Duas servidoras do Hospital de Campanha, ouvidas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), pediram demissão da instituição. Ana Paula (coordenadora de farmácia) e Isabele (setor de enfermaria) oficiaram a decisão a Secretaria Municipal de Saúde na tarde de ontem (13).
O fato aconteceu 30 dias após elas prestarem depoimentos a CPI que investiga denúncias de má gestão e irregularidades nos gastos de recursos do Covid-19 como também descumprimento na ordem de vacinação por grupos prioritários, o chamado “fura fila”.
Além das duas servidoras, a gerente do Hospital de Campanha, Vivian Castro, foi exonerada na semana passada. Ela também prestou depoimento a CPI. Em seu lugar assumiu Márcio Petraglia.
O relatório parcial da comissão, lido no plenário da Câmara no dia 17 de junho, apontou falta de medicamento de primeira linha na intubação (kit intubação) e equipamentos, desperdício de recursos públicos e outras irregularidades no Hospital de Campanha.
A saída das 3 funcionários, que atuavam na linha de frente da instituição, é classificada como retaliação, intimidação, perseguição como intuito de abafar as investigação da CPI. Um roteiro já anunciado e podem “rolar mais cabeças”.
Repercussão
Os pedidos de exoneração ecoaram na Câmara e os vereadores voltaram a denunciar perseguição e coação contra os servidores no Hospital de Campanha.
O Vereador Sandro José (PROS) comparou a situação de caça às bruxas e lei da mordaça. “Queria pedir um minuto de silêncio pela saúde de Lafaiete. Se estava ruim agora está piorando. Duas pessoas supercompetentes pediram exoneração. Perdemos 3 pérolas da saúde de Lafaiete. Uma por perseguição. As outras duas para não sofrer o mesmo dano pediram exoneração. Mata-se o cidadão lafaietense. Além da falta estrutura, dos baixos salários, a gente ainda tem agora a lei da mordaça, a lei da perseguição, a lei da manipulação. Lafaiete está em uma linha férrea que só sabe dar ré”, atacou.
O Vereador André Menezes (PL), Presidente da CPI do Covid-19, adiantou que a comissão acionou a Polícia Federal para amparar as investigações no Hospital de Campanha. “Eu fico preocupado com o que está acontecendo com Lafaiete. Parece um pesadelo que estamos vivendo. Todo o dia uma notícia ruim. Os pedidos de exoneração lançam mais dúvidas sobre o que acontece no hospital. A CPI foi resultado de inúmeras denúncias que foram acumulando quando os nossos ofícios não eram respondidos de maneira satisfatória. Fizemos a CPI para ter o poder de fiscalização ainda maior. Há indícios de má gestão. Divulgamos o relatório e não vimos respostas. Vimos a respostas de outra forma, demitindo uma pessoa que veio aqui testemunhar na CPI. E agora a pressão que as pessoas sofrem dentro do hospital as obrigam a pedir demissão. Isso é coação. Então mediante disso tudo, Fizemos um pedido a Polícia Federal para investigar a situação. As pessoas estão pedindo demissão porque perderam força de lutar. É perseguição. Depois da primeira mentira, toda verdade vira dúvida. 80% que a secretária de saúde disse nesta Casa na semana passada foi mentira. Sinto vergonha das coisas que tenho presenciado”, pontuou.
O Vereador João Paulo Pé Quente (DEM) fez duras críticas a Secretaria de Saúde. “Ao que parece não moramos na cidade em que a secretária relatou nesta Casa. Ela faltou com a verdade. E nós vamos chamá-la novamente aqui. O roteiro da semana me chamou muita atenção, posso estar equivocado ou fazendo mau juízo, mas serve de alerta. Em um dia é exonerada a gerente, no outro dia, o computador amanhece todo apagado; ninguém viu nada, desorganização total. E logo em seguida sai uma carta assinada pelos médicos, defendo o Hospital de Campanha. E agora inicia esta semana, com duas servidoras do Hospital, que prestaram depoimentos a CPI, pedindo demissão. As bombas difusoras que apareceram no hospital foram retiradas do pronto socorro. Sinal que a CPI teve efeito positivo”, apontou.
Fernando Bandeira (DEM) levantou uma denúncia de que um servidor do Hospital de Campanha participou com empresa da qual é sócio de uma licitação para servir alimentação a instituição. “É uma vergonha!”.
Oswaldo Barbosa (PV) criticou a gestão do Hospital de Campanha. “Endosso as palavras de meus colegas e volto a citar que ao invés de salvar vida, o Hospital de Campanha se transformou em local de confronto e vaidade. Uma servidora demita por perseguição e outras duas por sofrer pressão. Esperamos que os responsáveis possam responder judicilamente pelos seus atos
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