Uma perda irreparável para a cultura e movimentos culturais do em Minas Gerais. Faleceu ontem (24), aos 75 anos, em Ouro Branco, Clarice Maria das Graças. Seu velório aconteceu hoje a partir das 8:00 até às 12:00 horas, no Velório Municipal. O sepultamento ocorre em Belo Horizonte em túmulo junto aos seus irmãos, conforme desejo de Clarice.
Ela tinha uma história marcada pela superação, determinação, comprometida com a cultura originária dos povos negros e superação. Uma mulher empoderada e acima de seu tempo.
Nascida em Ouro Branco ainda cedo foi morar em Contagem (MG), em um local bem perto da comunidade negra dos Arturos, que é parte viva da história dos negros e negras escravizados no país e símbolo de resistência. A Comunidade dos Arturos é patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais, e sua história começou há mais de um século, no ano de 1885.
Lá manteve contado direto com a tradição congadeira que marcaria sua vida. Em Contagem foi mãe solo de duas filhas, Valéria e Adriana, momentos e,m que teve de conviver com tabus e preconceitos ligados a maternidade. Masa alavancou os desafios.
Ao voltar para Ouro Branco, na década de 70, veio tomar conta de sua avó, Dona Augusta, mãe do congadeiro Bernardino que ajudou na criação das duas filhas.
Mais tarde, Clarice se casou com sr. Pereira, porém após 7 anos de relacionamento, ele se tornou viúva. Para sustentar a família trabalhava em “casa de família”.
Na década de 80, retomou suas origens e iniciou uma forte ligação com o movimento congadeiro e fundou a banda Nossa Senhora do Rosário entre 2009/2010, quando foi coroada como Rainha em 2013, pelo Rei Emanuel eem Ouro Branco, durante encontro de guardas. Desde então sua vida foi devotada a causa do movimento e sua preservação.
Ainda no domingo passado (22) um dia antes de sua morte ela se reuniu com irmão do congado de Nossa Senhora do Rosário para uma nova fase da guarda e sua renovação.
Antes de seu sepultamento, conforme tradição do movimento, ela será destronada, quando será passará o bastão para o seu sucessor.
“Ela sempre conversa com a gente sobre passagem e transcedênia e queria ser enterrada junto aos seus irmãos e perto da comunidade dos Arturos”, comentou a nossa reportagem a filha Valéria.
O Céu está em Festa.
