesse por ela.

Fiéis observam acervo histórico dentro da casa onde nasceu e viveu Manoelina, em Coqueiros.

“Fiz novos exames, antes da cirurgia, e o rim que estava detonado não apresentava mais o problema”. Já o entrerriano Vitor de  Oliveira Pena, 66 anos, contou que seu avô ajudava a retirar os carros que ficavam agarrados no barro da estrada, “usando uma cangada de bois” e que “ganhou dinheiro com os estrangeiros”.

Mãe batiza filha de “Manoelina” após milagre ao nascer

Inaugurada com a celebração eucarística, a estátua de Manoelina  jorra água pura na mão direita, da mesma fonte de onde, outrora, ela apanhava água e benzia milhares de romeiros que vinham de toda parte do país e até do exterior em busca de cura para males físicos e “da alma”. Muitos saíam curados do encontro com Manoelina, como Delmira Andrade Silva, conforme relatou sua filha Manoelina Silva.

Manoelina Silva, de 87 anos, de Campo Belo, considera-se um milagre da “Santa de Coqueiros”.

Era março de 1931, grávida de cinco meses, Delmira corria risco de morte se levasse adiante aquela quarta gestação, devido a um problema circulatório em uma das pernas,   que inclusive a impedia de caminhar sem ajuda . O marido, Otávio Silva, barbeiro na cidade de Campo Belo, leu sobre os milagres da “Santa de Coqueiros” em um jornal de um cliente. Levou o periódico para casa e mostrou para a esposa. Ela, que há havia sido avaliada por quatros médicos que recomendaram a interrupção da gravidez, disse que queria ir até Coqueiros. Mas não tinham dinheiro, uma vez que todas as economias tinham sido gastas nos tratamentos médicos. Então, Otavio buscou ajuda com a sogra. D.Júlia disse que pagava a viagem para a filha e sugeriu que o genro buscasse outras pessoas para dividir o transporte. Otávio rapidamente lotou um caminhão (tipo pau de arara) e vendeu a máquina de costura da mulher para custear a parte dele. Dias depois chegavam em Coqueiros.

Emocionada, Delmira chorava ao receber a bênção de Manoelina que repetia “Tenha fé em Deus” enquanto aspergia água benta. Otávio levou a esposa para sentar-se à sombra de uma árvore enquanto armava a barraca com os demais perto dali, Ao retornar, já não encontrou Delmira. Foi achá-la agachada, colhendo avenca, à beira do pequeno riacho que corria atrás da casa de Manoelina,. “Minha ‘véia’, como você veio parar aqui?”, perguntou-lhe , carinhosamente, Otávio. E, para surpresa de ambos, o problema na perna havia sumido! Assistiram outras duas bênçãos antes de retornarem no dia seguinte para Campo Belo. Na viagem de volta, o caminhão tombou em uma vala da estrada. Ninguém se machucou e Delmira, junto com outras mulheres,  andou cerca de 1km até poder voltar para o caminhão.

Cinco meses depois, nascia em 24 de julho de 1931, de parto normal, Manoelina – batizada assim em homenagem à “Santa ,  “a quem devo meu nascimento”, afirmou, emocionada, Manoelina Silva, hoje com 87 anos, residente em Belo Horizonte,  ao visitar o Retiro Velho, um dia antes da inauguração da estátua. Depois de narrar   sua história de vida ao proprietário Maurílio de Oliveira Resende, ela ficou alguns minutos sentada em silêncio dentro da modesta casa. Em suas orações, louvor e agradecimento.

Breve relato sobre a minha experiência ao esculpir a imagem da Santa Manoelina dos Coqueiros

José Pedro com o escultor Fuzatto, em Coronel Xavier Chaves, e a estátua em fase de acabamento.

