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Moeda viva: homem cujo rosto ‘estampou’ dinheiro brasileiro busca reconhecimento por ter sua imagem usada sem saber a finalidade

Aposentado é uma das três pessoas negras que aparecem em moedas comemorativas ao centenário da abolição da escravatura no Brasil

“Você já deu bom dia para uma moeda?”, perguntou o aposentado Jorge Benjamim dos Santos, de 62 anos, para o guia do Museu Casa dos Contos, localizado em Ouro Preto (MG). Para o espanto geral, tanto o guia quanto alguns visitantes que estavam no museu naquele 12 de julho de 2023, não sabiam quem era aquele senhor simpático, de fala mansa, que fazia essa pergunta inusitada. 

O fato é que o rosto de Jorge está exposto desde 2006 no museu erguido em um casarão de 240 anos, completos agora em 2024. Apesar de tamanha honraria, Jorge nunca soube disso. Durante muitos anos de sua vida, ele carregou uma parte da história da economia do País em seu rosto, mas pouco reconhecimento teve disso.

Aliás, ele próprio jamais foi informado oficialmente desse fato, só soube da novidade por causa de um conhecido do trabalho. Jorge é considerado uma “moeda viva”, ou seja, é uma pessoa que teve o privilégio de ilustrar o dinheiro brasileiro e ainda está neste mundo para contar essa história – embora poucos tenham lhe dado espaço para falar, em seus mais de 60 anos de vida. 

O aposentado, que conversou por mais de uma hora com a reportagem do Terra, ‘estampou’ (o termo correto, na verdade, é “cunhou”) uma moeda comemorativa de 100 Cruzados, em homenagem ao centenário da Abolição da Escravatura. Era 1988, 100 anos após o fim da escravidão no Brasil. Para a data, o Banco Central pediu que a Casa da Moeda pensasse em algo especial para a ocasião.

Jorge Benjamim dos Santos
Jorge Benjamim dos SantosFoto: Arquivo pessoal

Na época com 26 anos de idade, Benjamim era funcionário da Casa da Moeda. No ano anterior à celebração, em 1987, ele começou a notar uma movimentação atípica em seu ambiente de trabalho. O motivo disso ele só saberia no ano seguinte, e por uma coincidência. 

“Naquele dia, percebi que algumas pessoas estavam sendo observadas. E eu era uma dessas pessoas. Então, chegou um convite até mim, que era para fazer algumas fotos para um projeto que não poderiam falar muito a respeito. E, assim, eu fui, né? Eu e mais algumas pessoas”, relatou, destacando que os escolhidos eram todos negros.

“Resolveram tirar fotos de pessoas negras. Como seria comemorativo ao Centenário da Abolição, então começaram a selecionar pessoas negras e chamar para usar para fotos. E fui uma dessas chamadas para tirar fotos, só que a gente não sabia para que seriam as fotos”, acrescenta.

Recordando-se daquele dia, o aposentado lembrou a sensação de estranhamento que sentiu ao pedirem que ele tirasse a camisa durante a sessão.

“Na época eu era atleta, né? Por isso que quando eu estou na foto sem a camisa, que é a foto oficial da moeda, eu tenho aquele corpo mais forte” detalhou.

“Eu achei muito esquisito isso. Na época, eu tirei várias fotos de camisa comprida e gravata. Depois, alguém deu a sugestão de eu tirar a camisa, então, eu tirei, e fizeram duas fotos, assim, uma de frente e outra de perfil. A foto que eu estou olhando para o alto foi a escolhida para a moeda”. 

Na época, eu tirei várias fotos de camisa comprida e gravata. Depois, alguém deu a sugestão de eu tirar a camisa, então, eu tirei, e fizeram duas fotos, assim, uma de frente e outra de perfil. A foto que eu estou olhando para o alto foi a escolhida para a moeda.

“Me disseram até que eu tinha um corpo de modelo, mas hoje, vendo essa foto, já passa um outro pensar, né? Como se fosse uma exposição. Eu tirei essa foto inocentemente. Naquela época eu considerei apenas como um pedido do contratante para um contratado”, completou.

