Avelina Maria Noronha de Almeida
Serafim Sanna, pai de Dulce, era o homem forte da
Companhia Meridional, diretor e sócio fundador.
Sua administração na mineração do Morro da Mina
foi muito profícua, brilhante mesmo.
Hoje a Rua Encantada é uma beleza só!!! Já falei da riqueza de artistas do pincel e da agulha povoando a alma daquele lindo pedaço de Lafaiete e citei alguns. Deixei de citar um artista e pintor do passado, pois só recentemente soube que, além de ter feito representações no palco, também era pintor. Tinha também uma escola de datilografia e um escola de balé. Cheguei a vê-lo em representação no palco, porém não sabia de sua arte na tela: Lili (Evaristo) Cabanellas, irmão da pintora Áurea Cabanellas Menezes, da qual coloquei a pintura da Capela de Nossa Senhora da Piedade. Lili faleceu na Espanha e suas irmãs Áurea e Maria foram a seu sepultamento naquele país.
Também a consagrada pintora Beatriz Lopes Vieira também residiu, no passado, na Coronel João Gomes e, hoje, residindo em São Paulo, está em plena e admirável atividade artística, com repercussão nacional e internacional. Vou brindar os leitores com duas de suas telas
Mas, em tempos mais atuais, surgiram duas pintoras que, nesta rua, prolongam o encanto do passado. E ambas têm uma característica muito importante: são também mestras de pintura e têm, na rua focalizada, suas escolas. Hoje apresentarei uma delas, a outra fica para o próximo artigo.
Na esquina da Rua Coronel Gomes com a rua Barão de Suassuí, em meados do século XX, era a residência de Firmino Augusto de Lana Júnior e Dulce Sanna Lana. Firmino Júnior já faleceu, mas hoje continua lá residindo D. Dulce, com 104 anos, e sua família.
Lembro-me de que, na parte da frente da casa, havia o armazém do chefe da família, Firmino Júnior, que era filho do comerciante Firmino Augusto Lana, pertencente a família tradicional da cidade, uma pessoa maravilhosa, estimada por todos, com o seu forte estabelecimento comercial na Rua Melo Viana. Nas primeiras décadas do século passado, Firmino Lana e meu avô Mario Zebral eram os dois comerciantes mais fortes da cidade, com um comércio muito variado, havia de tudo que se possa imaginar. Os dois eram compadres. E uma coisa que eu achei interessantíssima quando me contaram. Chegava um
comprador procurando determinado material que não tinha em seu armazém, vovô falava: “– Vai lá no Firmino Lana que ele tem.” Também quando chegava algum comprador no comércio de Firmino Lana e lá não havia o procurado, ele dizia: “– Vai lá no Mário Zebral que ele tem.” Não havia rivalidade, mas amizade sincera e companheirismo.
Nesse armazém da Rua Coronel João Gomes havia de tudo, como era comum em tempos antigos: arroz, feijão, enfim, todos os mantimentos relacionados com alimentação, materiais diversos como vassouras, vasilhas, uma infinidade de coisas.
Serafim Sanna, pai de Dulce, era o homem forte da Companhia Meridional, diretor e sócio fundador. Sua administração na mineração do Morro da Mina foi muito profícua, brilhante mesmo. Meu pai era muito amigo dele e eu, menina, ia sempre com ele visitar o Sr. Serafim. A imagem que tenho dele na lembrança era no jardim de sua linda e enorme casa, que tinha extensas varandas, cuidando com carinho de suas flores.
Na casa da esquina hoje funciona uma loja e uma escola de pintura em tecidos e em peças de gesso. A loja é da filha do casal, Maria Lúcia, professora de pintura e tem o nome de Arte&Companhia, compartilhada com sua filha Alessandra, ambas artistas maravilhosas. Agora vou brindar novamente os leitores, agora com uma visão da escola que tanto valoriza a rua e com pinturas de Maria Lúcia. A pintura do casal dançando foi feita em chita. A última imagem é uma peça de gesso.
A rua hoje não está uma beleza?
(Continua)