Trabalhando nessa obra, depois de ter visto muitas vezes o filme  Santa Manoelina dos Coqueiros e tomar conhecimentos mais detalhados da história dela, pude sentir, em vários momentos, a presença dela.
Trabalhando normalmente, a mente se esvaziava de pensamentos e de repente, eu sentia uma energia diferente, uma presença.
Eu olhava para a escultura, me lembrava da história dessa santa e quanto mais  eu entrava em sintonia com ela, com a  realização da obra e sentia esses momentos onde essa energia se  fazia presente, mais eu tomava consciência de que aquela escultura  ganhava uma representatividade profunda, pois aquela imagem, retratava um corpo que aqui viveu, realizou um trabalho místico e, voltou para a terra, estando agora em um túmulo.
Essa consciência me fazia entrar mais e mais em sintonia com essa presença.
Quando terminei a  escultura, fiquei de frente a ela, segurei em sua mão e fiquei  impressionado com o que ocorreu.
Em meu  mais profundo íntimo, brotou uma sensação de conforto, de paz, de alegria, uma sensação de um reencontro agradável.

Escultura da Santa será inaugurada no dia 01 de Abril na praça Coronel Joaquim Resende; a data rememora um ano do projeto de resgate de Manoelina.

Penso que todos os que conhecerem a história dessa santa, ao segurarem a mão dela e observarem seus sentimentos, entrará em uma experiência mística igual à que experimentei ao fazer isso.
Espero que todos possam se colocar diante dela, segurar em sua mão e sentir essa presença.
Tenho certeza que ao sentirem essa experiência agradável que descrevo aqui, todos possam sentir a sensação de que venceram a barreira do tempo e se transportaram para a época em que ela vivia aqui na terra e  derramava essa energia curadora sobre os que a visitavam.
Sou imensamente grato em ter recebido a incumbência de materializar aqui essa escultura, esse símbolo, com toda essa representatividade da Santa Manoelina dos Coqueiros.

MANOELINA MARIA DE JESUS: Um pouco da sua história de vida

Manoelina, em foto de 1930 na janela de sua casa abençoando romeiros.

Nasceu em 1911 (data estimada porque não há a Certidão de Nascimento para comprovar), no sítio Retiro Velho, em Coqueiros, distante cerca de 12 km de Entre Rios de Minas, sentido Desterro de Entre Rios. Filha de Miguel José da Rocha e Rosária Maria da Conceição.

Cresceu entre 14 irmãos, porque quatro faleceram. Aos 19 anos, em outubro de 1930, desenganada pelos médicos, recuperou-se “ por milagre divino”  da  doença grave que lhe roubava a saúde e o ânimo  – tuberculose ( incurável à época ) e  começou a operar, também  sob inspiração divina (espiritual), curas diversas em sua modesta casa no Retiro Velho, atraindo milhares de pessoas de todo o Brasil e até do exterior, que vinham em busca de solução para males físicos e “da alma”.

Manoelina, moça simples, pobre, analfabeta, devota fervorosa, abençoava os fiéis   aspergindo “água benta” e fazendo orações. Alimentava-se pouco ou quase nada. Narra a tradição oral que sua água se transformava em vinho e que os romeiros chegavam às centenas e eram atendidos em bênçãos às 6, 12 e 18 horas.  Pelos correios chegavam sacos de correspondência pedindo a intercessão dela em problemas diversos. Muitas cartas continham também dinheiro e moedas, que acabavam numa fogueira junto com os escritos.

A rotina da vida familiar e da região sofreu grande impacto. De acordo com matérias publicadas em jornais da época, a exemplo do ESTADO DE MINAS, fazendeiros, incomodados com o grande fluxo de veículos que danificavam as estradas (já em condições precárias) e de pessoas doentes que acampavam na região, uniram-se às autoridades locais, inclusive membros da Igreja, conseguindo afastar Manoelina de sua terra natal.

Na madrugada de 12 de abril de 1931, mudou-se com toda a família para Dom Silvério, distrito de Bonfim (MG). Ainda lá foi “perseguida”. Por ordem do então Secretário do Interior de Minas Gerais, Gustavo Capanema, uma missão militar levou-a, em 12 de junho daquele ano, à   Belo Horizonte, para “ter um encontro com o Governo”. Na   verdade, acabou sendo internada no Instituto Raul Soares, onde fez greve de fome e se recusava a tomar medicamentos como protesto.

