Por que o Brasil tem mais de 90 mil farmácias, com concorrentes uma ao lado da outra nas ruas?

Empresas usam dados para definir se uma área tem espaço para novos negócios, mesmo que região seja muito ocupada

Um vídeo onde um homem narra a disputa territorial de diferentes farmácias em uma rua de Brasília viralizou. Nele, é possível ver unidades de redes concorrentes, uma ao lado da outra, disputando clientes em uma região conhecida como Rua das Farmácias.

A discussão levantada pelo rapaz fez com que outros usuários comentassem que têm visto situação parecida em suas cidades. Mas, afinal de contas, por que há tantas farmácias no País?

A resposta vem de diferentes fatores, como o próprio crescimento do setor – impulsionado pelas grandes redes – e a utilização cada vez mais sofisticada de inteligência de dados para a abertura de novas unidades.

Com os números em mãos, as empresas sabem se faz sentido abrir uma nova farmácia ao lado de concorrentes, em um local com grande potencial de clientes, em vez de investir em uma região com nenhuma unidade, mas sem a presença considerável de consumidores.

As mudanças nos hábitos de consumo, com farmácias funcionando como pontos de venda por conveniência, pontos de realização de exames e centros de entrega para pedidos on-line também fazem parte da equação.

Segundo dados do Conselho Federal de Farmácias (CFF), existem cerca de 90 mil estabelecimentos no País, em comparação com 55 mil em 2003. O crescimento é de 63% em 20 anos. Os números consideram farmácias com inscrição ativa no órgão, requisito legal para funcionarem.

Grandes redes saltaram em participação de mercado desde 2000

Parte do crescimento do setor pode ser creditada ao avanço das redes de farmácias.

Com forte presença em grandes cidades, elas tiveram um crescimento de cerca de 230% em participação de mercado, desde o início dos anos 2000 até agora.

Naquela época, eram responsáveis por 15% das vendas, e hoje alcançam mais de 50%. Isso em um contexto onde possuem somente 15% dos pontos de venda no País. Os dados são da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

“São vários fatores que explicam esse crescimento. Mais estoque, infraestrutura, personalização e marketing moderno, que inclui vendas pelo app e site, são alguns deles”, afirma Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma.

A associação reúne redes como Raia Drogasil (Droga Raia e Drogasil), PagueMenos, Nissei e Panvel.

Dados da Abrafarma apontam que o faturamento de uma farmácia afiliada à associação é, em média, de R$ 8,7 milhões por ano, contra R$ 800 mil de farmácias independentes.

Barreto menciona que o número de lojas de redes tem crescido por conta da participação cada vez maior da venda de produtos de beleza e higiene pessoal, além de estudos sobre a viabilidade de abertura de novas unidades em diferentes regiões.

“Hoje abrimos lojas com muito mais eficácia. Uma loja de rede já nasce madura”, diz.

Associativismo ajuda pequenas farmácias a crescer

Mas a inteligência de dados não é exclusividade de grandes empresas.

“Temos uma eficiência muito grande em minerar nossos dados”, afirma Samuel Pires, diretor-executivo do Grupo Total, rede associativista fundada há 30 anos, que conta com cerca de 600 farmácias espalhadas por 300 municípios do Estado de São Paulo.

As redes associativistas permitem que farmácias independentes passem a operar sob uma única bandeira e compartilhem sistemas de gestão e contratos de compra.

Na prática, o associativismo permite que pequenos negócios tenham a possibilidade de operar em uma rede já estruturada.

“As farmácias passam a se profissionalizar, com estratégia de venda e precificação, negociação conjunta com laboratórios e treinamento de equipe”, explica Pires.

O movimento é especialmente importante considerando um setor com mercado concorrido, estoques caros e com uma variedade grande.

80% das farmácias são pequenos negócios, diz Sebrae

“O desafio atualmente é as farmácias independentes crescerem. E, para isso, é importante fazer o básico bem feito”, afirma Vicente Scalia, analista de negócios do Sebrae.

Ele menciona o tratamento personalizado e o horário alternativo como diferenciais competitivos. “O pequeno negócio não pode pensar em competir por preço, porque as redes têm grande escala”, diz.

Segundo ele, há espaço para expansão das pequenas farmácias, especialmente em cidades menores, com menos de 100 mil habitantes, já que essas regiões não são priorizadas pelas grandes redes.

De fato, com cerca 60% das vendas no País, as farmácias independentes são maioria quando se fala em pontos de venda, segundo a Abrafarma.

Quando se analisa o total de unidades, mais de 80% de todas as farmácias do País podem ser enquadradas como micro e pequenas empresas, segundo levantamento feito pelo Sebrae.

“A margem de lucro das farmácias é muito pequena, mas com a agregação de serviços que existe hoje, é possível melhorar isso”, diz Scalia.

Setor vê espaço para expansão com serviços para saúde

Roberto Coimbra, diretor-executivo de operações da rede de farmácias gaúcha Panvel, afirma que a empresa vê espaço para crescimento também a partir do oferecimento de serviços de saúde.

“As farmácias ainda têm a oportunidade de perceber o valor do farmacêutico”, diz. Ele cita a regra aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em maio, que amplia a oferta de serviços de análise clínica em farmácias para além dos exames de covid e glicemia.

Criada nos anos 1970, a Panvel tem grande presença no Sul do País e tem expandindo suas operações para o Sudeste.

Esse crescimento segue as tendências do setor de oferecer, além de uma gama grande de medicamentos, produtos de higiene e beleza. Cerca de 35% das vendas da rede não correspondem a medicamentos, segundo Coimbra.

Além disso, as mudanças nos hábitos de consumo e crescimento do delivery foram bem recebidos pelo setor, que já operava com vendas por telefone havia anos.

As vendas pelo site e aplicativo, que ganharam força especialmente na pandemia, devem responder por uma participação cada vez maior nas vendas.

Sobre o crescimento do setor, porém, Sergio Mena Barreto, da Abrafarma, é cauteloso. “Ao mesmo tempo em que se abrem muitas lojas, fecham-se muitas”, afirma.

Ele pondera que há espaço para todos, se houver inteligência e aproveitamento de especificidades do mercado. “Onde há dez lojas ineficientes, há espaço para avançar”, declara.

 

FONTE ESTADÃO

Saiba por que Minas Gerais tem o maior número de casos de dengue em 2024

Minas Gerais é o Estado mais atingido pela dengue neste ano no país: são mais de 832 mil casos prováveis da doença. Outros dois Estados do Sudeste e Sul, São Paulo e Paraná, aparecem logo em seguida com 535 e 246 mil casos, respectivamente.

Em 2023, Minas também bateu recorde para o país todo com mais de 400 mil infectados, conforme apontam dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde.