Os negativos da sessão de fotos
Os negativos da sessão de fotosFoto: Arquivo pessoal

O trabalho na Casa da Moeda

Jorge Benjamim começou a trabalhar na Casa da Moeda em 1984, como servente. Na época do projeto para a moeda comemorativa, estava na função de contínuo, o que hoje chamamos de office boy.

“Eu pegava documentação, fazia xerox, servia o cafézinho. Atendia toda a demanda que era solicitado”, explica.

Apesar de ser um funcionário da empresa, e ter sua imagem utilizada a pedido do órgão, Benjamim jamais soube oficialmente onde a sua foto sem camisa iria parar. As moedas estavam prestes a ser divulgadas para o centenário da Abolição quando um colega de trabalho revelou: a foto de Benjamim estava ilustrando uma moeda brasileira. 

“Aí que eu vim saber para o que era. Na época não fomos comunicados de nada, não, só chamados para fazer umas fotos mesmo”, relatou ele, no plural, porque não foi o único a ter o rosto escolhido para o projeto. Como o próprio nome diz, o Trio Axé apresenta três moedas comemorativas: o Pai (Benjamim), além da Mãe e do Filho – falaremos sobre eles adiante.

Caso o colega de Benjamim não “fofocasse”, ele saberia da história por meio de uma reportagem da TV Globo, publicada um dia antes do lançamento oficial do projeto.

“A repórter soube que eu era a pessoa que ‘estampou’ a moeda e me chamou para dar entrevistas. Foi aí que eu saí na TV. Depois, fizeram uma matéria comigo para o jornal O Globo e também para a revista do Jornal do Brasil. Até hoje eu tenho esses registros”, contou. 

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Depois disso, de forma inexplicável, Jorge Benjamim não pôde mais dar entrevistas sobre o assunto.

“A diretoria da Casa da Moeda proibiu a entrada da imprensa lá para falar comigo. Eu não sei o motivo disso até hoje, mas foi proibido. Então, até por isso que ficou uma coisa escondida”, lamentou. “Em 2019 eu saí um pouco do anonimato com eventos de numismática [ciência que estuda cédulas e moedas], alguns até promovidos pela Casa da Moeda, acho que para se retratar, né? Mas, mesmo assim, tem colegas que trabalharam comigo lá e não sabem, até hoje, que eu sou o rosto de uma das moedas do centenário da Abolição”.  

A família ‘Trio Axé’

Não foi apenas a moeda com o rosto de Jorge Benjamim que foi lançada naquele ano de 1988. Foram três no total. As cédulas ficaram conhecidas como “Trio Axé” e retratavam uma família negra.

Jorge Benjamim dos Santos é o ‘pai’ da família Trio Axé. Além de seu rosto, a também funcionária da Casa da Moeda Genilda Rodrigues de Sousa, hoje com 77 anos, aparece como a ‘mãe’. Para fechar o clã, o papel de ‘filho’ coube a Jefferson, cujo sobrenome não será divulgado, uma vez que ele optou por não participar da matéria. Assim como o ‘pai’ e a ‘mãe’, Jefferson também tem relações com a Casa da Moeda, é filho de uma ex-funcionária do órgão.

Foto: Arquivo pessoal

Embora tenham a Casa da Moeda em comum e serem retratados como uma família, nada além disso une os três. Aliás, há outra coisa em comum, sim: nenhum deles tinha a ciência de que seu rosto fora usado para esse fim. 

Por ironia do destino, foi a luta pelo reconhecimento dessa história que acabou juntando novamente esses personagens, mais de 30 anos depois.

Apesar de saber da existência de Genilda desde 2007, Jorge só a conheceu em 2019, durante um evento de colecionismo foi promovido pela Casa da Moeda, mas que não teve a divulgação que o aposentado esperava.

“Eles tentaram levar os três [a família ‘Trio Axé’], mas o Jefferson tinha compromisso e não pôde estar presente. Foi somente eu e a Genilda, foi onde nos conhecemos. Foi muito bom, mas nos apresentaram rapidamente no evento e depois foi para um para uma sala, assistir palestras, e ficamos praticamente esquecidos lá”, lembrou.