O internamento foi justificado pelo Governo do Estado  sob alegação de que “sua presença era prejudicial à região que ficou sendo foco de doenças e de ladrões e marginais que furtavam transeuntes incautos e romeiros simplórios”; que “sua ´santidade` era explorada por empresários”; que “a vigilância policial, que por muito tempo se está fazendo no local da romaria ,não  resolveu o caso” ; que “Manoelina está sendo, deste modo, permanente causa de desassossego público” (…)  e  que “ ao Governo só restou a providência ,aliás a mais prudente e caridosa, de afastar Manoelina de seu officio (grafia da época) para submetê-la a cuidadoso exame e necessário tratamento”. Estas declarações foram coletadas de reportagens veiculadas à época pelo   jornal ESTADO DE MINAS.

Ainda de acordo com o mesmo jornal, na tentativa de libertar Manoelina,  ”os advogados Osmam Loureiro e José Alves Nogueira entram na Justiça com um pedido de  habeas- corpus    (…) Entretanto, o pedido não seria aceito uma vez que só é utilizado em favor de réus ou acusados de crimes comuns. E não era o caso.  Por sua vez, dentro do mesmo ano -1931 – “o pai Miguel José da Rocha denuncia o que aconteceu com a filha no Juizado de Menores e, no dia 16 de junho, é divulgada a libertação de Manoelina, e ela faz questão de declarar que não é santa.(…) Um psiquiatra não identificado, ouvido no Raul Soares, concluiu que Manoelina é apenas uma débil mental, nada mais. Não é uma louca e,como tal, não deve ficar internada entre loucos. Já o Governo toma providências para impedir a movimentação de peregrinos e afastar o perigo de um novo Canudos”. (alusão ao nome que designa a “cidade santa” e o movimento messiânico fundado pelo líder místico Antônio Conselheiro no sertão da Bahia, no fim do século XIX).

Mais uma vez, ela e toda a família mudam de D.Silverio (Bonfim) e   buscam refúgio num local denominado Capão, em Crucilândia(MG), onde continuou recebendo a visita de inúmeros romeiros. Tendo esta lembrança guardada na memória, seu afilhado de batismo, Neli Maciel, residente em Crucilância e presente à missa em homenagem à Manoelina, no Retiro Velho, qualificou   a madrinha, que usava uma capa azul e benzia pedrinhas para fazer chá, “como uma pessoa que só me deu alegria. Sinto-me abençoado por ela o tempo todo e muitas coisas graves desviaram de mim pela sua proteção”.

Voltando à história de vida de Manoelina Maria de Jesus, ela faleceu de uma grave anemia, às 3 horas do dia 14 de março de 1960, aos 49 anos, em sua casa no Capão, sendo   sepultada no dia seguinte, às 10 horas, no Cemitério Paroquial. Até hoje, sua sepultura –  de nº 284 –  é muito visitada em Crucilândia, onde ficou conhecida por “Virgem Manoelina”, com vários relatos de graças alcançadas.

Jornal Estado de Minas na sua edição de cinquentenário lançou um caderno especial contendo página inteira só com reportagens sobre a “Santa de Coqueiros”.

Justamente por ter recebido muitas bênçãos, Maria Gonçalves Ferreira, uma senhora de 86 anos, natural da zona rural de Barro Preto e atualmente residindo em Belo Horizonte, contou que faz questão de, uma vez ao mês, ir à Crucilândia enfeitar o túmulo, cuja grade mandou colocar.  Ela também veio prestigiar o evento no Retiro Velho. Emocionada, relembrou a convivência com a “Virgem Manoelina” e o desejo de que a filha se chamasse   Manoelina ,   “mas meu marido escolheu Márcia”.

