O trem mais incrível do Peru em uma viagem até Machu Picchu

Nenhuma aventura peruana está completa sem uma visita à aldeia inca de Machu Picchu, protegida pela UNESCO. É a parada turística número um do Peru e, sem dúvidas, um dos lugares mais bonitos para se visitar – afinal, há uma razão para ser uma das novas sete maravilhas do mundo.

Mas chegar lá e reservar passagens não é tão simples quanto se espera. Os ingressos devem ser comprados com pelo menos 30 dias de antecedência na alta temporada e o acesso envolve pelo menos três meios de transporte. Claro, o local é acessível a pé através da Trilha Salkantay para caminhantes interessados, mas a rota envolve uma caminhada de 75 quilômetros durante quatro a cinco dias pelas montanhas e pelo terreno da selva, terminando com um despertar às 3h da manhã no último dia para descer a Machu Picchu para o nascer do sol.

Em 2024, a Belmond comemora 25 anos de serviço no Peru — Foto: Sophie Knight
Em 2024, a Belmond comemora 25 anos de serviço no Peru — Foto: Sophie Knight
Há dois carrinhos de jantar que comportam até 84 passageiros — Foto: Sophie Knight
Há dois carrinhos de jantar que comportam até 84 passageiros — Foto: Sophie Knight

Entre em Hiram Bingham, A Belmond Train, uma viagem de trem inesquecível que começa na estação Poroy, em Cusco, e te leva até a cidadela. O Hiram Bingham (nomeado em homenagem ao explorador que divulgou amplamente a existência de Machu Picchu para o mundo ocidental no início do século 20), é composto por vários vagões decorados. Ele inclui dois vagões-restaurante com capacidade para até 84 passageiros, um vagão-bar onde são servidos Pisco Sours e um vagão de observação ao ar livre para apreciar as vistas panorâmicas. Veja como é o dia.

Chegamos à estação de Poroy (a 20 minutos de carro do centro de Cusco) às 8h30, com música ao vivo e uma apresentação de dança com artistas vestidos com roupas tradicionais incas. Recebemos uma bebida de boas-vindas de prosecco com pisco e groselha, que bebemos rapidamente antes de sermos levados à nossa cabine de jantar para uma partida imediata às 9h.

O trem mais incrível do Peru em uma viagem até Machu Picchu — Foto: Sophie Knight
O trem mais incrível do Peru em uma viagem até Machu Picchu — Foto: Sophie Knight
A equipe distribui bandejas de prosecco, pisco e groselha — Foto: Sophie Knight
A equipe distribui bandejas de prosecco, pisco e groselha — Foto: Sophie Knight

Os convidados se enquadram em uma de duas categorias: metade está pronta para uma passarela e a outra metade está pronta para explorar o terreno da selva. Nós nos encaixamos confortavelmente na equipe de caminhada com nossos tênis e leggings, mas os hóspedes mais sofisticados usam sapatos Chanel, chapéus de sol e bolsas de grife.

O sol entra no vagão-restaurante quando o trem começa a descer — Foto: Sophie Knight
O sol entra no vagão-restaurante quando o trem começa a descer — Foto: Sophie Knight
Os campos de cultivo passam - os platôs altos são a altitude ideal para o cultivo — Foto: Sophie Knight
Os campos de cultivo passam – os platôs altos são a altitude ideal para o cultivo — Foto: Sophie Knight

Nosso capitão, Martin, explica a viagem que temos pela frente quando começamos a avançar – ela durará duas horas e meia, descendo 3 mil metros acima do nível do mar até 2.400 metros. A queda de altitude é muito bem-vinda.

Começamos a viagem em um terreno relativamente plano. Campos de cultivo de milho e batata passam rapidamente. E às 10h30, entramos na icônica floresta nublada do Vale Sagrado, uma região do planalto andino do Peru.

O Hiram Bingham serpenteia pelas montanhas em direção a Machu Picchu — Foto: Sophie Knight
O Hiram Bingham serpenteia pelas montanhas em direção a Machu Picchu — Foto: Sophie Knight
O carrinho de bar é o local ideal para ouvir música ao vivo durante toda a viagem — Foto: Sophie Knight
O carrinho de bar é o local ideal para ouvir música ao vivo durante toda a viagem — Foto: Sophie Knight

Fazemos uma rápida parada em Ollantaytambo para pegar mais passageiros antes do início do serviço de brunch. A refeição de três pratos começa com pão quente e tortinha de milho crocante, seguida de espetinhos de carne Angus com batata nativa e termina com uma deliciosa mousse de banana doce e maracujá. Depois, o que importa são as vistas.

Um brunch de três pratos é servido enquanto o trem passa pela zona rural andina — Foto: Sophie Knight
Um brunch de três pratos é servido enquanto o trem passa pela zona rural andina — Foto: Sophie Knight
Espere pratos como carne bovina com batatas nativas — Foto: Sophie Knight
Espere pratos como carne bovina com batatas nativas — Foto: Sophie Knight

A paisagem lá fora se transforma em montanhas rochosas enquanto seguimos o caudaloso rio Urubamba, que deságua no rio Amazonas. O carrinho de observação é o local para passar a maior parte da viagem, absorvendo as paisagens inigualáveis.

O trem serpenteia por altas montanhas e uma selva verde exuberante – samambaias, bromélias e muita folhagem verde ocupam o lado direito do trem. Observamos as nuvens rolarem sobre as montanhas rochosas antes de chegarmos à estação de Machu Picchu.

