Heineken estourou seus cofres para comprar concorrente que não suportou a crise e situação é essa
O ano era de 2017, quando a holandesa Heineken, uma das marcas mais amadas pelos brasileiros quando falamos em cerveja, decidiu estourar seus cofres para comprar uma marca rival, que na época, estava sendo engolida pela crise.
Estamos falando da Brasil Kirin, empresa de bebidas, fruto de uma fusão da antiga empresa brasileira Schincariol, com a japonesa Kirin Holdings Company.
Acordo de bilhões
Segundo o portal Poder 360, no dia 13 de fevereiro de 2017, a Heineken anunciou o acordo fechado garantindo a compra da fabricante de bebidas Brasil Kirin Holding, o que acabou levando a holandesa para outro patamar.
Ainda de acordo com o portal, o valor da transação custou aos cofres da Heineken o valor de € 664 milhões, o equivalente a R$ 2,2 bilhões.
Como mencionamos, após a compra, a Heineken tornou-se a 2ª maior empresa de cerveja do país, atrás apenas da Ambev, braço da AB InBev, a líder mundial de produção.
Entre os produtos do portfólio estavam as cervejas Schin e Devassa. A Brasil Kirin operava 12 fábricas com rede de vendas e de distribuição própria de produtos.
De acordo com declarações feitas pela própria Heineken na época, a transação transformaria a sua expansão no Brasil.
Segundo a Forbes, a Kirin disse que assumirá fatia de 51% em uma empresa de cervejas de Mianmar. O grupo japonês ainda encerrou as negociações com a Coca-Cola, embora as duas empresas permaneciam discutindo uma potencial parceria operacional.
A aprovação da Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) ocorreu em março de 2017.
De acordo com o Diário do Comércio, a Superintendência do Cade entendeu que a operação não causa concentração maior do que 20% no mercado nacional nem maior do que 50% nos regionais. Por isso, não geraria preocupações concorrenciais.
“S.O.S”
Segundo o portal Forbes, a venda foi necessária, pois a Brasil Kirin estava em momento de forte crise e não estava conseguindo reverter a situação, sendo assim, a
compra veio como um pedido de socorro …
A Kirin declarou na época que os riscos brasileiros e o competitivo e estagnado segmento de cervejas e refrigerantes no país eram “limitações” para tornar a Brasil Kirin rentável.
De acordo com a empresa, a unidade brasileira teve prejuízo operacional de R$ 284 milhões só no ano de 2016.
Fora isso, no ano da compra, em 2017, a economia brasileira parecia propensa a entrar no terceiro ano de recessão, mas a Heineken considerava o mercado de cervejas atrativo no longo prazo, com o segmento premium crescendo mais rápido.
Cenário pós compra
De acordo com o portal Abra Latas, após a compra da Brasil Kirin, a Heineken ampliou seu portfólio e realmente a expansão idealizada ocorreu, visto que ela passou a dominar 20% do mercado brasileiro.
Mas a liderança permanecia com a Ambev (Brahma, Skol, Antarctica, Stella Artois, Budweiser, Bohemia, Quilmes, Caracu), com 63% do mercado.
Em outubro do ano de 2017, meses após a compra, em uma entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo, o ex presidente da Heineken Brasil, Didier Debrosse, deixou
claro que o país é prioridade para a cervejaria holandesa e que tornaria o maior mercado global da empresa.
Didier Debrosse também deixou claras três linhas de atuação da nova Heineken: atuação em estados com estímulo fiscal, aposta em regiões de baixo consumo per
capita e fortalecimento do segmento premium, aumentando seu portfólio com as marcas Baden Baden e Eisenbahn.
O gerente de atendimento da Nielsen para o mercado de bebidas, Marcelo Mendonça de Fázio, também avaliou como oportunidade o crescimento das marcas premium, mesmo com um preço médio duas vezes acima da média da categoria.
Como está o desempenho da Heineken atualmente?
De acordo com o portal Catalise, a Heineken chegou a divulgar seus resultados globais logo no primeiro trimestre de 2023, o que apresentou uma certa queda em
vendas, porém com um crescimento significativo na receita da companhia, sendo o Brasil um dos seus mercados de maior destaque.
Aqui, foram aonde ela obteve maiores preços e aumento de volume vendido ajudando no resultado da gigante holandesa.
Vale mencionar que o resultado na Heineken Brasil demonstra a continuidade do movimento da empresa no país de crescimento em vendas do portfólio premium
mesmo com o reajuste de preços periodicamente.
Fora que apresentaram uma alta de cerca de 25% na receita líquida, alavancada por aumento de preços e crescimento de volume de vendas.
A estratégia de foco em marcas premium resultou num crescimento em vendas concentrado neste segmento, enquanto o portfólio de marcas econômicas apresentou queda de um dígito alto no país durante o período.
FONTE TV O FOCO