Dr. Carlos Alberto Reis
Tipo mais comum de neoplasia entre as mulheres em todo o mundo, o câncer de mama é tema neste mês de uma campanha global sobre a importância da prevenção, conhecida como Outubro Rosa. Obviamente, tal mobilização não se deu à toa: a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é que, apenas em 2016, sejam registrados quase 60 mil novos casos da doença no Brasil.
Mas será que as pessoas sabem o que realmente é o câncer de mama? Ele ocorre quando um ou mais nódulos, formados por células que se multiplicam descontroladamente, aparecem nas mamas. Essa multiplicação aumenta progressivamente o tamanho do nódulo e pode até fazer com que algumas células se desprendam e desloquem-se para outras partes do corpo da mulher, formando as chamadas metástases.
Não existe uma causa específica para o câncer de mama, mas temos uma série de fatores de risco. Mulheres que ingerem mais de três doses de bebidas alcoólicas ao dia, por exemplo, têm mais que o dobro de chances de desencadear a doença do que aquelas que não consomem. Dietas ricas em gordura, obesidade e sedentarismo também podem estar relacionadas ao desenvolvimento do câncer.
Mulheres que começaram a menstruar muito jovens e demoraram para entrar na menopausa têm maior risco, bem como as que nunca tiveram filhos ou tiveram já com mais idade, geralmente acima dos 30 anos. Outro grupo de risco é formado por aquelas que já tiveram casos de câncer de mama na família. Essas, especialmente, devem ter um acompanhamento médico mais minucioso, pois as chances são bem maiores.
O fato é que a descoberta da doença pode ocorrer graças a uma medida extremamente simples: a autopalpação da mama, que pode detectar o surgimento de um nódulo a ser investigado. A maioria das mulheres, porém, não percebe o início da doença e só vai se dar conta quando o nódulo já está muito grande ou quando sintomas decorrentes de metástases aparecerem. Por isso, é preciso receber do médico as orientações de como realizar o autoexame corretamente e também fazer os exames preventivos periodicamente.
Diante da constatação do nódulo, deve-se realizar uma biópsia (retirada de um “pedacinho” para estudo laboratorial) para ter a confirmação ou não do câncer. Quando a doença é detectada precocemente, as chances de cura são praticamente totais. À medida que os cânceres detectados já estejam mais avançados, as chances vão diminuindo.
No entanto, hoje podemos contar com tratamentos modernos e cada vez mais eficientes, em que, mesmo nos casos avançados, existe a possibilidade de se conseguir manter a paciente viva e com boa qualidade de vida por muitos anos.
Dr. Carlos Alberto Reis é oncologista do hospital San Paolo, centro hospitalar de média complexidade da Zona Norte de São Paulo.