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Garimpando – Um Bairro Encantado – 5

Um sãogonçalense expandiu o talento artístico, comum a tantos outros filhos daquela localidade, de forma bastante ampla, ultrapassando até os limites de nosso País.

                    São Gonçalo do Brandão é um lugar pequeno. Mas já foi visto no artigo interior que foi um sãogonçalense, Marciano Pereira Brandão, que salvou Queluz, em 1842, de perder a batalha no Movimento Liberal de 1842.

          Hoje vou apresentar outro sãogonçalense que se destacou no Brasil e mesmo tendo reconhecimento internacional: JOSÉ DA ROCHA FERREIRA, UM FILHO ILUSTRE DE SÃO GONÇALO DO BRANDÃO.

             Trata-se de JOSÉ MARIA ROCHA FERREIRA que, bem jovem ainda, saiu de Conselheiro Lafaiete para estudar na Escola DOM BOSCO, de Cachoeira do Campo, participando do Coral e Banda de Música. Era um carismático pianista. Foi professor, organista e diretor de corais salesianos; organista e diretor do Coral do Liceu Coração de Jesus, por ele elevado a 130 figurantes, naquela época o maior coro da Capital Paulista, com a participação da orquestra Sociedade de Concertos Sinfônicos de São Paulo. Ao deixar os salesianos, ouviu do superior, Pe. José dos Santos, as significativas palavras: “DESTE ALMA ÀS NOSSAS COISAS”. E pela vida afora, por onde passava, Rocha Ferreira foi DANDO ALMA ÀS COISAS, tal a grandeza e sublimidade de seu espírito.
Formando-se em Advocacia, mudou-se para Bagé, no Rio Grande do Sul, onde foi professor no Conservatório Santa Cecília e crítico musical e desenvolvendo um trabalho conjunto com a maestrina e pianista DALILA LEITE, com quem veio a casar-se. Lecionou Línguas e Literaturas Latina, Francesa e Portuguesa. Em São Paulo, foi o organista titular da Matriz de Nossa Senhora do Brasil, trabalhando também no Teatro Municipal e na fiscalização artística.

            Na LITERATURA, teve as seguintes incursões: Brotam flores no chavascal (noveleta), Discursos, Críticas. Sua obra musical é muito extensa, constando de músicas sacras (missas, cantatas e motetes) e profanas (de sabor clássico e romântico, incluindo peças para orquestra, piano, coro e solistas) e, difundida por vários maestros, dela se encontram partituras no Museu Sacro de Mariana, no Vaticano, em países da Europa e Costa Ocidental Africana. Dela foi dito, por músicos de expressão nacional, que TINHA O RIGOR DE ESCRITA ENCONTRADO EM J. S. BACH e MAJESTOSA RELIGIOSIDADE COMPARÁVEL A CÉSAR FRANCK E GABRIEL FAURÉ.
Por tudo isso, podem ver os lafaietenses, de modo especial os sãogonçaleses, a genialidade e o valor de ROCHA FERREIRA, filho de Turíbio Antônio Ferreira e Maria da Conceição Rocha, nascido em 20 de novembro de 1900 e falecido em 1983. Mas o que mais me encantava nesse homem tão importante era a sua simplicidade, a sua camaradagem com as crianças, o seu amor à nossa cidade, sua terra natal, à qual, mesmo vivendo distante, periodicamente visitava, indo muitas vezes também a SÃO GONÇALO para rever o local onde nascera. Tinha grande carinho aos parentes que aqui deixara e a quem visitava quando de suas vindas. Um exemplo do apego aos seus e de sua sensibilidade pode ser visto nesta carta que escreveu, de Bagé, a meu pai, em 1944: “Acuso hoje o recebimento de tua prezada carta de 8 de maio. Minha satisfação é grande, pois, com inexcedível gentileza, deste-me notícias de parentes que nem sabiam se ainda viviam. Faltou entretanto minha saudosa tia Etelvina, que me ensinou as primeiras letras. Quando de minha última estada aí, estive com ela no Rosário. Suponho que ainda lá está e desejo mandar-lhe uma fotografia da minha formatura – a ela que me guiou nas primeiras letras!”

            No Festival Internacional de Corais, o X ENCANTA LAFAIETE… nos caminhos do ouro, no ano de 2008, o maior evento musical realizado em nossa cidade, um sucesso graças ao magnífico talento sonhador e realizador do MAESTRO GERALDO VASCONCELOS, à competência, esforço e dedicação de GERALDO LAFAYETE, LUÍS OTÁVIO DA SILVA, dos cantores de nossos corais e de uma excelente equipe de apoio. FERREIRA ROCHA foi o homenageado do evento, vindo, de São Paulo, sua viúva, organista DALILA, e a filha, maestrina ANA MARIA. As ilustres musicistas se manifestaram muito gratas e felizes pela homenagem e encantadas com o festival e qualidade dos corais, de modo especial dos de nossa terra.

Homenageado e empreendedores culturais do evento fizeram jus à frase do nosso chafariz: ASSIDUO VIR PROPOSITI TENAX OMNIA VINCIT. Pela persistência, o homem de propósito firme tudo vence.

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