As bebidas são apreciadas no carrinho de bar — Foto: Sophie Knight
As bebidas são apreciadas no carrinho de bar — Foto: Sophie Knight
A folhagem bate nas janelas do trem — Foto: Sophie Knight
A folhagem bate nas janelas do trem — Foto: Sophie Knight

Seguimos para a sala de espera privada de Belmond antes de sermos guiados ao nosso ônibus para uma subida com muito vento de 30 minutos até a entrada de Machu Picchu. Seguiremos pela Rota Um – a rota mais alta e popular – ao redor da cidadela com um guia que fala inglês ou espanhol e que compartilha a fascinante história dessa cidade inca que se acredita ter sido construída no século XV.

Acredita-se que Machu Picchu tenha sido construída por volta do século XV — Foto: Cavaleiro Sophie
Acredita-se que Machu Picchu tenha sido construída por volta do século XV — Foto: Cavaleiro Sophie
Lhamas e alpacas são residentes de Macchu Pichu — Foto: Sophie Knight
Lhamas e alpacas são residentes de Macchu Pichu — Foto: Sophie Knight

Ficamos maravilhados enquanto a nuvem flui pela antiga vila e tiramos fotos enquanto ela se desprende do Monte Machu Picchu.

Às 16h, seguiremos para o Sanctuary Lodge, um hotel Belmond na entrada da cidadela, para o chá da tarde antes de retornarmos ao ônibus para a viagem de volta.

A vila inca foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 1983 — Foto: Sophie Knight
A vila inca foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 1983 — Foto: Sophie Knight
1,5 milhão de pessoas visitam Machu Picchu todos os anos — Foto: Sophie Knight
1,5 milhão de pessoas visitam Machu Picchu todos os anos — Foto: Sophie Knight

Um serviço de jantar requintado e bebidas ilimitadas nos mantém entretidos enquanto o céu escurece. Um banquete de quatro pratos é o combustível perfeito após um dia de exploração. A viagem termina com um delicioso chocolate quente com especiarias (em uma taça de champanhe, claro).

Um jantar de quatro pratos completa a viagem de trem, com coquetéis à base de Pisco — Foto: Sophie Knight
Um jantar de quatro pratos completa a viagem de trem, com coquetéis à base de Pisco — Foto: Sophie Knight

O trem chega por volta das 21h30 para mais música ao vivo e uma despedida da equipe que fez a viagem sem problemas. Quem diria que escalar Machu Picchu poderia ser tão chique?

Uma reserva no Hiram Bingham, A Belmond Train inclui a viagem de trem de ida e volta com entretenimento, uma refeição de três pratos e bebidas ilimitadas, entrada para Machu Picchu, acesso à trilha mais popular e um guia particular.

Matéria originalmente publicada na Condé Nast Traveller
FONTE CASA VOGUE

 

O impressionante jardim persa que prospera no meio do deserto no Irã

Um jardim impressionante floresce no meio da terra árida do deserto de Lut, no Irã. Localizado perto de Mahan, na província de Kerman, Bagh-e-Shazdeh ou Jardim Shazdeh é um magnífico oásis verde e seu nome significa “jardim do príncipe”. O tom das árvores e das plantas e o colorido da flores impressiona os visitantes que não esperam encontrar tal estrutura no coração do deserto.

O jardim foi construído durante a dinastia Qajar como uma demonstração de riqueza e também para servir de refúgio aos habitantes locais durante as caminhadas no deserto. Desde 2011, é um dos monumentos nacionais do Irã que está na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco.

Olhando de dentro, mal parece que o Jardim Shazdeh está no meio do deserto — Foto: Wikimedia / Ninara
Olhando de dentro, mal parece que o Jardim Shazdeh está no meio do deserto — Foto: Wikimedia / Ninara
Além da natureza exuberante, destaca-se a arquitetura da construção, que remete à tradição e ao estilo de concepção de jardins com origem na Pérsia (como era chamado o Irã). Ele foi erguido em um sistema de terraços escalonados com piscinas e fontes, cercados pela vegetação. O seu belo pavilhão se encontra no ponto mais alto e possui vista para toda a sua extensão.
Além da vegetação, o jardim impressiona pela arquitetura de suas construções — Foto: Wikimedia / Ninara
Além da vegetação, o jardim impressiona pela arquitetura de suas construções — Foto: Wikimedia / Ninara

A construção em degraus é uma técnica construtiva que auxilia na irrigação da plantas, pois a água flui como uma cachoeira do ponto mais alto ao mais baixo. O líquido é trazido de uma nascente nas montanhas próximas, por meio de um sistema de canais e aquedutos.

Verde e florido, o jardim no Irã atrai muitos turistas todos os anos — Foto: Flickr / Ninara / Creative Commons
Verde e florido, o jardim no Irã atrai muitos turistas todos os anos — Foto: Flickr / Ninara / Creative Commons

Os jardins persas também tinham um apelo simbólico de “paraíso na terra”. “Sempre dividido em quatro setores, com a água desempenhando um papel importante tanto na irrigação quanto na ornamentação, o jardim persa foi concebido para simbolizar o Éden e os quatro elementos zoroastristas: céu, terra, água e plantas”, descreve o site da Unesco.

FONTE REVISTA CASA E JARDIM

Ouro Preto: patrimônio cercado pelo medo

Chuvas elevam a tensão em Ouro Preto, cidade com mais áreas de risco geológico no país. Pontos críticos ainda esperam obras para evitar repetição de deslizamentos

Moradores de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, se assustam a cada nuvem escura no céu. Todos os anos, durante o período chuvoso, o drama de deslizamentos de encostas se repete na cidade, classificada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) como o município com maior número de áreas de risco geológico do país.