Até o momento, 544 óbitos estão em investigação e 148 foram confirmados. Além da dengue, a chikungunya também atinge MG com mais de 72 mil casos prováveis e 28 mortes confirmadas.

As mineiras são as mais atingidas: 56% dos casos. Os homens representam 44%. Em raça e cor, 59,3% da população infectada em Minas é parda, seguido por brancos (31,09%), preta (8,3%), amarela (1,1%) e indígena (0,3%).

A faixa etária com a quantidade mais elevada de dengue é dos 20 a 29 anos: 156.593 casos.

Por que Minas Gerais tem tantos casos de dengue?

 

Segundo especialistas, Minas pode estar sofrendo mais com as transmissões da doença por conta de fatores climáticos, ambientais e também do relaxamento das medidas de controle que combatem a doença.

Ana Flávia Santos é infectologista e médica do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar (SECIH) da Rede Mater Dei em Belo Horizonte e explica não haver um motivo específico, mas sim, multifatorial.

“Há um conjunto de fatores que podem ser atribuídos para o aumento de casos de dengue em determinados estados e municípios, mas o excesso de calor e chuva, associado a um alto índice de infestação pelo Aedes com o relaxamento das medidas de controle do vetor, contribuíram significativamente para a epidemia atual”, revela.

A médica destaca que a presença dos quatro sorotipos da dengue ao mesmo tempo em Minas cria uma situação atípica onde mais pessoas podem se infectar novamente pela doença. “Quando uma pessoa se infecta uma vez, fica imune àquele sorotipo específico, mas permanece suscetível aos demais, ou seja, desprotegida em relação aos outros sorotipos”, diz.

A circulação da doença por diferentes regiões, ano a ano, também é algo que os pesquisadores observam de perto. “Por exemplo, neste ano, há pouca circulação de dengue no Nordeste, que tradicionalmente são Estados onde existe um número de casos bastante elevado. Atualmente a epidemia está concentrada no Centro-Sul do país. Minas Gerais e São Paulo são dois Estados com elevada carga da doença”, explica Julio Croda, médico infectologista e especialista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

As mineiras são as mais atingidas: 56% dos casos. Os homens representam 44%. Em raça e cor, 59,3% da população infectada em Minas é parda, seguido por brancos (31,09%), preta (8,3%), amarela (1,1%) e indígena (0,3%).

A faixa etária com a quantidade mais elevada de dengue é dos 20 a 29 anos: 156.593 casos.

Por que Minas Gerais tem tantos casos de dengue?

 

Segundo especialistas, Minas pode estar sofrendo mais com as transmissões da doença por conta de fatores climáticos, ambientais e também do relaxamento das medidas de controle que combatem a doença.

Ana Flávia Santos é infectologista e médica do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar (SECIH) da Rede Mater Dei em Belo Horizonte e explica não haver um motivo específico, mas sim, multifatorial.

“Há um conjunto de fatores que podem ser atribuídos para o aumento de casos de dengue em determinados estados e municípios, mas o excesso de calor e chuva, associado a um alto índice de infestação pelo Aedes com o relaxamento das medidas de controle do vetor, contribuíram significativamente para a epidemia atual”, revela.

A médica destaca que a presença dos quatro sorotipos da dengue ao mesmo tempo em Minas cria uma situação atípica onde mais pessoas podem se infectar novamente pela doença. “Quando uma pessoa se infecta uma vez, fica imune àquele sorotipo específico, mas permanece suscetível aos demais, ou seja, desprotegida em relação aos outros sorotipos”, diz.

A circulação da doença por diferentes regiões, ano a ano, também é algo que os pesquisadores observam de perto. “Por exemplo, neste ano, há pouca circulação de dengue no Nordeste, que tradicionalmente são Estados onde existe um número de casos bastante elevado. Atualmente a epidemia está concentrada no Centro-Sul do país. Minas Gerais e São Paulo são dois Estados com elevada carga da doença”, explica Julio Croda, médico infectologista e especialista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Infectologista e pesquisador da Fiocruz Julio Croda — Foto: ATENÇÃO: DEFINIR CRÉDITO!
Infectologista e pesquisador da Fiocruz Julio Croda — Foto: ATENÇÃO: DEFINIR CRÉDITO!

Croda avalia que o surto de chikungunya pode se confundir com o da dengue. “Em Minas Gerais, além da dengue, pode estar tendo também um aumento de casos de arboviroses, sendo considerado dengue”, diz.

O espaço geográfico de Minas também é um dos fatores que pode contribuir para a quantidade de infectados. Para o médico Marcelo Daher da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) MG tem uma característica climática importante.

“Você tem um Estado que pega vários locais, parte com a temperatura muito elevada e outros com muitas chuvas, e isso contribui. Outro fator é o crescimento desordenado das cidades onde você tem muitos alagamentos. Não ter uma infraestrutura urbana bem feita, colabora para o aumento de várias doenças”, destaca.

Segundo Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a dinâmica da dengue é complexa. Kfouri ressalta que a maneira correta de se avaliar a doença é através da incidência de casos por 100 mil habitantes.

Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações — Foto: Sociedade Brasileira de Imunizações/Divulgação
Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações — Foto: Sociedade Brasileira de Imunizações/Divulgação

No momento, conforme os dados do Ministério da Saúde, o coeficiente de incidência de Minas Gerais é o segundo maior do Brasil: 4.052. Fica atrás apenas do Distrito Federal, que apresenta um número de 6.751.

“São muitas variáveis para dizer qual o retrato da dengue neste ano. Dengue você nunca olha para um mês ou um ano, você tem que olhar a série histórica, para entender a circulação do vírus e obviamente do mosquito”, diz.

O Secretario de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Fábio Baccheretti, explicou que o El Niño e as altas temperaturas registradas em Minas devem ser consideradas.

“O segundo e mais importante é que temos o sorotipo 2 circulando muito fortemente em Minas Gerais este ano. Isso significa que toda a população é suscetível a doença porque os últimos anos epidêmicos foram de sorotipo 1. Então é como se pegasse uma população praticamente toda com a possibilidade de pegar a doença por não ter uma imunidade recente relacionada à dengue”, destaca.

Baccheretti também revela que boa parte das das notificações de dengue são na verdade de chikungunya. “É um vírus que chegou pelo norte do estado pela Bahia há dois anos. Ou seja, temos chikungunya circulando muito, mas muitas vezes é notificado dengue. Em Minas Gerais não é à toa que está sendo maior este ano e ele acompanha com outros Estados. Este crescimento precoce e rápido tem a ver com o período chuvoso e de calor, fazendo que ele [mosquito] proliferasse muito mais rápido que o habitual” diz.

Outros pontos indiretos, segundo o secretário, é a quebra dos anos epidêmicos de dengue que ocorriam a cada três anos.

