Rio Preto: um pezinho em Minas e outro no Rio de Janeiro

E entre nossas andanças encontramos um tesouro mineiro quase em terras cariocas

Ponte que liga Minas ao Rio de Janeiro (MAURO FERREIRA)

Não há nada melhor do que ser surpreendido nas nossas viagens. Independentemente do destino que escolhemos, quando a vida nos reserva surpresas, a viagem fica melhor ainda. Foi isso que aconteceu em Rio Preto, uma pequena cidade mineira que está a alguns passos de terras cariocas. É só atravessar a ponte e já estamos no Rio de Janeiro.

Comecei meu passeio por essa ponte que une histórias, sotaques e culturas. Ali, o movimento não para. É gente cruzando o tempo todo, seja para ir ao mercado do outro lado, para visitar amigos ou para, simplesmente, dar uma voltinha no estado vizinho.

Ficar ali escutando as histórias é diversão garantida. Mas, como nosso objetivo é escutar as histórias do lado de cá, do lado de Minas, bora contar algumas curiosidades dessa cidade que me surpreendeu positivamente em todos os aspectos.

A repórter Luciana Katahira está na ponte de união, uma ponte que liga Minas ao estado do Rio de Janeiro
Ponte Minas-Rio PONTO DA UNIÃO: A PONTE QUE LIGA MINAS AO RIO DE JANEIRO (MAURO FERREIRA)

Rio Preto é uma pequena cidade que pertence à Zona da Mata mineira e faz parte do Circuito Turístico Serras de Ibitipoca. Com 151 anos e menos de 6 mil habitantes, a cidade é um charme e é cheia de histórias. Em outros tempos, por exemplos, já fez parte do “sertão proibido de Minas Gerais”, já que por ali passou o caminho do contrabando do ouro. Só por aí você já pode imaginar quanta história essa cidade guarda, né?

Paulo Sérgio, presidente Circuito Turístico Serras de Ibitipoca (MAURO FERREIRA)

Chegando lá fui recebida pelo Paulo Sérgio, que é presidente do Circuito Turístico Serras de Ibitipoca, uma figura super gente boa e gentil. Foi ele que me levou para dar uma volta pela cidade.

Foi só começar o passeio e já fiquei encantada com a forma como eles organizaram o tour pela cidade. Como Rio Preto tem muita história, eles montaram o Circuito Histórico Cultural de Rio Preto. De uma forma simples, eles mostram a grandeza histórica e cultural da cidade. Diversas placas que contam um pouco das curiosidades da cidade foram instaladas em pontos importantes de Rio Preto, como no Paredão Davi Campista, na Praça Barão de Santa Clara, entre tantos outros.

Circuito histórico cultural de Rio Preto UMA DAS PLACAS DO CIRCUITO CULTURAL DE RIO PRETO (LUCIANA KATAHIRA)

E assim, seguindo as placas, passamos pelo antigo palacete da baronesa, pela antiga prisão da cidade, que hoje abriga a biblioteca e um museu, e pela famosa Rua Larga. É um passeio para ser feito a pé, sem pressa e com olhos curiosos. Afinal, a história daqui é importantíssima para se entender a história do nosso estado.

Mas, claro, que Rio Preto oferece muito mais. Saímos da cidade e fomos dar uma volta pelos arredores. Afinal, aqui, o turismo rural e o turismo de aventura também fazem muito sucesso. Nossa primeira parada foi no Belos Turismo Rural. Um lugar encantado…

A natureza de Rio Preto, Minas Gerais
Belezas de Rio Preto ENTRADA DO CAFÉ BELOS TURISMO RURAL

Lá fomos recebidos pela Nely Leiroz e pelo Luiz Fernando. Um casal super simpático que adora contar histórias e receber bem os turistas. Na mesa do café da manhã, delícias preparadas pela Lery, como queijos, biscoitos diversos, bolos, pão de queijo e um delicioso pão com goiabada (só de lembrar fico com água na boca….). Mas um detalhe me chamou atenção: o leite, o queijo, o pão de queijo e até a carne são de búfalos!