Jorge e Genilda: 'pai' e 'mãe' do Trio Axé
Jorge e Genilda: ‘pai’ e ‘mãe’ do Trio AxéFoto: Arquivo pessoal

No pouco que conseguiu conversar com Genilda, Jorge descobriu que ela tampouco sabia que seu rosto ilustrava uma moeda brasileira na década de 1980.

“Partilhamos dessa mesma história. Ela também não sabia de nada. Só anos depois a gente se reconheceu como a ‘família’ da moeda”, acrescentou. 

Ao Terra, Genilda Rodrigues de Sousa contou que passou a integrar o quadro de funcionários da Casa da Moeda em julho de 1974.

“Trabalhei por 28 anos como ajudante; é o que está registrado na carteira profissional”, disse.

Apesar de exercerem suas funções na mesma empresa, Genilda trabalhava em outra área, que não era a mesma de Jorge. “Eu trabalhava na seção onde ‘alimentavam’ as máquinas que imprimem as cédulas. Minha função era contar os lotes para saber se estava faltando ou sobrando folhas nessas máquinas”, detalhou.

Já Jefferson era filho de uma funcionária da Casa da Moeda. Os três foram unidos como uma ‘família’, mas nunca souberem oficialmente deste fato. As coisas começaram a mudar, esses personagens passaram a se conhecer e o caminho até o reconhecimento teve início com a chegada de outra pessoa nesta história. 

História ofuscada 

Era 2016, pleno Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro, quando Gisele Silva, hoje com 34 anos, “entrou de paraquedas”, como ela mesmo define, no mundo do colecionismo e das moedas e cédulas, chamado de numismática.

“Meu marido me deu uma caixinha de moedas e falou assim: ‘Procura aí na internet, quem sabe você acha alguém que compra’. E eu achei. Depois disso, pensei: ‘Opa, isso aí vai me dar dinheiro’. Então, comecei a pesquisar e gostei do negócio, tanto da história que a gente aprende com isso, quanto ganhar dinheiro em si. Foi essa profissão que pagou a minha faculdade de enfermagem. E estou aí até hoje”, recordou Gisele, dona de um site de venda de moedas raras, e aliada de Jorge Benjamim. 

Uma correção aqui: Gisele diz que, na verdade, não vende a moeda, vende a história. “Aí, através da história, a pessoa se interessa pela moeda e tudo mais”, explicou. 

Foi dessa forma, buscando por histórias, que ela chegou até Benjamim – ou melhor, que ele chegou até Gisele. 

“Até então, eu não conhecia essa história e nem nunca me aprofundei. Mas, em 2019, o [Jorge] Benjamim entrou em contato comigo pelo Facebook e falou que queria fazer um blister [um expositor] com a foto dele para colocar a moeda dele. E como eu faço produtos relacionados para a numismática, para o colecionismo, eu virei meio que referência pra fazer esse tipo de trabalho personalizado”, contou. 

Nesse contato despretensioso pelas redes sociais, Gisele soube quem era Jorge Benjamim, mas duvidou no começo.

“Ele disse que era modelo de moeda, que o rosto dele estava ‘estampado’ no dinheiro. Eu só escutei, falei ‘tá bom’, mas pensei comigo: ‘É mentira dele, né? Conversinha’. Então combinamos de eu ir um dia para o Rio e, se a história dele fosse verdade mesmo, ele levaria algum documento que provasse isso. E foi o que aconteceu. Eu viajei para o Rio por causa de um evento no Museu Histórico Nacional, e lá conheci ele e toda a história. Também comprovei, com algumas pessoas da Casa da Moeda que conheço, que Jorge era realmente um dos rostos do Trio Axé”. 

Naquele mesmo evento, Gisele começou a notar que o aposentado poderia lucrar com essa história já que, por anos, ele nunca recebeu nada por isso.

Ele é uma pessoa muito simples, sabe? Comecei a perceber que todo mundo pegava autógrafo, fazia foto e pedia para autografar, tudo de graça. Então, eu expliquei para o Jorge que poderia ajudar a contar a história dele e, ao mesmo tempo, ganhar alguma coisa nesse tempo, porque muitos já ganharam nas costas dele, acho que não é certo. 