“Muito provavelmente pela pandemia alguma coisa aconteceu pelas pessoas ficarem mais em casa tomando mais cuidado com sua casa. Em 2023 tivemos um momento muito vinculado a chikungunya e em 2024, tivemos esses casos que não aconteceram em 2022. Então se acumulou. Mas é uma tendência Mundial. Temos aí as Américas com as maiores epidemias da sua história e países que nunca tiveram epidemia tendo a doença”, explica.

FONTE VALOR O GLOBO

Equinócio de outono: entenda o que é e por que ‘muda’ a duração do dia

Fenômeno astronômico que acontece duas vezes ao ano, no início do outono e da primavera

Sim. Às 0h06 desta quarta-feira (20) iniciou-se o outono nos países do Hemisfério Sul, que dura até o dia 21 de junho. A data é marcada pelo equinócio de outono.

O que é o equinócio de outono?

Foto: Pixabay

O equinócio é um fenômeno astronômico que acontece duas vezes ao ano, no início do outono e da primavera. No equinócio, o dia e a noite têm a mesma duração, tanto no Hemisfério Sul quanto no Hemisfério Norte.

Outro fenômeno que ocorre é o solstício, que acontece no início do verão e do inverno. O solstício de verão marca dia mais longo do ano, que é sempre o primeiro dia da estação. Já o solstício de inverno marca o dia mais curto do ano e, consequentemente, a noite mais longa, também na chegada da estação.

Norte e Sul

O Hemisfério Sul e o Hemisfério Norte têm estações do ano opostas ao longo do ano. Ou seja, quando o Sul está no outono, o Norte está na primavera. O mesmo acontece quando se trata dos fenômenos astronômicos.

Por que a duração dos dias e das noites varia?

Os raios solares, graças a inclinação da Terra, atingem a superfície do planeta de maneira diferente a cada dia, podendo ter mais ou menos incidência de luz. É isso que faz com que as estações do ano existam.

O hemisfério que está no verão recebe mais luz solar, enquanto aquele que está no inverno recebe menos luz. E quando aquele hemisfério não está nem no verão, nem no inverno, está em uma das duas estações de transição, saindo de uma e se preparando para a outra.

 

FONTE ICL NOTÍCIAS

Por que tentam excluir filosofia e sociologia do currículo escolar?

Sociólogo, Cesar Callegari é autor do parecer de 2008 que colocou as duas disciplinas como obrigatórias nas escolas. Também critica a reforma do ensino médio e orienta para a valorização da formação docente, que deveria atuar em um modelo similar ao adotado no Itamaraty

Proibidas nas escolas em 1971, na ditadura, e substituídas por educação moral e cívica, filosofia e sociologia voltaram em 1986 no Brasil como optativas, mas só em 2008, quase 40 anos depois, foram retomadas como matérias obrigatórias no ensino médio, após parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), sob a autoria de Cesar Callegari.

Recentemente, estão sendo novamente excluídas do currículo obrigatório, desta vez pelo novo ensino médio, aprovado no governo Temer e que, devido a críticas, está em processo de mudança no atual governo. Governos estaduais ajudam nesse equívoco, como o estado de SP que as tem excluídas.

Sociólogo, Cesar Callegari é presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada. Foi secretário de Educação Básica do MEC e secretário de Educação do município de São Paulo, entre outras funções que o colocam como especialista em políticas públicas. Membro por 12 anos do Conselho Nacional de Educação, presidiu a Comissão de Elaboração da Base Nacional Comum Curricular, contudo, deixou em 2018 o cargo por discordâncias no encaminhamento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Confira a entrevista:

Por que filosofia e sociologia são temidas, desvalorizadas e tidas como comunistas no Brasil e mundo?

Isso é uma visão atrasada do processo educacional. Nunca, em toda a história da humanidade, foi tão importante a construção de um pensamento crítico e competência criativa. Hoje há uma abundância de informações e temos de fazer um esforço em todo o processo educacional — infantil, fundamental, ensino médio, superior e educação ao longo da vida — para que as pessoas tenham consciência do contexto, origem das coisas, como se manifestam, os vários ângulos.

Em contraposição, há quem ache que a educação deve ser puramente instrumental, principalmente para as camadas populares, como se conhecimento, o aprendizado de língua portuguesa e matemática parasse em pé sozinho. É necessário ter significado e relevância, duas categorias que devem andar juntas, e exatamente quando se aprofunda em conhecimentos de filosofia e sociologia, o aprendiz mergulha nas origens tanto do pensamento, das forças sociais, culturais, políticas, voltando-se também à contextualização das informações do conhecimento e das atitudes em relação à vida. Isso é temido porque o conhecimento é libertário e meio conhecimento não é liberdade, não é autonomia. Ou seja, forças conservadoras que querem conservar seus privilégios para continuarem a exercer dominação social e política temem que uma visão mais crítica a elas possa contestar os elementos de status quo, daí o medo, por exemplo, do pensamento crítico.

Muitas aulas de filosofia e sociologia não eram lecionadas por professores(as) formados(as) nessas áreas — aos poucos isso vem mudando. Como fazer uma boa aplicação dessas aulas?

Todos os professores, não apenas de sociologia e filosofia, devem proporcionar que seus alunos sejam bons perguntadores: criar perguntas com fundamento, compreenderem que as dúvidas são próprias do processo de conhecimento e que não são ameaças ao próprio saber do professor, mas um caminho para a exploração. Então, os professores de filosofia e sociologia, ao tratarem da origem do conhecimento, dos grupos sociais, origem das diferenças dos conflitos de poder, devem dar elementos para que os estudantes possam construir boas perguntas sobre tudo — sobre as disciplinas, sobre a vida, sobre aquilo que está estabelecido, inclusive as relações de poder entre professor e aluno.

Já a formação de professores é deficiente no Brasil. Temos hoje um apagão do magistério em praticamente todas as áreas — falta professor de sociologia, química, matemática e filosofia. Sabemos que a maioria dos que estão se formando hoje para serem professores frequentam licenciaturas a distância de precaríssima qualidade na maior parte dos casos. Claro que há exceções de boas universidades e faculdades, mas a regra é um sistema que está funcionando há muito tempo sob os olhos fechados do Ministério da Educação, que permite a precariedade na formação inicial de professores. Além disso, a formação inicial e continuada precisa desenvolver não apenas propostas curriculares, mas proporcionar aos professores domínio dos métodos e técnicas de ensino e aprendizagem para aí sim eles compreenderem como incentivar os estudantes a fazerem perguntas.

Você é o autor do parecer de 2008 do CNE e aprovado no Congresso que coloca filosofia e sociologia como obrigatórias no ensino médio. Quase 10 anos depois, a BNCC as altera novamente. Como avalia avanços e retrocessos das políticas públicas?

