Incerteza e medo: após 8 meses moradores aguardam solução para rua tomada por cratera

Era início de janeiro deste ano, quando, devido as intensas chuvas, ocorreu um desastre natural com a queda de um barranco de mais de 100 metros de profundidade interditando ao menos 5 casas a Rua Frei Leopoldo, no Bairro Santa Efigênia, em Lafaiete (MG). Em meio ao desespero, moradores tiveram que deixar às pressas suas residências com a retirada imediata das mobílias. “Foi um drama”, comentou Enir da Silva, que há mais 30 anos mora com a família na via.

Passado o terror inicial de possibilidade de novas quedas, o barranco aberto está ainda intacto e provoca medo e insegurança aos moradores. “Houve uma comoção geral quando tudo aconteceu mas ainda nada de concreto foi feito”, contou Renata Cordeiro que mora há menos de 20 metros da cratera. Diariamente ele mede com uma tampa de caneta o tamanho da fissura que vai se abrindo no muro da sua casa. “Após a queda do barranco, novas rachaduras foram abrindo na rua e em muitas casas, o que significa que há movimentação da terra. Isso nos preocupa e nos deixa apreensivos. Isso pode afetar as casas como das vias acima e abaixo”.

Nossa reportagem esteve na manhã desta terça-feira (13) a convite dos moradores da Rua Frei Leopoldo. “Estamos abandonados e não temos informações mais transparentes dos órgãos públicos”, reclamou Luana Aparecida.

Os moradores permanecem em vigília a espera de uma solução definitiva para recuperar a tranquilidade de suas famílias. Após acidente geológico, os moradores se uniram e formaram uma comissão para buscar uma solução, acionado também o Ministério Público. “Á época nos informaram que seria licitada a obra, mas se passaram mais de 8 meses. As chuvas estão chegando e isso nos traz medo. Disseram que tem o projeto, mas ainda não fomos informados”, assinalou Bárbara Mendes.

O morador Wágner Coelho disse a nossa reportagem que a prefeitura informou que haveria dificuldades de fazer a sondagem devido a profundidade do talude. “Tudo ainda está no papel”, pontuou.

“Eles somente nos informam que o projeto está em andamento. Só isso”, disse Renata. Após a queda a prefeitura instalou uma pequena contenção que, segundo os moradores, aliviou que o barranco aumentasse retirando a água pluvial que descia pela encosta.

Pedro Paulo, que mora em um prédio distante uns 100 metros da cratera, também comenta momentos de medo. “Apesar de estamos um pouco distantes a situação aflige os moradores do prédio. A rua está com rachaduras que a cada dia aumentando. Estamos desamparados. Percebemos que as trincas em muros está só alargando”.

Desalentados com a insegurança e falta de informações, os moradores pedem transparência. “O que a gente mais quer é que os órgãos públicos nos forneçam as respostas convincentes sobre o problema. Não podemos continuar neste clima de medo e insegurança. São vidas”, disse Renata cuja casa foi interditada e não acesso ao aluguel social, benefício que poucos moradores conseguiram junto a assistência social de Lafaiete

Problema antigo

Uma das moradoras relatou que o problema da Rua Frei Leopoldo vem desde 2012 quando através de um estudo de setembro de 2012, mais de 10 anos antes a queda do barranco, foi diagnosticada a região como uma área de alto risco geológico já antecipando a urgência de uma ação diante de riscos de movimentos e de enchentes.

O terreno onde fica a Rua Frei Leopoldo foi caracterizado com uma grande vossoroca e evidenciava que o terreno é instável e que o descarte irregular nas águas pluviais acelerava a processos erosivos no local já com histórico de deslizamentos. Mesmo depois desse estudo que os moradores não tiveram conhecimento até janeiro, foram autorizadas obras na rua e a colocação do asfalto.

Rua Frei Leopoldo antes da queda do barranco no início de janeiro/DIVULGAÇÃO

“Minha vida se encontra baseada em uma tampa de caneta. Sinto como se eu tivesse com prazo de validade para sair daqui. Só quem passa por isso diretamente sabe o quanto é triste e difícil” sentenciou Renata.

Os moradores fator que pode ter provocado a erosão, segundo os moradores, foi o asfaltamento da rua sem a implantação da rede pluvial que teria provocado o problema carreando água e provocando o deslizamento.

O outro lado

Nossa reportagem foi informada de que a prefeitura está elaborando o termo de referência para licitação da obra.


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