GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA
Avelina Maria Noronha de Almeida
NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 34
Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano.
Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para
o povoamento da Província de Minas Gerais.
LIBERAIS EM QUELUZ NA ÉPOCA DO MOVIMENTO DE 1842
Antônio Raphael Martins de Freitas
Antônio Vieira da Silva
Antônio Rodrigues Pereira
Antônio Costa Carvalho
Antônio de Ornellas Coimbra
Antônio José Bernardino
Antônio Pereira dos Santos
Antônio Joaquim da Silva
Abeilard Rodrigues Pereira
Alcides Rodrigues Pereira
Benjamin Constant Rodrigues Pereira
Benedicto Tavares Coimbra
Casemiro Carlos Pereira
Candido Thadeo Pereira Brandão
Domingos José Ferreira
Domingos Lopes a Cunha
Donato Francisco de Meirelles
Francisco da Costa Carvalho
Francisco José Neto
Francisco das Chagas de Jesus
Francisco Vieira da Silva Pinto
Francisco Rodrigues dos Santos
Francisco Pereira de Assis
Francisco da Costa Pereira
Francisco de Paula Silva
Francisco da Costa Campos
Francisco Rodrigues Pereira
Felisberto Nemésio de Pádua
Francisco Vieira da Silva
Francisco Antônio Pereira Ferraz
Faustino Juvita da Costa
Gonçalo Ferreira da Fonseca
Gaspar Lourenço Baeta
- Joanna Moreira da Silva Gandra
José Torquato Fernandes Leão
João Gonçalves Dutra
João Vital Bezerra
José Gonçalves Dutra
José Marcellino de Almeida
José Antônio Pinto
João Rodrigues Carneiro
José Rodrigues Pereira
João José Dutra
José de Souza Teixeira
Jacob de Ornellas Coimbra
José Narciso de Almeida Cardoso
José de Souza Teixeira
Joaquim Albino de Almeida
Lafayette Rodrigues Pereira
Manoel Francisco de Araújo Teixeira
Manoel Antônio Pereira Caixeta
Miguel Francisco Vieira
Marciano Pereira Brandão
Manoel Martins Pereira Brandão
Serafim José da Cunha
Tito Francisco de Medeiros
Washington Rodrigues Pereira
HISTÓRIA DE MINAS GERAIS
Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano. Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para o povoamento da Província de Minas Gerais. Existe uma versão muito propalada da evasão em Carijós e Queluz nos séculos XVIII e XIX dando como causa o empobrecimento da região pela diminuição do ouro. Essa situação não pode ser caracterizada somente de forma tão simplista.
Devido à Inconfidência Mineira, muitas famílias já haviam abandonado nossa terra fugindo das retaliações que vieram para os parentes dos nela envolvidos.
Em meados do século XIX, houve também grande migração populacional para outras regiões devido ao Movimento Liberal de 1842, no qual o povo de Queluz teve forte atuação. Mas o movimento acabou com a vitória dos legalistas em Santa Luzia. E Queluz foi o único lugar em que o exército legalista foi derrotado. É claro que nessa época também haveria retaliações para os envolvidos e seus familiares. No livro “Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão”, já citado, encontra-se uma versão importante dos acontecimentos feita pelo historiador José da Silva Brandão, confirmando o êxodo da família Pereira Brandão para a Serra do Salitre e onde fica claro que foi a figura ímpar de Marciano Pereira Brandão a razão principal da migração que levou a força da raça e da cultura queluziana para outros lugares.
SEGUIRAM O QUE ACONSELHARA O DUQUE DE CAXIAS.
“Naquele mesmo dia retiraram-se para lugar seguro e organizaram a mudança para o sertão. Aconteceu que o capitão Marciano Pereira Brandão morava em Queluz; dentro de duas semanas saíram 47 carros de boi, 356 animais de tropa; 647 reses e animais de pequeno e grande porte, com um séquito de 38 famílias, compostas de 127 mulheres,158 homens; 49 crianças de 0 a 18 anos; e 59 escravos.
Viajaram abrindo caminhos, atravessando rios. À frente seguiram grupos que roçavam matos, faziam plantações e ficavam abarracados durante o tempo das chuvas, para sair e andar nos meses secos.
De Queluz até onde está hoje a Serra do Salitre foram oito anos de marcha […] – ficaram, defintivamente nas proximidades da povoação de Nossa Senhora Sant’Anna da Barra do Espírito Santo, então município da vila de Patrocínio.”