A partir desse momento, uma parceria começou. “Daí em diante eu comecei a escutar o Jorge, falar dele por aí e viajar para alguns Estados para mostrá-lo para o meio em que a gente trabalha”, afirmou Gisele.

A intenção, segundo ela, era mais do que fazer Benjamin ser reconhecido no mercado de colecionadores de moedas e cédulas antigas, mas tornar o rosto do aposentado uma figura importante na história e cultura brasileira.

“Eu sinto que a história do nosso País é mal contada, e conhecendo o que ocorreu com o Benjamim, vejo que é mais uma história que foi ofuscada, sabe? Tanto Benjamim quanto as outras pessoas envolvidas são pessoas vivas, negras, que trabalhavam nessa empresa, foram fotografadas sem saber o porquê, e [seus rostos foram] colocados em uma moeda sem que elas soubessem, sem terem seus nomes divulgados. Por que usar pessoas vivas e não dizer seus nomes, não dar um prestígio? Isso que me dói”, desabafou.

Sinto uma injustiça atrás da outra. Estamos falando de fatos que ocorreram em 1988, que marca o centenário da abolição, que é o fim da escravatura, e daí a gente percebe que não tem fim nenhum nessa história. É uma continuação.

Sentimento de esperança 

Com a ajuda de Gisele e de outras pessoas que ajudam a contar sua história, Jorge passou a frequentar eventos de numismática e visitou alguns museus com exposições sobre as moedas do Trio Axé. E pela primeira vez, ele sentiu o sabor do reconhecimento, mesmo que tardio. 

“Nos eventos que vou hoje, as pessoas querem me reconhecer, tirar foto, pegar autógrafo. Sinto mais essa aceitação. Eu sei que nesse meio tem aproveitadores, mas também tem pessoas sinceras que querem realmente ajudar. Eu já viajei para Minas Gerais, São Paulo, até para o Rio Grande do Sul, graças a pessoas que promovem eventos e me ajudam a poder estar presente em seus Estados”, detalhou Benjamim. 

O aposentado lembra ainda da sensação que teve quando foi reconhecido pela primeira vez como o homem cujo rosto foi usado na cunhagem de uma das moedas do Trio Axé.

Jorge e Gisele, sua aliada na luta pelo reconhecimento
Jorge e Gisele, sua aliada na luta pelo reconhecimentoFoto: Arquivo pessoal

“Foi em um evento de numismática. Algumas pessoas me reconheceram, daí começaram a fazer perguntas, querer tirar fotos. Foi muito bom”, lembrou. “Veio um sentimento de esperança, de que, de fato, essa história possa ser conhecida… É um sentimento de que a gente está conseguindo. Às vezes dá vontade de desistir, de parar, mas a gente sabe que vai acontecer [esse reconhecimento]”.

O homem da moeda, do Flamengo e da tocha olímpica 

Há muitas vidas e facetas na trajetória de Jorge Benjamim dos Santos. Além de ‘estampar’ uma moeda brasileira, ele também foi atleta e um dos condutores da tocha nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. 

“Já fui corredor do Clube Regatas Flamengo, e fiquei um ano, também, no Fluminense, aqui no Rio”, contou o aposentado, que hoje mora em Guaratiba, na Zona Oeste da cidade. 

Pode não parecer, mas ter conquistado uma vaga na Casa da Moeda – o que lhe permitiu estar em uma moeda anos depois – tem a ver com paixão pelo esporte.

O ex-atleta do Flamengo exibe as moedas do centenário da abolição
O ex-atleta do Flamengo exibe as moedas do centenário da aboliçãoFoto: Arquivo pessoal

“Quando eu corria, encontrei algumas pessoas que eram corredores de rua e, naquele grupo, tinha funcionários na Casa da Moeda. Um dia me perguntaram se eu não queria trabalhar lá, mas eu nem sabia o que era. Falei: ‘Olha, eu sei o que é uma moeda, mas Casa da Moeda eu nunca ouvi falar não'”, riu. “E, além disso, quem diria que uma pessoa que nem sabia o que era a Casa da Moeda ia parar em uma depois”. 