São 313, sendo que pelo menos 97% delas estão no patamar de risco geológico alto e 2,8%, muito alto. Um ano depois de noticiar a chegada do município ao topo do ranking do SGB, a reportagem do Estado de Minas voltou à cidade histórica para ver o que mudou de lá para cá.

Considerado um trecho crítico durante os períodos chuvosos em Ouro Preto, o Morro da Forca, local conhecido pelo deslizamento de terra que há dois anos soterrou a primeira construção neocolonial da cidade – o Casarão Baeta Neves–, no Centro Histórico, segue sem solução à vista. A administração municipal afirma ter feito uma obra “mínima” para reduzir os riscos e aguarda a liberação de R$ 36 milhões para drenagem e contenção do relevo pelo “PAC das Encostas”, programa do governo federal. O recurso, concedido ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), começou a ser negociado em 2012, mas está parado desde então.

Até lá, moradores e funcionários de estabelecimentos nas proximidades da encosta vivem sob o medo e tensão constante pela possibilidade de novos deslizamentos. Mostrando a casa atingida, Bárbara Maria de Souza, de 68 anos, se emociona. “Foi um susto. Minha cozinha foi destruída. Medo? Temos muito, mas o que a gente pode fazer?”, declara. Quatro gerações da família já moraram no terreno, a menos de 200 metros da Estação Ferroviária de Ouro Preto. Hoje, ela, a irmã, os filhos, netos e bisnetos vivem em duas casas no local.

Com um filho autista e epilético, a irmã de Bárbara, Eliane, de 64, acumula, com a chegada do período chuvoso, mais uma preocupação diária, que, inclusive, tira seu sono à noite. Desesperançosa, ela diz que a cidade é ‘feita’ para turistas. “Eu não sou geóloga, mas eu observo. Eu vejo cada dia descendo mais um pouco, é só observar as árvores”, disse apontando para o Morro da Forca. O desabamento da encosta traz um risco adicional para as famílias que moram ali: a inundação do Rio Funil, que corre à vista da janela de Bárbara.

Mesmo assim, as irmãs voltaram para a casa sem o parecer da Defesa Civil, que não retornou à residência depois do deslizamento em 2022. “Ficamos na casa de um amigo em Saramenha. Mas não tinha como ficar muito tempo na casa dos outros. Tenho meu filho, ele é especial. Todas as nossas coisas, nossa vida, está aqui”, diz Eliane.

Depois de anos assistindo de camarote à novela de deslizamentos no Morro da Forca, que, segundo Eliane, tem picos mais intensos a cada 10 anos, a família se sente desamparada. “Caiu em cima de um supermercado uma vez, 10 anos depois cai de novo, passados 10 anos, de novo. E por aí vai até hoje. É sempre um medo, uma incerteza. Estamos abandonados. Aqui é só para turista ver”, critica.

Apesar do risco, a família não pretende se mudar e a menção dessa possibilidade chega a arrancar lágrimas de Bárbara. “Meu pai trabalhou tantos anos para dar esta casa para nós. Toda nossa história está aqui”, diz, emocionada.

“É sempre um medo, uma incerteza”, diz Eliane de Souza (D), moradora de Ouro Preto, que vive com a irmã Bárbara e netos no entorno do Morro da Forca
Fotos: Leandro Couri/EM/D.A Press

Quem vive em áreas de risco já conhece os perigos, aprende a “vigiar” o tempo e reúne todas as forças para lutar. Caminhando pelo Bairro Taquaral, área devastada pelas chuvas de 2022/2023, a reportagem viu ares de cidade-fantasma. Após deslizamento de uma encosta, alguns moradores tiveram que abandonar suas casas, deixando para trás até mesmo pertences pessoais, como um quadro da Nossa Senhora das Graças, flagrado pela reportagem ainda pendurado na parede de um dos imóveis.

A característica do solo na região é um agravante. A área tem o que especialistas chamam de movimento de rastejo ou de massa, que, potencializado pela ação da chuva, contribui para a instabilidade da encosta. Antônio Carlos, de 36, está entre os moradores que saíram às pressas de sua casa na época. Depois de quase dois anos morando na residência da sogra e sem perspectiva de uma solução definitiva para o problema, ele pensa em voltar para o imóvel, que hoje está cheio de rachaduras.

“Se até maio não tiver nada, a nossa intenção é reformar e voltar. Com medo, sim, mas não tem como ficar morando de favor”, afirma. Nascido e criado na casa, o apego emocional também é mais forte. “Ter que sair é difícil demais. Se ao menos tivesse uma resposta se vamos ter indenização ou aluguel social, mas não houve nenhum retorno”, disse à reportagem do Estado de Minas.

A funcionária pública, Mônica Dias, de 42, ficou um tempo na casa de parentes em Mariana, porém acabou retornando. “Não consegui manter isso por muito tempo, porque trabalho aqui, meus filhos estudam aqui e tínhamos que fazer esse trajeto todos os dias. Era muito gasto. Até então, o suporte que tenho é o que eu mesma me dou. Não tem ninguém que olhe por nós”, disse.