O currículo sempre é um campo de disputa política e ideológica. Não há neutralidade em qualquer tipo de formulação curricular como não há neutralidade em absolutamente nada do conhecimento, muito menos no campo da educação escolar. Sendo um campo de disputa, as forças conservadoras, que ganharam espaços de poder nos últimos anos no Brasil e mundo, têm receio desse processo livre de questionamento e criatividade, o que explica alguns retrocessos na área da educação.

Tudo bem transformar as disciplinas em áreas do conhecimento, o problema na reforma do ensino médio é que as áreas do conhecimento vieram desprovidas propositalmente do cuidado essencial de trazer ao estudante os elementos teóricos e conceituais que são próprios de cada uma dessas disciplinas, oferecendo algo apenas genérico. Então, professores de biologia foram obrigados a darem aulas de química sem conhecimento, assim como os de filosofia pegaram informática para cumprirem a grade de aulas. A reforma se transformou em um festival de improvisos.

Quando era presidente da Comissão Bicameral encarregada da Base Nacional Comum Curricular do CNE, deixou o cargo em 2018 por discordâncias. Fale mais sobre o seu posicionamento

A reforma do ensino médio foi proposta pelo governo Michel Temer e veio com a característica reducionista de direitos de aprendizagem, esse talvez seja o principal ponto que me levou à oposição da BNCC do ensino médio e da reforma. A redução de 2.400 horas de um direito do estudante de conhecimento geral para 1.800 horas significa reduzir possibilidades de aprendizagem, o que é inaceitável. Com isso vem a pergunta: quais conhecimentos ficam de fora para espremer o currículo?

Já na Base Nacional Comum Curricular do ensino médio entregue ao Conselho Nacional de Educação, os problemas foram aprofundados, conforme detalhei na resposta anterior. O terceiro ponto são os itinerários formativos completamente vazios. Quando falamos da Base Nacional Comum Curricular desde a lei do Plano Nacional de Educação, inclusive eu sou autor desse trecho da lei, a BNCC era uma necessidade, porque deveria ser a expressão, a enunciação dos direitos e objetivos de aprendizagem do desenvolvimento das crianças, jovens e adultos brasileiros. Mas os itinerários formativos vieram ausentes desses direitos de aprendizagem, se tornando uma revogação de direitos.

Também sou contra que qualquer etapa da educação básica seja feita a distância, porque é na escola, no convívio, que se desenvolve uma série de valores próprios das necessidades de um mundo contemporâneo, como o respeito à diversidade, à capacidade de construir e trabalhar de maneira colaborativa.

Por isso que hoje os profissionais educacionais mais avançados são aqueles que trabalham com a educação baseada em projetos e colaborativa: fazer perguntas, construir hipóteses, buscar respostas em torno dessas hipóteses. É na educação básica que se deve aprender que nada se constrói sozinho e que há contradições nesse coletivo, porque as pessoas são diferentes. A educação mais avançada considera todas essas variáveis não como um problema, mas como uma grande vantagem e é isso que, às vezes, aqueles detentores do poder não querem, uma vez que aspiram por pessoas que consumam pequenos pacotinhos prontos de informação sem que processem isso na forma de conhecimento. Nós aprendemos quando criamos.

Cesar Callegari
Enem deveria se chamar Exame Nacional da Educação Básica, porque é ela inteira que precisa ser avaliada.
(FOTO: Gustavo Morita/ Revista Educação)

Filosofia, sociologia e artes foram reduzidas do currículo escolar 2024 do estado de SP e colocadas em itinerários formativos. Já português e matemática tiveram aumento de carga horária. Essa mudança tem ligação com as notas do Saeb e Ideb devido a uma preocupação com rankings ou é um olhar para a aprendizagem?

É uma visão rasa e pobre do processo educacional se o governo e gestores do estado de São Paulo estiverem guiados para ir bem na nota; rankings não podem de jeito nenhum nos guiar a respeito do compromisso do gestor público de proporcionar o direito a uma educação de qualidade consistente. Mas, aqui vejo uma concepção mais grave e perigosa: transformar a formação da educação básica jovem paulista numa educação pobre para os pobres, achando de maneira equivocada que apenas língua portuguesa e matemática são suficientes — já que a gente não consegue assegurar o conhecimento mais amplo, então para os pobres basta isso. Mas se continuar proporcionando educação pobre, o estado está condenando uma parcela significativa da população a uma cidadania precária em uma contemporaneidade que em qualquer tipo de ocupação se exige conhecimento cada vez mais profundo e crítico. É um projeto de dominação de poder das elites hegemônicas no Brasil, não todas as elites, mas as hegemônicas sempre se valeram da sonegação do direito à educação de qualidade como o direito de todos, com uma forma de controle social e de dominação política e de opressão. Temos de combater esse projeto.

Entre os reflexos das desigualdades brasileiras está o desestímulo e/ou impossibilidade do estudante de concluir o ensino médio. Em que tipo de política pública para a juventude acredita e como implantá-la?

Primeiro ponto é reconhecer que temos não uma juventude, mas juventudes, com muitas características, condições, anseios diferentes. Reconhecer essa diversidade entre os diferentes segmentos das juventudes é fundamental para a construção não de uma política, mas políticas que digam e que sejam significativas para essas várias juventudes. O segundo ponto é que o ensino médio tem de se tornar relevante para o estudante não na perspectiva de proporcionar acesso à educação superior e a um bom emprego. Tem de ser relevante para que o estudante se torne relevante, que ele se encontre, que tenha compreensão mais completa da sua origem e possibilidades, inclusive participação na sociedade e também na política, não partidária, mas de exercício do poder, condições e direitos ainda desiguais no Brasil. Para ter relevância, o ensino médio precisa ter, volto a dizer, uma estratégia de currículo que preconize a produção autoral e colaborativa desse estudante com base no experimentalismo, numa educação baseada em projetos e, claro, proporcionando condições de acordo com as necessidades de cada grupo social dessas juventudes.

Muitos jovens brasileiros precisam de suporte para poder estudar no ensino médio, só que apenas dar uma bolsa é importante, mas não suficiente. A suficiência vem da construção e implementação de um currículo que proporcione essa relevância coletiva dos diferentes segmentos da educação dos jovens brasileiros.

E a nova proposta do atual MEC para o novo ensino médio? Merece ser aprovada?

Merece, ainda que eu defenda alguns ajustes. O mais importante é que o governo se empodere da condição de liderança necessária para que os governos estaduais, que são os principais responsáveis pelo ensino médio, possam implementar essas mudanças com responsabilidade. Tem de ter força democrática.

