Moises Mota
Presidente da ACLCL
Maria da Conceição, uma mulher de mãos hábeis, um coração sensível e uma vida repleta de histórias entrelaçadas como os acordes de seu acordeon. Ela não se recorda exatamente quando começou a escrever, mas foi durante seus dias de solteira que as palavras começaram a dançar em sua mente, criando versos que ecoavam a melodia da vida.
Além de ser uma poetisa, é uma virtuosa musicista. Desde os tenros sete anos, ela fazia o acordeon vibrar sob seus dedos ágeis. A música, sua confidente de longa data, a acompanhou ao longo da vida. Mesmo após a aposentadoria da prefeitura municipal, ela aprendeu a tocar violão, adicionando mais uma camada ao seu repertório musical. Seu pai, percebendo o amor da filha pela música, presenteou-a com um acordeon quando ainda era criança querida, e o acordeon tornou-se sua voz melódica.
No campo da educação, Maria da Conceição trilhou o caminho da fisioterapia, graduando-se em 1979 na Ciências Médicas. Foram 22 anos dedicados ao Instituto São Dimas, onde sua paixão pela profissão brilhava intensamente. Uma profissional incansável, dedicada aos estudos e comprometida em transmitir esse legado aos seus filhos.
Envolvida na saúde humanizada, também contribuiu como avaliadora fisioterápica no estúdio Renan Arnoni, deixando sua marca em um campo que exige compaixão e competência. Seu comprometimento era tanto com a arte de curar quanto com a arte de expressar-se, e ela mergulhou no mundo das pinturas, criando quadros que ecoavam a beleza de igrejas, o barroco mineiro, paisagens, flores e animais. Seu pincel, um instrumento de contemplação, dançava sobre as telas em óleo.
A infância de Maria da Conceição é entrelaçada com as histórias de amizade com Marcelino Guerra e sua primeira professora, Lourdinha Guerra, mão de Marcelino. A relação com a família Guerra vai além da escola; desde os dias em que usava o telefone da família, na pequena Sabará, para pedir ao pai, no número 1026, o envio das compras.
Seus pais, Geraldo Arnoni e Dina Barbosa Arnoni, naturais de Sabará, plantaram as raízes de uma família que ela própria quis que fosse numerosa. Com cinco filhos e nove netos, a mais recente adição à família tem apenas três meses.
A morte da mãe foi um capítulo doloroso em sua história. A poesia, antes uma fonte de alegria, tornou-se um meio de expressar a tristeza profunda que envolvia a perda. Para superar a dor, ela buscou refúgio na pintura, matizando a tela com cores que refletiam a complexidade de suas emoções.
No prefácio de sua vida, seus filhos são os protagonistas, cada um representando um capítulo significativo de sua jornada. Maria da Conceição é uma mulher de fé, música, poesia e cores, desafia o tempo e inspira todos nós a perseverar. Sua vida é um testemunho de que, mesmo quando desistimos de algo por um tempo, o fluxo da vida sempre nos reserva surpresas, levando-nos a acreditar que nada é realmente perdido.