Abastecer o veículo é uma atividade rotineira para milhões de pessoas. No Brasil, essa tarefa geralmente recai sobre o frentista. No entanto, há um crescente debate sobre a mudança para o autoatendimento nos postos de combustível, uma prática popular em países como os Estados Unidos e em praticamente toda a Europa. Este artigo lança luz sobre esse tema e os potenciais efeitos sobre o papel do frentista no Brasil.
O Reinado do Frentista
A profissão de frentista está profundamente enraizada na sociedade brasileira. Originada em 1912, somente em 2000, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso, a profissão se tornou regulamentada com a promulgação da lei 9956/00. Esta legislação visava salvaguardar meio milhão de empregos de frentistas e exigia a presença de um atendente em todos os postos de combustível, sob pena de multas e potencial fechamento. A maioria dos países não possui tal lei.
No Brasil, o papel de um frentista vai além de simplesmente abastecer veículos. Eles lidam com o pagamento, oferecem direções e contribuem significativamente para a experiência geral do atendimento ao cliente. A presença do frentista na bomba tem sido a norma a tal ponto que os brasileiros raramente interagem com a bomba de combustível eles mesmos.
Ventos de Mudança: Introduzindo o Autoatendimento
Com a elevação dos custos trabalhistas, o conceito de autoatendimento em postos de combustível vem ganhando força. Uma ideia importada dos Estados Unidos, o autoatendimento foi inicialmente introduzido no Brasil na década de 1990, mas foi restringido pela lei 9956.
O discurso mudou significativamente em 2018 com a apresentação do Projeto de Lei do Senado 519, defendendo a reintrodução do autoatendimento nos postos de combustível. Esse movimento, apoiado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), é visto como um esforço para impulsionar a concorrência no setor.
Debates Sobre o Autoatendimento vs Frentistas
Embora o autoatendimento possa trazer alguns benefícios, sua implementação enfrenta resistências. Críticos, incluindo o sindicato dos frentistas, argumentam que tal mudança resultaria em uma demissão em massa de frentistas, impactando a subsistência de milhares de pessoas. Preocupações de segurança também são preponderantes, com oponentes questionando a segurança de postos de combustível desacompanhados.
O Efeito nos Preços do Combustível
Proponentes do autoatendimento argumentam que os custos trabalhistas para os frentistas constituem uma parcela significativa dos altos preços dos combustíveis no Brasil. Eles sustentam que a transição para o autoatendimento, apesar de exigir um investimento inicial substancial, poderia levar a uma redução nos custos do combustível para os consumidores.
Os defensores também acreditam que os consumidores se adaptariam facilmente ao novo método, dado que usar e manusear uma bomba de combustível não é muito complicado. A esperada redução nos preços dos combustíveis, aliada a um período inicial de transição e adaptação, é apontada como a luz no fim do túnel dessa mudança.
O debate em torno do papel do frentista no Brasil continua. À medida que avançamos para um futuro potencialmente caracterizado por postos de autoatendimento, o destino de meio milhão de frentistas fica em suspense. A jornada dessa figura icônica no Brasil, desde sua origem até a possível extinção, é certamente um conto cativante de evolução social e econômica.
FONTE MISTERIOS DO MUNDO