_ Manoelina curou a vista da minha irmã, Conceição Gonçalves Pinheiro e, até hoje ela enxerga melhor do que eu, lembrou D.Maria.   Sem ter vivido naquela época mas escutando os familiares comentarem, a jovem Graciana da Silva Xavier, 27 anos, residente em Piedade dos Gerais, se encantou com a história, “que inspira muita fé. Há algo de diferente em Manoelina. Deus deu a ela, uma pessoa de grande santidade, a oportunidade de fazer milagres”. Durante a celebração eucarística, Graciana, que é devota dela, pediu “para que interceda por todos nós“.

Texto e fotos: Jornalista Jurema Gervason

Entre Rios: Santa cabocla Manoelina dos Coqueiros ganha estátua em sua memória

Ontem, dia 14, foi um dia marcante para um grupo de pessoas que busca o resgate da memória e a preservação da história Manoelina Maria de Jesus (1911-1960), mais conhecida a “Santa Milagreira dos Coqueiros”, fama que percorreu o país e atraiu milhares de fiéis a sua humilde casa, situada no Retiro Velho, localidade rural de Coqueiros, distante 12 km do centro de Entre Rios de Minas.

O empresário Maurílio de Oliveira Resende, atual proprietário do terreno onde está localizada a residência na qual Manoelina prestou suas assistências espirituais recebeu do escultor David Eduardo Fuzatto, de Coronel Xavier Chaves, a estátua da Santa.

Estátua foi colocada ontem, dia 14 de março quando ela comemora 60 anos de falecimento/DIVULGAÇÃO

Ela foi afixada na entrada da casa com uma fonte de água cristalina que banhará os fiéis, como marco inicial do resgate histórico do centro de peregrinações. Davi experimentou pela primeira vez as águas e jogou sobre a estátua, como em um gesto de batismo. O momento simbólico foi carregado de emoção e espiritualidade.

Participaram da instalação também, Renato Pacheco, Wander, Lucas, Leonídio e Rincon. Hoje, dia 14, comemora-se a data de 59 anos de falecimento da Santa Manoelina dos Coqueiros. A estátua foi doação de Maurílio Oliveira. Ele concordou em transformar a antiga residência da Santa em local de peregrinação, sem exploração financeira, em um gesto de abnegação.

Visita em 2018 à casa no Retiro Velho, zona rural de Entre Rios
de Minas, onde nasceu Manoelina/Divulgação

Ações

Outra ação do grupo, já aprovada pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, será a instalação de uma estátua na Praça Coronel Joaquim Resende, centro de Entre Rios. Amanhã, sábado, acontecerá uma Santa Missa, na Fazenda Retiro Velho, às 15:00 horas. Cabe destacar que esta estátua é resultado da mobilização e do gesto voluntários do grupo através de doações. Para ampliar a divulgação do resgate histórico, cerca de 50 camisas estampando o rosto da Santa foi confeccionadas e vendidas para arrecadação de fundos que vai ajudar em diversas campanhas.

Há quase um ano nascia o projeto de resgate histórico de Manoelina Maria de Jesus. O idealizador da iniciativa, médico José Pedro Borges, fez um reverência a história de Manoelina dos Coqueiros como parte integrante da cultura de Entre Rios de Minas. Neste período diversos relatos de milagres já foram levantados e colhidos com a intenção de sensibilizar a Igreja Católica na santificação de Manoelina de Conqueiros.

A Câmara de Entre Rios de Minas deve aprovar um Projeto de Lei que transforma o dia 14 de março como referência e homenagem a Manoelina dos Coqueiros. A Santa já ganhou até Hino Oficial pelas mãos do artista Daditto.

Escultor relata a intensidade vivenciada na obra

Leia a seguir o relato do escultor David Eduardo Fuzatto sobre sua experiência ao escupir a estátua de Manoelina dos Coqueiros. “Trabalhando nessa obra, depois de ter visto muitas vezes o filme  Santa Manoelina dos Coqueiros e tomar conhecimentos mais detalhados da história dela, pude sentir, em vários momentos, a presença dela.Trabalhando normalmente, a mente se esvaziava de pensamentos e de repente, eu sentia uma energia diferente, uma presença.