Café da manhã em Rio Preto
Café da manhã em Rio Preto (MAURO FERREIRA)

Pois é… além de um café da manhã delicioso e uma prosa boa, os turistas também são convidados a conhecerem a criação de búfalos que eles têm ali no sítio. Aí você já pode imaginar que a diversão é garantida, né? Com todo carinho e bom humor, o Luiz Fernando nos conta histórias e curiosidades desses animais que encantam…

Pra quem gosta de sossego, de se esticar na rede, nadar em rio, comer bem e bater um bom papo, fica a minha dica. O lugar é um mimo e os anfitriões são apaixonantes.

Anfitriões de um café da manhã em Rio Preto no Belos Turismo Rural
Nossos anfitriões em um café delicioso (MAURO FERREIRA)

Bem, como nosso objetivo é conhecermos o máximo das histórias daqui, o momento de relaxar fica pra outra hora e bora seguir viagem. Em cada parada descobrimos mais histórias, como no Mirante Burro do Ouro, onde conhecemos o guia de turismo Gabriel Damasceno que nos contou um pouco mais sobre a rota do contrabando do ouro. Uma rota cheia de lendas e mistérios, contam que por aqui passava o ouro que vinha contrabandeado da antiga Vila Rica de Ouro Preto com destino ao Rio de Janeiro.

Com o guia de turismo Gabriel Damasceno em Rio Preto
Com o guia de turismo Gabriel Damasceno (MAURO FERREIRA)

E para terminar o dia, seguimos para a Vila do Funil (um charme), pequenininha, mas com diversas pousadas. É um daqueles lugares pra quem busca tranquilidade. De lá, podemos ter acesso a diversas cachoeiras, como a cachoeira da água amarela ou a cachoeira da água vermelha. E tem também o Índio, um artista plástico bom de papo e cheio de talento.

Com o artista plástico Índio, em Rio Preto
Com o artista plástico Índio, em Rio Preto (MAURO FERREIRA)

Bem, Rio Preto foi um presente que ganhamos. Uma cidade linda e acolhedora. Rica em histórias e em hospitalidade. Lugar de sossego e tranquilidade. Lugar que deixa a gente com vontade de voltar.

 

FONTE R7

Teste do Pezinho ampliado identifica primeiro caso de Atrofia Muscular Espinhal

Tratamento iniciado antes da ocorrência de sintomas da doença aumenta chances de um desenvolvimento típico e sem sequelas

O diagnóstico precoce de doenças raras é crucial, pois amplia as opções de tratamentos ou terapias possíveis, com o propósito de amenizar os sintomas e proporcionar uma vida típica e de mais qualidade aos pacientes e às famílias. Muitas dessas doenças podem ser detectadas nos primeiros dias de vida, por meio do Programa de Triagem Neonatal (PTN), conhecido popularmente como Teste do Pezinho.

Crédito: Débora Drumond

Em Minas Gerais, o programa foi ampliado em 30/1 de 2024, e todas as amostras de recém-nascidos estão sendo testadas para 15 doenças, incluindo a Atrofia Muscular Espinhal (AME), a Imunodeficiência Combinada Grave (Scid) e a Agamaglobulinemia (Agama).

As três doenças incluídas em janeiro são consideradas graves, podem ser hereditárias ou causadas por alterações genéticas, e dificilmente possuem sintomas na fase natal. Se corretamente diagnosticadas e tratadas nos primeiros dias de vida da criança, a recuperação é certamente efetiva.

Ao longo deste ano, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) vai investir R$12 milhões para operacionalizar esta fase de expansão do PTN. Com a ampliação, as crianças mineiras serão testadas em massa para doenças de difícil diagnóstico, o que vai permitir a identificação pré-sintomática e o início do tratamento com mais celeridade.