A ela foi oferecido o aluguel social, pago pela prefeitura, o que, no entanto, não resolveu o problema. “Olha a estrutura da minha casa. Como eu vou arrumar uma casa de R$ 700 em Ouro Preto? O mínimo que eu estava olhando era R$ 1.600. Rodei a cidade inteira e não existe imóvel nesse valor. Tenho a minha mãe que mora comigo também, é uma idosa”, aponta.

VISTA DE OURO PRETO
Construção da cidade em área montanhosa desafia a prevenção de deslizamentosLeandro Couri/EM/D.A Press

Herança perigosa em Ouro Preto

Quem se aventura por Ouro Preto já conhece o sobe e desce de ladeiras. Essa característica montanhosa coloca o município em um cenário geológico complexo, que culminou na classificação da cidade como a de maior número de áreas de risco do país, conforme levantamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Localizada em uma região marcada por relevo montanhoso e solos sensíveis ao deslizamento de terra, o município soma essa peculiaridade geológica a construções frágeis em um relevo de morros, fatores que contribuem para que tragédias se tornem recorrentes.

A peculiaridade geológica da região traz desafios intrínsecos para garantir a segurança dos moradores e a proteção do patrimônio da cidade, que já foi capital de Minas Gerais, quando ainda era chamada de Vila Rica. “Ouro Preto foi construída em uma região de encostas muito acidentadas. Hoje, um projetista não construiria uma cidade em um local como esse. Aqui só foi construído em função das minas de ouro descobertas na serra”, explica o engenheiro de minas e professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Hernani Mota de Lima.

Na cidade histórica, a população ocupa os espaços entre as montanhas e o Parque do Itacolomi desde o Ciclo do Ouro. Muitas construções são irregulares, erguidas nas encostas. Somadas à falta de políticas públicas de moradia e urbanização, essas áreas colocam em risco também o patrimônio histórico e cultural do município.

“O crescimento urbano foi empurrado para áreas de instabilidade. Em locais que eles escolheram como mais seguros ou menos inseguros. Infelizmente, é a população de baixa renda que está mais suscetível, mas isso é um caso de todo o Brasil”, destaca o professor.

A herança histórica da mineração também potencializa o risco e torna o município mais suscetível a escorregamentos de terra. “Ao longo de mais de 100 anos, a serra foi toda revirada, foram construídas inúmeras minas subterrâneas. Depois que acabou o Ciclo do Ouro, a região começou a ser ocupada por moradias em uma encosta que já tinha tendência ao escorregamento por causa da sua formação geológica”, explica o engenheiro civil Eduardo Evangelista Ferreira, morador do Bairro São Cristóvão, que se especializou em geologia para entender as demandas de sua cidade.

Não é raro as fortes chuvas provocarem desmoronamento de casas, e os moradores acabarem descobrindo que o imóvel estava em cima de mina de ouro. Até hoje, no entanto, o município não mapeou esses pontos de minas subterrâneas, herança do período colonial. “São aberturas pequenas, mas, por outro lado, são muito próximas à superfície. Na maioria dos casos, menos de 10 metros. Com isso, o terreno acaba colapsando, o que chega a afetar as estruturas da superfície”, explica Hernani Mota.

Agora, uma iniciativa da Ufop pretende fazer esse trabalho. Só na área do Bairro São Cristóvão, segundo Eduardo, já foram identificadas 43 escavações. A Defesa Civil do município reconhece o risco e diz estar trabalhando junto à universidade para o mapeamento dessas áreas.

O secretário municipal de Defesa Social de Ouro Preto, Juscelino Gonçalves, avalia o risco deste período chuvoso como baixo. “Em relação aos anos anteriores, estamos ‘confortáveis’ no que diz respeito aos estragos que as chuvas provocam”, disse em conversa com a reportagem do Estado de Minas. Isso se deve ao baixo volume de chuvas. “Não estamos nem no alerta laranja”, afirma.

Plano para contenção de riscos

Depois do estudo publicado pelo SGB, que identificou 313 áreas de risco geológico na cidade, Gonçalves diz que a administração municipal aperfeiçoou ponto a ponto as áreas classificadas como de risco, e criou um plano municipal de redução de risco.

A Prefeitura de Ouro Preto especificou 182 pontos de atenção. No Bairro Taquaral, por exemplo, que era considerado uma área “perdida”, a delimitação exigiu a desocupação apenas de 34 casas. “Tivemos uma grande remoção no ano passado, acreditando que o risco alcançava todo o bairro, mas as análises mostraram que só essas estavam sob esse efeito”, diz o secretário. As famílias em áreas de alto risco foram desabrigadas e encaminhadas para o aluguel social ou indenização.

Moradores e especialistas, no entanto, cobram maior efetividade nas ações de prevenção, antes do início do período chuvoso. “Não há investimento em prevenção, só em tapar buraco. Quando chega o período chuvoso fica todo mundo sobrecarregado lá, os colegas da Defesa Civil, mas não há um plano de obras para poder reestruturar a cidade”, afirma Eduardo Evangelista.

OUTRO LADO 

Após a publicação desta reportagem, a Prefeitura de Ouro Preto, por meio de nota, detalhou ações de prevenção aos danos causados pela chuva. Leia na íntegra: 

De 22 de dezembro a 22 de março, ocorre oficialmente o verão, quando mudanças repentinas do tempo são esperadas. Apesar da combinação do calor com a umidade favorecer a ocorrência de tempestades, neste ano, em Ouro Preto, Minas Gerais, o índice de chuvas vem proporcionando uma tranquilidade histórica aos moradores, que já estão empolgados e empenhados nos preparativos de um grande carnaval.

