Visita de Patrick Herman marca os 100 anos da vinda da realeza belga a Minas Gerais e estreita laços culturais e econômicos do estado com o país europeu
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o vice-governador, Paulo Brant, receberam nesta sexta-feira (2/10), no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o embaixador da Bélgica no Brasil, Patrick Herman. A visita do diplomata marca os 100 anos da vinda da realeza belga à capital mineira, feito que marcou época e consolidou as relações culturais, políticas e econômicas do estado com a Bélgica.
“É uma grande satisfação recebê-los aqui nesta data tão simbólica, cuja visita da realeza rendeu frutos que até hoje permanecem entre nós. Foi uma visita extremamente profícua, porque, logo um ano após, em 1921, devido à parceria estabelecida na visita, deu-se origem a uma das nossas mais famosas empresas, a Belgo-Mineira, que hoje é a ArcelorMittal. Queremos continuar aquilo que foi proposto naquele momento: desenvolvimento, parceria, laços econômicos e de amizade”, afirmou o governador.
Minas Gerais é o terceiro estado do país em exportações para a Bélgica, com negócios que somaram US$ 332 milhões no ano passado, enviando para as terras belgas, principalmente, café, chá e minério.
Intercâmbio
Zema destacou que o intercâmbio entre os países é importante tanto na atração de investimentos quanto na aplicação das políticas públicas. O governador lembrou que, nos últimos anos, o Brasil tem passado por reformas necessárias, que muitos outros países já passaram, como a trabalhista e a da previdência.
“O que estamos fazendo em Minas Gerais é exatamente isso, precisamos tirar as amarras que dificultam o empreendedor a trabalhar e consequentemente o desenvolvimento, a geração de empregos e os investimentos. O meu governo tem como foco fazer com que o estado seja forte, mas naquilo que ele precisa, como Saúde, Educação e Segurança”, afirmou, ressaltando que o estado está aberto para que novos investimentos belgas possam ser efetivados.
Cooperação
Segundo o embaixador da Bélgica no Brasil, Patrick Herman, a visita da realeza belga a Minas Gerais e ao Brasil deixou a mensagem da importância da cooperação e das relações multilaterais.
“Hoje, entre os diferentes continentes, a hora é de cooperação, inovação, de relações multilaterais. A história que celebramos nesta ocasião é uma ótima oportunidade para falarmos do futuro. Sabemos que no Governo de Minas temos um parceiro econômico, tecnológico e acadêmico com uma visão de futuro comum para a Europa, Bélgica e o Brasil”, afirmou Herman.
Ainda de acordo com o embaixador, a visita ao estado é uma ótima oportunidade para a prospecção de novos negócios.
“Naturalmente, tentaremos atrair mais investimentos belgas aqui, no âmbito das privatizações, das concessões, das PPPs. Esperamos que empresas belgas estejam presentes nos leilões para ajudar na renovação da economia pública e privada. Esperamos também poder ajudar os empregadores mineiros para comercializar e vender os produtos na Europa. A Bélgica é naturalmente o portão do grande continente europeu para as empresas”, concluiu o embaixador.
Simbolismo
O vice-governador Paulo Brant destacou o simbolismo da visita e a importância da relação com aquele país, cuja capital Bruxelas abriga a sede da União Europeia.
“A visita à época sacudiu Belo Horizonte, que era uma cidade pequena, com apenas 23 anos de fundação. O que eu espero é que esta vinda ilustre do embaixador represente o aprofundamento das relações econômicas entre Minas Gerais e a Bélgica, país considerado o coração da Europa”, disse o vice-governador.
Também participaram da visita o cônsul-geral da Bélgica no Rio de Janeiro, Daniel Dargent, o cônsul honorário da Bélgica em Belo Horizonte, Henrique Rabelo, secretários de Estado e representantes de várias áreas do Governo de Minas. Os visitantes puderam conhecer o interior do Palácio da Liberdade, percorrendo os salões que abrigam móveis e objetos adquiridos à época para hospedar os reis.
História
No dia 2 de outubro de 1920, Belo Horizonte recebia com euforia a chegada do casal real, que, a convite do então governador Arthur Bernardes, se hospedou no Palácio da Liberdade – que contou com a utilização de diversos artefatos de ferro da Bélgica na sua construção.
Várias características da Praça da Liberdade e do Palácio da Liberdade são legados deixados pela visita. O Palácio, por exemplo, ganhou nova mobília para receber os reis belgas. O quarto do governador, que abrigou o casal, foi totalmente renovado à época, recebendo artigos no estilo francês. Já a Praça da Liberdade foi reformada, ganhando formato geométrico e retilíneo da arquitetura francesa.
Já na parte econômica, um dos maiores legados foi a criação da siderúrgica Belgo-Mineira, em 1921, hoje ArcelorMittal.
A comitiva real passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, a convite do então presidente da República, Epitácio Pessoa.
A vinda da realeza ao Brasil representou para a Bélgica a oportunidade de prospectar negócios em meio à reconstrução pós-bélica, reconhecendo o apoio brasileiro durante a 1ª Guerra Mundial (1914 a 1918). Para a República brasileira, receber o casal às vésperas de completar o primeiro centenário da Independência, era a chance de emitir sinal de estabilidade política, capaz de atrair novos investimentos internacionais.