O segundo ponto é investir, tem de dar condições materiais para que os estados avancem. Contudo, nenhuma educação de qualidade, do ensino infantil ao superior, vai progredir no Brasil se continuarmos a admitir a precarização da formação inicial dos professores brasileiros. O Brasil precisa tomar uma decisão corajosa e política de formar uma nova geração de professores. Temos condições para isso e essa nova geração precisa de um programa federal, com carreira federal, salários diferenciados, ou seja, criar na sociedade a condição de uma profissão que encante os melhores entre os melhores, é disso que o Brasil precisa. Mas qual é a coragem política de a gente se valer dos talentos que temos nas universidades? Seria algo parecido com a entrada no Itamaraty, que necessita de um concurso no Instituto Rio Branco, em que há um salário e visão a respeito do seu desenvolvimento. O Brasil precisa tomar essa decisão porque todo o resto é importante, mas é paliativo se não tomarmos a decisão estratégica e politicamente corajosa de construir já uma nova geração de professores no Brasil. Nós precisamos nesses próximos 10 anos formar 300 mil professores para a educação básica.

Camilo Santana afirmou que o Enem não mudará este ano. Nisso, há quem defenda uma entrada para o ensino superior similar à dos EUA, com nota pela soma da trajetória e não mais o atual modelo do Enem. O que acha?

O ideal é uma avaliação em processo durante todo o ensino médio. Aliás, ele deveria começar já no último ano do ensino fundamental, servindo de um ‘filme’ do processo evolutivo e de desenvolvimento do jovem que vai se submeter a um exame nacional no final da educação básica. Não deveria se chamar Exame Nacional do Ensino Médio, mas Exame Nacional da Educação Básica, porque é ela inteira que precisa ser avaliada. E é claro que um novo Enem precisa estar baseado na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio.

O Enem exerceu até hoje posições positivas em sua essência. Ele é um farol, um ponto de chegada. A própria maneira como o Enem tem se organizado, proporcionando, exigindo ou cobrando dos alunos um processo cada vez mais de interligação de áreas do conhecimento acaba induzindo mudanças no processo de ensino e aprendizagem. Com isso, espera-se que a educação básica ofereça uma visão mais crítica, interpretativa e questionadora e essa etapa precisa proporcionar que as crianças e jovens sejam rebeldes com causa, porque é na causa que existe o conhecimento necessário para projetos coletivos.

FONTE REVISTA EDUCAÇÃO

Por que os pássaros cantam antes do sol nascer?

Dependendo de onde você mora, o canto dos pássaros é uma das primeiras coisas percebidas assim que acorda. Isso é comum tanto entre aqueles que apreciam o som antes que as ruas se tornem mais barulhentas, quanto entre as pessoas que têm um sono mais leve e sofrem com a cantoria, sobretudo no período de acasalamento das aves.

Mas por que os pássaros começam a cantar antes mesmo do sol nascer? Há diferentes razões para isso, considerando que a depender de cada local e cenário, elas variam.

Os motivos por trás da cantoria

De tão familiar, o canto do bem-te-vi já virou meme. (Fonte: Getty Images)
De tão familiar, o canto do bem-te-vi já virou meme. (Fonte: Getty Images)

Alegria? Desejo de atrair parceiras? Nem sempre. O chamado “coro do amanhecer”, que pode começar a partir das 4h da madrugada e perdurar por horas, tem outro motivo para ser tão recorrente: os cantos são uma demonstração de força. Ao estabelecer domínio territorial, o som serve de alerta e evita que outros pássaros se aproximem.

E como para muitos animais não é vantajoso sair para procurar alimentos no escuro, durante a madrugada é quando as aves desfrutam da oportunidade de se comunicarem de uma forma mais efetiva. É nesse período em que o barulho de vozes, máquinas e veículos passando finalmente cessa.

Isso permite que o canto alcance maiores distâncias, sendo percebido por aqueles que estão longe. Dessa forma, os animais gastam menos energia realizando a cantoria. Mas isso não significa que eles cantem com menos vigor em outros horários.

Atraindo pássaros

(Fonte: Getty Images)

Como muitos já suspeitam, é durante os períodos de acasalamento que o canto tem como uma das principais funções aumentar a visibilidade do animal e atrair parceiras. Por mais que o canto faça parte da natureza desses animais, há muitas informações que são trocadas entre os mais experientes e seus filhotes.

E ainda que cada espécie apresente suas próprias particularidades, dentro de famílias de aves, há todo um universo particular sendo cultivado com dialetos próprios. Assim, os pássaros podem compartilhar com o mundo cantos que estão sendo transmitidos há gerações, o que explica até mesmo as diferenças de sonoridade percebidas.

Para aqueles que crescem sozinhos, por outro lado, trilhar esse caminho pode ser mais difícil do que imaginamos, de modo que esses pássaros emitem sons menos refinados. E vale destacar: engana-se quem pensa que apenas os machos desempenham esse papel ativo, já que as fêmeas também cantam bastante.

Competindo por atenção no espaço urbano

O sabiá-laranjeira está entre os pássaros que os brasileiros mais se acostumaram a ouvir quando acordam de manhã cedinho. (Fonte: Getty Images)

Da mesma forma que há espécies que simplesmente cantam ao entardecer por hábito, há pássaros que recorrem à madrugada por uma mera questão de adaptação. Por conta disso, nas grandes cidades, já tem sido percebido um fenômeno preocupante: as aves estão cantando cada vez mais cedo, como no caso do sabiá-laranjeira.

A espécie, encontrada em várias porções do país, é híbrida, ou seja: acorda de madrugada, embora seja diurna. E tal fato pode ser percebido com uma maior intensidade a partir do mês de setembro, visto que o período reprodutivo destas aves se dá ao longo da primavera e do verão.

Assim, enquanto os maratonistas de séries se preparam para dormir por volta das 3h, ou mesmo antes, às 2h da madrugada, as aves já começam a cantar. E provavelmente, assim como nós, elas gostariam de poder acordar mais tarde.

FONTE MEGA CURIOSO

O que é ano bissexto? Por que teremos o dia 29 de fevereiro em 2024?

De quatro em quatro anos (salvo algumas exceções), o mês de fevereiro ganha um dia extra. Isso se deve ao tempo que a Terra leva para dar uma volta ao redor do Sol, que é de cerca de 365 dias e, veja só, 6 horas.

Aos 20 anos, Arthur Oliveira, de São Paulo, ouvia dos amigos que tinha, na verdade, 5 anos. ? E não era pela aparência (nem por uma suposta infantilidade) — é que o jovem nasceu em 29 de fevereiro, data que só existe no calendário de quatro em quatro anos (salvo algumas exceções, que você entenderá mais abaixo).

“Cresci a vida inteira comemorando no dia 28 mesmo”, conta.

Em 2024, a festa vai poder acontecer no dia certinho, já que é um ano bissexto (ou seja, teremos 29/02 na agenda)! Mas, afinal, por que o ditador Júlio Cesar, que governou Roma de 49 a 44 a.C., inventou de esticar esse mês de quando em quando? Veja abaixo.