Imagem foi esculpida em pedra sabão e retrata com a originalidade a Santa Manoelina

Eu olhava para a escultura, me lembrava da história dessa santa e quanto mais  eu entrava em sintonia com ela, com a  realização da obra e sentia esses momentos onde essa energia se  fazia presente, mais eu tomava consciência de que aquela escultura  ganhava uma representatividade profunda, pois aquela imagem, retratava um corpo que aqui viveu, realizou um trabalho místico e, voltou para a terra, estando agora em um túmulo. Essa consciência me fazia entrar mais e mais em sintonia com essa presença.

Quando terminei a  escultura, fiquei de frente a ela, segurei em sua mão e fiquei  impressionado com o que ocorreu.Em meu  mais profundo íntimo, brotou uma sensação de conforto, de paz, de alegria, uma sensação de um reencontro agradável.

Penso que todos os que conhecerem a história dessa santa, ao segurarem a mão dela e observarem seus sentimentos, entrará em uma experiência mística igual à que experimentei ao fazer isso.Espero que todos possam se colocar diante dela, segurar em sua mão e sentir essa presença.

Tenho certeza que ao sentirem essa experiência agradável que descrevo aqui, todos possam sentir a sensação de que venceram a barreira do tempo e se transportaram para a época em que ela vivia aqui na terra e  derramava essa energia curadora sobre os que a visitavam. Sou imensamente grato em ter recebido a incumbência de materializar aqui essa escultura, esse símbolo, com toda essa representatividade da Santa Manoelina dos Coqueiros”.

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Grupo resgata a história da santa milagreira Manoelina dos Coqueiros que arrastou multidões por seus milagres; cidade vai construir memorial

Antônio Jorge, Geralda e Tereza, sobrinhos de Manoelina, no
interior da casa onde ela atendia os romeiros por volta de 1930/Divulgação

Com o objetivo de reconhecer e resgatar a história de Manoelina dos Coqueiros, mais conhecida por “Santa Manoelina dos Coqueiros”, uma caravana constituída por autoridades municipais, parentes da taumaturga e representantes da comunidade entrerriana, visitaram, na manhã do feriado de 1º de maio, as dependências da singela casa onde ela viveu e prestou assistência espiritual a milhares de romeiros nos idos de 1930.

No lugar denominado Retiro Velho, distante cerca de 12 quilômetros de Entre Rios de Minas, o atual proprietário, Maurilio de Oliveira Resende, ao permitir a visita, não descartou a possibilidade de preservar o local como um centro “de bênção e paz, mas sem qualquer tipo de exploração financeira”.

Para o idealizador da iniciativa, médico José Pedro Borges, a história de Manoelina dos Coqueiros faz parte da história e da cultura de Entre Rios de Minas. “É das mais importantes do município e ficou conhecida não só na região, como no Brasil e até no exterior “, ressaltou o médico ao defender, horas depois, nem reunião na sede da Câmara de Vereadores, a criação de um Memorial à “Santa Manoelina”.

Visita à casa no Retiro Velho, zona rural de Entre Rios
de Minas, onde nasceu Manoelina/Divulgação

Nesta mesma reunião, foram apresentadas outras sugestões, como instituir um dia no calendário festivo municipal em homenagem à ela; dar seu nome à alguma repartição pública, talvez na área da saúde pelos feitos de cura atribuídos à Manoelina; a criação de um local para cultuar sua memória (uma capela?) ou mesmo a recuperação da casa no Retiro Velho, onde ela nasceu em 1911 e viveu até os 19 anos, antes de mudar-se com toda a família – 16 irmãos – para Dom Silvério (distrito de Bonfim) e mais tarde para Crucilândia, onde veio a falecer em 1960, aos 49 anos.