O Teste do Pezinho é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos 853 municípios do estado e cerca de mil amostras são analisadas diariamente pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Durante o ano de 2023, foram cerca de 200 mil amostras triadas e cerca de 400 diagnósticos confirmados e acompanhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Minas Gerais está sendo um grande exemplo para o Brasil no tratamento das pessoas com doenças raras. Não apenas identificamos, mas iniciamos imediatamente o tratamento e acompanhamento das nossas crianças. Estamos muito felizes que, logo no primeiro dia desta última ampliação, identificamos um bebê com AME e o tratamento já foi iniciado. Isso vai mudar tudo em sua vida, pois, do contrário, não apenas as sequelas, mas o risco de morte seria muito alto. Essa criança vai poder levar vida habitual como qualquer outra que não tem essa doença rara”, comemora o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.

Em 8/2, a família da pequena Heloísa, de apenas 19 dias, foi recebida por uma equipe multidisciplinar no Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital das Clínicas da UFMG, administrado pela Rede Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ela, que mora em Divinópolis, realizou o Teste do Pezinho no dia 30/1, e alguns dias depois veio o resultado: diagnóstico positivo para AME.

A tia da recém-nascida, que prefere não se identificar, fala que o primeiro sentimento foi de medo pelo futuro de Heloísa. “Foi um baque muito grande para todos nós quando soubemos do resultado do exame. Eu corri para a internet para entender melhor do que se tratava e fiquei realmente assustada. Chorei demais”, conta.

“Depois da consulta com os médicos, estamos bem mais tranquilos, por saber que foi muito melhor termos descoberto antes, graças ao Teste do Pezinho, e por saber que a Heloísa será bem cuidada. Temos que retornar para nova consulta em dois meses e a equipe vai fazer o acompanhamento do caso dela. Agora estamos com as melhores expectativas de que vai dar tudo certo no tratamento”, diz, aliviada.

Juliana Gurgel / Crédito: Débora Drumond

De acordo com a neuropediatra e professora do Departamento de Pediatria da UFMG, Juliana Gurgel Giannetti, a AME é uma doença neuromuscular progressiva que pode levar à morte, principalmente nos casos em que o início dos sintomas é precoce, devido ao comprometimento respiratório e da deglutição.

“A AME é considerada a segunda doença neuromuscular mais frequente da infância. Temos uma proteína que é muito importante para a sobrevivência do neurônio que está na medula. Se essa proteína não é produzida, por algum defeito genético, ocorre a perda desse neurônio e, como consequência, ocorre uma fraqueza muscular progressiva, que acomete os músculos dos braços, pernas, da respiração e da deglutição, por isso, é uma doença muito grave. Muitas vezes, os pacientes da AME Tipo 1 apresentam esses sintomas de forma intensa e precisam ser entubados, sem que o diagnóstico tenha sido feito”, aponta.

Juliana Giannetti é a médica que atendeu Heloísa já na primeira consulta, junto a uma equipe multidisciplinar, composta também por fisioterapeutas e fonoaudióloga. Segundo a neuropediatra, o diagnóstico pelo Teste do Pezinho foi primordial e o tratamento iniciado imediatamente.

“O melhor tratamento para a AME é aquele iniciado mais rápido. Pelos exames clínicos realizados, podemos determinar que a bebê não tem sintomas. Essa é a diferença crucial da ampliação da triagem neonatal, porque ela passaria pela consulta com o pediatra ou neuropediatra e não seria identificado nenhum sinal da doença. Então, quando retornasse ao médico, já poderia apresentar fraqueza, dificuldade para mamar ou respirar”, explica.

“Consideramos que essa criança foi diagnosticada no tempo certo, o que vai fazer toda a diferença na vida dela e da família. Vamos acompanhar seu desenvolvimento neuropsicomotor e acreditamos que os marcos naturais serão alcançados nas idades certas e ela terá o desenvolvimento de uma criança típica, e o melhor, sem sequelas”, ressalta a médica.

Para o secretário-chefe da Casa Civil, Marcelo Aro, o diagnóstico da AME por meio do Teste do Pezinho, é um enorme ganho para toda a sociedade. “Se a criança não tem o diagnóstico correto, a doença evolui e isso compromete severamente seu desenvolvimento. Quando identificada no Teste do Pezinho, a criança realiza o tratamento adequado e passa a ter uma vida típica. É muito bom poder falar que estamos salvando a vida de milhares de pessoas que vão nascer com Atrofia Muscular Espinhal, mas que terão tratamento certo, na hora certa”, salienta Aro.

