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Belo Vale (MG): LUTO E DOR: a passagem de José Geraldo de Paulo – Zé Bitú – (1963 e 2024); cidade perde um de seus expoentes

Zé Bitu, artista plástico, um dos maiores expoentes das artes, dos esportes e das manifestações culturais de Belo Vale.

O Xadrez da Vida: o Rei está morto

Consternados, habitantes de Belo Vale despediram-se nessa quinta-feira, 12/09/2024, de seu grande ícone do Esporte e da Cultura. O “Xadrez da Vida” deu xeque mate ao artista plástico, escultor de figuras pretas, escravizadas, sofridas, indígenas. Obras espalhadas pelo Brasil e exterior. Defensor dos direitos humanos, quem muito lutou pela preservação do meio ambiente. Junto à mulher Cássia e filhos dedicaram-se às escolinhas de xadrez e esportes. Formou gerações de crianças e adolescentes de famílias belo-valenses. Foi goleiro e técnico de futebol. Incentivou blocos de carnaval. Homem íntegro, tranquilo, de passos lentos e com olhar observador.

“O Zé foi meu professor de xadrez por longos e felizes anos. Tenho a honra de dizer que participei da primeira turma montada em 2005 e que nela segui até me mudar de Belo Vale, quase uma década depois. O xeque-mate que eu jamais gostaria que ocorresse,” relatou no Facebook, Ian M. M. Duarte, aluno do Mestre.

Um Homem de conquistas que merece todas as homenagens de todos os setores sociais e institucionais de Belo Vale. Tive o privilégio, por acaso, de conversar com o querido Zé Bitú um dia antes de sua passagem. Encontramos na ponte sobre o Rio Paraopeba, local onde sempre fez a travessia para o trabalho. Estava feliz! Falamos do estado degradante do Rio Paraopeba, das queimadas e das eleições na cidade…

Uma vida que passa, mas não termina; enriquece!

Zé Bitu formou gerações de crianças com carinho e responsabilidade

Desde criança fazia seus próprios brinquedos

Zé Bitu inaugurou sua “vida de artista” fazendo seus próprios brinquedos, pois não podia comprá-los. Juntava argila para montar seus bonecos, bois e cobras; pedaços de madeira para os carros de boi; latas para os famosos caminhões e trenzinhos. Utilizou bambu para suas flautas e flechas; agregou materiais não convencionais resgatados na região. Confeccionou belas cortinas em bambu com contas-de-lágrimas, cordas de sisal, taquaras; móveis rústicos. Esculpiu figuras em palitos de fósforo. Sem tendências e influências, trabalhou seu dom natural pintando os quadros da vida, a luz de seu olhar, a simplicidade, a beleza de um ser humano que deixa os corações belo-valenses transbordando de saudade. Uma Passagem de Paz, querido amigo! Sentimentos à Família.

Entrevistei Zé Bitú (Biluluia) em 1996 e a partir de então, desenvolvemos muitas parcerias com a APHAA-BV.

  • Tarcísio Martins, jornalista e pesquisador da história de Belo Vale
  • Fotos: divulgação redes sociais

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