Além de autoridades municipais – prefeito José Walter Resende Aguiar; viceprefeito Paulino Pena Oliveira; Felipe Resende Ribeiro de Oliveira, presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Cultural, dos vereadores Ronivon Alves de Souza  e Fernando Andrade Maia – e de representantes de vários setores da comunidade entrerriana, o evento contou com a presença de um sobrinho de Manoelina – o vereador em Igarapé, Antonio José Jorge, que pela primeira vez visitava Entre Rios e conheceu parentes a exemplo das primas Teresa Joaquina de Oliveira e Geralda Joaquina de Oliveira.

Maurílio, José Pedro, Geralda,
Antônio Jorge, Witlton, amigo do
sobrinho Antônio, prefeito José
Walter, vice Paulino e o presidente
do CODEC Felipe Resende, com
os representantes da comunidade
na sede da Câmara Municipal/Divulgação

Antonio Jorge agradeceu o interesse do município em reconhecer e resgatar a verdadeira história de sua tia e afirmou que está pronto para ajudar no projeto, inclusive servindo de ponte junto aos outros familiares, a fim de reunir pertences espalhados e ajudando na reconstrução de toda uma memória material e imaterial.

Por isso, ainda dentre as sugestões apresentadas na reunião do último dia 1º,  também constam:  que sejam reconhecidos pela Igreja Católica os “milagres” atribuídos à Manoelina, com o pedido de sua beatificação; e o traslado para Entre Rios dos restos mortais, para serem guardados no Memorial em sua homenagem.

A intenção do translado dos ossos pedir o reconhecimento Igreja pela suas boas ações, construir um memorial.

Por isso, ainda dentre as sugestões apresentadas na reunião do último dia 1º,   também constam:  que sejam reconhecidos pela Igreja Católica os “milagres” atribuídos à Manoelina, com o pedido de sua beatificação; e o traslado para Entre Rios dos restos mortais, para serem guardados no Memorial em sua homenagem.

A história da santa cabocla cujos milagres ganharam o Brasil, arrastando multidões a Entre Rios; excomungada pela Igreja ela morreu abandonada

Manoelina Maria de Jesus (1911-1960),  moça simples, pobre, fervorosa, católica, gostava de cantar “benditos” (cantos religiosos com que são acompanhadas as procissões).

Imagem da santa Manoelina
dos Coqueiros/Divulgação

Era pelos idos da década 1930, no povoado dos Coqueiros, situado a cerca de 12 km de cidade de Entre Rios de Minas. Analfabeta, moça simples, pobre, honesta e fervorosa, Manoelina alimentava-se apenas de vinho e água e Aos 19 anos, começou a processar “milagres”.

Naquela época Entre Rios ficou conhecida no País inteiro, por causa de reportagens veiculadas na revista “O Cruzeiro” e no Jornal “A Noite”, onde o repórter Davi Nasser narrava os milagres acontecidos em Entre Rios de Minas.

Importantes escritores como Zelia Gattai, Otto Lara de Resende e Ramón Garcia, entre outros, narravam seus feitos. Há um documentário, produzido em 1931, por Ramón Garcia, que inclusive conviveu durante um tempo com Manoelina e sua família.

Consta que a “santinha” nunca recebeu dinheiro pelos milagres e que o lugarejo de Coqueiros estava sempre cheio de doentes e romeiros, já que a notícia dos prodígios que ela operava se espalhou por Minas e diversas regiões do Brasil em busca da cura dos males físicos e “da alma”.

