27 de julho de 2024 09:04

DRAMA SEM FIM: pais acusam Hospital de Bom Jesus de negligência e omissão médicas em morte de bebê de 2 meses; PCMG já investiga duas mortes

Mais um caso de suposta negligência médica envolvendo o Hospital Bom Jesus, em Congonhas (MG). Apenas 4 dias separam duas mortes precoces na mesma unidade de saúde. A primeira, da pequena Lívia Carolina de Paula, de 5 anos, faleceu na manhã do dia 6. Já o bebê, Isaac Murillo Sabino, de apenas 2 meses, morreu no último dia 10.
Duas histórias, duas vidas interrompidas. Em ambos os casos, os pais acusam o hospital de omissão e negligência médicas. O caso de Lívia ganhou repercussão nacional e já está na Justiça e investigação da Polícia Civil.
Já o caso do pequeno Isaac tem um enredo bem idêntico a Lívia. Bastante abatidos e inconformados, os pais do bebê, de Congonhas, nos passaram um relato carregado de emoção. Isaac era o segundo filho do casal, Jennifer e Alisson Calazans. Ele motorista e ela é manicure.

O caso
No dia 5 de julho, a mãe de Isaac, Jennifer Sabino, não imaginava o calvário que passaria para descobrir a fragilidade do sistema municipal de saúde. Nesta data, ela procurou, à noite, a UPA para atenuar o sofrimento do bebê que estava chorando demais gemendo, chiando e com muita tosse. Ele foi atendido por uma pediatra de plantão que examinou Isaac, medicou e pediu um exame de radio x. Nesta oportunidade, ele foi diagnosticado com otite, cólicas e bronquiolite, uma infecção viral que afeta as vias respiratórias inferiores de bebês e crianças pequenas com menos de 24 meses de idade.
Após o atendimento e a medicação, a mãe retornou a sua casa, porém o quadro aos poucos evoluía agonizando os pais. A tosse não passava e com dificuldade de respiração.
Na manhã de domingo (6), a mãe retornou à UPA às 10h da manhã já bastante apreensiva. Isaac foi atendido e examinado após 2h de espera, diagnóstico como otite e garganta inflamada. A mãe apresentou ao médico o raio-x de sexta no qual o médico deu uma segunda opinião que seu filho estaria com bronquite, então foi solicitado um exame de sangue o qual demorou mais de 2h para o seu resultado.

O médico avaliou o exame e disse que havia uma alteração devido ao quadro de inflamação e jennifer foi orientada a continuar com as medicações e prescreveu o uso de Aerolin 8/8h por 5 dias. Foram mais de 6 horas que mãe e filho ficaram na unidade de saúde. Na volta à casa, o sofrimento permanecia.

Agora o HBJ

Na manhã de terça-feira (9) às 10h, Jennifer procurou, desta vez, ao Hospital Bom Jesus já que havia ido por duas vezes na UPA não obtendo melhoras, quando aguardou atendimento por uma hora e meia com seu filho em seu colo muito inconsolado, sendo atendida às 11:30h.

Durante o atendimento Jennifer relatou ao médico todos os passos dados com seu filho desde de o dia 1 de julho quando primeiramente buscou atendimento no PSF de seu bairro e também relatou que por duas vezes foi a UPA. Relatou ainda que que na sexta-feira(5) seu filho havia sido diagnosticado com bronqueolite, otite e cólica tendo a mãe também apresentado ao médico o raio-x que no domingo (7) seu filho havia sido diagnosticado com otite, garganta inflamada e bronquite.

Durante o atendimento, o médico avaliou o pequeno Isaac afirmando à mãe que o bebê não chiava no momento da ausculta, sendo solicitado um raio-x e exames de sangue. Logo em seguida Jennifer encaminhou para a sala de radiografia, realizou o raio-x e retornou ao consultório, onde o médico avaliou o exeme afirmando que estava bom.

Às 11:55h Jennifer encaminhou-se com Isaac para a enfermeira pediátrica para que fosse realizado coleta do sangue e medicado com analgésico onde novamente ficou aguardando por mas de uma hora. Jennifer caminhava pela enfermeiria a todo tempo com Isaac em seu colo bastante agonizado e com dificuldade respiratória.

Após medicação e coleta, Isaac ficou na enfermaria pediátrica sem mais nenhuma assistência aguardando resultado do exame de sangue, por mais de uma hora e meia, quando a avó de Isaac foi procurar o médico implorando que po olhasse “pelo amor de Deus pois Isaac chorava e gemia e só piorava sua dificuldade de respirar”.

O médico ao chegar na sala já com resultado do exame em mãos, informou a mãe que havia dado alteração no exame que se tratava do sistema de defesa estar combatendo uma infecção. Ele disseque ela poderia retornar para casa e continuar com o antibiótico prescrito pela médica de sexta-feira ou interná-lo para receber antibiótico na veia.

Jennifer, já desesperada com toda a situação e querendo a melhora de seu filho, escolheu pela internação. Então o médico disse que iria preparar a internação quando já era por volta de 16h de terça feira.

Jennifer foi até sua casa buscar roupas para ficar com o filho e deixou o menor na companhia de sua avó parterna e Isaac só foi internado após as 18h. Ao chegar no leito de internação pediátrica a enfermeira que recebeu Isaac observou a dificuldade respiratória que ele apresentava e nesse instante mediu a sua saturação a qual já estava baixa medindo 59 de oxigenação. E imediatamente colocou no oxigênio.

