Para um bom mineiro nada melhor do que uma boa história. Pode ser de pescador ou até mesmo de contos sobrenaturais. Com uma rica herança cultural, Minas Gerais traz em suas cidades lendas que marcaram gerações e ainda hoje assustam crianças e até mesmo adultos.
Neste post vamos contar um pouco mais sobre 7 causos que cruzaram séculos para entrarem de uma vez por todas no imaginário dos mineiros. Sejam eles medrosos ou não! Eis algumas das muitas lendas mineiras.
Chico Rei
Durante o ciclo do ouro, no século 18, uma mina situada na antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, tinha como dono Major Augusto, responsável pela compra de um lote de escravos vindos da África.
Entre eles, estava um que se chamava Chico. Trabalhando arduamente na mina diz a lenda que ele conseguiu, juntamente ao filho, não só a carta de alforria como esconder boa parte do ouro em seus cabelos, enriquecendo sob a proteção dos religiosos da época.
Chico conseguiu comprar a mina e a liberdade dos demais negros que trabalhavam no local, ficando conhecido como Rei dos escravos. A partir daí, Chico Rei se tornou uma figura marcante entre as lendas de Minas Gerais. É lembrado como símbolo da liberdade e da luta pelos direitos dos negros. Sua mina ainda pode ser visitada na cidade! Já pensou em um passeio em um lugar assim?
A Loira do Banheiro
Como em várias cidades brasileiras, esta lenda também faz parte de uma escola de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Durante muitos anos, os alunos foram vítimas de uma professora bem rígida, que exigia bom comportamento.
Ela tinha cabelos loiros e a pele bem clarinha, com traços de fragilidade. Certo dia a professora faltou, fato que nunca acontecera antes. Preocupados, os alunos perguntaram para a diretora sobre o paradeiro da loira.
Ao ouvirem a resposta o clima de pânico invadiu a escola: a professora havia sido atropelada por um trem e, a partir daquele dia, jamais deixaria de assombrar as meninas no banheiro.
Diz a lenda que a loira aparecia no espelho do banheiro feminino toda vestida de branco, com algodão no nariz e nos ouvidos, assustando as meninas que faziam bagunça pelo colégio. Muitos estudantes assustam os mais novos dizendo que a loira do banheiro vai pegá-los. Ou puxar suas pernas durante a noite!
Loira do Bonfim
Imagine uma espécie de sereia. Entretanto, do asfalto. Pois foi assim que a personagem ficou conhecida no centro de Belo Horizonte. Criada por volta da década de 50, a lenda é sobre uma mulher loira que acenava em busca de carona sempre às madrugadas no centro da capital, por volta das 2 horas.
Quando conseguia seduzir um motorista e entrava no carro uma pergunta era dirigida a ela: para onde vai esta linda mulher? Ao cair no encanto da loira, a resposta era bem simples: para minha casa.
Entretanto, ao indicar o endereço, os motoristas iam se deparar nada menos do que o cemitério mais antigo da cidade, situado no bairro do Bonfim. Assim em que descia do veículo, a loira desaparecia no horizonte, assustando a quem queria apenas conquistá-la.
Em Belo Horizonte, muita gente afirma que a lenda foi criada por um antigo morador do bairro. E tudo começou por meio do uso de um manequim de mulher. Brincadeira de adulto ou verdade?
Lenda da Porteira do Óleo
Foi no município de Carrancas que esta lenda ganhou força ao longo dos últimos séculos. Se a pessoa tiver coragem de passar na frente da porteira situada na região leste da cidade após a meia-noite vozes com lamentos de escravos serão ouvidas.
Conta a lenda que foi em uma determinada árvore que ocorreram muitas cenas de chibatadas contra os escravos. Os antigos batem os pés juntos ao dizerem que luzes aparecem e também fazem a porteira se debater sozinha. Seria o choro do sofrimento repassando de geração em geração.
Dona Beija
Sendo uma mulher muito bonita e conquistadora, dona Beija marcou presença em Araxá. Por conta disso, causava muita inveja nas demais mulheres da cidade. Após morrer, uma lenda surgiu ao indicar que a água de uma lagoa onde ela se banhava é sagrada.
A partir de então, quem toma desta água recebe toda a beleza e saúde que eram características marcantes de Dona Beija, uma mulher loira de traços sutis.
Lenda da mulher de duas cores
Aparição constante nas estradas mineiras ou dentro das matas, como nas cidades do Circuito do Ouro, esta lenda fala de uma jovem que havia traído seu avô fazendeiro ao engravidar de um negro.
Contam que o fazendeiro encomendou trabalhos de uma bruxa para que a criança não nascesse viva. Porém, a mulher acabou dando a luz a uma criança com duas cores, com manchas brancas e escuras. Foi acolhida no quilombo, mas logo tentou voltar para a cidade, onde acabou sendo discriminada.
Quando decidiu retornar ao quilombo já era tarde. Não encontrou mais ninguém em razão do fim da escravidão. Ao tentar localizar o seu povo mata adentro, acabou morrendo ao ser atingida por um tiro.
Diz a lenda que ela continua vagando a passos rápidos e largos, nas pontas dos pés, sem se dar conta de que já morrera. Para pavor dos viajantes!
Caboclo D’água
É o responsável pela matança de animais e até mesmo por atacar seres humanos na cidade de Barra Longa.
A lenda não mede esforços para afirmar que um monstro metade homem, metade bicho é o autor de vários crimes nas fazendas, principalmente, nos galinheiros. Os moradores levam a lenda tão a sério que até mesmo uma Associação de Caçadores de Assombração foi criada em Mariana, que integra o Circuito do Ouro.
Se você acha que é brincadeira então saiba que até mesmo armadilhas já foram montadas. E acreditem: recompensas em dinheiro foram oferecidas para quem conseguir caçar a criatura. Você se candidataria?
Ao longo de todas as cidades que compõe o Circuito do Ouro você poderá ouvir muitas outras histórias interessantes sobre lendas mineiras. Não deixe de conhecer esta rica bagagem cultural do povo que não dispensa um dedo de prosa ao lado de um cafezinho pra assombração nenhuma botar defeito!
FONTE CIRCUITO DO OURO