A estação que por mais de um século serviu para embarque e desembarque de passageiros dos antigos trens da extinta Rede Ferroviária Federal somente conta com a sorte para permanecer em pé.
Em ruínas e perto de iminente queda de sua estrutura o bem tombado pelo Município revolta os moradores de Buarque de Macedo em Conselheiro Lafaiete (MG) como os defensores do patrimônio histórico.
Inaugurada em 15 de dezembro de 1893, a estação é o “cartão-postal” de Buarque de Macedo. Há muitos anos abandonada, o local está bastante danificado necessitado de intervenções urgentes para que a comunidade não perca o seu patrimônio.
Ela é retrato fiel do descaso com a memória e seu passado que uma cidade que cresceu e desenvolveu graças a ferrovia, abrindo as portas do mundo ao incipiente Município de Queluz de Minas, no século XIX.
A tristeza corta quem visita o prédio: porta e janelas quebradas, telhado em ruínas e um prédio abandonado com as marcas do passado de glórias. Assusta como comove presenciar um patrimônio desta importância nas condições precárias. Cidade tem uma dívida com seu passado a ser resgatada.
A antiga estação, diante de seu quadro de deterioração, foi interditada pelos bombeiros sob risco de desabamento. Parte da história ferroviária de Lafaiete pode virar apenas um retrato na parede. As portas do mundo foram abertas ao incipiente Município de Queluz de Minas, no século XIX através da ferrovia.
Comunidade, MPMG, MRS e abandono
A comunidade de Buarque cobra há mais de uma década a reforma e o restauro do patrimônio do qual viu nascer a localidade. O prédio estava abandonado em 2016. A estação está fechada desde os anos 1980.
O patrimônio foi alvo de acordo entre Prefeitura de Lafaiete, Ministério Público e a MRS quando foi elaborado o projeto de restauração da estação. Hoje o imóvel está sob a posse do Município. A intenção era transformar o espaço um centro de referência comunitária para uso da comunidade para reuniões, encontros, festas e promoção de atividades culturais.
Recursos
Em 2021, a Gerdau destinou recursos para financiar o projeto de restauro e reforma da Estação de Buarque de Macedo, nome dado em homenagem ao ministro de Obras Públicas em 1881. O projeto é fruto da captação de verbas junto as leis de incentivo à cultura, do Governo Federal, através da Associação de Movimentos Artísticos (ASMAD), com sede em Santos Dumont (MG).
Segundo informações, a Gerdau já depositou os recursos integral do aporte ao financiamento da obra no valor de R$835 mil.
Porém desde esta data o projeto ainda depende homologação final do projeto junto ao IPHAN (Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Desde então, o projeto aguarda aprovação do IPHA para início das obras de restauro, conforme informou o Secretário Municipal de Cultura, Geraldo Lafayette.
“Estamos acompanhando de perto o processo junto ao IPHAN. A obra não passa por licitação na prefeitura. Seremos apenas os responsáveis pelo acompanhamento das obras. Recurso virá por meio da entidade para este fim, através de indicação do Ministério Público já que ela tem expertise em recuperação de estações em Minas”, assinalou Lafayette.
A palavra do IPHAN
Diante da demora na aprovação do projeto para início do restauro, nossa reportagem procurou o Instituto Nacional de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) para esclarecer a situação.
“Inicialmente, é importante ressaltar que o Iphan atua conforme as diretrizes estabelecidas pela legislação vigente, especialmente no que diz respeito à gestão de recursos públicos destinados à preservação do patrimônio cultural.
No caso específico mencionado, o proponente não cumpriu integralmente as exigências estabelecidas pela Instrução Normativa nº 2/2019 do Iphan, deixando de apresentar os documentos técnicos necessários para embasar a análise da proposta. É importante destacar que a elaboração de projetos executivos é uma etapa fundamental para qualquer intervenção em bens culturais protegidos, pois define os detalhes técnicos e os custos envolvidos na obra.
O recurso já foi analisado pelo Iphan-MG, cuja manifestação técnica foi no sentido do desarquivamento, para dar continuidade à análise técnica do processo. Esta manifestação encontra-se atualmente em análise pelo Ministério da Cultura.”, disse a Superintendência do instituto a nossa reportagem.
Agora é aguardar para a burocracia não ajude a desabar mais um patrimônio histórico de Minas.