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A manipulação da Netflix: como a busca por dopamina está transformando nosso consumo de conteúdo

* Renato Lisboa

Nos dias atuais, a maneira como consumimos conteúdo audiovisual está passando por uma transformação silenciosa, mas profunda. A Netflix, gigante do streaming, não só está no centro dessa mudança, mas está influenciando nossos hábitos de visualização de forma que muitos sequer perceberam. A nova série da plataforma, “QUE FALTA VOCÊ ME FAZ”, serve como um exemplo perturbador dessa manipulação sutil.

Preste atenção nos novos filmes e séries lançadas recentemente: cenas de poucos segundos, três histórias paralelas, diálogos curtos e intensos, além de cenas dinâmicas. Mas por que essa fórmula? A resposta está na busca incessante por dopamina rápida. Comparando com produções mais tradicionais, como “GHOST: DO OUTRO LADO DA VIDA”, onde as cenas são longas, há poucos cortes de câmera, a narrativa é linear e a liberação de dopamina é mínima, percebemos uma clara diferença na experiência do espectador. Hoje em dia um filme como “Ghost” pode ser considerado “chato” ou “lento” para alguns, pois a verdadeira mudança está em nosso cérebro, agora viciado em estímulos rápidos e constantes.

Esse abuso em dopamina tem consequências significativas. Transformamos nossos consumidores em pessoas ansiosas, incapazes de focar por longos períodos, viciados em novidades e escravos dos algoritmos que ditam o que vemos online. Empresas como Netflix e Instagram e outros apps que usam os algoritmos, criaram a fórmula perfeita para manter essa dependência, manipulando nossos comportamentos e preferências sem que percebamos.

A era do conteúdo, aquela onde a qualidade do material predominava, está chegando ao fim. Enquanto muitos criadores tentam produzir conteúdo educativo e enriquecedor, os algoritmos premiam aqueles que melhor sabem explorar o vício em dopamina, favorecendo produções rápidas e envolventes que mantêm a atenção do público a todo custo. Esse cenário beneficia os influenciadores digitais, que dominam esse mercado e lucram com a nossa atenção, sabendo exatamente como explorar os mecanismos de dopamina a seu favor.

A psicologia por trás dessas características revela que quem entende e sabe usar o controle de dopamina não apenas ganha a atenção das pessoas, mas também dominam o dinheiro. Os influenciadores digitais são mestres nessa arte, criando públicos engajados que estão prontos para consumir produtos e serviços oferecidos por eles. Eles utilizam estratégias que alimentam o vício em dopamina, criando comunidades leais e dispostas a comprar o que é oferecido.

Mas há uma saída para quem não deseja mais ser um produto passivo dessa manipulação. É possível reverter o processo e usar a dopamina a seu favor. Em vez de deixar levar os algoritmos que visam apenas manter sua atenção, você pode usar plataformas como o Instagram para:

  1. Alimentar o vício em dopamina de forma consciente: Crie e consuma conteúdo que realmente agrega valor à sua vida, escolhendo cuidadosamente o que lhe traz prazer e satisfação duradoura.
  2. Crie uma audiência que confie em você: Construa relacionamentos autênticos com seu público, oferecendo conteúdo relevante e de qualidade que inspire e motive.
  3. Vender para essa comunidade de maneira ética: Utilize sua influência para promover produtos e serviços que realmente beneficiem sua audiência, estabelecendo uma relação de confiança e respeito mútuo.

Para isso, é fundamental aprender a usar a dopamina a seu favor, entendendo como ela funciona e como pode ser manipulada de maneira positiva. Ao obter esse conhecimento, você não apenas protege sua saúde mental e bem-estar, mas também se posiciona de maneira estratégica no mercado digital, transformando sua influência em uma ferramenta poderosa para construir um futuro mais justo e consciente.

A manipulação silenciosa da Netflix e das redes sociais é apenas a ponta do iceberg. É hora de refletir nossos hábitos de consumo de conteúdo e assumir o controle sobre nossa atenção e nossas emoções. Só assim poderemos construir uma relação mais saudável e equilibrada com a tecnologia e o entretenimento que moldam nossa vida cotidiana.

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*Neuropsicanalista, Socorrista em Saúde Mental, Advogado e Jornalista com foco em desenvolvimento pessoal, mercado editorial, literatura e saúde mental. Especialista em pessoas, coordenador do Curso de Formação de Socorristas Mentais e palestrante internacional. Como advogado, conduziu a maior negociação trabalhista administrativa do Brasil. É CEO da Editora Lisboa e autor best-seller.

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