O Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos é um dos cenários marcantes do longa-metragem sobre a vida de José Pedro de Freitas, o famoso Zé Arigó. Na tarde deste domingo, 29, cenas do filme, dirigido por Roberto d’Avila, foram gravadas no sítio histórico, com a presença dos atores Danton Mello, que vive o médium mineiro, e Juliana Paes, que interpreta sua esposa, Arlete. O elenco também foi formado pelas crianças Benício Itiberê, Otávio Melo, Luis Guilherme e Davi Jadum, interpretando, respectivamente, os filhos Haroldo, Sydney, José Tarcísio e Ery. Congonhenses também participaram das filmagens como figurantes. A produção passou, ainda, pelas cidades mineiras de Cataguases e Rio Novo.
Para o ator Danton Mello, foi um desafio interpretar Zé Arigó. Além de ler sobre a vida do médium, as histórias contadas pelos seus familiares contribuíram para a construção do personagem. “A história dele é linda. Foi um homem iluminado, sem dúvida, que abdicou da vida para cuidar dos outros. Me envolvi e me entreguei de corpo e alma para contar essa história. É emocionante gravar na terra do Arigó. Encerro o filme aqui hoje. É muito emocionante, para mim, encerrar esse trabalho aqui na terra dele. Andar por onde ele andou é muito forte e emocionante. A cidade é linda”, completa.
Os dois atores roubaram a cena e os congonhenses se encantaram com a simpatia de Juliana Paes e Danton Melo.
Enfim chegará às telas do cinema mundial,o longametragem sobre a vida do médium Congonhense ”Zé Arigó”. O produtor Roberto Dávila ligou ontem para um dos seus filhos (Sidney Freitas) e contou que mostrou o script para o ator Selton Mello. O ator chorou muito e sem pensar duas vezes, assinou o contrato. Produtores e diretores do filme virão a Congonhas após o carnaval para examinarem as locações para o ponto de partida das filmagens.
A história
Um dos oito filhos do sitiante Antônio de Freitas Sobrinho, nasceu na Fazenda do Faria, a cerca de seis quilômetros de Congonhas. Os poucos recursos da família apenas lhe asseguraram os estudos até à terceira série do atual Ensino Fundamental, no Grupo Escolar Barão de Congonhas.
Em 1936, aos quatorze anos de idade, ingressou na Companhia de Mineração de Ferro e Carvão, (posteriormente denominada Ferteco Mineração S/A, e hoje incorporada à CVRD, onde trabalhou até 1942. Neste período ganhou o apelido que o acompanharia toda a vida: “Arigó”. Nomeado servidor do IAPTC, atual INSS, trabalhou na função pública até ao fim da vida.
Em 1946, então com vinte e cinco anos de idade, desposou Arlete André, sua prima em 4º grau, época em que deixou a casa dos pais. Da união nasceram seis filhos: José Tarcísio, Haroldo, Eri, Sidney, Leôncio Antônio e Leonardo José.
À medida que nasciam os filhos do casal, por volta de 1950, Arigó começou a apresentar fortes dores de cabeça, insônia, percebendo visões (uma luz descrita como muito brilhante) e uma voz gutural (em idioma que não compreendia) que o fizeram acreditar encontrar-se à beira da loucura. A situação perdurou por cerca de três anos, durante os quais visitou médicos e especialistas, sem melhorias.
De acordo com seus biógrafos, certo dia, em um sonho nítido, a voz que o atormentava foi percebida por Arigó como pertencendo a um personagem robusto e calvo, vestido com roupas antigas e um avental branco, supervisionando uma equipe de médicos e enfermeiros em uma grande sala cirúrgica, em torno de um paciente. Após o sonho ter se repetido por várias vezes, o personagem apresentou-se como sendo Adolph Fritz, um médico alemão desencarnado durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), sem que tivesse completado a sua obra na Terra. Embora não pudesse compreender o idioma, compreendeu a mensagem que o personagem lhe dirigia: Arigó fora escolhido como médium pelo Dr. Fritz para realizar essa obra. Outros espíritos, de médicos e de enfermeiros desencarnados, os auxiliariam. Ainda de acordo com os seus biógrafos, Arigó acordou desse sonho tão assustado que saiu correndo, nu, aos gritos, ganhando a rua. Parentes e amigos trouxeram-no de volta ao lar, onde chorou copiosamente. Procurados, os médicos procederam a exames clínicos e psicológicos, sem encontrar nada de anormal, embora as dores de cabeça e os pesadelos continuassem. Até mesmo o padre da cidade tentou auxiliar, efetuando algumas sessões de exorcismo, sem sucesso.
Desesperado, sem encontrar uma saída, certo dia resolveu experimentar atender ao pedido do sonho: encontrando um amigo, aleijado, obrigado ao uso de muletas para andar, Arigó ordenou-lhe de súbito que largasse as muletas. E, arrancando-as com as próprias mãos, ordenou em seguida ao amigo que caminhasse, o que ele fez, continuando a fazê-lo desse dia em diante.
A partir de então, uma força que Arigó reputava como “estranha”, passou a utilizar-se de suas mãos rudes, para manejar instrumentos também rudes, em delicados procedimentos cirúrgicos, no atendimento a enfermos e aflitos.
Com a grande visibilidade internacional, Congonhas recebeu a visita de pesquisadores norte-americanos interessados em conhecer e registrar os métodos de trabalho de Zé Arigó. Veio até um médico e cientista Henry Puharich, da Nasa (agência espacial norte-americana). Sidney se lembra muito bem desse dia. “Quando criança, eu era muito magro, tinha asma, e um caroço feio no braço direito. Meu pai o tirou no centro espírito. No dia em que Henry veio, meu pai lhe disse que ele também tinha um lipoma no braço, embora não pudesse vê-lo, pois o homem vestia um paletó. No Centro Espírita Jesus Nazareno, fez o mesmo procedimento e o tirou”, recorda-se Sidney. Mais tarde, o médico chegou novamente a Congonhas acompanhado de uma equipe de 40 especialistas, mas nada ficou provado contra o Zé Arigó ou sobre os diagnósticos de Dr. Fritz.
Fonte: Congonhas On Line
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