Em termos comparativos, em janeiro de 2023, a cidade chegou a ser castigada com 190 mm de chuvas em apenas 72 horas. Já neste verão, em todo o mês de dezembro, choveu apenas 126 mm e, até agora, em janeiro, ainda não foi ultrapassada a marca de 200 mm.

Mas, mesmo com as condições climáticas sendo favoráveis, a Prefeitura de Ouro Preto optou por realizar um criterioso acompanhamento das áreas de risco mapeadas em todo o município. Por segurança, preparou, com bastante antecedência, várias ações de cuidados. Em 2023, o prefeito Angelo Oswaldo convocou equipes de diversas secretarias para elaboração e execução de um plano de contingência, um instrumento metodológico de prevenção e ação em situações de emergências.

Felizmente, de acordo com o secretário municipal da Segurança e Trânsito de Ouro Preto, Juscelino Gonçalves, diferente dos anos anteriores, até agora, não houve nenhuma ocorrência grave na cidade, nem registro de nenhuma vítima das chuvas: “Mesmo assim, seguimos atentos no monitoramento e acompanhamento”, garante o secretário.

Ações de prevenção e reparação

Nas vias urbanas, as ações preventivas estão fazendo a diferença em Ouro Preto. É o caso da Avenida Lima Júnior, popularmente chamada de “Curva do Vento”, que ficou comprometida e interditada no verão passado mas, em 2023, recebeu uma grande obra de contenção e drenagem. A última etapa da obra foi marcada pela construção de um muro de contenção, uma cortina atirantada em concreto armado com 70 metros de extensão e fixada na rocha com 130 tirantes, elementos de alta resistência à tração, integrados à pista como âncoras de sustentação, o que torna o terreno estável e seguro.

Em novembro de 2023, foram finalizadas as obras de drenagem e contenção da Rua Padre Rolim, principal via de acesso ao centro da cidade. A Rua das Violetas e a Rua das Orquídeas, no bairro Santa Cruz, a Rua Santa Marta, no Morro São João, e vários outros logradouros duramente castigados por chuvas passadas, também receberam projetos arrojados de contenção e drenagem e foram totalmente revitalizados.

Para o Morro da Forca, local conhecido pelo deslizamento de terra ocorrido em janeiro de 2022, depois de adotar medidas emergenciais na ocasião, a Prefeitura se empenhou para desenvolver um projeto de drenagem que no ano passado, foi aprovado na Secretaria de Infraestrutura do Estado, um processo que passou pelo DER, pela Caixa Econômica Federal e também pelo Ministério das Cidades.

Já as vias que dão acesso aos distritos, neste ano, todas permanecem operantes graças às intervenções realizadas nas estradas e pontes.

Por fim, com um clima favorável e com todas essas obras e intervenções, foi possível estabelecer um cenário de otimismo que os ouro-pretanos celebraram, em grande estilo, as festas de fim de ano. E, bastante animada, a cidade de Ouro Preto, reconhecida como um dos principais destinos turísticos brasileiros, já se prepara para receber, em fevereiro, visitantes do mundo inteiro, no Carnaval 2024.

FONTE ESTADO DE MINAS

Projetos de restauração do patrimônio em Minas vão receber R$ 12,9 milhões

Segunda etapa do programa foi lançado nesta segunda-feira

Foi anunciada, nesta segunda-feira (18), a destinação de R$ 12,9 milhões a projetos para recuperação, restauração e conservação de bens que integram o patrimônio cultural em Minas. É a segunda fase do programa ‘Minas para Sempre’. Em julho, a primeira etapa contemplou 11 projetos, que receberam o aporte de R$ 17 milhões.

O anúncio foi feito pelo Governo de Minas e pelo Ministério Público do Estado durante cerimônia no Palácio da Liberdade, ex-sede do poder estadual. Os selecionados foram definidos pela Plataforma Semente -, o maior banco de projetos socioambientais do estado e responsável pelo monitoramento da execução das restaurações.

Veja os projetos e cidades contemplados:

  • Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Matias Cardoso
  • Igreja Matriz de São Bartolomeu (2ª etapa), em Ouro Preto;
  • Gruta de Maquiné – 190 anos, em Cordisburgo;
  • Casa do Intendente dos Diamantes, em Diamantina;
  • Casa de Memória do Vale do São Francisco, em Januária;
  • Casa Paterna e Capela Nossa Senhora do Rosário na Comunidade dos Arturos, em Contagem;
  • Igreja São Sebastião de Pouso Alegre e Museu Histórico Municipal, em Paracatu;
  • Situação Emergencial Igreja Santa Rita, no Serro;
  • Igreja Matriz de Bom Sucesso, em Caeté.

A restauração do antigo prédio da Prefeitura Municipal de Grão Mogol, a reabilitação geotécnica e arquitetônica na Comunidade Kilombo Manzo Ngunzo Kaiango, em Santa Luzia, e a restauração da Casinha Velha, no povoado de Vargem de Santana, em Belo Vale, estiveram entre os projetos selecionados na fase inicial do programa.

Como participar

Municípios e proponentes da sociedade civil podem participar do programa. Os interessados devem cadastrar os projetos na Plataforma Semente (sementemg.org.br).

As propostas devem ter relação com a preservação e requalificação do patrimônio cultural de Minas Gerais, que tem a tradição renovada e a identidade cultural e turística fortalecida por meio das ações do programa.

Ao fim de cada semestre, os projetos aprovados por equipe multidisciplinar são enviados para análise e seleção da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC) do MPMG e do Iepha.