Já em 2016, Benjamim teve a honra de ser um dos condutores da tocha olímpica, e não foi por causa do seu passado como atleta. “Foi porque eu era funcionário da Casa da Moeda”, contou.

Como órgão responsável pela produção das moedas comemorativas das Olimpíadas do Rio, a Casa da Moeda pôde indicar funcionários para serem condutores. O problema era que eram muitos funcionários, e, para isso funcionar, um concurso foi criado para definir o nome.

“Eu fiquei em segundo lugar, mas só tinha vaga para um”, lembrou Benjamim. “Depois, o Comitê Olímpico acabou cedendo mais uma vaga, e como eu era o segundo mais votado, também fui indicado para ser um dos condutores. Foi uma emoção enorme”.

Jorge segura a tocha olímpica; ele foi um dos condutores nos jogos do Rio em 2016
Jorge segura a tocha olímpica; ele foi um dos condutores nos jogos do Rio em 2016Foto: Arquivo pessoal

Corrigindo erros 

A luta de Benjamin e Gisele já rendeu alguns frutos. Na exposição “Do sal ao digital: o dinheiro na coleção Banco do Brasil”, encontrada no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, havia um erro em uma placa que trazia informações sobre as moedas do ‘Trio Axé’. Ao invés do ano correto de sua cunhagem, 1988, a data informada era, erroneamente, 1998.

Jorge, que visitou a exposição algumas vezes, se incomodou e chegou a comunicar isso para um segurança do museu, que disse que levaria a informação até a administração do local – o que não sabemos se aconteceu. O fato é que, até abril deste ano, a placa seguia com a informação errada. 

Naquele mesmo mês, o Terra entrou em contato com o museu, que reconheceu o erro em uma placa para legendar a obra de Tiago Sant’Anna, chamada “Cruzeiro do Sul”, utilizando a coleção das moedas comemorativas. 

Em 6 de maio deste ano, o museu informou a reportagem sobre a correção e agradeceu “o apuro do olhar do nosso visitante”. Ao ser informado sobre o fato, Benjamim comemorou: “Agora, sim, está correto”.

Placa em exposição no CCBB do Rio com erro (acima) e posteriormente corrigido (abaixo)
Placa em exposição no CCBB do Rio com erro (acima) e posteriormente corrigido (abaixo)Foto: Arquivo pessoal

Outro lado 

Questionada pelo Terra sobre a história de Jorge Benjamim dos Santos, o fato de o então funcionário da empresa não ter sido comunicado sobre o uso de seu rosto em uma moeda, e a falta de reconhecimento que o aposentado alega ter desde o ano da cunhagem, a Casa da Moeda informou que o então funcionário consentiu e mostrou “interesse voluntário” em ter o seu rosto na moeda. 

“A Casa da Moeda do Brasil informa que o fato ocorreu há 35 anos, o uso da imagem do Jorge Benjamim dos Santos na moeda comemorativa Trio Axé, não só foi consentido, como houve o interesse, voluntário, do ex-empregado em ter o seu rosto estampando a moeda, tendo em vista o simbolismo e a importância do marco histórico homenageado”, diz a nota. 

Foto: Arquivo pessoal

Ao Terra, Benjamim reforça que foi chamado apenas para tirar fotos, mas que nunca foi informado qual era o propósito das fotografias. “Anos se passaram até que a Casa da Moeda me apresentasse a um pequeno grupo de colecionadores como um dos modelos da moeda de 100 cruzados, o que ocorreu somente em 2018″, afirmou.

O aposentado concluiu dizendo que “não quer guerra”, apenas que sua história seja divulgada para que futuras gerações conheçam quem é o homem negro que ‘estampou’ uma moeda brasileira.

“Hoje, só eu, Gisele, e algumas pessoas falam sobre isso, mas ninguém sabe disso nas escolas, isso não tem nos livros de história do Brasil. Com o tempo, ninguém mais conta essas histórias, mas a partir do momento que elas são registradas, ninguém tira isso mais”.

FONTE TERRA

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