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Garimpamdo

MENTIRINHAS…

                            Avelina Maria Noronha de Almeida

                                 [email protected]

 

[…]nas pesquisas que tenho feito sobre a genealogia das famílias de Queluz,

das quais Conselheiro Lafaiete tem muitos descendentes, enorme número de pessoas

de nossa cidade tem como ancestral (16º, 17º ou 18° avô, conforme a idade)

Tibiriçá, o primeiro índio a ser catequizado pelo padre José de Anchieta

  O mês de abril tem duas datas comemorativas relacionadas com os índios do Brasil: uma delas é no dia 19. Coincidentemente, a outra é no dia 1º de Abril, quando a gente prega uma peça no outro e depois que ele cai em nossa conversa, falamos: PRIMEIRO DE ABRIL!!! Na citada data comemora-se o Dia da Abolição da Escravidão Indígena, porque o rei de Portugal publicou uma lei acabando com o cativeiro dos índios na Colônia, mais uma das mentirinhas históricas que encontramos no decorrer da história do Brasil.

            Mentirinha porque, de acordo com a lei, não poderiam ser escravizados novos índios a partir daquela data, mas não eram libertados os índios escravos adquiridos antes da promulgação da mesma, sendo a escravidão indígena oficialmente extinta só por um alvará de 1758, na época do Marquês de Pombal. Assim, a data comemorativa é mentirinha mesmo. E até essa data é em parte fantasia, porque, por “debaixo dos panos”, a captura dos indígenas continuou. Eu mesma tenho, depois daquela lei, uma trisavó índia puri que foi “pega a laço”, como dizem.

Vou fazer uma pequena interrupção para contar algo que acho muito interessante: nas pesquisas que tenho feito sobre a genealogia das famílias de Queluz, das quais Conselheiro Lafaiete tem muitos descendentes, enorme número de pessoas da nossa cidade tem como ancestral (16º, 17º ou 18° avô, conforme a idade) o índio Tibiriçá, o primeiro índio a ser catequizado pelo padre José de Anchieta, cacique (guaianá ou tupi – há divergência entre historiadores) de uma parte da nação indígena estabelecida nos campos de Piratininga, tendo acompanhado Manuel da Nóbrega e Anchieta na obra da fundação de São Paulo.

Retornando à situação atual dos índios brasileiros: num certo sentido, a mentirinha continua até hoje. Por que? O que significa Liberdade?

Vejam esta definição no Google: “Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre e não depender de ninguém”. Será que isso está acontecendo com a atual população indígena?

Apenas uma comparação de dados de épocas diferentes que deixo para a reflexão dos leitores:

Estima o genealogista Aníbal de Almeida Fernandes que, na época do Achamento do Brasil, havia de 500.000 a 1 milhão de indígenas, sendo os dois maiores grupos os Carijós e os  Tupinambás, ambos com cerca de 100.000 indígenas.

De acordo com IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foram registrados aproximadamente 734.131 mil pessoas que se consideravam índios. De acordo com o censo da Funai o número seja bem inferior, por considerar como índio apenas aqueles que vivem em reservas, com isso, a quantidade cai para aproximadamente 358 mil.

Só para ajudar na comparação e na reflexão:

Os índios eram os donos da terra. Veio o homem branco e praticamente tomou conta da terra.

E mais:

Brasil tem hoje 202.768.562 habitantes (duzentos e dois milhões e montoeira), estima o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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