O local tornou-se um centro de fé e curiosidade. Os poucos carros da época não davam conta de transportar os romeiros que vinham de toda parte, via Jeceaba. Chegavam cartas de todo o Brasil e até do exterior, as quais ela benzia e ateava fogo logo em seguida. Algumas pessoas afirmavam que as correspondências continham dinheiro, pois moedas de 1.000 réis e pesos eram vistas entre as cinzas dos papéis das cartas.
A historiadora de Crucilândia, Conceição Parreiras Abritta, registrou no seu livro História de Crucilândia (Belo Horizonte, Página Studio Gráfico, 1988, pp.100 e 102-103): “chegavam caminhões repletos de pessoas em sua casa, gente a pé, a cavalo, pessoas vindas de todos os lados. A família de Manoelina não tinha mais sossêgo nem para trabalhar. Chegavam sacos repletos até às bordas de correspondência, muitas das quais traziam dinheiro”. Vestia-se de uma túnica azul comprida e um véu branco na cabeça. Dormia em um catre de madeira, sem colchão e roupa de cama”.
O prof. Saul Martins (in Folclore em Minas Gerais. 2a.Ed. Belo Horizonte, Ed.UFMG, 1991. p.68), assim opinou: “na área do espiritismo, sobretudo o de Alan Kardec, a primeira grande expressão revelada foi Manoelina ou Santa Manoelina dos Coqueiros, como se tornou conhecida e venerada na década de 30. Seguiram-se Chico Xavier (…), Zé Arigó…”.

Pedra preservada ao lado da casa no Retiro Velho, onde
Manoelina subia para aspergir água benta nos romeiros/Divulgação

Num cômodo de terra batida Manoelina rezava e recebia as pessoas, muitas das quais traziam ex-votos de cera e retratos. Ela benzia água que era distribuía para as pessoas. Rezava e pedia que rezassem… Normalmente não receitava remédios.
Carlos Drummond de Andrade, sob o pseudônimo de “Antônio Crispim”, publicou no “Minas Gerais”, em 25/02/1931, uma bela crônica a respeito de Manoelina. A crônica foi republicada na “Revista do Arquivo Público Mineiro”, ano XXXV, 1984, páginas 80-81. Drummond relatou que “…as pessoas que antigamente, no dia mais ocupado da semana, também chamado dia de descanso, seguiam para Santa Luzia, Morro Velho ou Acaba Mundo, vão hoje a Entre Rios, onde uma santa faz milagres no alto de um morro. (…) A maioria, porém, vai a Coqueiros porque Coqueiros é um lugar de bênçãos onde um diálogo se estabelece ardente e puro, entre os anjos do céu e uma cafusa da terra (…). A cafusa pede ao anjo que ponha ordem nas coisas do mundo, que retifique a perna dos paralíticos, que sare as feridas e conforte os comerciantes falidos. O anjo diz que vai providenciar e recolhe esses apelos da dor humana. Enquanto isso, no morro, distribui-se uma água que jorra da bica, e nessa água, que lava todas as misérias, os homens inquietos e as mulheres torturadas encontram a paz que inutilmente haviam perdido nos santuários, nas ruas e nos cinemas deste mundo. A santa, que é pobre, inspira mais confiança aos pobres que outras santas, e sendo trabalhadora humilde da fazenda, tudo a recomenda ao carinho dos humildes, dos pequeninos, que até agora não tinham uma representante direta na classe das taumaturgas (…). A lição de Manoelina aos aflitos e curiosos que a procuram é uma lição de humildade (…). Na sua casa de barro, entre coqueiros, diante do trenzinho da Central em que todos os doentes e infelizes de Minas e do Rio tomaram passagem, a santa rural fornece água, consolo, palpites de loteria, indicações para ser feliz em amor, e mil outras coisas importantes…

Vítima de uma anemia profunda, aos 49 anos de idade, em 14 de março de 1960, faleceu em Crucilândia (MG), Manoelina Maria de Jesus. A chamada Santa dos Coqueiros foi enterrada no cemitério paroquial de Crucilândia, na sepultura número 284″, onde os romeiros ainda a invocam e recebem muitas graças, deixando ali, como retribuição, muitas flores…

Entre tantas versões algumas apontam que, devido a sua fama, a igreja teria a perseguido, inclusive internada como louca, transferindo-se, juntamente com a família, para Crucilândia onde teria morrido pobre.

 

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