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Artesão lafaietense ganha prêmio nacional em São Paulo e destaca Cêramica Saramenha no Brasil

O artista lafaietense Rosemir Hermenedigio conquistou a 3ª colocação na Mostra Universo Cerâmico. A exposição acontece entre 14 agosto a 15 de setembro na Galeria Cia Arte Cultura no Shopping West Plaza na capital paulista. Ele concorreu com uma obra na categoria baixa temperatura. Cinquenta e oito cemarista, de diversas linhas de atuação, de vários estados expõem seus trabalhos.

Paralelamente, Rosemir, vai participar em Tiradentes (MG) de uma mostra nacional na Galeria Ayres Alves juntamente com outros 2 artistas brasileiros. Intitulada Cerâmica Saramenha “As formas do Barro”, Rosemir levará sua arte a charmosa cidade mineira ampliando ainda mais o alcance de seus trabalhos, atividade iniciada há mais de 36 anos.

O discípulo

Rosemir mantém sua oficina e ateliê no Bairro Rochedo em Lafaiete, onde fabrica, expõe e comercializa suas obras de artes.

A tradição e gosto pela antiguidade foram herdadas de seu pai que é possuiu um antiquário, na Vila Resende, em Lafaiete, expondo em uma feira especializada em Belo Horizonte, como também de seu irmão, restaurador de móveis antigos.

Desde cedo, aos 22 anos, ele tomou gosto pela arte, mas foi através de Silvestre Guardiano Salgueiro, mais conhecido como Mestre Bitinho, que ele iniciou o aprendizado das técnicas e produção da Cêramica Saramenha.

Durante os anos de 1985 e 1986, o pai de Rosemir investiu no filho quando este se dirigia a diariamente a Ouro Branco para aprender diretamente com o Mestre. Ele foi um o primeiro discípulo mais atuantes de Bitinho. “Ele não gostava de ensinar as técnicas da produção, mas com muita insistência quebramos esta barreira e pude estudar com ele”, contou Rosemir. Bitinho morreu em 1998.

Neste período, o artista lafaietense mantinha seu ateliê, mas trabalhava em empreiteirasns para se manter quando no ano de 1995 ingressou na carreira militar em 2019 se aposentou como 2º Sargento.

Nossa reportagem esteve na oficina de Rosemir. No local ele mantém inúmeras peças que expõem a alta qualidade técnica de produção. “Talvez eu seja o que apurou dos ensinamentos do Mestre Bitinho”, explicou.

É de produtos da natureza, como a argila, e metais como cobre, minério de ferro , sílica e a terra tabatinga e pedra moída que ele faz sua arte. “É uma alquimia”, sintetizou Rosemir.

Após a preparação da argila, ele confecciona a peça no torno de ceramica e leva ao forno por duas vezes para cozinhar e esmaltar quando nascem suas peças em diferentes estilos, cores e uma acabamento final que ilustra sua criatividade. Ele usa o torno elétrico que ele mesmo desenvolveu e criou para a fabricação da Cerâmica. Rosemir produz suas próprias ferramentas.

O processo de produção inclui elementos e práticas antigas como pilão, forno a lenha, dentre outras. Em Cristiano Otoni, ele mantém um forno de lenha para fabricação final de suas peças

Em 2018, Rosemir conseguiu, em uma exposição no Palácio das Artes, seu título de mestre na Cerâmica Saramenha, que guarda com orgulho, satisfação e mérito próprio sua dedicação em manter viva esta cultura e tradição.

Escola para futuras gerações

Ao longo de mais de plena e intensa atividade, Rosemir participou de inúmeras mostras exposições se destacando como mestre da arte Saramenha, mantendo viva esta tradição desenvolvida há mais de 2 séculos.

Ele agora investe na construção de um espaço em sua casa, para ensinar as técnicas da Cerâmica Saramenha. “Minha intenção é repassar e desenvolver o que aprendi neste período e não deixar morrer esta arte”, assinalou.

Rosemir salientou também de falta de apoio às artes em Lafaiete. “Como eu, infelizmente o artista só é reconhecido quando ganha um prêmio nacional. Precisamos de mais apoio a classe artística que leva e eleva o nome da cidade”, apontou.

A tradição

A Cerâmica Saramenha, oriunda de Portugal, em Alentejo, foi introduzida no Brasil pelo Padre Viegas de Menezes, no final do século XVII, quando ele descobriu o Barro na região de Ouro Preto. O nome veio da 1ª fábrica de louças implantada no país, situada na fazenda do Barão de Saramenha, em subúrbio de Vila Rica hoje atual Ouro Preto.

A fábrica abasteceu de louças inúmeras cidades ao longo da Estrada Real e as peças eram adquiridas pela camada mais pobre da população.
A produção das peças, usadas como utensílios domésticos, se espalhou por diversas cidades da região como Barbacena, Ouro Branco, Congonhas, Caete,Diamantina. Ao longo dos anos, a fabricação dos artefatos foi proibida pela Coroa Portuguesa, pelo não pagamento de tributos. Foram os oleiros que mantiveram a produção clandestina não deixando a tradição ser extinta.

“Precisamos investir para que esta cultura permaneça viva em nossa cidade e na região”, finalizou.

https://youtu.be/vVLFa5_VNeU

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