Avelina Maria Noronha de Almeida
O respeito pelo passado – eis o traço que distingue a instrução da barbárie; as tribos nômadas não possuem nem história, nem nobreza.
Alexandre Pushkin
Como foi dito no artigo passado, eu desejava maior comprovação da descoberta da primeira Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Isto era determinante para a descoberta que havia feito. Até então não passava de uma hipótese em minha mente.
Assim, resolvi fazer uma excursão comprobatória para presentear a Academia de Ciências e Letras com minha descoberta, pois eu era a Presidente da Diretoria de História. e quem me acompanhou nesta atividade? O próprio Presidente, na época, da ACLCL, Douglas de Carvalho Henriques, partilhando com entusiasmo a minha pesquisa. Foi Douglas quem fotografou todos os lances da pesquisa
Nos mapas que consultamos, localizamos o ribeirão procurado e seu curso; havia a localização da fazenda da Casa Branca, mas só indo ao local poderia ter-se uma visão correta. Levamos mapas para ir conferindo tudo.. O texto fala em “caminho do povoado”. Aí estaria a primeira parte a pesquisar. Realmente, comprovamos que só poderia ser o que usamos, saindo da Santa Efigênia e passando no Alto da Castorina. Fomos descendo e verificando que, de um lado, só mata nativa e, do outro, barrancos. Não havia condições de outra rota.
O passo seguinte era localizar o ribeiro da Casa Branca. Pelo mapa, ele se iniciaria próximo do Alto da Castorina e ia descendo pelo vale.
Passava em frente à fazenda da Casa Branca, que marca o início da sesmaria de Jerônimo Pimentel Salgado, como está registrado no documento de Concessão da primeira sesmaria de nossa cidade. Finalmente localizamos onde seria a fazenda, mas sendo difícil o acesso, foi apenas fotografado o caminho que levava a ela, escondida sob o arvoredo (Foto 1)
Desde um pouco antes localizamos o ribeirão que deslizava pelo vale, passando em frente à Casa Branca e continuando seu caminho. Atualmente, é uma pequena corrente de água mas talvez fosse bem maior em 1711. (Foto 2)
Fomos acompanhando o seu leito até que, por mudar de direção, indo para o lado do povoado, entrou debaixo da mata. (Foto 3)
Concluindo a descida, deparamos com o rio Ventura Luiz, que vem do sudeste, do Bairro São José. (Foto 3) Ele passa debaixo da ponte e vai na mesma direção do ribeiro da Casa Branca; também muda de direção e vão os dois paralelos até que, num certo ponto, o ribeiro da Casa Branca lança suas águas no Ventura Luiz que, pouco depois, atinge o “caminho do povoado”, só que hoje com o nome de Ventura Luiz. Em 1711, deduz-se que era com o nome de ribeiro da Casa Branca que passava debaixo da ponte e ia pelos matos em busca do rio Bananeiras para se juntar a ele. (Foto 4)
Uma prova de que ali era considerado que passava o ribeiro da Casa Branca, julgando que aquele que se encontrava com ele era menor e era seu afluente, é que o ribeirão não podia na época ter o nome de Gigante porque o homem em cujas terras nasce e que tinha este sobrenome só conseguiu posses do local depois de 1750 e o documento da sesmaria é de 1711. Portanto o ribeirão citado nesse documento tinha, na época, o nome de Ribeirão da Casa Branca. Assim, o local era, como vimos, o mesmo que, anos antes, serviu para localizar a Matriz. (Foto 5)
Para concluir, refizemos a caminhando começando naquela ponte até onde o hodômetro marcava exatamente os 9,9 km: poucos metros acima da Matriz de São João.
Com o que ficou comprovado nesta “aventura” cultural, tornou-se mais forte a minha hipótese de que o templo ficava muito pouco acima da igreja de São João. Quando localizarmos alguns documentos, ficará totalmente fora de dúvida e um pouco do passado que estava escondido será resgatado.
Como já disse, todos os lances principais dessa “aventura histórica” foram fotografados pelo eficiente e entusiasmado parceiro na descoberta, Douglas de Carvalho Henriques. Que, com o tempo e o trabalho, outros após nós acrescentem mais informações importantes a esta página da História de Carijós, Queluz, Conselheiro Lafaiete.