* Com Agência Minas

FONTE HOJE EM DIA

Estudantes do IFMG lançam livro infantil sobre o patrimônio da cidade de Ouro Branco

A obra “As aventuras em Ouro Branco, Minas Gerais”, narra as férias de duas crianças na casa dos avós e que nesse período descobrem as riquezas patrimoniais de Ouro Branco.

O mundo literário infantil acaba de ganhar mais uma história: “As aventuras em Ouro Branco, Minas Gerais”. O livro é de autoria das estudantes Rafaela Ribeiro e Alicia Silva e fruto do trabalho de conclusão do curso de Graduação em Pedagogia, sob orientação dos professores Rodolpho dos Santos e Denise Giarola.

A obra traz a aventura de duas crianças que, durante as férias na casa dos avós, percorrem os patrimônios do município de Ouro Branco. De acordo com as autoras, a proposta é que o livro possa contribuir para o trabalho com a educação patrimonial uma vez que a cidade de Ouro Branco guarda bens históricos abrangendo igrejas, casarões, povoados, conjuntos paisagísticos, entre outros tantos importantes marcos para o seu desenvolvimento social, cultural e econômico. “Além de registrar, é importante que as pessoas conheçam e valorizem a herança cultural”, afirmam as autoras.

Para elaborar o livro, as autoras se debruçaram nos arquivos bibliográficos e documentais sobre Ouro Branco, com destaque para a obra “Ouro Branco dos Ciclos” de Elizabeti Felix e a cartilha “Conhecendo o legislativo Câmara Municipal de Ouro Branco” que em suas primeiras páginas contêm a história do município.

“Acreditamos que o livro ‘As Aventuras em Ouro Branco, Minas Gerais’ poderá, por meio da literatura, possibilitar a interação dos alunos e professores com a cidade, proporcionando novos significados e perspectivas fundamentais para despertar uma memória local e contribuindo para uma formação cidadã”, defendem as autoras.

Clique aqui e acesse a versão virtual do livro!

FONTE IFMG CAMPUS OURO BRANCO

Patrimônio histórico de Lafaiete (MG) em ruínas: paisagem, memória e demolição

Atualmente o município possui bem pouco do casario do Séc. XVIII, XIX e princípio do XX, com isso a cidade perde sua identidade cultural ligada à arquitetura. Nesse sentido cabe aqui o conceito de “Não Lugar” elaborado por Marc Augé (1994). Os “não lugares” segundo Augé (1994) são locais que não possuem uma identidade própria e que podemos visualizar em qualquer lugar do mundo.”- (Extraído do artigo , Patrimônio Cultural e Memória, Conselheiro Lafaiete um não lugar?, artigo escrito pela Turismóloga  Kelly Juliane e a professora e arquiteta Renata Maria- Revista Museu/Maio/2019.

Patrimônio edificado no inicio do século XX, arquitetura eclética, demolido, saindo da paisagem urbana e  virando mais uma memória que só poderá ser visto em fotos ou filmagens. (Por João Vicente)

“O passado não é abstrato; ele tem a realidade material como patrimônio, que por sua vez tem consequências materiais para a identidade e o pertencimento da comunidade. O passado não pode simplesmente ser reduzido a dados arqueológicos ou textos históricos – ele é patrimônio de alguém.”Laurajane Smith (é Diretora da Escola de Arqueologia e Antropologia e do Centro de Estudos em Patrimônio e Museu na Australian National University)

     Patrimonio edificado estilo eclético pode ser o próximo da lista.

Hoje deparei com uma triste realidade, realidade essa que sem repetindo desde década de 50 contra os patrimônios culturais  edificados no século XVII, XIX e XX que continuam sendo demolidos em nossa cidade (patrimônios esses que deveriam serem protegidos e  preservados). Não irei me delongar no meu artigo, apenas alertar a sociedade se continuarmos assistindo tudo isso que está acontecendo com o nosso patrimônio arquitetônico cultural em breve a cidade de Conselheiro de Lafaiete vai virar uma cidade fantasma, sem identidade, um não lugar para se viver intensamente o seu lugar, sua aldeia, sua comunidade sem identidade, sem passado e sem memória.  Por fim, se nada for feito por parte da sociedade civil organizada, a história e a memória urbana da cidade,  irão ser conhecidas pelas futuras gerações, somente em papeis de fotografias nas paredes de algumas casas e nos arquivos públicos. Indico a leitura do artigo escrito pela Kelley e a Renata, “Patrimônio Cultural e Memória, Conselheiro Lafaiete um não lugar”? para que os leitores possam fazer suas reflexões a respeito da importância ou não em preservar e manter o nosso patrimônio cultural edificado em pé ou não. Dar a ele (patrimônio edificado) um espaço preservando sua  identidade urbana com a cidade, subjetivamente em um espaço que cumpra sua função social e cultural.

Patrimônio líquido de Minas em risco: por que nossas fontes estão secando?

Série de reportagens revela agressões preocupantes a mananciais que ajudam a purificar grandes rios com recursos hídricos de alta qualidade

Santana do Riacho e Jaboticatubas – Um amontoado de rochas cinzentas, forradas por camadas escuras e secas de líquens mortos no fundo de uma garganta foi o que restou de onde corria uma das fontes de água mais límpidas do povoado de Lapinha da Serra, na Serra do Cipó, Região Central de Minas. A paisagem desolada que deixou sem uma gota a Cachoeira da Conversa não é comum, e espantou a comunidade que hoje depende de caminhões-pipa da Prefeitura de Santana do Riacho para seu abastecimento.

