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APHAA-Belo Vale celebra 35 anos com trajetória de conquistas

Respeitada, entidade se orgulha de seus projetos e conquistas pela preservação de patrimônios culturais e naturais de Belo Vale.

Foto Divulgação. Chapa “Esperança”, primeira diretoria da APHAA-BV eleita em julho de 1985. A partir da esquerda: Marcio Braga, Ana Barbosa, José Aniceto, Genice Marinho, Willer Emediato, Márcia Guimarães e Tarcísio Martins

Uma das mais representativas entidades ambientais e culturais de Minas Gerais, Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAA-BV) completou em 27 de julho, 35 anos de existência. Sua fundação deu-se na Matriz de São Gonçalo da Ponte com participação de 165 jovens e representantes de diversos segmentos sociais, como: IEPHA-MG, Associação dos Biólogos de Minas Gerais, UFMG, Família Jacques Penido, Igreja Católica, Educação, entre outros representantes da sociedade local.

Traçar a trajetória da APHAA-BV é falar de conquistas. Enfrentou dificuldades e resistências por defender causas tão nobres – cultura e meio ambiente. Seguiu em frente. Resistiu e sobreviveu numa cidade, quando nos anos oitenta e noventa, os poderes constituídos eram insensíveis e não organizados para lidar com a preservação da memória e da conservação dos patrimônios culturais. Porém, ressalta-se, que o município continua a explorar os recursos naturais – mineração – de forma agressiva e não sustentável, com danos irreversíveis para a biodiversidade da serra dos Mascates.

A entidade tem seu reconhecimento de Utilidade Pública municipal e estadual.  É registrada com direito a voto em diversos conselhos e fóruns competentes de Minas e Brasil, ligados às diretrizes do meio ambiente e cultura. Participa com membros efetivos em vários conselhos municipais com expressiva contribuição.  Tem presença ostensiva e marcante em diversos movimentos sociais do estado.

A APHAA-BV orgulha-se por ter defendido e elaborado os primeiros projetos em defesa da conservação do patrimônio religioso – Matriz de São Gonçalo, Capela de Sant’Ana; ter restaurado a Capela de Boa Morte e a Plataforma da Estação Central; elaborado a pesquisa, dado o nome e solicitado o tombamento do ‘Casarão dos Araujo’. Sobretudo, ter criado várias associações comunitárias como as da Boa Morte e Chacrinha dos Pretos. O resgate e apoio dado à Banda de Música Santa Cecília, que encanta aos belovalenses com os sons de suas ‘marchas’, é uma das maiores realizações da entidade.

 “Representarmos a APHAA-BV e sermos militantes dessa Entidade, é o mesmo que nos identificarmos enquanto cidadãos conscientes, defensores da qualidade de nossas águas, preservação e revitalização de nossas nascentes, nosso meio ambiente ecologicamente equilibrado, trabalharmos consciência ambiental, lutarmos por desenvolvimento sustentável efetivo, exaltarmos nossa cultura, contribuirmos para restauração e conservação de nosso patrimônio cultural, nossas igrejas e edifícios históricos, conjuntos arquitetônicos e paisagísticos, defendermos a manutenção de nossa cultura afro, grupos de congado, Comunidades Quilombolas e Banda de Música Santa Cecília de Belo Vale, coletivos de inestimável riqueza cultural. Enfim, fazer parte dessa história de 35 anos da APHAA-BV é uma expressão imensurável.” Romeu Matias Pinto, pedagogo e presidente da entidade.

Já não está à venda, a vista desde o Mirante do Cruzeiro, uma das mais belas paisagens da cidade

Prefeitura de Belo Vale decreta desapropriação de cinco lotes no Bairro Tijuca

A Prefeitura Municipal de Belo Vale emitiu Decreto 269 de 12 de junho de 2020, que “Dispõe sobre a declaração de utilidade pública e decreta a desapropriação de lotes no Bairro Tijuca”. O documento foi publicado no Diário Oficial de Minas Gerais, ‘Publicações de Comarcas e Prefeituras do Interior’, no dia 16 de junho, à página 11. O artigo 2º diz: “As desapropriações previstas neste Decreto destinam-se à ampliação da área verde existente no local”, justifica o prefeito José Lapa dos Santos, como área de interesse público.

A desapropriação dos cinco lotes, com o custo aproximado de R$ 600 mil, em frente à capela situada na Praça do Mirante do Cruzeiro, beneficia a manutenção e preservação do local. O ato resguarda para que evite a construção de novas casas em área de preservação, com perda de uma das mais belas vistas da cidade. Paisagem cênica é uma das modalidades de Patrimônio Natural. A ação do prefeito foi correta, e corrige a tempo, um erro de planejamento do loteamento.

Em 13 de janeiro de 2020, a APHAA-BV protocolou ofício 13.01/20, na Prefeitura Municipal, solicitando intervenção para que não se construíssem novas casas.  No documento, a entidade pediu o empenho e sensibilidade do governo belovalense, a fim de que se garantisse o entorno da Praça do Cruzeiro, sem prejuízos para sua paisagem, que mantivesse a beleza cênica e a mata natural contígua, com suas características originais.

A atitude do prefeito é louvável! Embora, há que se fazer um pouco mais. A entidade sugere ao Conselho Municipal de Cultura, que viabilize um estudo para o tombamento definitivo da mais bela vista panorâmica da cidade. O tombo será um diferencial, um atrativo e destaque nacional, para uma das cidades de Minas Gerais que se desponta no ranking daquelas, que melhor se preservam seus bens culturais. Direito de contemplação igual para todos, não só para aqueles que construíram suas mansões no local.

Texto e fotos – Tarcísio Martins, jornalista e ambientalista

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