?Por que existe o ano bissexto?

O que define um ano, no nosso calendário civil, é o tempo que a Terra leva para dar uma volta inteira ao redor do Sol (movimento de translação). Só que esse processo, no calendário solar, não leva exatamente 365 dias — existe aí um arredondamento, para facilitar as contas.

Na verdade, segundo os astrônomos, o nosso planeta demora cerca de 365 dias e 6 horas para completar a “rota”. Se juntarmos essas 6 horas que “sobram” a cada ano, em 4 anos, teremos 24 horas extras (6 + 6 + 6 + 6 = 24). Ou seja: um dia a mais, fixado em 29 de fevereiro.

?Qual seria o problema de não existir o 29/02 nos anos bissextos?

Pode parecer bobagem, mas não compensar, a cada quatro anos, essas “horas extras” bagunçaria até a nossa economia.

“Aconteceria uma desconexão entre as datas do ano civil e as estações do ano”, explica Rui Calares, coordenador do Cursinho da Poli (SP) e professor de geografia. “Isso atrapalharia a agricultura, por exemplo, e as datas de plantio e colheita.”

Dois fatores determinam se é primavera, verão, outono ou inverno em determinado hemisfério: o eixo de inclinação da Terra e a posição do planeta em relação ao Sol.

Se as 6 horas “extras” de cada ano não fossem corrigidas, nosso calendário começaria a ficar atrasado em relação às quatro estações.

“Ficaríamos defasados em relação à natureza. Depois de algum tempo, a primavera começaria só em dezembro no hemisfério sul, por exemplo”, afirma Thiago Rigel, professor de astronomia do Curso Etapa (SP).

?Como posso saber se um ano é bissexto ou não?

A regra básica é: anos bissextos são divisíveis por 4 (ou seja, números que, quando divididos por 4, dão resultados inteiros, sem casas decimais).

  • É o caso de 2024 -> 2024 ÷ 4 = 56 -> número inteiro.

❗Só que anos que terminam em “00” necessitam de mais atenção.

  • Se acabar em 00 e for divisível por 400, é bissexto. Exemplo: 2000 (2000 ÷ 4 = 5 -> número inteiro).
  • Se acabar em 00 e não for divisível por 400, NÃO é bissexto. É exceção! Exemplo: 1900 (1900 ÷ 4 = 4,75 -> não é número inteiro).

➡️Por quê? É que o tempo de translação da Terra não é de exatamente 365 dias e 6 horas. Na verdade, o planeta leva cerca de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos para dar a volta completa ao redor do Sol (diferença de 11 minutos e 12 segundos).

E aí, com o tempo, esses 11 minutos e 12 segundos “emprestados” vão se acumulando e precisam ser descontados do calendário.

Por isso que, quando o número termina em “00” e não é divisível por 400, o ano deixa de ser bissexto e fica com os usuais 28 dias em fevereiro. A última vez que isso aconteceu foi em 1900, e a próxima será em 2100.

?Quem inventou os anos bissextos?

Conciliar o calendário lunar (que levava em conta as fases da Lua) com o solar já era uma missão antiga.

“No Egito, por exemplo, os povos sabiam que, quando uma estrela ‘X’ aparecia no céu, o rio ficaria cheio e seria uma boa época para plantações. Só que isso acontecia, vamos supor, em 1º de setembro em um ano. Depois, caía em 2, 3 ou 4 de setembro. Eles perceberam que precisavam fazer, então, uma correção no calendário, para sincronizar os fenômenos astronômicos com a vida humana“, explica o astrônomo Rigel.

Foi assim que, tempos depois, os anos bissextos foram incorporados pelo imperador Júlio César, que governou Roma de 49 a 44 a.C..

“O calendário juliano promoveu uma grande reforma. Criou o ano de 365 dias/12 meses e acrescentou um dia a cada 4 anos”, diz Thomas Wisiak, professor de história do Curso Etapa.

Nossa organização atual do tempo é baseada no calendário gregoriano, que substituiu o juliano em 1582, por iniciativa do papa Gregório XIII. A nova versão ficou mais precisa e corrigiu atrasos em relação às estações do ano. Foi aí que surgiu aquela regrinha da divisão por 400, que o g1 explicou mais acima.

FONTE G1

Vacina contra dengue: entenda por que idosos precisam de receita

Geriatra explica que não há estudos de eficácia nessa faixa etária

A população idosa concentra, atualmente, as maiores taxas de hospitalização por dengue no Brasil. O grupo, entretanto, ficou de fora da faixa etária considerada prioritária para receber a vacina contra a dengue por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso porque a própria bula da Qdenga estipula que o imunizante é indicado somente para pessoas com idade entre 4 e 60 anos. Ainda assim, em laboratórios particulares, o imunizante é aplicado em idosos, desde que seja apresentado pedido médico.

A pergunta é: há risco para o idoso que recebe a vacina? Em entrevista à Agência Brasil, o geriatra Paulo Villas Boas explicou que a bula da Qdenga não inclui pessoas acima de 60 anos porque não foram feitos estudos de eficácia nessa faixa etária. O membro do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia destacou, entretanto, que a dose foi liberada para toda a população acima de 4 anos pela Agência Europeia de Medicamentos e a Agência Argentina de Medicamentos.

“Em médio prazo, acredito que haverá uma discussão sobre a liberação da vacina contra a dengue para a população com mais de 60 anos”, disse. “No presente momento, os idosos não são elegíveis. Se a dose for utilizada na população com mais de 60 anos, mesmo que seja recomendada por um médico, é considerado o que a gente chama de prescrição off label, ou seja, que não consta na liberação oficial. Alguns medicamentos são prescritos assim porque há estudos que mostram benefício.”

“Existe essa possibilidade da prescrição off label. Mas o que está acontecendo no Brasil hoje em dia? Há uma demanda muito grande da população idosa com desejo de se vacinar contra a dengue. Porém, mesmo nas clínicas privadas, não se encontra mais a vacina. Como ela foi liberada, o próprio laboratório não está conseguindo suprir a demanda para o SUS. Temos uma previsão, até o final do ano, de um aporte de cerca de 6 milhões de doses. Então o laboratório provavelmente não vai conseguir suprir a demanda para clínicas privadas.”

A melhor forma de combater a dengue é impedir a reprodução do mosquito. Foto: Arte/EBC – Arte/EBC

Villas Boas lembrou que os idosos são considerados grupo de risco para agravos decorrentes da infecção pela dengue. O maior número de óbitos, segundo o geriatra, acontece exatamente nessa faixa etária. Dados da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, por exemplo, mostram que, no ano passado, das 11 mortes registradas pela doença, oito foram em pessoas com mais de 60 anos. Em 2022, 79% dos óbitos provocados pela dengue no estado também foram entre idosos.

