Insatisfação e indignação marcaram a assembleia em que os moradores rejeitaram a instalação de uma unidade da Associação de Proteção e Amparo aos Condenados (APAC) prevista para ser construída em Carreiras, bairro de Ouro Branco, situado na MG 129. A comunidade lotou o salão para acompanhar e participar das discussões promovidas pela Associação Comunitária, através de uma comissão representativa formada para assumir a iniciativa da discussão da construção da APAC de Ouro Branco.
O projeto inicial previa que a sede fosse erguida perto do Bairro Rancho Novo, em Lafaiete, mas a comunidade se mobilizou e conseguiu sua transferência, quando em novembro, a Gerdau anunciou a doação de um terreno para erguer a unidade prisional em Carreias. Desde então, os moradores iniciaram um movimento contrário espalhando faixas mostrando o descontentamento.
Ontem na reunião ficou evidente que os moradores rejeitam a APAC em Carreiras e a principal crítica foi de que, em momento algum, a comunidade foi ouvida em seus legítimos direitos. “A comunidade não é contra a metodologia da APAC na ressocialização dos apenados. Mas a verdade crucial é que nós não fomos ouvidos ou consultados nesta obra que será construída ao fundo de nossas hortas. Que façam esta obra, mas distante de Carreiras. Vieram em nossa comunidade explicar a APAC, mas mostraram apenas um lado e não explicaram os impactos em nossa segurança pública”, assinalou Cristiano Gilberto, integrante da comissão.
O Tenente Cassius, comandante da 65ª Cia de Ouro Branco, foi o convidado pela associação comunitária para discutir os reflexos da instalação da unidade prisional em Carreiras. Ele respondeu aos diversos questionamentos dos moradores e assinalou que não haverá aumento do efetivo da PM com a criação da APAC em Carreiras. “São homicidas, estupradores que estarão na APAC e seus familiares frequentarão a unidade. Não sabemos de onde virão estes educandos. Quem faz a segurança são os próprios voluntários e presos. A PM apenas auxilia”, afirmou o militar.
A comissão representativa respondeu que já está em contatos com a prefeitura, Câmara, Ministério Público e até mesmo com a Gerdau para expor a insatisfação da comunidade pela escolha do local. Os integrantes da comissão estudam, caso necessário, propor uma ação civil pública para barrar a construção da APAC em Carreiras. Um abaixo assinado, com mais de 500 assinaturas, será entregue as autoridades. “A mobilização depende da comunidade, mas não podemos deixar uma nova comunidade nasça dentro de carreiras com a APAC. Serão presos e seus familiares frequentando aqui. Seremos reféns dessa situação de insegurança”, manifestou Cristiano.
Ao responder uma pergunta sobre segurança, o Tenente Cassius explicou, a exemplo da APAC de Lafaiete, que fugas são recorrentes e muitos se escondem nas casas próximas. “Quando um preso foge com a intenção de não mais voltar, a tendência é que se esconda nas residências mais perto, roube ou mesmo fique homiziado nesta área. Mas onde há a APAC há o aumento de furto, roubo de tráfico já que famílias também se mudam com os presos”, alertou.
Em uma votação simbólica, na sua totalidade, os moradores rejeitaram a construção da APAC em Carreiras. Eles aguardam o agendamento de uma reunião com o prefeito Hélio Campos (PSDB) para discutir o assunto e expor a indignação pela escolha de Carreiras para instalar a sede da unidade prisional.
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