Uma tradição mantida em várias cidades do interior de Minas Gerais ajudou a produtora de queijo Bruna Campos, 36 anos, a recuperar R$ 19 mil ( R$ 6 mil em dinheiro e quase R$ 13 mil em cheques) na pequena Conceição da Barra de Minas, cidade de 3.560 habitantes que fica na região do Campo das Vertentes de Minas. Ao perder a quantia, terça-feira (6), Bruna pediu ajuda para anunciar o ocorrido no alto-falante da igreja de Nossa Senhora da Conceição e o dinheiro foi entregue menos de 24 horas depois.
Em entrevista à Itatiaia, Bruna contou que ela e marido trabalham com a produção de queijos e abriram, recentemente, o empório São Bento, no bairro Alto do Cristo. O dinheiro e os cheques estavam dentro de uma ‘bolsinha’ que ela perdeu logo depois de fechar o estabelecimento para fazer entregas, na noite de terça-feira(6). Como estava com muitas sacolas, não percebeu quando a bolsinha caiu.
“Ela caiu do outro lado da rua, que era onde o carro estava. Foi na hora que eu fui abrir o carro. Tenho câmeras de segurança e deu para acompanhar o que havia acontecido. Porém, a gente não conseguiu ver o que aconteceu depois, porque houve um pique de energia na cidade, as imagens foram cortadas e não foi possível ver a finalização”, disse.
Bruna disse que só percebeu que tinha perdido o dinheiro quarta-feira (7), quando já tinha reaberto o empório e precisou de troco. “Fui (procurar) a minha bolsinha, voltei no carro e cadê a minha bolsinha? Ela não estava no carro, aí eu desesperei e falei, ‘meu Deus!’ Tinha dinheiro e cheques de negociação da minha mãe. Então, assustei muito”, lembra.
Bruna disse que começou a procurar, mas viu pelas câmeras de segurança que tinha mesmo perdido a bolsinha. “Logo a gente fez contato na igreja, pelo alto-falante. Isso é um costume da cidade, é tradição. Se alguém morre é avisado ou se some alguma coisa você pode pedir lá que eles avisam, e isso ajuda muito. O pessoal avisou e, passados poucos minutos, meu telefone tocou e a pessoa falou que estava com a bolsinha”, disse Bruna, que completa:
“Realmente, a pessoa não tinha como saber quem eu era. Por mais que estava ali aos arredores do empório, não tinha como saber porque não tinha nada com o meu nome dentro daquilo. Mas assim que a igreja comunicou, foi (entregue) muito rápido, foi coisa de minutos. Desde o primeiro momento, enxergo aí o agir de Deus”.
Quem achou a bolsinha foi a auxiliar Administrativo da Apae de Conceição da Barra de Minas, Diovana Carvalho, de 25 anos. À Itatiaia, ele contou que encontrou a bolsinha com o dinheiro e os cheques quarta-feira (7) pela manhã, quando estava indo para o trabalho. Ela disse que ouviu o anúncio pelo alto-falante da igreja e entregou.
Recorrente
O caso de Bruna pode parecer inusitado para muitas pessoas, especialmente para quem vive na correria do dia a dia de cidades grandes, mas André Pedro dos Santos, responsável pelos anúncios na paróquia de Conceição da Barra de Minas há 18 anos, diz que pedir ajuda à igreja é algo recorrente.
“Sempre quando o pessoal perde alguma coisa, seja de pequeno valor, seja de valor maior, pede para gente avisar”, disse André. “Na maioria das vezes, isso funciona muito bem, porque gente dá o aviso, o pessoal que consegue ouvir, fica com aquilo em mente e um vai passando para o outro até achar”, disse.
Sem apartamento
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que Conceição da Barra de Minas não tem prédio: 100% dos 3.560 moradores vivem em casas.