Especialistas comnetam formato que gera curiosidade entre os amantes da bebida e de espumantes
Os amantes de vinho já devem ter se perguntado qual a utilidade da cavidade no fundo das garrafas – ou ter ouvido histórias sobre o surgimento ou necessidade desse formato côncavo. Mas o que esse “buraco” determina, na prática? Marcel Forte, um dos sócios do bar de vinhos Clementina, em São Paulo, e Bautista Casafús, sommelier do restaurante Arturito, tiram todas as dúvidas. Confira:
Tudo começou com a forma que as garrafas de vinho eram produzidas, séculos atrás, quando os artesãos sopravam o vidro ainda quente para molda-la. “Historicamente, o ‘buraco’ ou ‘punt’ tem a ver com as sopradas, que não eram muito precisas. Então se puxava essa parte para cima para garantir que o apoio da garrafa fosse liso”, diz Casafús.
Há benefícios ao vinho?
Forte explica que o formato da garrafa não interfere na qualidade, sendo mais utilizada como estratégia de vendas. “O mito é de que ‘quanto maior o buraco, melhor é o vinho’, mas nem sempre é assim, embora alguns produtores usem garrafas com esse formato para seus melhores vinhos”.
O sommelier do Arturito concorda. “É apenas uma questão de marketing. As pessoas têm a percepção de que vinhos em garrafas sem cavidade são de menor qualidade, mas grandes rieslings alemães, por exemplo, comumente não tem. E entende-se que esse espaço ajuda no acúmulo de sedimentação em vinhos envelhecidos ou não-filtrados, que costumam ter maior quantidade de matéria sólida, facilitando, assim, servir sem incorporá-las ao vinho”.
Já as garrafas de espumantes costumam ter um “punt” maior, por conta das bolhas. “Isso ajuda a distribuir a pressão para toda a estrutura da garrafa, como uma ponte com uma estrutura de arcos embaixo”, diz o sommelier.
Influencia no serviço?
Outra crença é de que a cavidade influencie no serviço do vinho. O sócio do Clementina lembra que é mito e Casafús conta a forma correta de coloca-lo na taça. “O serviço correto do vinho nunca coloca os dedos dentro da cavidade, ele é feito segurando a garrafa firmemente com o polegar na lateral”.
E a cor da garrafa?
Outra questão que levanta dúvidas além do formato do fundo da garrafa é a cor do vidro – que na prática serve para proteger o vinho da luz sem prejudica-lo. “Vinhos brancos para consumo jovem costumam estar em garrafas de vidro transparente justamente porque não são pensados para serem amadurecidos, e sim bebidos em até 2 anos. Vinhos com potencial de guarda costumam ter o vidro escuro para garantir uma camada de proteção a mais à garrafa”, conta.
Como escolher?
O segredo é focar no conteúdo, diz o sommelier. “Minha dica é sempre provar a maior quantidade de vinhos possível e estar aberto a novas experiências. Você pode se surpreender com um vinho aparentemente mais ‘simples’, mas que atende o seu gosto ou situação”.