É um alerta assustador na região que é uma das fontes da água de melhor qualidade para Minas Gerais, considerada do mais alto grau de pureza, a classe especial. “Nunca vi essa cachoeira assim, sem uma gota de água. Estamos colhendo frutos dos últimos três anos de incêndios que carbonizaram as cabeceiras”, avalia Cristiano Reis, coordenador da brigada voluntária Guardiões da Serra, que atua na localidade.

As águas de classe especial são tidas como fundamentais para manter os ecossistemas equilibrados, servir de berçário de espécies aquáticas, fontes de abastecimento e diluidoras da poluição nos rios em que deságuam. Mas ameaças como as que esgotaram a cachoeira pairam sobre as áreas de recarga, os locais onde a água das chuvas penetram no solo e abastecem as nascentes.

Queimadas, incêndios florestais, desmatamento, mineração, indústrias predatórias e expansão imobiliária inconsciente podem prejudicar essa dinâmica e ameaçam secar as fontes em Minas Gerais, estado que já foi chamado de “caixa d’água do Brasil”, de onde rios abastecidos pelas águas especiais ainda correm para unidades da federação vizinhas: São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

Para mostrar a situação dessas fontes, a equipe de reportagem do Estado de Minas contou com o auxílio de especialistas como o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria. Colaborações fundamentais para identificar não apenas onde se originam, mas o mais importante: as condições das áreas de recarga dos mananciais de classe especial de 88 municípios. Além da classe especial, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) enquadra a pureza das águas de classe 1 a classe 4, a última tão poluída que serve quase apenas para a navegação (confira infográfico na página ao lado).

Cruzamento de dados indica quadro de alerta

Para levantar dados sobre a qualidade do patrimônio líquido de Minas foram necessários cruzamentos de informações do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de comitês de bacias hidrográficas, além de mapeamento por satélites de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de perda de cobertura florestal da organização não-governamental Global Forest Watch.

Entre 2018 e 2022, no período da estiagem em Minas (abril a outubro), os 88 municípios mapeados que detêm águas de qualidade especial apresentaram 3.029 focos de incêndios, sendo que somente no ano de 2022 foram 30 cidades superando o número médio de focos do período anterior.

A área de recarga de mananciais de classe especial pesquisada foi de 466.889 hectares (ha) – mais de duas vezes o Parque Nacional da Serra da Canastra (197,8 mil ha) –, o que corresponde a 0,8% do estado (58 milhões de ha). O levantamento de 2018 a 2022 apontou 3.024 hectares de perdas de cobertura de árvores, um espaço um pouco menor que o Parque Nacional da Tijuca (3.958 ha), no Rio de Janeiro, sendo 549 ha (18%) só em 2022.

“Ao proteger as áreas de recarga, se permite um fluxo constante da água da chuva até mesmo na estiagem, já que esse recurso hídrico penetra e se armazena no subsolo. A área de recarga é o espaço de solo e rochas por onde a água penetra para alimentar o lençol freático, posteriormente aflorando como uma nascente ou alimentando diretamente outro manancial”, afirma o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria.

“A legislação brasileira considera que a classe especial seja a melhor qualidade de águas, dependendo de tratamento simples e não convencional para se beber. Os trechos de rios, córregos e mananciais de águas especiais são extremamente importantes para a biota aquática (conjunto de seres vivos que povoam as águas)”, detalha o geógrafo Antoniel Fernandes, professor dos departamentos de Geografia e Biologia da PUC Minas. “É muito falado que Minas Gerais é considerado a caixa d’água do Brasil. O estado é um grande fornecedor para outras unidades da federação, e o somatório da qualidade dessas fontes resultará nas condições desses mananciais”, alerta.

FONTE ESTADO DE MINAS

Patrimônio líquido de Minas em risco: por que nossas fontes estão secando?

Série de reportagens revela agressões preocupantes a mananciais que ajudam a purificar grandes rios com recursos hídricos de alta qualidade

Santana do Riacho e Jaboticatubas – Um amontoado de rochas cinzentas, forradas por camadas escuras e secas de líquens mortos no fundo de uma garganta foi o que restou de onde corria uma das fontes de água mais límpidas do povoado de Lapinha da Serra, na Serra do Cipó, Região Central de Minas. A paisagem desolada que deixou sem uma gota a Cachoeira da Conversa não é comum, e espantou a comunidade que hoje depende de caminhões-pipa da Prefeitura de Santana do Riacho para seu abastecimento.

É um alerta assustador na região que é uma das fontes da água de melhor qualidade para Minas Gerais, considerada do mais alto grau de pureza, a classe especial. “Nunca vi essa cachoeira assim, sem uma gota de água. Estamos colhendo frutos dos últimos três anos de incêndios que carbonizaram as cabeceiras”, avalia Cristiano Reis, coordenador da brigada voluntária Guardiões da Serra, que atua na localidade.

As águas de classe especial são tidas como fundamentais para manter os ecossistemas equilibrados, servir de berçário de espécies aquáticas, fontes de abastecimento e diluidoras da poluição nos rios em que deságuam. Mas ameaças como as que esgotaram a cachoeira pairam sobre as áreas de recarga, os locais onde a água das chuvas penetram no solo e abastecem as nascentes.