Quando Jennifer chegou no hospital as 18:50 sua sogra relatou a ela que a enfermeira a informou que no laudo de internação constava que Isaac foi internado com suspeita de pneumonia.

Ao receber essa informação, Jennifer foi a procura do médico pois no primeiro atendimento o médico havia dito que seu filho estava bom de acordo como raio-x e ausculta e ao questionar o médico sobre o que havia prescrito na internação o mesmo comunicou a Jennifer que para que o hospital cedesse o antibiótico que Isaac precisava era necessário que ele prescrevesse um diagnóstico para liberação da medicação.

Então Jennifer retornou ao leito para companhia de seu filho. Isaac tomou o antibiótico já quase às 20h e por todo momento chorava e gemia, mesmo com oxigênio o qual vazava na válvula, sentia muita dificuldade de respirar.

A noite foi muito agonizante para mãe vendo seu pequeno naquela situação quando chamou a enfermeira para avaliar Isaac que chorava muito, quando ela chamou uma fisioterapeuta para que avaliasse Isaac. Durante a noite a enfermeira medicava com analgésico e aerolin. Jennifer disse para o médico que estaria vazando oxigênio e então o mesmo mexeu na válvula contendo o vazamento.

Jennifer sugeriu ao médico que fizesse uma tomografia em seu filho, o qual foi recusado. O médico junto com a fisioterapeuta entraram em consenso de colocá-lo na ventilação mecênica após 3 horas que Isaac recebesse outra medicação, prednisona o qual foi administrado no período da noite, porém Isaac não melhorava, não dormia.

A mãe relatou novamente a enfermeira que já se passava mais de 3 horas da medicação, então a enfermeira chamou o médico que chegou já as 5:30 da manhã para preparar isaac para o cpap (ventilação mecânica).

Toda preparação demorou por mais de 30 minutos, Isaac precisou receber medicação para sedação, não havia máscara do tamanho adequado durante a preparação, utilizando nele oxigênio via catéter nasal e a máscara maior que seu rostinho. Todo aquela agonia só aumentava, quando Isaac fez o uso ventilação mecênica já era por volta 6:04h da manhã. Ele permaneceu por 40 minutos no equipamento, quando o médico retornou ao quarto solicitou um raio-x no leito. Quando trouxeram o equipamento não havia no quarto tomadas 220 volts levando um tempo para realizar o exame até que encontraram uma extensão para ligar equipamento.

Ao realizar o raio-x o médico pediu que enviasse para seu consultório. Ele encerrou o seu plantão sem dar nenhum detalhe sobre o estado de saúde do pequeno Isaac. Durante a troca de plantão das enfermeiras comentando entre elas Jennifer soube que seu filho havia sido cadastrado para transferência para outro hospital viva SUSFacil, o que causou em Jennifer indignação pelo médico não a comunicar nem sobre a necessidade de ser transferido e nem sobre o estado de seu bebê.

A mãe só soube detalhes e a gravidade da saúde de seu filho quando o profissional assumiu seu plantão dando a ela o devido auxílio médico e humano o qual precisava.

Já era quarta feira (10), quando os profissioanis iniciaram uma luta contra o tempo para salvar o pequeno Isaac, mas infelizmente se depararam com equipamentos em mal funcionamento, máquina de ventilação vazando ar, aparelhos de aspiração que os fisioterapeutas necessitavam com defeitos.

A morte a falta de UTI pediátrica

Vários aparelhos foram necessários nessa intervenção, com tudo isso no quadro do pequeno Isaac só se agravava precisando ser entubado. Era necessário estabilizar o quadro de saúde para que Isaac fosse transferido para Belo Horizonte onde foi concedido uma vaga no CTI pediátrico, porém com a chegada do SAMU e diante de toda essa situação seria necessário a troca de equipamentos mas infelizmente nessa intervenção o pequeno Isaac não resistiu tendo uma parada cardiorrespiratória vindo a óbito as 14:31h.
Isaac foi sepultado no dia 11, por volta das 10:00 horas, no Cemitério da Igreja de Santo Antônio em Joaquim Murtinho, em Congonhas, sob a dor e revolta de amigos e familiares.
No dia (15), os pais registram boletim de ocorrência no batalhão da polícia militar de Minas Gerais. A morte também já está sendo investigada pelo Ministério Público.

“O que mais nos revolta é deixar a criança chegar nesta situação de total vulnerabilidade tendo apenas 2 meses, não tendo nem o ciclo de vacinas completas até os 3 meses. Desde o primeiro dia que procuramos a assistência médica na UPA já deveriam encaminhar para a internação e buscar um hospital com melhores condições e não ficar esperando a morte do nosso filho. Nosso atendimento à saúde pública está indo de mal a pior, se não acordarmos para a vida hoje chora eu pela perda do meu filho, mas amanhã chora 10 famílias pela perdas de seus entes queridos . Nossa cidade é rica e temos o direito de um atendimento de qualidade e profissionais de excelência para melhor nos atender. Falta uma UTI pediátrica em nossa cidade. Mas queremos justiça”, disseram os pais já contrataram um advogado para cuidar do caso.
A morte de Isaac é investigada por uma comissão médica e interdisciplinar no Hospital Bom Jesus.

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