27 de abril de 2024 21:27

Professor descobre 170 minas de ouro ‘escondidas’ em Ouro Preto 

Na última semana, uma moradora de Ouro Preto, na região Central do Estado, acionou a Defesa Civil da cidade depois que parte do terreno de sua casa desabou. Até este incidente ela não sabia, mas o piso da sua varanda escondia uma mina de ouro, explorada há cerca de 300 anos na cidade histórica. A abertura tem 14 metros de extensão e seis metros de profundidade e foi preciso descer por meio de rapel para analisar a estrutura da mina. 

Essa é uma das 170 minas de ouro mapeadas pelo professor Hernani Mota de Lima, do Departamento de Engenharia de Minas, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Desde a década de 1990, junto com outros pesquisadores e com apoio da Defesa Civil, ele mapeia as minas “escondidas” da cidade histórica. 

Além das minas, o trabalho do professor também localizou poços, ruínas, reservatórios e aquedutos do século XVII. Ao todo, são 303 galerias localizadas e disponibilizadas em um mapa. 

Segundo o pesquisador, na década de 30, um trabalhou conseguiu localizar 350 galerias mas, ao longo do tempo, os moradores foram tampando as fendas para evitar acidentes. 

“Essas minas são do período colonial. Algumas delas tiveram exploração mesmo após a Independência, até a década de 1850. São minas para exploração de ouro. A gente passa na cidade, nos diversos bairros, vê a abertura de uma mina, uma galeria, a gente entra para mapear. Outras estão dentro dos quintais das casas”, explica.

Risco

O estudo também tem como objetivo principal mapear situações de risco para os moradores e ajudar na construção do Plano Diretor de Ouro Preto, indicando regiões menos seguras para a construção de moradias. 

“A cidade se desenvolveu sobre essas minas. Então, voce pode ter um problema de desabamento, como o que aconteceu nessa semana, e que pode afetar construções, a infraestrutura urbana, as rua, canalização de água, tubulação de rede de esgoto, por exemplo e causar algum problema estrutural, que demande uma intervenção por parte da prefeitura”, explica.

Para o coordenador da Defesa Civil de Ouro Preto, Neri Moutinho, esse conhecimento é fundamental para saber como está o solo abaixo de residências como a da moradora. 

“Ouro Preto é um queijo suíço. A grande preocupação nossa é de ter, no futuro, problemas de colapso. O morador acaba construindo uma casa simples, com o passar do tempo acaba colocando laje, faz um terraço e vira moradia. A grande preocupação saber como foi feita a base e como está o solo no local”, explica. 

Mina revelada
 
A Defesa Civil de Ouro Preto e o Corpo de Bombeiros interditaram uma casa na cidade histórica depois que um buraco se abriu e revelou uma mina escondida debaixo do imóvel. 

Uma vistoria foi feita na semana passada e os bombeiros precisaram descer, de rapel, por uma fenda de cerca de 14 metros. Dentro do buraco, constataram que havia uma mina escondida no local. De acordo com a Defesa Civil, o local foi interditado e, agora, está sendo estudada por engenheiros de minas e geólogos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). 

As quatro pessoas de uma mesma família que vivem no imóvel tiveram que deixar a casa às pressas. A princípio, segundo a Defesa Civil, a casa teria sido construída em uma rocha mais resistente e, por isso, não caiu. 

“A mina foi uma surpresa para todos. Ela tem seis metros de profundidade e 14 metros de extensão e, por isso, foi preciso chamar os bombeiros para fazer uma ancoragem e descer de rapel”, conta Moutinho. 

  • iTATIAIA

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