Queimadas, incêndios florestais, desmatamento, mineração, indústrias predatórias e expansão imobiliária inconsciente podem prejudicar essa dinâmica e ameaçam secar as fontes em Minas Gerais, estado que já foi chamado de “caixa d’água do Brasil”, de onde rios abastecidos pelas águas especiais ainda correm para unidades da federação vizinhas: São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

Para mostrar a situação dessas fontes, a equipe de reportagem do Estado de Minas contou com o auxílio de especialistas como o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria. Colaborações fundamentais para identificar não apenas onde se originam, mas o mais importante: as condições das áreas de recarga dos mananciais de classe especial de 88 municípios. Além da classe especial, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) enquadra a pureza das águas de classe 1 a classe 4, a última tão poluída que serve quase apenas para a navegação (confira infográfico na página ao lado).

Cruzamento de dados indica quadro de alerta

Para levantar dados sobre a qualidade do patrimônio líquido de Minas foram necessários cruzamentos de informações do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de comitês de bacias hidrográficas, além de mapeamento por satélites de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de perda de cobertura florestal da organização não-governamental Global Forest Watch.

Entre 2018 e 2022, no período da estiagem em Minas (abril a outubro), os 88 municípios mapeados que detêm águas de qualidade especial apresentaram 3.029 focos de incêndios, sendo que somente no ano de 2022 foram 30 cidades superando o número médio de focos do período anterior.

A área de recarga de mananciais de classe especial pesquisada foi de 466.889 hectares (ha) – mais de duas vezes o Parque Nacional da Serra da Canastra (197,8 mil ha) –, o que corresponde a 0,8% do estado (58 milhões de ha). O levantamento de 2018 a 2022 apontou 3.024 hectares de perdas de cobertura de árvores, um espaço um pouco menor que o Parque Nacional da Tijuca (3.958 ha), no Rio de Janeiro, sendo 549 ha (18%) só em 2022.

“Ao proteger as áreas de recarga, se permite um fluxo constante da água da chuva até mesmo na estiagem, já que esse recurso hídrico penetra e se armazena no subsolo. A área de recarga é o espaço de solo e rochas por onde a água penetra para alimentar o lençol freático, posteriormente aflorando como uma nascente ou alimentando diretamente outro manancial”, afirma o químico, espeleólogo e ambientalista Luciano Faria.

“A legislação brasileira considera que a classe especial seja a melhor qualidade de águas, dependendo de tratamento simples e não convencional para se beber. Os trechos de rios, córregos e mananciais de águas especiais são extremamente importantes para a biota aquática (conjunto de seres vivos que povoam as águas)”, detalha o geógrafo Antoniel Fernandes, professor dos departamentos de Geografia e Biologia da PUC Minas. “É muito falado que Minas Gerais é considerado a caixa d’água do Brasil. O estado é um grande fornecedor para outras unidades da federação, e o somatório da qualidade dessas fontes resultará nas condições desses mananciais”, alerta.

FONTE ESTADO DE MINAS

Preservação do patrimônio: Começam as restaurações das capelas e esculturas de Aleijadinho em Congonhas

A Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (Seplag), por meio da Superintendência de Gestão de Cidades, através da Diretoria de Patrimônio, informa que deu início aos trabalhos de execução dos serviços especializados de desinfecção, pelo método “anoxia”, nas esculturas e peças da capela da Santa Ceia, que fazem parte do conjunto de obras do mestre Aleijadinho dispostas no adro da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas MG.

Trata-se de importante ação de preservação do patrimônio histórico e artístico local que há vários anos não acontecia e que vai proporcionar maior salvaguarda e longevidade aos monumentos que fazem parte do conjunto tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade em Congonhas.

Na capela da Santa Ceia, a desinfecção será nos dois armários, mesas, tablado e banco, além das esculturas que se encontram ali dispostas. Elas já passam pelo processo inicial de embalagem. Os procedimentos serão acompanhados por equipe técnica especializada da Prefeitura, Iphan e empresa contratada. Além disso, todas as forças de segurança foram acionadas e as medidas adotadas para agir sob qualquer possível eventualidade durante o processo.

De acordo com projeto técnico, o trabalho tem previsão de 8 meses.

Por: Daniel Palazzi – Comunicação Prefeitura de Congonhas
Foto: Hugo Cordeiro

Preservação do patrimônio: Começam as restaurações das capelas e esculturas de Aleijadinho em Congonhas

A Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (Seplag), por meio da Superintendência de Gestão de Cidades, através da Diretoria de Patrimônio, informa que deu início aos trabalhos de execução dos serviços especializados de desinfecção, pelo método “anoxia”, nas esculturas e peças da capela da Santa Ceia, que fazem parte do conjunto de obras do mestre Aleijadinho dispostas no adro da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas MG.

Trata-se de importante ação de preservação do patrimônio histórico e artístico local que há vários anos não acontecia e que vai proporcionar maior salvaguarda e longevidade aos monumentos que fazem parte do conjunto tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade em Congonhas.

Na capela da Santa Ceia, a desinfecção será nos dois armários, mesas, tablado e banco, além das esculturas que se encontram ali dispostas. Elas já passam pelo processo inicial de embalagem. Os procedimentos serão acompanhados por equipe técnica especializada da Prefeitura, Iphan e empresa contratada. Além disso, todas as forças de segurança foram acionadas e as medidas adotadas para agir sob qualquer possível eventualidade durante o processo.

De acordo com projeto técnico, o trabalho tem previsão de 8 meses.

Por: Daniel Palazzi – Comunicação Prefeitura de Congonhas
Foto: Hugo Cordeiro

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