Nesta semana, foi veiculado nas redes sociais que um bairro de Congonhas passa por um “surto de Leishmaniose cutânea”. O texto convoca a população para manifestação e faz um chamamento para a realização de testes de Leishmaniose visceral nos cães da localidade em questão de forma equivocada, por se tratarem de doenças diferentes.
As autoridades sanitárias seguem atentas e qualquer caso suspeito de Leishmaniose cutânea deve ser direcionado a Unidade Básica de Saúde mais próxima para as providências sanitárias cabíveis.
A Prefeitura de Congonhas reconhece a preocupação dos seus cidadãos com relação a este caso, mas ressalta que a Secretaria Municipal de Saúde está atenta e pede que não se cause alarde com divulgação de informações falsas ou incompletas, pois estas podem promover comoção e criar circunstâncias desnecessárias à população.
INFORMAÇÕES SOBRE A LEISCHMANIOSE:
Há dois tipos de leishmaniose. A LEISHMANIOSE CUTÂNEA (chamada também de LEISHMANIOSE TEGUMENTAR) e a VISCERAL (ou CALAZAR):
Essas doenças são transmitidas pela picada de flebotomíneos infectados, conhecidos popularmente, como mosquito palha. Este inseto precisa, necessariamente, de um animal vertebrado como hospedeiro.
No caso da LEISHMANIOSE CUTÂNEA, os hospedeiros e possíveis reservatórios naturais são animais silvestres como marsupiais (gambás etc), edentados (tamanduás, tatus e preguiças) e roedores silvestres. Já no caso da LEISHMANIOSE VISCERAL o cão é o principal hospedeiro.
A LEISHMANIOSE CUTÂNEA apresenta no ser humano feridas na pele e/ou mucosas. As lesões de pele apresentam aspecto de úlceras. As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e garganta. Já a LEISHMANIOSE VISCERAL apresenta no ser humano lesão em órgãos como fígado, baço, e NÃO apresenta lesões na pele.
Os testes realizados nos cães, pelo Departamento de Zoonoses, são específicos para LEISHMANIOSE VISCERAL e não para a LEISHMANIOSE CUTÂNEA. Importante salientar que os cães não são hospedeiros específicos no caso da LEISHMANIOSE CUTÂNEA, portanto não são recomendadas ações objetivando o controle desses animais neste caso.
O teste de LEISHMANIOSE VISCERAL não vai trazer nenhum benefício a população em caso de LEISHMANIOSE CUTÂNEA. A forma de infecção do ser humano pela LEISHMANIOSE CUTÂNEA acontece, em geral, em áreas de florestas, adensamento de vegetação e árvores, onde o mosquito transmissor e os hospedeiros vertebrados vivem no ciclo silvestre. Não são recomendadas ações objetivando o controle de animais silvestres.
O tratamento de ambas as doenças no homem é feito por um medicamento específico, que não é de alto custo, sendo o mesmo fornecido, gratuitamente, pelo Município através do estado.
Desinsetização em área de mata e/ou floresta está sujeita a descontrole ambiental e não tem indicação do Ministério da Saúde. A Prefeitura de Congonhas e o setor de Zoonoses não realizam desinsetização.
Para evitar os riscos de transmissão de leishmaniose cutânea, algumas medidas preventivas de ambientes individuais ou coletivos devem ser estimuladas, tais como:
- Uso de repelentes quando exposto a ambientes onde os vetores habitualmente possam ser encontrados;
- Uso de mosquiteiros de malha fina (tamanho da malha 1.2 a 1.5 e denier 40 a 100), bem como a fixação de telas em portas e janelas;
- O controle e a limpeza em domicílio devem ser feitos pelo proprietário. Assim, locais úmidos, como acumulados de folhas, canil ou pocilga devem ser limpos regularmente para o controle da proliferação do mosquito palha;
- Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir a aproximação de marsupiais e roedores, prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos;
- Em áreas potenciais de transmissão, sugere-se uma faixa de segurança de 400 a 500 metros entre as residências e a mata.
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