Mais outro trecho significativo do mesmo autor, que acrescenta valor ao espírito liberal dos queluzianos que, mesmo tendo que sofrer consequências em suas vidas e nas vidas de suas famílias, deram sua contribuição para a colonização e progresso da Província:
“A região Campo das Vertentes contribuiu para a colonização da Zona da Mata no século XIX. Para lá migraram as experientes e abastadas famílias Junqueira, Ribeiro e Resende. O major Joaquim Vieira da Silva Pinto, nascido em Conselheiro Lafaiete, em 1804, chegou a Cataguases em 1842 onde é hoje o distrito de Sereno e fundou ai a Fazenda da Glória.”
PARA TERMINAR POR HOJE, VOU TRANSCREVER UM TRECHO DE UMA PUBLICAÇÃO QUE HENRIQUECE O ARTIGO, DE AUTORIA DO ILUSTRE SECRETÁRIO DA CULTURA DE MINAS GERAIS ÂNGELO OSWALDO DE ARAÚJO SANTOS.
“Glória cataguasense, o marco plantado pelo Major Joaquim Vieira da
Silva Pinto e pelo filho, Coronel José Vieira de Rezende e Silva, se fez emblema
civilizatório. À margem da Leopoldina Railway, no auge do império do
café, e a pequena distância da cidade nascente, o Rochedo inaugurou uma era.
Renovou sempre essa referência a cada reviravolta da história. Refulgiu, desde
os primórdios, como o brilhante que faltava ao antigo Porto dos Diamantes.
Ancorado no Pomba, na aurora da independência, o porto fundado
pelo francês Guy Thomas Marlière de l’Age, bandeirante oitocentista, não
deu diamantes, mas a meia pataca que pagou para ver a poesia verde, o nascimento
do cinema brasileiro e o primeiro Niemeyer. Major Joaquim Vieira
veio da Cachoeira de Santana dos Montes, da tradição das fazendas de abastecimento
plantadas ao redor das vilas do ouro. José Vieira, o coronel, do
Bom Retiro de Lagoa Dourada, origem da família. De lá, ele trouxe o topônimo para batizar a nova cidade. Sob as bênçãos de Santa Rita, na lembrança
do ancestral Engenho Velho dos Cataguás, deu-lhe o nome do Ribeirão dos
Cataguases, paisagem inesquecível da infância. Pai e filho se tornaram a rocha
sobre a qual se levantou a polis, com sua legenda sem igual.
Casa de Afonso Henrique, que como o primeiro rei português reconquistou
a terra, do historiador e latinista Artur e do poeta verde Enrique de
Resende, a Fazenda do Rochedo não se mantém íntegra apenas nas alvenarias
e talhas, nos gradis e alfaias, no ambiente que magicamente guarda o tempo
suspenso diante do surpreso olhar do visitante. O Rochedo encontra em
José Rezende Reis o guardião do memorial do presente e do passado. Graças
a ele, o arquiteto e escritor Helio Brasil se incorporou ao desafio, e ambos
compuseram, em harmônico duo, esta obra admirável sobre o Rochedo e
Cataguases, Minas e o Brasil. O patrimônio imaterial também se resgata, por
inteiro, nestas linhas e imagens essenciais ao conhecimento de toda a saga.
Filho de Christino Teixeira Santos, cataguasense da Rua do Pomba,
e sobrinho-neto do maestro e compositor Rogério Teixeira, desde a infância
frequentei Cataguases, aprendendo a admirar-lhe o pioneirismo, as transgressões
inovadoras e a contribuição à cultura. “Les jeunes gens de Catacazes”,
tal como escreveu Blaise Cendrars, “os ases de Cataguases”, conforme
Mário e Oswald de Andrade, ontem como agora, constroem uma “história
sentimental” (Enrique de Resende), porque enredada na dimensão do espírito
e na fruição da arte, rebelde aos limites.
Ao realizar recentemente um livro, para a Cemig, sobre as fazendas mineiras,
tive a alegria de incluir na relação o Rochedo. Amplio esse prazer ao
saudar o lançamento do trabalho de Helio Brasil e José Rezende Reis. A obra
enriquece a bibliografia mineiriana e o acervo cataguasense, oferecendo ao
leitor a oportunidade única de viajar pela história e interpretar a linha evolutiva
que une a gloriosa casa grande de Vieira de Rezende à bela cidade modernista
– a Ouro Preto do século XX, que nela teve o criador do município
e presidente da primeira Câmara.
Ângelo Oswaldo de Araújo Santos
(Continua)