“A gente sabe que os indivíduos idosos são portadores de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, doença do coração. Muitos têm estado em imunossupressão, ou seja, quebra da imunidade. E esses são fatores de risco para complicações da infecção pela dengue. Por isso, acredito que a médio prazo, ou mesmo a curto prazo, teremos dados cientificamente robustos que indiquem a vacinação contra a dengue para essa população.”

O geriatra reforçou que não há risco iminente para idosos que, com a prescrição médica em mãos, recebem a vacina contra a dengue, mas destacou aspectos considerados importantes quando o assunto é a imunização de pessoas com mais de 60 anos, como um estado de perda de imunidade normal da idade, chamado imunossenescência, e a tomada de medicações que podem aumentar a imunodeficiência, como o uso crônico de corticoides e outros tratamento específicos.

“Se eventualmente esse indivíduo idoso desejar ser vacinado, é importante que ele converse muito bem com o médico que irá prescrever a vacina. Um bom contexto de saúde desse indivíduo idoso, para que ele possa receber a vacina com total segurança. A gente tem que lembrar que a Qdenga é uma vacina com vírus atenuado e não com vírus morto. Se o indivíduo estiver com a imunidade mais baixa, pode ter uma resposta ou reação vacinal maior, desenvolvendo efeitos colaterais inerentes à vacinação, como mal-estar geral e febre. Não vai desenvolver um quadro de dengue clássico. Mas pode ter uma série de efeitos colaterais, descritos na própria bula da vacina.”

Na ausência de uma dose contra a dengue formalmente indicada para idosos, Villas Boas ressaltou que a prevenção da doença nessa faixa etária deve ser feita por meio dos cuidados já amplamente divulgados para o combate ao mosquito Aedes aegypti: impedir o acúmulo de água parada; usar repelentes sobretudo pela manhã e no final da tarde, horários de maior circulação do Aedes aegypti; e utilizar roupas de manga longa e em tons mais claros.

Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos. Foto: Arte/EBC – Arte/EBC

“A prevenção da dengue para a população idosa é idêntica à prevenção da população em geral. Não há nada específico. São aquelas orientações que a gente cansa de ouvir e cansa de ver que as pessoas não fazem”, disse. “Tudo o que possa evitar o indivíduo de ser picado contribui”, concluiu. 

FONTE AGÊNCIA BRASIL

Entenda por que a duplicação das BRs 381 e 262 se arrasta há anos

Construídas com curvas muito sinuosas para contornar o relevo montanhoso entre Belo Horizonte e Vitória (ES), as rodovias são um desafio para empresas e governos

As BRs 381 e 262 são conhecidas dos mineiros por suas péssimas condições, que renderam à primeira a alcunha de Rodovia da Morte. A segunda registra menos óbitos em acidentes, mas o trecho entre Belo Horizonte e Manhuaçu é considerado atualmente ruim ou péssimo, conforme aponta levantamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Os trechos mais críticos das duas rodovias (na BR-381, entre BH e Governador Valadares; e na BR-262, entre BH e Vitória, no Espírito Santo) foram oferecidos em leilões do governo federal para a iniciativa privada em mais de uma tentativa, mas não houve interessados. Há uma expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncie nesta quinta-feira (8/2), durante visita a BH, planos para as rodovias.

O motivo para essa resistência seria o alto custo de duplicação das duas rodovias, construídas com curvas muito sinuosas para enfrentar o relevo montanhoso. Ainda assim, o governo federal pretende leiloar o referido trecho da BR-381 ainda este ano – o estudo para a concessão da BR-262 deve ficar pronto somente em 2025. A expectativa é realizar 13 leilões este ano e atrair R$ 122 bilhões em investimentos.

Desafio nas alturas

A construção da BR-262 entre Uberaba (MG) e Vitória (ES), na década de 1960, representou um avanço no transporte rodoviário do Brasil. Foram empregadas as melhores tecnologias de engenharia da época na chamada Rodovia do Paralelo 20, criada para atravessar o Brasil horizontalmente entre a capital capixaba e Corumbá, no Mato Grosso do Sul, se conectando a estradas bolivianas e peruanas para tentar promover a integração entre os três países.

Especialmente em Minas Gerais, a BR-262 trouxe melhorias significativas. Com a sua inauguração, as viagens entre Uberaba e Belo Horizonte foram reduzidas de 30 horas para 10. A outra metade da rodovia, entre a capital mineira e o litoral capixaba, facilitou o trânsito de pessoas e mercadorias entre o estado e o porto de Vitória.

Um dos principais desafios durante a construção da BR-262 foi enfrentar a altitude. Isto porque a rodovia inicia no nível do mar e atinge, na sua parte mais alta, 1.174 metros de altura, num dos pontos da Serra do Caparaó.

“Teve muito corte em rocha, em solo, muitas pontes, porque há muitos rios que cortam a BR-262. De fato, foi uma obra audaciosa e de grande vulto para a engenharia na sua época de construção”, explica Patrício Pires, doutor em geotecnia e professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

A divisa entre Minas Gerais e o Espírito Santo marca uma mudança na condição de manutenção da BR-262
Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Trecho capixaba

A rodovia, contudo, se deteriorou ao longo das décadas. O último Mapa de Condição da Manutenção publicado pelo Dnit, com dados de novembro de 2023, mostra que a maior parte da BR-262 entre BH e a divisa com o Espírito Santo está em condições regulares e ruins e, nos segmentos mais críticos, em condições péssimas, conforme constatou a reportagem do Estado de Minas em viagens entre BH e a capital capixaba nos meses de janeiro de 2023 e deste ano.

Ao atravessar a divisa entre os dois estados, o cenário muda. Em solo capixaba, a estrada encontra-se em boas condições no que diz respeito à sua manutenção. O maior desafio que a BR-262 impõe são curvas sinuosas que cortam a Serra do Caparaó. Uma duplicação nos trechos do Espírito Santo pode exigir, inclusive, que parte da estrada seja fechada.

“A geologia dessa rodovia, especialmente o trecho no Espírito Santo, é um tanto complexa. Vejo claramente a necessidade da construção de túneis, viadutos, duplicações de pontes, e uma geologia que não é favorável. [A estrada] está muito encaixada. Há cortes em rocha na lateral da pista da rodovia, isso vai gerar um certo transtorno durante as obras, enquanto elas ocorrerem. Da mesma forma que a construção disso por si só se torna toda essa operação de duplicação da pista, de fato, muito mais onerosa”, afirma Pires.

Trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade da BR-381 é um dos mais mortais das estradas mineiras
Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

BR-381: por que tão problemática?

Ao longo dos 300km que ligam BH a Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, os motoristas contam com poucos respiros de trechos duplicados. Apenas no trecho inicial da viagem (116km até João Monlevade), foi registrada a média de um óbito em acidente de trânsito a cada 3,6 quilômetros em 2022. Um dos fatores para esta falta de segurança está no próprio traçado da rodovia.

