A Brigada Carcará, de Ouro Branco (MG) esteve presente, sendo representada pelos Brigadistas Bruna D’Ângela e Eustáquio.
Brigadas de combate a incêndios florestais do Estado foram homenageadas nesta quinta-feira (19/12/24) pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião também destacou a relevância social e ambiental dos trabalhos realizados por essas equipes.
A deputada Beatriz Cerqueira (PT), autora do requerimento para a audiência, enfatizou que o momento era de celebração. “Estamos num mundo de guerras e genocídios. Por isso é preciso celebrar o que bom. Se não dizemos que o trabalho é importante para a sociedade, fica um lugar de desencanto”, frisou.
Por outro lado, segundo ela, isso não diminui o luto pelas pessoas que perderam a vida nos combates a incêndios e nem o quanto a sociedade e o Parlamento precisam “prestar a atenção” ao trabalho dos brigadistas.
Logo no início da audiência, os participantes fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos combatentes mortos em 2024, entre os quais brigadistas, membros de comunidade, piloto e equipe do Corpo de Bombeiros. Eles também foram aplaudidos no final da homenagem.
Beatriz Cerqueira aproveitou o momento para prestar contas de suas ações nessa causa. Ela citou o Projeto de Lei (PL) 2.917/24, resultado de audiência realizada em setembro deste ano sobre as alterações no decreto do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio).
A proposição prevê aumento da multa e suspende licenças ambientais para responsáveis por incêndios florestais. Também determina que os valores cobrados sejam destinados para a estruturação das brigadas e ações preventivas, entre outras. “A política só faz sentido se conversa com a sociedade”, justificou a deputada.
Ela também citou a disputa por recursos no Orçamento para 2025. “Conseguimos aprovar uma ‘janela’ para aportar recursos. Eu disse aos parlamentares que, depois de alguma catástrofe, não adiantaria uma nota de solidariedade”, afirmou. Essa luta por recursos, segundo ela, será mantida.
Já o deputado Professor Cleiton (PV) relatou situações vividas neste ano, durante as viagens da campanha eleitoral. “Eu estava em Alagoa, e a Serra da Mantiqueira em chamas. Próximo a Machado, vi um lobo guará atravessando a estrada carregando na boca um filhote todo queimado. E alguns incêndios foram propositais”, frisou.
Ele destacou que as brigadas salvam vidas, serras e espécies ameaçadas de extinção. E lembrou que alguns incêndios que afetaram cidades inteiras foram propositais. O deputado ainda enfatizou que há recursos disponíveis no Ministério de Desenvolvimento Regional, vindos da privatização da Eletrobras, para reflorestamento, revitalização de nascentes e de mata ciliar. “Cobrem das prefeituras. O dinheiro vem através delas”, salientou.
Foram homenageadas as seguintes brigadas:
- Brigadas Cipó – Santana do Riacho (Central)
- Brigada Florestal Voluntária Chico Taquara – São Thomé das Letras (Sul)
- Brigada Matutu – Aiuruoca (Sul)
- Brigada Voluntária Lobo-Guará – Carrancas (Sul)
- Brigada 1 – BH e outros municípios
- Brigada Espinhaço – Santana do Riacho
- Brigada Voluntária Guardiães da Serra – Vilarejo de Lapinha da Serra – Santana do Riacho
- Brigada Voluntária de Associação de Moradores e Amigos de Mato Dentro – Soledade de Minas (Sul)
- Brigada Voluntária de Prevenção e Combate a Incêndio Florestal Carcará, núcleo Ouro Branco (Central)
- Brigada Saúva – Soledade de Minas
- Brigada Florestal Rota MG-30 – Nova Lima (RMBH)
- Brigada Voluntária do Parque Estadual do Pau Furado – Uberlândia (Triângulo)
- Brigada Delta – Alagoa (Sul)
- Rede Nacional de Brigadas Voluntárias
Brigadistas relatam dificuldades e reivindicam políticas públicas
Ao agradecer a homenagem, vários brigadistas relataram dificuldades, como a falta de materiais e de transporte, entre outras. A maioria dos grupos conta apenas com doações. Também lembraram a relevância do trabalho no cenário de crise climática. “É importante termos políticas públicas de apoio para a sociedade civil organizada”, resumiu Ana Carina Roque, presidente da Brigada 1.
João Carlos de Oliveira, da Brigada Voluntária Lobo-Guará, completou que as brigadas, em sua maioria, são voluntárias e não têm recursos para a compra de equipamentos para combate a incêndios, que são caros. “O Corpo de Bombeiros está sucateado. Se não existir uma política pública para isso, a situação tende a piorar”, calcula.
“Nosso trabalho é realizado o ano todo, mas só lembram da gente nos incêndios. Temos 365 municípios, mas somente 47 brigadas voluntárias conhecidas. Precisamos de incentivo”, reiterou Fábio Dantas de Britto, da Associação Ambiental Rota MG-30 e Brigada Florestal Rota MG-30. Muitos brigadistas também lembraram que pagam do bolso almoço e equipamentos.
Por outro lado, Manno Andrade França, da Brigada Matutu, afirmou que o ano difícil uniu os brigadistas. “Saímos fortalecidos”, reiterou. Segundo ele, é inegável que os incêndios estão cada vez mais extremos e difíceis de combater, com ameças também aos centros urbanos.
Pedro Pereira Gabriel, da Brigada Chico Taquara, também frisou a evolução do grupo. “Há poucos anos eu apagava fogo com a roupa do corpo. Agora temos estrutura. E, com o tempo, passamos a observar as transversais que os incêndios nos mostram e passamos a atuar também na conscientização, educação ambiental, resgate de animais, coleta de sementes e reflorestamento”, disse.
FONTE: ALMG