A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito sobre a morte de uma mulher de 21 anos, que foi sequestrada, mantida em cárcere privado e teve o corpo incendiado e abandonado na BR-40 em fevereiro deste ano. O homem, de 37 anos, com quem ela manteve um relacionamento de aproximadamente 40 dias foi apontado como autor dos crimes. Ele está preso e responderá por extorsão com resultante morte e uso de documentos falsos.
“A gente concluiu que houve uma aproximação do autor com a vítima no começo de janeiro, ele se aproxima e começa a dar uma olhada qual era a relação dela com o resto da família, qual condição, propriedades que a família tinha, e, olhando essa condição, ele achou que teria a solução financeira para as dívidas que ele tinha com organizações criminosas. Então, ele a priva de liberdade, começa a fazer ligações para a família pedindo dinheiro, escalonando os pedidos de forma violenta, e, ao final, culminou com a execução da vítima”, informou o delegado Lucas Nunes, 6ª Delegacia Especializada de Homicídios Noroeste.
Na delegacia, o homem apresentou uma identidade falsa, e ao confrontar com dados oficiais, a Polícia Civil descobriu que ele já tem inúmeros crimes em outras cidades, além de crimes em outro país.
“Tivemos muitas dificuldades para identificar esse autor, porque ele tem diversos nomes falsos, ele apresentou pelo menos cinco identidades falsas durante as investigações, então, para apurar a vida pregressa dele tivemos um trabalho conjunto com a Polícia Federal, com polícias de outros estados, como Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro”, disse.
Segundo o delegado, ele tem passagens e até uma condenação por crimes de tráfico internacional de drogas, explosão de caixa eletrônico e homicídio. Por estar sempre em fuga, o homem estava em Belo Horizonte e se aproximou da vítima com intuito de extorqui-la.
“Ele se aproxima dela unicamente com fins financeiros, ele não fala para a família que ele teria dívidas com organizações criminosas, ele começa a imputar a ela, falando que ela teria um problema com traficantes locais, e por causa desse problema, traficantes estariam cobrando dele. Ela, de fato, conhecia pessoas da região, mas apuramos que ela não tinha nenhuma passagem policial, nenhum envolvimento com organizações criminosas, a dívida seria dele, mas, ao invés de falar a verdade, na tentativa de fazer a família realizar os pagamentos, ela passou a responsabilizar a menina”,completa.
O crime
Na quarta-feira (19), ele teria sequestrado a jovem e a levado a um sítio abandonado de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. De lá, eles foram para Pedro Leopoldo, também na grande BH onde o homicídio aconteceu
“Nesse sítio (em Betim) ele já inicia as agressões e as ameaças, ele a obriga a fazer ligações por vídeo chamada para a família, e, nessas ligações, ele falava para ela o que ela tinha que falar. Ela repetia a todo momento ‘preciso do dinheiro’, e ele foi escalonando, no começo ele pediu R$ 30 mil, e ao final, chegou a pedir R$ 90 mil. Mas a família não tinha condições de dar o dinheiro, e quando ele percebe que eles não fariam o pagamento, ele acha que pela própria liberdade dele, o ideal seria executá-la”, disse.
Ela foi esfaqueada no tórax, depois queimada. Ela conseguiu fugir e pedir ajuda na BR-040, na divisa dos municípios de Pedro Leopoldo e Esmeraldas. Um caminhoneiro viu a vítima e pediu ajuda. Ao ser socorrida, ela conseguiu dar algumas informações sobre a dinâmica do crime. Ela foi encaminhada ao hospital, mas morreu no dia 21 de fevereiro.
O homem, que é natural de Goiás, segue preso no Presídio Antônio Dutra Ladeira, em ribeirão das Neves. A Polícia Civil pediu à Justiça autorização para investigar o celular dele. Dependendo das apurações, ele também poderá responder por feminicídio.