“Lá no passado, a ideia para tentar diminuir o custo foi contornar a montanha. Como você contorna a montanha? Você faz excesso de curvas. Fazendo excesso de curvas, você tem a possibilidade de ter uma maior quantidade de acidentes. Então, é uma região complicada, que merece e deve ter um investimento muito maior, porque são rodovias extremamente importantes”, explica Ronderson Queiroz Hilário, doutor em geotecnia e professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

E é justamente este traçado feito sob um relevo montanhoso que provoca resistência entre as empreiteiras nos leilões. Profissionais do mercado de construção civil consultados pela reportagem explicam que as empresas não participaram dos leilões passados da BR-381 devido ao alto custo de duplicação da estrada, já que o traçado horizontal (retas e curvas) e o traçado vertical (elevações e rampas) são “muito ruins” em função da topografia da região.

“Ao utilizar o traçado original [na duplicação], você tem que fazer um corte maior nas rochas ou fazer uma obra de terraplanagem. O custo para isso é alto. Por exemplo, a BR-040, já no Rio de Janeiro, corta a montanha a partir de túneis. Você foge dos problemas de topografia a partir de alguns viadutos. Isso torna oneroso. Então, muitas vezes, [as empresas] acabam desistindo”, explica Hilário.

Os poucos trechos duplicados da BR-381 em direção a Governador Valadares estão em melhor estado do que os trechos não duplicados
Edésio Ferreira/EM/D.A Press

Mudança de rota

Em 2022, o governo de Jair Bolsonaro (PL) tentou leiloar o trecho da BR-262 entre BH e Vitória, junto da BR-381 entre a capital mineira e Governador Valadares, mas não houve interessados. No ano seguinte, o governo do presidente Lula mudou a estratégia e decidiu leiloar apenas o trecho da BR-381. Na data limite para a entrega de propostas, não houve interessados e o leilão foi cancelado. Foi a terceira tentativa de entregar o trecho à iniciativa privada – a primeira ocorreu em 2013.

O governo federal incluiu a rodovia no pacote de 13 editais de leilões previstos para 2024, anunciados pelo ministro dos transportes, Renan Filho (MDB). A pasta informou à reportagem que uma das possibilidades em estudo para tornar a concessão mais atrativa seria fazer com que parte das obras de duplicação fossem feitas pelo Dnit, “como forma de antecipar a execução dessas importantes obras para o povo mineiro”.

Em relação às condições da BR-262 em Minas Gerais, o Dnit informou, em nota, que “encontram-se em andamento os serviços atinentes aos contratos de manutenção e conservação rodoviária” e que estão inseridos nesses contratos “serviços como roçada, capina, limpeza de faixa de domínio, tapa-buracos, etc”.

A autarquia também informou que “existem projetos para a recuperação integral da BR-262” com previsão de execução no segundo semestre deste ano e que “até o momento foram recapeados aproximadamente 40 quilômetros na rodovia BR-262/MG, sob circunscrição do DNIT/MG”.

FONTE ESTADO DE MINAS

Carnaval 2025 será em março; por que a data muda todos os anos?

Datas são definidas com base no calendário católico; aprenda a calcular o dia exato

Em 2024, o carnaval será no dia 13 de fevereiro e a quarta de Cinzas no dia 14. Já no ano que vem, a folia pula para março. Por que a data muda todos os anos?

As datas são definidas com base no calendário católico, a partir da data que será a Páscoa, a mudança de estações e também o calendário lunar.

A Igreja Católica determinou que a Páscoa seria comemorada sempre no primeiro domingo após o equinócio, que é quando o dia e a noite têm exatamente a mesma duração: 12 horas.

Todo ano, o equinócio acontece no dia 20 de março. No Hemisfério sul, onde estamos, ele é conhecido como o equinócio de outono, e no Hemisfério Norte, equinócio de primavera. 

Uma semana antes da Páscoa, a Igreja Católica celebra o Domingo de Ramos, dando início à Semana Santa. E 40 dias antes dele, é a terça-feira de carnaval. Isso significa que o carnaval é comemorado sempre 47 dias antes da Páscoa.

FONTE TERRA

Por que você tem que abrir as janelas da casa quando chove?

Abrir as janelas da sua casa quando chove pode parecer incomum considerando a umidade causada pela chuva.

Você já parou para pensar por que muitas vezes fechamos as janelas quando começa a chover? Parece ser um gesto automático, mas será que é o mais saudável?

Neste artigo, vamos explorar algumas razões surpreendentes para deixar as janelas da sua casa abertas durante a chuva. A ação de deixar as janelas abertas enquanto chove pode parecer um tanto anacrônica para a maioria das pessoas.

Afinal, é comum a nossa primeira reação ser a de fechar as portas e janelas para evitar que a água da chuva e o frio entrem em nossa casa. No entanto, há uma razão muito válida para considerar a prática de manter as janelas abertas, em vez de correr para trancá-las.

Por que abrir as janelas da casa quando chove?

A resposta para essa pergunta está relacionada à importância da qualidade do ar que respiramos dentro de nossas casas. Muitas vezes, o ar interno pode se tornar viciado e prejudicial à nossa saúde, causando problemas respiratórios, dores de cabeça, irritação nos olhos e muito mais.

Durante o inverno, quando tendemos a manter as janelas fechadas para conservar o calor, é crucial garantir que a casa esteja bem ventilada. Manter um ambiente com ar saudável é essencial, e existem algumas razões para isso:

  1. Substituição de ar viciado: Para manter um ar saudável, é necessário substituir regularmente o ar viciado que se acumula dentro de casa. Isso pode ser feito abrindo as janelas e permitindo a entrada de ar fresco e oxigênio.
  2. Micróbios e poeira: O acúmulo de poeira e micróbios atrás dos radiadores e em outros locais pode ser prejudicial à saúde. Ao arejar a casa regularmente, você ajuda a eliminar esses agentes irritantes do ambiente.
  3. Bem-estar geral: O ar fresco e limpo que entra durante a chuva proporciona uma sensação de frescura e limpeza que pode recarregar suas energias e relaxar você.

Respire ar fresco

Manter as janelas abertas até durante o inverno pode parecer contraditório, especialmente quando o aquecimento está ligado para manter a temperatura interna.

No entanto, essa prática pode ser benéfica para a sua saúde. O aquecimento tende a secar o ar, o que pode ser prejudicial, principalmente para pessoas com problemas respiratórios, como asma alérgica por poeira.

Além disso, ao permitir a entrada de ar fresco e um aumento nos níveis de oxigênio durante a chuva, você pode melhorar a qualidade do ar dentro de casa, tornando o ambiente mais agradável e saudável.

FONTE INFORME BRASIL

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