Tratamento e linha de cuidado

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é dividida em cinco tipos, sendo os Tipos 1 e 2 considerados os mais graves. Na AME Tipo 1, que é mais frequente, os sintomas começam nos primeiros três meses de vida. Na AME Tipo 2, os primeiros sintomas se manifestam entre os 6 e 12 meses.

“Temos outras formas de AME, em que os sintomas se iniciam mais tarde. O paciente pode atingir a capacidade de se sentar, mas tem dificuldades para andar, ou adquire a marcha, mas pode perder a capacidade de andar ao longo da vida. Sempre que diagnosticamos a AME, nas formas Tipo 1 e 2, temos indicação do tratamento aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) com medicação oral, usada diariamente, dentro de casa e medicação intratecal, em que é necessária internação para que o medicamento seja injetado no paciente, por meio de uma punção lombar”, explica Juliana Giannetti.

“São medicamentos de alto custo, custeados pelo Ministério da Saúde, que a SES-MG está fornecendo para os pacientes mineiros. De acordo com o protocolo técnico da Conitec, um dos critérios para indicar o uso da medicação é tratar pacientes pré-sintomaticos identificados pela triagem neonatal”, destaca a neuropediatra.

Tamara Braga, fisioterapeuta voluntária do Ambulatório de Doenças Raras HC-UFMG/Ebserh, faz parte da equipe multidisciplinar que atendeu o caso da pequena Heloísa. Ela conta que depois da primeira consulta, a linha de cuidados dispensados a essa criança envolve a atuação de vários profissionais.

Tâmara Braga / Crédito: Débora Drumond

“Essa bebê tem um contexto extremamente favorável, pois não apresenta sintomas. A atuação da equipe multidisciplinar vai ser para acompanhar o neurodesenvolvimento e fazer as avaliações motoras. Na equipe temos profissionais que fazem a fisioterapia motora, fisioterapia respiratória, fonoaudiologia com ênfase em linguagem e desenvolvimento, fonoaudiologia com ênfase em disfagia, terapia ocupacional, nutrição, ou seja, são várias especialidades envolvidas para uma linha de cuidado integral”, explica.

Teste do Pezinho

O exame é feito a partir do sangue coletado do calcanhar do bebê por meio de uma punção local e, por isso, é chamado de Teste do Pezinho. O indicado é que o material seja colhido entre o 3º e o 5º dia de vida, quando a criança nasce com nove meses (bebê a termo). Quando o bebê é prematuro, são necessárias três amostras para o teste, colhidas no 5º dia de vida, no 10º dia e 30º dia.

As gotinhas de sangue são colocadas no papel filtro e o envelope é encaminhado ao Nupad para processamento. O resultado é disponibilizado no site da instituição e, caso o resultado apresente alteração, o município de residência do paciente é acionado.

Dessa forma, as consultas e exames especializados são agendados para que seja feita a confirmação do diagnóstico. Caso confirmado o resultado para alguma das doenças triadas, o paciente é encaminhado imediatamente para o tratamento pelo SUS.

Confira as 15 doenças triadas atualmente pelo PTN-MG realizado no SUS:

  • Hipotireoidismo congênito
  • Fenilcetonúria
  • Doença falciforme
  • Fibrose cística
  • Deficiência de biotinidase
  • Hiperplasia adrenal congênita
  • Toxoplasmose congênita 
  • Atrofia Muscular Espinhal (AME)
  • Imunodeficiência Combinada Grave (SCID)
  • Agamaglobulinemia (AGAMA)
  • Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa (VLCADD)
  • Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia longa (LCADD)
  • Deficiência de proteína trifuncional – DPTC
  • Deficiência primária de carnitina – DPC
  • Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia média (MCADD)

Entre as possibilidades de tratamento para as três doenças incluídas no PTN-MG estão o transplante de medula óssea, o uso de imunoglobulina humana endovenosa e medicamentos que impedem a degeneração neuronal. 

FONTE AGÊNCIA MINAS

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